30° Semana de gestação (7 meses). – 07/08/2015 – Sexta-Feira.
Tava complicado, muito complicado. As dores tinham aumentando consideravelmente e eu mal conseguia tocar minha barriga. Sem contar que o inchaço nos pés e nas pernas era algo surreal.
Mal levantava da cama, só fazia esforço mesmo para tomar banho ou fazer o numero um ou dois. Por que de resto... Nada. Passava maior parte do meu tempo no quarto, ou na companhia de Pattie e Amanda, ou na de Justin.
Justin deveria ser nome de anjo sabia? Por que ele esta agindo feito um. Ele é a calma em pessoa nos meus momentos de estresse estremo. Por que digamos que é impossível não ficar estressada com toda essa situação.
O que ta fodendo com tudo é meu psicológico e eu sei disso. As dores são fortes, mas vem apenas de hora em hora, e a sensibilidade da barriga é uma coisa que ainda dá pra aturar. Mas meu psicológico está totalmente fodido.
Eu estou na fase de não conseguir me olhar no espelho. Não me acho mais bonita, meu rosto esta com aparência acabada, e sem contar o tanto que eu consegui engordar em tão pouco tempo. Alem de tudo isso, que já é muito drama para uma mulher, eu lembro que meu filho pode nascer a qualquer momento e que pode não resistir. E só de pensar já da vontade de chorar.
A única coisa que me faz segurara as lagrimas é quando o Justin ta presente. E não é por que tenho vergonha de chorar a frente dele ou algo assim. A verdade é que ele já esta apreensivo de mais, e digamos que me ver chorando vai piorar tudo.
Ele ta agüentando de mais, agüenta meus gritos de dores, agüenta eu levantando a noite toda para ir ao banheiro, agüenta todas as minhas reclamações, quero só ver quando ele explodir, por que ele ainda é um ser humano, e uma hora ou outra, não vai agüentar mais.
Mudando de assunto.. Vanessa teve uma melhora significativa, voltou a trabalhar claro que passa a maior parte do tempo sentada, mas mesmo assim é uma melhora. Parece ate outra pessoa, alegre e super decidida, vai criar a filha dela sozinha, claro que ate a criança nascer a Mãe do Dan vai ajudar, mas depois ela disse que ia se virar sozinha.
Ah, Daniel sumiu no mundo, ninguém sabe onde anda e o que ta fazendo da vida. Ninguém nem sabe se ta vivo. O pessoal do Brasil, cada um voltou a viver sua vida de antes, mas ninguém voltou a estudar tudo um bando de vagabundo.
Meu pai esta vindo me visitar mais freqüentemente e meu irmão já marcou de voltar aqui no Canadá para finalmente nos conhecermos. Minha mãe está internada em uma clinica psiquiátrica, segundo o meu pai ela ta doidinha de pedra, dá ate dó em todos, menos em mim.
Vitor está passando esse mês aqui no Canadá na casa de suas avós. Ele entrou de férias na faculdade e veio aproveitar aqui. Ainda não veio me visitar, algo que achei estranho, mas não comentei com ninguém.
Alexia voltou a morar aqui no Canadá, a diferença é que a Vagaba está namorando um brasileiro super rico, que veio morar aqui com ela. Com toda certeza, ate o tal de anal giratório ele fez pra fazer um cara mega rico sair do Brasil e vir morar no Canadá.
Ah e sobre esse anal giratório, eu não faço a mínima idéia do que é, Ryan tava falando sobre uma puta no Brasil que fazia esse tipo de coisa, tenho certas desconfianças que pode ser a Alexia.
- Clara? – Carla falou entrando no quarto.
- oi Carla – me ajeitei na cama, tentando ficar em uma postura melhor.
- a medica da senhorita, a Dona Sandra, disse que a consulta hoje seria no consultório dela lá no hospital, por que ela não iria atender na clinica. – assenti.
- mesmo horário? – perguntei.
- não , adiantou , está marcada pra daqui à uma hora.
- merda, me ajuda a levantar, por favor? – pedi e ela veio apressada. Peguei meu celular mandei uma mensagem pra Justin, avisando do imprevisto e ele logo retornou dizendo que chegava em 20 minutos. – obrigado Carla, pode deixar que eu me viro. – sorri em forma de agradecimento e ela apenas concordou e saiu.
Fui ate o closet e procurei uma roupa decente, eu mal saia de casa, então tava perdendo muita roupa, se bem que pra gravidez eu comprei somente vestidos, e da pra usá-los mesmo depois do nascimento do Gus, por que são vestidos normais, a diferença é a minha barriga que deixa eles mais armadinhos.
O problema é que eu odeio ir pra medico de vestido, mesmo que seja uma medica. De qualquer forma eu não me sinto a vontade. Então escolhi uma calça jeans e uma blusa mais soltinha com o tecido fino. Calcei uma rasteirinha e peguei uma bolsa qualquer. Não tava com saco pra ta escolhendo. Peguei meu terço e coloquei dentro da bolsa.
Coração apertado era assim que eu tava, acho que pra qualquer mãe, saber que ali, o lugar que seria pra ser o melhor para o seu filho, no fim ta fazendo ‘’ mal ‘’ a ele, não é fácil.
A verdade é que eu estou colocando tudo nas mãos de Deus, e seja o que ele quiser. Claro que eu quero o bem estar do meu filho, quero que ele nasça perfeito e saudável. Mas eu também sei o meu limite e eu não sei se serei capaz de ultrapassá-lo.
Já pronta, eu desci as escadas, cada movimento doía um pouco. Nunca me vi tão debilitada em toda minha vida, tanto física como emocionalmente eu estava lascada.
- amor? – Justin falou entrando em casa e me vendo na escada. – espera eu te ajudo. – jogou a pasta no chão e tirou a gravata rapidamente, ele odiava gravata. E pegou na minha Mao me ajudando a descer.
- como foi o trabalho? – perguntei passando os braços pelo pescoço dele e lhe dando um selinho.
- legal, tenho projetos novos , depois te mostro. – assenti animada. – e você ? como está ? e o meu campeão ? – perguntou e admirou a minha barriga , por que ele sabia que tocar incomodava. Mas só com a voz do pai o chamando do nome que Justin mais usava , que é campeão , Gustavo já se remexeu , fazendo com que eu segurasse a respiração , por conta da dor em ondas que vinha da coluna.
- calma ae campeão , mamãe não ta sem por cento ainda não – falei me recuperando e Justin riu me dando um beijo no pescoço. Só eu sabia a falta que fazia foder com aquele homem.
- vamos ? – perguntou e eu assenti.
- não vai trocar de roupa ? – perguntei.
- não , a gente volta logo pra casa. – concordei.
Já havíamos chagado no hospital , estávamos andando no corredor em busca da sala da Sandra. Que era longe pra cacete. Ofereceram-me cadeira de rodas mais eu não ia usá-las a menos que eu precisasse mesmo.
- é aqui – falou a enfermeira parando diante a ultima sala do corredor. – tenham uma ótima consulta. – Justin agradeceu com um sorriso maroto no rosto e eu o belisquei.
- que foi ? – perguntou passando a Mao no lugar do beliscão.
- sorria mais pra ela vagabundo. – ele sorriu e me deu um beijo na bochecha. Bati duas vezes na porta e logo Sandra a abriu.
- ola amores , como estão ? – perguntou educadamente nos dando espaço para entrar.
- bem na medida do possível – respondi e ela pareceu concordar.
- Então clara , eu vou começar pela ultrassonografia. – fiz uma careta já imaginando a dor. – relaxa , eu sei que ta sensível , e é por isso que vou fazer. To achando que é a hora do Gus sai do ventre da mamãe e ir para os seus braços.
- mas eu só estou com 30 semanas – falei assustada.
- existe partos prematuros de 26 semanas , Clara. Precisamos ver o que é melhor pra ele e pra você , e infelizmente neste caso , é ele nos seus braços , não no seu ventre. – assenti triste e já me direcionei a maca da ultra. Jus se posicionou ao meu lado e segurou firme a minha Mao.
Sandra aplicou o gel , e em seguida o espalhou com o aparelho de sempre. Por onde ela o arrastava ardia. Senti uma lagrima escorrer pelo meu olho esquerdo. E foi somente ao ouvir os batimentos cardíacos de Gustavo que um sorriso brotou em meu rosto.
- Ele está sem espaço aqui dentro , exatamente como eu imaginava. – falou.
- pelo amor de cristo , para de passar essa coisa na minha barriga – pedi em um sussurro e ela fez o que pedi. Pegou uma toalha e limpou delicadamente toda área que tinha gel.
- venha pra cá querida. – falou enquanto me ajudava a levantar e depois sentou em sua cadeira. Sentei em uma e jus em outra. – é o seguinte , eu vou pedi a sua internação hoje. Você dorme esta noite aqui no hospital , para que a gente te prepare melhor , amanha será a sua cesárea de emergência.
- amanhã ? – Justin perguntou perplexo.
- hoje ? – perguntei ao mesmo tempo que ele. Sandra riu fraco.
- calma , hoje você vai dormi aqui , conhecer o hospital , a CTI que vai ser o lugar que o Gustavo vai ficar ...
- CTI ? – perguntei aterrorizada.
- sim , Centro de Tratamento Intensivo. Quero que você fique aqui hoje , pra você conhecer um pouco mais e ver que não é um bicho de sete cabeças. – não falei nada , estava em choque. – calma gente , infelizmente isso é o necessário , Gustavo terá uma condição melhor aqui fora.
- quais os riscos que o meu filho corre ? – Justin perguntou com a voz falha.
- bom , os riscos de todo bebê prematuro. Ele não está totalmente desenvolvido , e por isso fica muito mais imune a varias coisas. Mas tenha a segurança que ele vai ser bem cuidado. Vocês estão em um hospital de referência.
- eu já vou ter que ficar direto aqui ? – perguntei.
- recomendo que sim , Justin poderia pegar sua malinha e trazer para cá. – falou e ele assentiu.- vou mandar liberarem um quarto para vocês , enquanto eles preparam tudo , eu levo vocês para conhecer a CTI e depois , enquanto você é instalada no quarto , o Justin pega suas malas. – concordei. – eu vou resolver a questão do quarto , fiquem a vontade. – falou e saiu.
Olhei para Justin desesperada , e em seu olhar encontrei também o desespero. Não dava mais pra manter a mascara , era a hora de cair na real e encarar os risco. Era a hora de sentir , não de esconder. Ele se levantou e se agachou ao meu lado me abraçando e me enchendo de beijos.
- a gente tem que acreditar que tudo vai dar certo. – falou com a voz falha. Ele estava tão emocionado quanto eu.
- vai dar tudo certo , Gustavo vai sair firme e forte. – tentei passar confiança.
- e você também amor. – falou e eu concordei.
..
- bom , aqui no terceiro andar é somente a área de internação. Essa primeira parte que chamamos de parte A , é somente a de recém nascidos. A parte A é dividida em , AB , AC , AD e AE , essas são as salas que comportam o bebês. – nos aproximamos de uma sala branca enorme , com varias incubadoras e vários equipamentos ligados a ela e ao bebe que nela estava.
A sala é enorme , mas tinha poucas incubadoras nela. Tinha somente uma mãe que chorava ao pegar na sua filha , ver aquilo foi a gota d’água para que eu me desesperasse.
- cada prematuro tem a sua historia e tem seus cuidados. Tem os mais graves e os menos. Isso vai de bebê para bebê. – Justin era o único que prestava atenção , por que eu só conseguia observar aquela cena. – vocês poderão entrar , e ficar um pouco com o Gustavo , mas não podem pegá-lo.
- eu quero ir ara o quarto , por favor – pedi e eles assentiram. Sandra nos acompanhou ate o quarto e depois saiu. Quando eu me vi ali sozinha com Justin a única reação que eu tive foi abraçá-lo. – eu te amo Justin.
- também te amo minha Maria. – falou e eu sorri , em meio as lagrimas eu sorri. – não chora , o Gustavo vai nascer , temos que ficar felizes.
- mas ...
- mais nada Maria clara , independente da forma , é o nascimento dele , não tem pra que ficar triste. – não discuti. Me mantive em seu abraço , o único lugar que eu queria estar.
Justin Bieber
Ela já estava mais calma , já estava deitada mexendo no celular. Eu estava deitado ao seu lado , minha mãe já tinha vindo aqui , mas logo teve que voltar. E agora estávamos esperando o pessoal , cloe , mari , chaz , Ryan , Chris e Amanda , eles viam fazer uma visita e ia trazer a mala da Clara.
Acho que agora quem tava mais nervoso que ela era eu. Por que caralho , isso não vem de uma semana , são exatos 7 meses que a gente não vive em paz. 7 meses aflitos , por algo poder acontecer. Acho que o único momento que tivemos paz , foi lá no Brasil. Mas mesmo assim uma hora acabou.
Não ache que é insensível da minha parte , mas graças a Deus meu campeão vai nascer , por que eu não agüentava mais , essa tenção de infelizmente fica esperando o pior. Quero ter paz novamente , quero poder acordar e respirar aliviado por estar tudo bem. Quero ir trabalhar sabendo que quando eu chegar em casa tudo vai estar bem.
Quero tirar hospital da minha rotina , mas eu sei que Gustavo vai ter que ficar na CTI por um tempo , e se La é o melhor lugar pra ele , quem sou eu pra reclamar. Eu preciso me sentir vivo novamente , preciso sair com a Maria , sair com nossos amigos , viajar em família , caralho , sei lá.
Eu sou um cara que gosta de ficar em casa , mas também não vamos exagerar. A gravidez da Clara seria algo pra gente aproveitar , mas a gente não pôde fazer isso. Eu dei meu melhor para que tudo ocorresse bem , fiz tudo que podia , mas pra ela talvez aquilo não tenha sido o meu melhor.
Sem contar que todo estresse dela é descontado encima de mim , e eu tenho que dar colo , mimar , e dizer que tudo vai ficar bem , é isso que um homem faz não é ? é sim , meu pai que falou. Ai vai juntando estresse , trabalho , tenção , e 2 meses SEM sexo.
Beleza mano , pode me internar em uma clinica , por que eu estou em total abstinência. De preferência , uma clinica com enfermeiras gostosas.
- eaee casal vinte – Ryan falou entrando no quarto e todo o pessoal atrás dele. – ta aqui sua mala clarinha – falou e colocou ela perto dos pés da cama.
- clara você viu os enfermeiros desse hospital ? – cloe falou e sentou na cama. – amigaaaaa , to doente – disse fazendo drama e se jogou na cama , fazendo todos rirem.
- quem ver diz que não tem um namorado gostoso com eu fodendo com ela todos os dias – Chris falou e riram ainda mais.
- ta namorando com quem amiga ? – Maria perguntou a cloe – com o chris é que não é.
- cala a boca vagabunda. – Chris a xingou e ela mostrou-lhe o dedo do meio.
E foi assim que passamos o resto do dia , rindo , brigando , conversando ... nos preparando pelo que vinha a frente.
‘’ As pessoas costumam dizer que a motivação não dura. Bem, nem o banho. É por isso que recomendamos diário.” -- Zig Ziglar
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