Algumas semanas se passaram desde o que aconteceu entre mim e Jared e nós estamos... Bem. Não sei se juntos seria uma palavra adequada, apesar de nós estarmos juntos, mas não gosto de usa-la. Acho muito forte para esse nosso tipo de relação.
Já havíamos gravado e hoje era um daqueles dias em que nós nos encontrávamos em sua casa depois do set.
Eu sei que isso é feio e errado, pois ele é um cara casado. Mas o sexo era bom e eu não sou hipocrita, estou gostando dele mais do que devia.
Ele é um homem e tanto. Educado. Gentil. Carinhoso. Seria tolisse dizer que não gosto do jeito que ele me trata e mesmo com todos os contratempos, gosto de estar com ele. Gosto que ninguém saiba.
Mesmo não gostando de ser ‘’a outra’’, eu gosto do jeito como ele faz com que eu me sinta especial, e é isso que eu estou levando em consideração nessa relação.
Eu acaricio seu peito enquanto ele acaricia meus cabelos.
Sinto falta dele sempre que tenho que ir embora e nesses últimos dias, estou ficando quase sem desculpas para dar.
Eu falei para Jessica que tinha ficado com ele, mas ela não sabe que essa relação está mais séria do que o previsto, nem eu sabia. Não quero que ela tenha noção do que estamos fazendo. Sinto que estou traindo também a minha prima, mas é o melhor a se fazer.
Até porque, não sei como estão as coisas entre ela e Jensen e eu não estou afim de sermos taxadas como duas usurpadoras, ainda da mesma família. Então é melhor deixar as coisas mais frias possíveis. Pelo menos é o que eu penso.
Jared deposita um beijo no topo da minha cabeça e eu o encaro sorridente. Ele estava tenso, podia notar de longe sua tensão e eu estava começando a me preocupar com isso.
- Está tudo bem? – Pergunto preocupada.
- Maravilhoso.
- Parece que você não está tão bem assim.
- Só estou um pouco preocupado.
- Com que?
Ele faz menção de dizer alguma coisa, mas seu telefone toca antes que ele possa me dar alguma resposta.
Ele fala preocupado com alguém do outro lado da linha e levanta bruscamente da cama.
- Eu estou indo ai agora mesmo – ele praticamente grita.
- O que está acontecendo?
- Genevieve, ela acha que vai dar a luz agora.
- Ai meu Deus – sinto meu estomago embrulhar.
- Vou te deixar na sua casa antes de ir para lá.
- Não, pode ir, eu me viro – estou prestes a vomitar.
- Tem certeza?
- Sim. Vai.
Ele dá um beijo em minha testa e sai correndo pela porta.
Tudo ao meu redor se desconecta e eu começo a sentir um nojo de mim mesma. O que eu estava pensando quando aceitei toda essa loucura?
Visto minhas roupas e saio do apartamento, porém não vou em direção a minha casa e sim ao set. Preciso resolver uma coisa.
Chego lá rapidamente e corro a sala de Robert. Minha garganta queimava e se juntava ao meu coração disparado, fazendo com que eu pudesse entrar em colapso a qualquer momento. Eu estava me sentindo suja, podre, morta por dentro.
Robert se assustando quando entro desesperada em sua sala.
- Desculpe, eu realmente precisava falar com você – digo ofegante.
- Claro. O que está acontecendo?
- Eu preciso de um tempo.
- Como assim?
- Preciso dar um tempo da série, um tempo de tudo – solto um suspiro – muitas coisas estão acontecendo e eu não posso me entregar por completa a isso. Eu não sou o tipo de pessoa que faz trabalhos mal feitos e se for para fazer de qualquer jeito, prefiro não fazer. Eu só preciso de um tempo, algumas semanas. Tenho certeza que vocês conseguirão se virar muito bem sem mim. Por favor.
- Mas o que aconteceu?
- São problemas particulares que eu não estou conseguindo resolver.
- Rachel, você é uma das principais, como vou fazer sem você?
- Robert, por favor.
Ele olha para mim e depois para o chão. Solta um suspiro e me olha novamente.
- Quatro episódios. Isso deve te dar um mês e meio mais ou menos. Nada mais do que isso.
- É o suficiente, não sei nem como agradecer.
- Não precisa. Só volte inteira e me de o seu melhor.
- Pode contar com isso.
Saio da sala dele aliviada. Meu coração ainda dói e eu ainda me sinto podre.
É como se toda a minha carne estivesse entrando em estado de putrefação e eu estivesse me decompondo aos poucos.
Eu estou apenas o pó.
Saio do set e começo a caminhar nas ruas de Vancouver, mas não em sentido ao apartamento de Jéssica. Vou para qualquer outro lugar. Eu só preciso pensar.
Quase um mês e meio completos. Sento no sofá com meu balde de pipoca e já ligo a netflix.
Eu devo ter terminado algo entre quatro e cinco séries nesse período. Não faço nada além de ficar jogada no sofá, comendo e assistindo.
Jéssica passa por mim no exato momento em que começa a introdução de Gilmore Girls.
- Você sabe que isso não vai te levar a nada, não é? – Ela diz enquanto termina de se arrumar.
- Mas quem disse que eu quero ir para algum lugar? – Ela revira os olhos.
- Porque você está fazendo isso mesmo? Eu odeio te ver assim.
- Você não devia estar indo trabalhar?
- É impossível conversar com você. Até de noite Rachel.
- Tchau.
Fico sentada. Assistindo minha série.
Minutos depois, a campainha toca. Eu resmungo e não abro. Com certeza é Jéssica tentando me tirar do sofá. Porém logo ela toca de novo e de novo e de novo.
Quase solto um grito. Caminho até a porta e já preparo um arsenal de palavrões para soltar para Jé quando abro a porta, mas para a minha surpresa, não é ela quem aparece.
- Oi – Jared diz com as mãos no bolso.
- Oi.
- Posso entrar? – dou passagem para ele entrar – estava preocupado.
- Não precisa estar.
- Você sumiu.
- Eu estava aqui o tempo todo.
- O que está acontecendo?
- Nada.
- Você está diferente.
- Genevieve deu a luz? – Ele passa a mão pelos cabelos.
- É isso? Por isso você está assim.
- Apenas fiz uma pergunta.
- Não. Foi alarme falso.
- Que pena.
- Eu não sabia que aquilo ia acontecer aquele dia.
- Você parecia saber, até porque, estava preocupado demais.
- O que você quer que eu faça? É minha filha que esta prestes a fazer.
- Eu não quero que você faça nada – ele me olha confuso – quer dizer, você pode fazer uma coisa.
- O que?
- Volte para sua esposa, ela precisa de você – ele solta um riso irônico.
- Vamos ter essa conversa de novo?
- Acredito que não.
- E nós?
- Não existe nós.
- Nunca existiu?
- Jared, o que aconteceu foi um erro. Eu devo ter inalado alguma droga alucinogena enquanto eu caminhava na rua. Não vai se repetir. Eu não vou interferir na vida de vocês. Sua esposa precisa muito de você agora. Ela estava quase parindo e você estava na cama com outra. Tem noção de como eu me sinto? Por favor, não vamos falar disso de novo. Só vamos seguir em frente, cada um com a sua vida.
- Rachel, você não entende, eu preciso de você.
- Genevieve precisa de você e você precisa estar com ela. Não perca seu tempo comigo, é o que eu te peço.
- Não acredito que você vai fazer isso de novo.
- Se põe no meu lugar, apenas por dois segundos e depois me diz se você acha que eu estou errada.
- Eu não acho que você está errada, nunca achei. Deve ser um saco ser a outra na historia. Sempre parecer a mulher que destruiu a família, mas quer saber de uma coisa? Eu não ligo para essa merda toda, eu quero estar com você e eu gostei de tudo o que fizemos até agora. Você quer me dar um fora de novo? Tudo bem, tenta, vai em frente. Você pode tentar me chutar todas as vezes que nós nos encontrarmos, isso não vai mudar nem um terço do que eu sinto por você e sabe por que Rachel? – faço que não com a cabeça – porque eu te amo. Eu te amo pra caralho e não vou abrir mão disso.
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