Capítulo 2 - Depois de meia noite.
- Gente, Mirele chegou! - Berrou Jasmine ao me ver entrando na casa. Uma garota morena e piranha da minha escola que pensa que somos amigas.
- Oi, pessoal. - Comprimentei as pessoas que não conhecia muito bem e fui procurar Léo e Allana.
Rodei a casa e o quintal por um longo tempo parecendo uma barata tonta até resolver pegar uma cerveja e desistir desses amigos desnaturados.
Enquanto caminhava pelo quintal bebendo e ignorando toda aquela orgia ao meu redor, foquei meus olhos em uma garota ruiva de cabelos cumpridos e olhos claros. Ela parecia ter saído de uma dessas séries em que todos os personagens são assustadoramente lindos. Ela parecia estar correndo, correndo muito. E em minha direção.
- É MEIA NOITE! - Gritou ela enquanto corria rápido demais para que eu pudesse me desviar. Creio que ela estivesse bêbada demais para me enxergar ali e então trombando em mim, me levou ao chão.
- Mas o que… - Balbuciei enquanto ela, em cima de mim, se apoiava para se levantar. Sem obter sucesso algum, é claro.
- Foi mal, não vi você ai. - Se desculpou olhando para mim desistindo de se levantar enquanto eu tentava tirar ela de cima de mim.
Algumas pessoas estavam olhando mas segundos depois já não estavam mais. Continuaram curtindo a festa enquanto eu era esmagada. Não que ela fosse gorda, não mesmo. Ela simplesmente só complicava minha situação ao não fazer mais esforço algum para sair de cima de mim.
- Tudo bem, mas olha, preciso que se levante. Seu cotovelo esta me machucando e esse chão esta sujando a merda do meu vestido novo.
- É, desculpa. - Senti o alívio quando ela conseguiu se levantar e sentar no chão.
Me levantei, dei umas batidinhas em minha roupa e segui em frente. Me dei conta de que deixei minha garrafa de cerveja na grama e virei para pegar. Quando me virei, pude notar que a garota ruiva, maluca e bêbada, esta chorando.
- Esta tudo bem? - Não sou boa nisso, mas já que estou a toa, não custa tentar ser boa para alguém além de meus amigos sumidos, certo? - Levante-se do chão. Me dê sua mão. - Estendi a mão para que ela pegasse mas ela não pegou.
Enxugava suas lágrimas enquanto dizia:
- Preciso ir embora. Não era para estar aqui, não mesmo. Olha para mim, estou tão bêbada que não consigo saber quantos dedos tenho em cada mão. - Ela estava mesmo olhando para as mãos e tentando desvendar este enigma. - Seis em cada mão?
- Cinco. - Respondi.
- Talvez. - E então eu estendi a mão novamente e ela a pegou. - Preciso achar meu carro e ir para casa.
- Você não vai dirigir neste estado trágico em que está. - Muito trágico por sinal.
- Mas eu preciso ir para casa e você não manda em mim. - Ela olhou para nossas mãos e largou.
- Esta noite, eu mando. Vamos.
- Vamos? Como assim, loirinha?
- Sou morena, ruivinha.
- Mas sua pele é tão clara. Um loiro cairinha bem em… - E então ela não continuou a frase e do nada, desmaiou.
- Ai, Deus. Alguém me ajuda? Ela desmaiou. - Berrei esperando alguém vir me socorrer.
- Mirele, o que houve? - Enfim, Léo apareceu.
Léo carregou a ruiva até minha casa e a deitou em minha cama. Decidimos que ela deveria passar o resto da noite ali e quando ela estivesse melhor, ela iria para casa antes que minha mãe surtasse vendo uma estranha bêbada debaixo de nosso teto. Dei graças por meus pais terem um sono tão pesado.
- Obrigada Léo. Volte para sua festa e depois me conte aonde você esteve todo o tempo. Se ver a Allana, diga que irei mata-la.
- Pode deixar. Queria que voltasse para a festa comigo. - Disse ele acariciando meu rosto e eu logo em seguida, afastando sua mão.
- É, mas não vou deixar ela sozinha aqui. Vou beber uma garrafa de vodka que esta escondida em meu quarto e dormir. Boa noite.
- Boa noite, Mi. - E então ele se foi. Olhei para a garota inconsciente em minha cama e tentei adivinhar porque ela estava tão empolgada por ser meia noite e estantes depois, chorando. Ela parecia bem normal assim, apagada. Mas totalmente maluca quando acordada.
Bebi um pouco, li alguns capítulos de “Harry Potter e o cálice de fogo” e minutos depois, adormeci.