Me jogo na cama assim que Liz diz que posso descansar, decidi não voltar para a escola hoje, eu cogitei essa ideia quando Luke saiu, mas queria estar aqui quando ele chegasse de manhã, queria saber onde ele tinha ido e onde estava agora.
Eu jantei no quarto, parece que a gripe que estava ameaçando o dia todo finalmente começou a me dominar por inteira, minha cabeça e corpo pareciam estar competindo para ver quem sentia mais dor, meu nariz irritado e os espirros que pareciam estar sendo cronometrados para virem a cada cinco minutos.
Andrew fez questão de me ignorar desde a hora que chegou e isso é única coisa boa que aconteceu hoje. O agradeço por isso.
Fiquei trocando mensagens com Calum como de costume até que ele disse que iria dormir, olhei no relógio 1:26 a.m, eu já devia estar dormindo também. Me enrolo no cobertor para me proteger do frio e encolho as pernas esperando o sono chegar e ele não demora.
[...]
Acordo com um barulho alto de algo caindo e abro os olhos assustada, vendo uma sombra perto da porta, me levanto em um susto e ligo a luz.
-Que merda. – pisco os olhos para me acostumar com a luz e vejo Luke parado olhando para o que tinha derrubado, mas desvia o olhar pra mim e tenta sorrir. - Oi Lottie.
-Luke? - ele tenta andar, mas cambaleia para o lado e se apoia na mesinha.
-Eu. - ele senta na cama e paro na sua frente vendo seu lábio cortado.
-O que foi isso? - toco seu lábio para ver de perto o machucado e sinto um cheiro de álcool vindo de sua boca.
-O quê? - ele segura meu pulso tirando minha mão dali.
-Você bebeu? - coloco às mãos na cintura.
-Não.
-Quantos copos?
-5... ou 6, eu parei de contar.
-Não acredito nisso. - falo pra mim mesma e dou uma volta ao redor de mim mesma pensando no que fazer e volto a encarar o loiro. - Vamos Luke, você precisa tomar um banho e ir para o seu quarto.
-Vamos? - ele abre um sorriso malicioso.
-Eu não, só você. – falo séria e ele fecha a cara e o puxo até o banheiro.
Levanto sua camisa e ele a termina de tirar, abro o botão da sua calça e sinto seu braço ao redor de mim.
-Luke.
-Hm.
-Me solta.
Ele se afasta um pouco e passo por ele, entro no box do banheiro e ligo o chuveiro.
-Termina de tirar sua roupa e toma banho. - volto para o quarto e fecho a porta do banheiro deixando Luke lá dentro.
Vou na lavanderia ao lado do meu quarto e pego uma camiseta, calça de moletom e uma boxer limpa na secadora e volto para o quarto. Abro a porta do banheiro e jogo as roupas lá dentro sem olhar e fecho a porta.
-Tem toalha aí no armário embaixo da pia. - aviso e ouço um "tá bom" baixo do outro lado da porta.
Suspiro encarando a porta a minha frente e solto um espirro, minha cabeça doía e queria voltar para a cama, mas não antes de conversar com Luke, ele me tratou mal o dia todo e agora do nada aparece bêbado no meu quarto.
O barulho de algo caindo no banheiro me tira dos pensamentos. Ah não.
-Luke! Tá tudo bem ai? - ele abre a porta antes que eu possa fazer isso.
-Ta, só derrubei uns... eu não sei o que é isso. - ele esta só de boxer ainda olhando para o que tinha derrubado.
-Cadê as roupas que te dei?
-Assim estou melhor. - ele falava enrolado ainda, parece que o banho não o deixou totalmente sóbrio.
-Ta bom... - ele senta na cama e fico o olhando decidindo como começar a conversa e paro o olhar em sua boca. - O que aconteceu?
-Eu bati no Eric e bom... ele revidou.
-O quê?- olho novamente para o fino corte em seu lábio. - Por que fez isso?
-Ele beijou você, não iria deixar ele beijar minha garota e ficar por isso mesmo...
-Eu não sou sua garota. - me afasto um pouco e me encosto na porta.
Talvez no fundo eu queria ser sua garota, e o frio no meu estomago quando ouvi suas palavras garante isso, mas é bem no fundo mesmo.
Luke viu Eric me beijando e não sei o que pensar sobre isso, mas Luke tentou resolver a situação da pior maneira possível, sendo insuportavelmente arrogante comigo e indo brigar com Eric na primeira oportunidade que teve.
-Como quiser. - ele sorri não acreditando em mim.
Rodo os olhos pelo quarto tentando focar em qualquer coisa que não fosse o garoto bêbado e seminu na minha cama. Agora eu sei para onde ele tinha ido e preferia ter continuado sem saber.
Fiquei sentindo seu olhar em mim, mas não o retribui, solto um espirro baixo e coço os olhos, passando às mãos por meus braços os aquecendo. Odeio espirrar, principalmente na frente de alguém.
-Você tá bem?
-Não estou bêbada como você se quer saber. - ele levanta um sobrancelha e suspiro me punindo mentalmente. - Acho que estou ficando doente.
-Por que?
-Porque você foi embora e me deixou na escola pra vir na chuva. - falo de uma vez deixando claro o motivo da minha irritação.
-Pensei que o Eric fosse te trazer.
-Por que ele faria isso?
-Sei lá, era o que ele devia ter feito já que vocês estavam se agarrando no meio corredor.
-A gente não estava se agarrando, ele me beijou, mas eu o empurrei!
-Eu vi você empurrando ele, mas tanto faz, eu não me importo.
-Certo, então não pergunte se eu estou bem.
Cruzo os braços e fico o esperando levantar e sair do quarto, mas ele continua lá olhando para o chão como se contasse quantas cerâmicas tem no quarto.
-Quer saber? Eu me importo sim. - ele levanta, mas se desequilibra e volta a sentar na cama. - Eu não devia, foi só um beijo, mas eu me importo sim.
Estremeço e puxo os cordões do meu shorts sentindo um frio na barriga, não sei se com suas palavras ou apenas uma corrente de ar frio que passou pelo quarto. Espero que seja a segunda opção.
Outro espirro. Passo a mão no rosto frustrada, agora não é hora para me dar crise de espirros.
-Desculpa por isso. - ele aponta para o meu rosto vermelho de tanto que eu esfregava. - Eu não devia ter te deixado lá, quando eu percebi que ia chover eu até pensei em voltar, mas eu estava com tanta raiva, não de você, mas de mim mesmo por me importar tanto com você beijando outra pessoa.
Não consigo falar nada, eu simplesmente não sabia o que dizer.
-E claro, especialmente raiva do Eric, se eu voltasse lá com certeza socaria a cara dele.
-Sem mais brigas Luke. - me sento na cama ao seu lado. - Por favor.
-Isso eu já não prometo. - ele ri baixo, balanço a cabeça negativamente e a encosto em seu ombro. - Eu sei que estou bêbado, mas você tá quente.
-Luke...
-Não nesse sentido, quer dizer... nesse também. - ele sorri de lado. - Mas eu quero dizer que você está quente mesmo.
-Acho que é porque eu estava enrolada no cobertor. - Luke não responde só leva as mãos até minha cabeça e acaricia meus cabelos. Me afasto e ele levanta o olhar pra mim.
-Tem que ir para o seu quarto. – aviso.
-É sério? Não vai me deixar ficar?
Mordo o lábio e o encaro pensando no assunto, Luke mal consegue ficar em pé e subir aquelas escadas até seu quarto está fora de cogitação.
-Pode dormir aqui... no chão se quiser. - ele olha para o chão e em seguida pra mim como se perguntasse "sério?". - Ou ir para o seu quarto, escolhe.
-O chão parece bom.
Assinto e faço um amontoado de cobertores para forrar o chão e deixa-lo o mais confortável possível, pego travesseiro e outro cobertor e entrego para o loiro que se acomoda em sua nova "cama".
-Boa noite Lottie. - me enrolo no meu cobertor na cama deixando o tecido esquentar meu corpo.
-Boa noite.
[...]
Acordo com minha cabeça pensando toneladas, abro os olhos devagar dando de cara com o garoto loiro ao meu lado dormindo.
Mas que porra...
Sua boca ainda um pouco inchada estava levemente entre aberta e seu cabelo caído sobre a testa.
Onde eu fui me meter?
Balanço seu ombro devagar para acorda-lo, ele abre os olhos sonolento e logo os fecha.
-Luke? - balanço um pouco mais forte e ele murmura algo incompreensível. – Luke!
-Hm?
-Que merda você tá fazendo aqui?
-Eu estava com frio. - ele diz com a voz rouca de sono.
-Levanta. - me sento passando a mão por meu nariz que ardia.
-Estamos atrasados. – fala ao olhar a hora no meu celular e senta do outro lado da cama. - Temos ir pra escola.
-Eu não, só você. – pego o celular da sua mão e ele se vira de volta e franze a testa. - Fui suspensa, uma semana.
-Eu... eu não sabia. - tenta levantar, mas para e coloca a mão na cabeça. - Eu não devia ter bebido tanto.
-Nisso eu concordo. - vou ao banheiro e pego a roupa que joguei lá dentro ontem e coloco em cima de Luke. - Você tem que ir para o seu quarto.
-Eu nem tive tempo de agradecer direito o que fez por mim ontem na escola.
-Entendo, você estava ocupado demais sendo rude. - ele revira os olhos vestindo a calça.
-Obrigado pelo que fez, de qualquer forma.
-Não é como se você tivesse pedido minha ajuda. - o lembro de suas palavras de ontem.
-Dá para esquecer isso? - dou os ombros.
Ele joga a camiseta por cima do ombro e acena antes de sair do quarto, balanço a cabeça negativamente indo ao banheiro escovar os dentes.
A parte boa é que hoje não veio nenhum espirro, mas minha garganta doía como lembrança dos de ontem, minha voz não estava afetada era só uma irritação forte como se tivesse algo arranhando dentro do meu pescoço.
Resolvo tomar um banho lembrando que também iria para a escola, só que para ajudar Thomas no laboratório.
Depois de um longo tempo apenas deixando a água cair, enrolo a toalha em meu corpo e volto para o quarto dando de cara com Luke arrumando o cabelo no espelho do meu guarda roupas.
-O que você tá fazendo aqui? - aperto a toalha para garantir que ela não caia.
-Belas pernas.
-É sério Luke.
-Mary me mandou chamar você pra tomar café. - ele me olha de cima a baixo e aponta pra toalha. - Vai sair?
-Vou na escola, vou ajudar Thomas no laboratório já que não posso assistir aulas.
-Vai ficar sozinha no laboratório com ele?
-Vou.
-Hm... Certo. - ele vai até minha cama e se senta.
-Por que?
-Nada. - ele passa a mão na nuca e coça o lado do cabelo. - Termina de se arrumar, estamos atrasados.
-Então sai do quarto. - aponto para a porta e ele levanta uma sobrancelha. - Que foi? Não vou me trocar com você aqui.
-Por que não? Um dia eu ainda vou ver você pelada mesmo.
-Sai do quarto Hemmings. - vou até a porta abrindo-a, ele passa por mim parando no corredor de frente a porta. - Idiota.
-Até você sabe que isso é verdade. - fecho a porta em sua cara.
Passo apenas um lápis e rímel ainda de toalha e pego a primeira roupa que cai quando o abro o guarda roupas e a visto.
Vou para a cozinha onde encontro Mary, Luke e Liz, que por incrível que pareça ainda não tinha ido trabalhar e estava sentada à mesa tomando algo em sua caneca de porcelana.
-Bom dia. - toco seu ombro e ela sorri para mim, passo por Mary e deposito um beijo estalado em sua bochecha.
-Bom dia. - elas respondem juntas e Liz continua. - Quando iriam me contar?
-Sobre? - Luke pergunta levando uma colherada do seu inseparável cereal à boca.
-O namoro de vocês. - arregalo os olhos e Luke se engasga quase cuspindo o leite.
O quê?!
-Nós não... - começo a explicar, mas Luke me corta.
-Mãe, a gente não tá namorando.
-Não? Eu pensei que estavam. – ela ri nervosa. - Ontem Mary disse que você iria dormir na casa do Ashton e hoje vi você vindo do quarto da Lottie, então eu pensei...
-Mãe... - Luke passa a mão no rosto olhando para a mãe como um pedido em silêncio para ela parar.
-Não Liz, ele só... ele foi... - tento pensar em algo, mas nada coerente me vem à cabeça.
-A gente tá atrasado né Lottie? Temos que ir, tchau mãe. - ele fala rápido e me puxando pra sair da cozinha.
Entramos no carro e Luke as vezes desviava o olhar da rua pra mim enquanto dirigia.
-Você tá bem? - finalmente pergunta.
-Sim, por que?
-Parece que tá pálida, tem certeza que está bem?
-Estou Luke, só um pouco de dor de cabeça.
-Hm. - ele parece não acreditar, mas não insisti e fica em silêncio, minutos depois parou o carro no estacionamento e se virou pra mim.
-Desculpa pela minha mãe. - fala de uma vez. - Ela é meio... ansiosa pra eu arrumar um namoro sério.
-Tudo bem Luke. - solto uma risada nervosa. - Sei como é.
Na verdade, eu não fazia ideia de como era.
Meus pais nunca quiseram que eu arranjasse um namorado porque eles tem a esperança que eu fique com o Josh, eu já namorei uma vez, Tyler foi meu único namoro sério e meu pai não gostava nada dele, então definitivamente, não sei como é.
-Nos vemos na saída ou vou embora sozinha de novo?
-Me espera no laboratório, vou te buscar lá. - concordo com a cabeça ia sair do carro, mas Luke trava as portas.
-Que foi agora?
-Não sei. - ele olhava para frente até que devolve o olhar pra mim e sorri de lado mordendo o piercing. - Tenta não beijar ninguém hoje tá?
-Eu posso dizer a mesma coisa?
-Não. - ele toca meu rosto. - Eu vou, definitivamente, beijar uma pessoa hoje.
Ele encosta seus lábios nos meus e antes que perceba fecho os olhos me deixando entregar ao beijo, levo a mão até sua nuca o puxando pra mim e aprofundo o beijo, ele leva as mãos para minha cintura e entra com uma delas dentro da minha camiseta me fazendo arrepiar ao sentir seu anel gelado encostando na minhas costas.
Luke separa nossas bocas e me olha estranho, ele coloca a mão em meu pescoço enquanto a outra continua em minhas costas.
-Você tá com febre. - penso se isso foi uma pergunta, mas seu tom era de afirmativa.
-Não tô, não. - coloco a mão em sua coxa e me inclino por cima dele pra apertar o botão para destravar as portas que ficava ao seu lado. - Você tá atrasado pra aula. - ele parece soltar a respiração quando volto para o meu lugar e abro a porta. - Tchau.
Vou escondendo o sorriso até chegar no laboratório de Thomas e entro sem avisar, ele estava com um óculos transparente enorme na cara e encarava um vidro com um líquido verde em cima do balcão, em sua mão tinha uma espécie de conta gotas com um alguma coisa roxa dentro e ele pingava gotas do líquido roxo no verde com muita calma, fiz uma careta e cheguei mais perto, fiquei esperando algo e depois de um longo minuto cansei de ver coisa nenhuma acontecer com os líquidos.
-O que você tá tentando fazer? - falo perto de seu ouvido e ele se assusta apertando o conta gostas o fazendo soltar um jato da coisa roxa na mesa e em seu jaleco.
Oops.
-Lottie. - ele se vira assustado e tira os óculos o soltando no balcão. - Você me assustou.
-Desculpe. - começo a rir e ele se vira de costas pra mim e logo entendo que é pra tirar seu jaleco sujo. - Eu vim ajudar.
-Claro que veio. - ele também ri e tirando as luvas. - Você tá bem? Parece estar cansada.
-Não é nada, eu tô bem. - sorrio pra passar confiança na minhas palavras.
-Ok... pega outro para mim? - assinto e vou até o armário pegando outro jaleco. - Pega um para você também.
Jogo o dele e vou vestindo o meu, quando chego ao seu lado de novo Thomas me entrega um par de luvas brancas. Me sento na banqueta de frente para o balcão já limpo, estava cansada demais pra ficar em pé, Thomas arrasta outra para ficar do outro lado do balcão de frente pra mim e se senta nela.
-Tudo bem. - esfrego às mãos uma na outra. - Que coisa super tediosa vamos fazer aqui?
Thomas sorri e balança a cabeça negativamente.
-Lembra quando eu prometi que iria fazer você se apaixonar por química?
-Você prometeu me fazer amar química. - o corrijo.
-Precisamos no apaixonar primeiro para depois amar, certo?
-Certo. - olho para seus olhos azuis que me fitavam intensamente. - Mas acho difícil isso rolar com química.
-Eu vou fazer você se apaixonar.
Fico sem ter o que falar, então puxo um dos vidrinhos vazios e resolvo mudar de assunto.
-Ta legal, para que serve esse copo? - coloco o vidro na minha frente e fico rodando ele em minha mão.
-Então vamos começar, mas primeiro. - ele segura minha mão me impedindo de girar o vidro de novo. - Isso não é um copo, é um Becker.
-Mas parece um copo.
-Parece, mas o nome técnico é Becker. - fico o olhando e ficamos nos encarando até eu levantar uma sobrancelha. - Ta, é um copo.
Rimos e ele pede pra eu esperar enquanto pega alguns potes e mais vidrinhos, ele coloca um notebook ao lado do balcão e deixa tudo a nossa frente, Thomas me estende um óculos igual ao que usava quando entrei na sala.
-Vamos começar.
[...]
Estava com os braços cruzados em cima do balcão e minha cabeça apoiada neles, olhava para Thomas que digitada algo em seu computador, mas parou quando suspirei coçando o olho e me olhou atentamente.
-Você tá bem mesmo?
-Sim, estou só um pouco indisposta desde ontem.
-Foi ao médico?
-Não. - faço uma careta.
-Tudo bem. - ele se volta para seu computador e aperta alguns botões provavelmente salvando o que tinha escrito e o fecha. - Vamos à enfermaria.
-Não precisa Thomas, eu estou bem. - ele revira os olhos. - Por que ninguém acredita em mim?
-Então não precisa se preocupar. - ele estende a mão pra mim e bufo antes de pega-la. - E eu acredito em você, mas quero ouvir da Grace se você tá bem mesmo.
Grace é a enfermeira da escola me lembro de poucas vezes tê-la visto pelos corredores.
Thomas me leva até lá segurando minha mão e o agradeço por isso pois acho que cairia sozinha, do nada no laboratório minha visão ficava pesada e a cada vez que eu piscava demorava mais para abrir os olhos até que decidi me deitar por cima dos meus próprios braços, foi quando Thomas percebeu que eu não estava bem.
-Certo Lottie, pode se deitar. - Grace fala depois de me examinar e me deito na maca suspirando. - Pare com essa cara de brava mocinha.
-Só acho isso desnecessário... - murmuro.
-Você está com uma virose, não é nada grave, mas devia estar sendo medicada e devia estar de repouso. - adverte e me seguro para não revirar os olhos em sua frente.
-Só acho que não é para tudo isso. - me refiro a lista de remédios que ela escreveu na receita médica.
-Só vai perceber que está doente quando não conseguir levantar da cama?
-É. - falo como se fosse óbvio.
Grace levanta as mãos e murmura um "desisto" para Thomas.
-Você querendo ou não mocinha, vai ficar em repouso de pelo menos dois dias, vou te passar um atestado.
-Não vou precisar, obrigado. - sorrio sem mostrar os dentes. - Eu fui suspensa.
-Você trabalha? - assinto. - Então vai precisar sim. - dessa vez não aguentei e revirei os olhos em sua frente e ela solta uma risada baixa como se estivesse se divertindo com a situação e se vira para Thomas. - Tem alguém que fique com ela? Um colega de quarto talvez.
-Tem sim, eles devem estar em aula.
-Pra que? - me intrometo.
-Algo me diz que não vai tomar os remédios que receitei. - já estava pensando em algo pra responder, mas não consegui, eu realmente não iria tomar.
-Chama o Calum. - digo derrotada.
Ela sorri vitoriosa e Thomas levanta saindo da sala provavelmente para chamar o Calum.
-Meu irmão vai vir na escola assinar minha advertência e suspensão, posso ficar aqui até ele chegar?
-É claro. - ele me entrega um termômetro. - Vamos ver se essa febre baixou.
Pego meu celular com a mão livre e envio uma mensagem para Logan.
"Estou na enfermaria da escola, quando vier passa aqui pra me buscar"
"Brigou com alguém? Apanhou? Tá encrencada de novo?" - Logan.
"Eu não briguei com ninguém, só vem aqui ok?"
"Já estou chegando, vou assinar lá e vou te buscar." - Logan.
Jogo o celular ao meu lado e Grace pega o termômetro de mim o olhando, ela não me diz o resultado e avisa que vai buscar os remédios que vou precisar para levar pra casa.
-Por favor não fuja daqui. - aceno que sim com a cabeça, ela sorri e sai da sala.
Puxo minhas pernas para cima da maca e as cubra com a manta que Grace me deu, eu não queria admitir, mas realmente estava sendo derrubada pela gripe.
Mais alguns minutos esperando e já estava começando a achar que me esqueceram aqui quando a porta é aberta por Thomas seguido de Calum.
-Caluuuuum. - faço drama a abro os braços para meu melhor amigo que ri e me abraça.
-Você só serve pra me preocupar né? Pensei que já tinha aprontado de novo.
-Eu não faria isso. - ele senta ao meu lado e deito a cabeça em seu ombro. - Tô muuuuito doente.
-Então, agora você tá? A meia hora atrás você estava "super bem". - Thomas faz aspas com os dedos e reviro os olhos me aconchegado mais em Calum que passou a fazer carinho em minhas costas.
-Agora eu estou, preciso que alguém cuide de mim e faça tudo que eu mandar. - olho sugestivamente para Calum. - A enfermeira disse que tenho que ficar de repouso.
-Folgada. - ele ri jogando a cabeça para trás. - Mas tudo bem, só porque está doente, ok?
-Ok. - olho para Thomas que estava sorrindo parado na porta.
Ele entra em uma conversa com Calum sobre quando as aulas no laboratório voltariam, parei de prestar atenção e fechei os olhos sentindo os carinhos de Calum nas minhas costas.
Pareceu horas, mas foram apenas alguns minutos para que Grace voltasse para a sala e começasse a explicar para Calum como eu devia tomar os remédios e eu ainda estava na mesma posição quando a porta abre de novo, dessa vez é Logan que passa por ela. Levanto o olhar para ele e faço uma careta voltando a enterrar a cabeça no pescoço de Calum.
Minha cabeça já voltava a doer, estava ficando com sono e Calum percebe e se arruma mais na maca, ele tira o cabelo do meu rosto e deixa um beijo em minha testa.
Ouço a porta ser aberta de novo, mas dessa vez não olho pra ver quem é, só abro os olhos quando escuto alguém pigarreando, Ashton estava parado ao lado de Luke de braços cruzados e me encarava com a cara fechada.
-Calum. - Ashton o chama.
-Oi Ash.
-Posso falar com você lá fora um minuto? - Cal assente e me afasto um pouco para ele poder se levantar e sair acompanhado do namorado.
-Você disse que estava bem. - Luke diz sério.
-Eu estou bem. - certo, até eu não acredito mais em mim mesma. - Talvez, só um pouco gripada.
-Eu tenho que ir Lottie. - Thomas anuncia e dá um beijo em minha testa. - Qualquer coisa me avisa ok? Fica bem. - assinto e ele sai da sala.
Luke POV
-Ta, vamos pra casa. - Falo assim que Thomas passa por mim sem me olhar e pego os remédios da Lottie colocando em minha mochila.
-Não Luke, tudo bem. - Logan fala. - Eu vou levar ela pra casa comigo, avisa sua mãe de tudo que aconteceu.
-Não, lá eu cuido dela. - tento argumentar, eu não sei nem por onde começar pra cuidar de uma pessoa doente, mas eu pediria ajuda para Mary.
-Valeu Luke, mas eu vou levar ela.
-Com licença rapazes, posso falar com a Lottie um pouquinho? - Grace pergunta lendo algo em uma prancheta.
Logan e eu assentimos e saímos da sala ficando no corredor de frente para a porta.
-Você não tem que voltar para a faculdade ou sei lá? - pergunto cruzando os braços.
-Tenho, mas posso faltar. - ele pega seu celular olhando a hora.
-Então vai pra faculdade, eu posso ficar com ela.
-Ela é minha irmã cara.
-Eu sei, mas eu vou cuidar dela.
Não acredito que estou pedindo permissão pra ficar com uma garota para o irmão dela.
-Luke, ela é minha responsabilidade. - ele diz por fim.
-Eu sei, mas quero que ela seja minha responsabilidade.
-Por que isso agora? - ele guarda o celular e cruza os braços.
Olho para os lados e passo a mão por minha nuca e buço frustrado. Não acredito que vou dizer isso em voz alta.
-Eu gosto dela. - Logan me olha atentamente e levanta uma sobrancelha.
-O quê?
-Vai me fazer repetir? - ele solta uma risadinha e quero voar em seu pescoço por me fazer me sentir um idiota.
-Eu só não acredito. - ele dá os ombros.
-Mas é verdade, eu estou pegando ela.
-Aí, olha como fala. - ele aponta o dedo pra mim. - Ela é minha irmã.
-Ta, então a gente se beijou umas vezes..? - ele assente como se falasse "bem melhor agora" - Então, ela agora é minha responsabilidade.
-Se todas as garotas que eu beijasse se tornassem minha responsabilidade...
-Com a Lottie é diferente.
Ele me encara e eu sustento seu olhar para passar confiança nas minhas palavras.
-Eu prometo cuidar dela. - Logan suspira e concorda.
-Vou confiar em você.
Continua...
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.