Justin Bieber
Virei mais um copo de vodka pura, a ardência que eu senti ao virar o primeiro copo não incomodava mais. E por esse motivo lembrei que já havia bebido praticamente a garrafa inteira.
Mas a que ponto chegamos? Beber uma vodka barata em um barzinho de esquina, com caras que parecem ser mais o meu avô, ou o papai Noel.
Grande maioria de blusa xadrez e calça surrada, e eu, o louco de terno.
O bar era pequeno e velho, tinha uma mesa de sinuca que estava rodeada de homens gritando e rindo dos perdedores. Um rádio velho tocando uma música de rock antigo, e uma TV passando o jogo do dia.
Qualquer bar de esquina nesses dois últimos meses tem sido minha melhor morada, a vida tá insuportável, é casa, trabalho e bar... Casa, trabalho e bar...
O único dia que eu não me permitia encher a cara era quando as crianças iam lá pra casa. Ah as crianças... meus filhos estão tão lindos. Isabela ta tão gordinha, parece uma bolinha. Esperta que só ela, aos dois meses ela já acompanha o pique do Gustavo, que é muito preguiçoso.
Gus também parece uma bola, e cada vez parece mais comigo. Para ele a vida é comer e dormir. Já Isabela é totalmente ligada no 220. São tão opostos e se dão tão bem, desde pequenos.
- finalmente te achei - alguém falou batendo de leve no meu ombro - ja São três da manhã viado!
- eu não ligo Ryan - falei e virei mais um copo, pedindo outro logo em seguida. - deixa eu cuidar da minha vida.
- eu tento, mas você não é muito bom em fazer isso - dei de ombros e bebi mais uma vez. - cara, você acabou de beber uma garrafa de vodka.
- e vou pedir outra - falei rindo. - me deixa vai.
- não vou te deixar - falou puxando um cigarro.
- maconha? - ele concordou - tem outro? - pedi.
- não vou te dar. - falou guardando o cigarro.
- valeu - agradeci de forma irônica.
- sabemos bem da sua história com substâncias ilícitas.
- cara é só um cigarro de maconha, o que eu usava nem se compara a isso. - tentei me defender.
- mas começou com um cigarro de maconha. - falou dando de ombros - a fama de drogado do grupo é minha e vou defende-la com unhas e dentes
- e qual a minha fama?
- trouxa. - riu - mas vai mudar pra " velho de boteco "
- vai se foder - falei rindo. - so você mesmo...
- sai dessa irmão, você tá acabado. Vai fazer essa barba e procurar uma mulher pra comer. Pelo menos pra livrar a mente de pensar besteira.
- to de boa assim.
- ta mesmo? Você já se olhou no espelho? Se eu fosse viado você sabe que eu só daria pra você e pra o Alfredo - ri - mas se eu te visse assim...
- tomar no cu - falei ainda rindo. - sério?
- fazer o que ne... mas é serio cara - respirei fundo - dois meses ja e ela tá seguindo a vida com aquele gostoso e você aí andando feito mendigo de bar em bar tomando uma vodka ruim pra porra.
- cada um tem seu tempo - falei tentando manter a calma.
- tempo Justin? Cara tudo isso foi escolha sua, todo mundo sabe. Mas sai do buraco vei, que porra. - bati na mesa ja estressado.
- a verdade Ryan é que eu to cansado de todos ficarem falando o que eu tenho que fazer. - respirei fundo - chega cara... Eu decido a minha vida. E eu não to preparado pra sair com outra mulher, ou ir pra uma balada, ou dar de cara com a Clara. Eu só... só não to pronto ainda. - baixei a cabeça e bati o copo no balcão e o garçom trouxe outra garrafa de vodka.
- ainda quer o cigarro? - Ryan perguntou com um sorriso torto. Esse era o seu pedido de desculpas. Sorri concordando.
Maria Clara
- Clara... - escutei uma voz longe e fui abrindo os olhos lentamente - bom dia - Joseph falou sorrindo.
- bom dia - falei com a voz rouca.
- está melhor? Teve febre hoje de madrugada - ele falou e sentou ao meu lado da cama.
- estou só com um pouco de dor no corpo. Mas não sinto mais dor de cabeça. - falei sorrindo.
- vamos ver como você vai passar o restante do dia, espero que sem febre - sorri concordando. - tem duas belezinhas te esperando la na cozinha pra tomar café.
- ja estão acordados? - ele concordou. - obrigada por tudo.
- não precisa agradecer, cuidar de vocês é a melhor parte do meu dia. - ele levantou e estendeu a mão para mim e eu a segurei. Assim que levantei senti uma tontura de leve e segurei forte em seu ombro.
- so uma tontura - falei e senti sua mão esquerda na minha cintura, me segurando com força.
- você tá fraca e sabe quem não é só por que está doente. Perdeu muito peso nesses dois meses - assenti. Não dá pra discutir muito com um médico.
- ja estou melhor - falei levantando a cabeça e olhando em seus olhos que essa manhã pareciam estar ainda mais azuis.
- não vou soltar sua cintura, não vou te soltar - falou olhando em meus olhos e abrindo um sorriso. - vamos.
Fomos andando lentamente e conversando sobre coisas aleatórias, a maioria dos assuntos envolviam as crianças e como elas estavam espertas e gordinhas cada dia mais.
A cada momento eles descobriam algo novo e Joseph registrava cada coisa. Não estamos juntos, mas na maioria dos dias ele dorme aqui, em um colchão ao lado da minha cama.
Desde que me separei ele tem sido um anjo para mim e para as crianças, que ja São super apegadas a ele. Os dois últimos meses foram difíceis e essa última semana então... estou doente a alguns dias e ele está me ajudando.
Eu confesso que criei uma afeição por ele, que sempre é tão doce e gentil comigo e principalmente com os meus filhos. Percebo que os sentimentos estão aumentando aos poucos, mas quando eu saio de casa que é como uma fortaleza onde ele consegue manter minha mente longe de tudo, quando vou pra rua sou bombardeada de perguntas ridículas e lembranças desnecessárias.
Justin faz parte da elite da cidade, a empresa de seu pai é uma das maiores daqui. E quando souberam que o primeiro neto do Jeremy estava a caminho fomos capas de revista por um tempo.
Quando souberam da separação, EU virei capa de revista local. Eles não se importavam com a versão do Justin, que claro seria a mais leve possível.
Mas qual jornalista não quer a versão da mulher traída e furiosa por agora estar sozinha com seus dois filhos.
A vida aqui está um inferno e cada dia que passa, começo a pensar mais em mudar de casa, de cidade, de país...
- ta tudo bem? - Joseph perguntou. Já estávamos sentados e eu brincava com bela e gus.
- sim, só estava pensando um pouco. - falei enquanto fazia uma careta para Gustavo e ele abria um sorriso.
- se você estiver melhor, gostaria de um jantar. Hoje é o dia das crianças ficarem com Justin, certo? - assenti. - então se estiver se sentindo melhor podemos sair para jantar hoje a noite.
- eu iria adorar - falei olhando em seus olhos. Eles são lindos e muito azuis, mais que os meus.
- então a tarde você vai tirar o tempo so pra você. - ri - vou te levar ao salão e você vai poder se destrair um pouco.
- você não existe - falei encantada.
- você merece muito, muito mais que isso. - sorri. - já dei banho nos dois, bela quase não queria sair.
- e Gustavo chorou pra entrar? - ele concordou. - vou vestir alguma roupa e deixa-los na casa de Pattie.
- por que ela não vem buscar? - perguntou.
- não sei. Mas confio mais eu levando - falei e ele concordou.
...
15:31 do mesmo dia
As crianças já estavam na casa de Pattie e agora Joseph estava me levando ao salão, como ele prometeu. Não tive febre durante a manhã então resolvemos ir jantar durante a noite.
- quer que eu te espere aqui? - ele perguntou estacionando e olhando para mim.
- não, prefiro que seja surpresa - ele sorriu.
- quando terminar você me liga e eu venho te buscar - assenti - posso leva-lá até lá?
- claro - falei. Ele saiu do carro e foi até o meu lado de passageiro e abriu a porta. - obrigada. - falei totalmente encantada.
Ele segurou minha mão e fomos para o salão. As mulheres que antes riam e fofocavam voltaram seus olhares para Joseph que riu da cena, me fazendo revirar os olhos. Ele me deu um beijo na bochecha e...
- até mais tarde - assenti e sai para onde uma mulher me esperava para lavar meu cabelo. Vi ele falando com a balconista e apontando pra mim e depois saindo.
Realmente, esse cara não existe. Por que Justin não podia ser assim comigo, porque...
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