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História Love at first bite [vhope] - Kiss me back - História escrita por hobievante - Spirit Fanfics e Histórias
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História Love at first bite [vhope] - Kiss me back


Escrita por: hobievante

Capítulo 5 - Kiss me back


Fanfic / Fanfiction Love at first bite [vhope] - Kiss me back

Era gostoso estar com Hoseok.


Aí vocês me perguntam: como assim, Tae? Disserte, Tae! Elabore, Tae!


Tudo bem, tudo bem, então eu não só vou elaborar como também listar todos os motivos pelos quais era uma delícia estar com Hoseok. Valendo:


Hoseok me entendia e Hoseok me cuidava. Hoseok não se estressava quando eu demorava horas e horas para me arrumar, nem reclamava comigo quando eu tinha que subir até o apartamento sendo que a gente já estava saindo pela portaria, só porque eu tinha esquecido de colocar meus brincos. Hoseok deixava eu comer o último pedaço de pizza e amarrava os cadarços dos meus all-stars quando eu não queria me ajoelhar pra não estragar minha roupa. Hoseok me via entrando e saindo de cinquenta milhões de provadores diferentes e me dava a opinião sincera sobre tudo que eu provava - mesmo que quase sempre fosse falar que 'tá lindo' -, Hoseok tirava várias e várias fotos minhas com meus looks quando eu o pedia, sem cansar, até eu finalmente ficasse satisfeito com alguma pra postar no twitter ou no insta. Hoseok me tratava bem, e talvez fosse apenas por se sentir mal pela forma que me tratou no passado, mas eu gostava de pensar que era simplesmente porque ele gostava de mim.


Eu queria que gostasse de mim, porque cada vez que Hoseok me tocava, era como se algo em mim se abrisse, desabrochasse


Eu sei, eu sei, clichê pra caramba, né? Mas pior que era exatamente isso.


Eu não sou nenhum  santo, não sou recatado, nunca fui e nem tenho intenção alguma de um dia ser. Já no colegial eu mantinha dois namorados escondidos um do outro, só para ganhar mais presentes e mimos nas datas comemorativas, para ser mais paparicado. Eventualmente eles descobriram e terminaram comigo, mas eu sempre fui uma pessoa de superar rápido, em poucas semanas eu já estava acompanhado novamente, porque como diria minha Ari: thank u, next. 


A questão é que eu sempre fui de ter namorados, relações, casinhos e esse tipo de coisa. É que eu sempre gostei de amar, de ser amado, dessa coisa de sentir borboletas no estômago e de sentir meu rosto esquentando em nervosismo. Sempre gostei de ter alguém segurando minha mão nos lugares e abrindo as portas pra mim, sempre gostei de ter minha carência constantemente saciada por quem estivesse do meu lado. 


Também sempre gostei de paquerar, não vou mentir. Sempre gostei de os ver disputando por minha atenção, de provocá-los, levá-los ao limite simplesmente porque eu sei que posso, de os conquistar com um sorrisinho inocente, mesmo sabendo que essa é a última coisa que eu sou. Sempre gostei de ganhar flores, maquiagens, roupas caras, joias, viagens de casal e chocolate, hmmm chocolate. 


E, claro, a parte do sexo também nunca me desagradou.


Eu já disse, nunca fui santo. Era até cômico que algumas pessoas tivessem essa imagem de mim pelo modo como eu me vestia e me portava em público, porque eu gosto de sexo, bastante. E sexo é um outro motivo pelo qual sempre gostei de estar acompanhado, porque eu gosto de sentar no colo de quem está comigo em público, me mexer de forma aparentemente despretensiosa apenas para sentir o volume lá aumentando e perceber suas bochechas queimarem de vergonha, gosto de cruzar as pernas de uma forma que eu sei que elas vão ficar mais expostas, gosto de morder a ponta das canetinhas de uma forma sugestiva pra quem esteja vendo. Gosto de vestir lingeries bonitas e de usar perfume, gosto de passar hidratante pra que quando beijem meu corpo, o gosto seja bom.


Porque eu gosto de ser desejado, eu amo ser desejado, eu gosto de sentir o calor de olhos queimando de desejo em mim e só nisso conseguir saber que a pessoa está na palma de minhas mãos. Gosto que me beijem na nuca e na barriga, gosto que me beijem no ombro e no quadril, gosto que me beijem na frente e atrás, gosto até que me beijem nos pés. Na verdade, corrijo, amo que me beijem nos pés. 


Gosto de massagem, gosto de banho de banheira e de taças de champanhe. Gosto de ser satisfeito em camas, carros, janelas, armários na faculdade e outros locais públicos. Gosto de revirar os olhos e morder meus lábios de prazer me agarrando em lençóis macios, gosto do som dos meus próprios gemidos e gosto de mãos me tocando aonde eu peço pra ser tocado. Gosto de pedir para ser tocado.


Gosto de pedir e de ser atendido. 


E não é só por gostar de ser desejado que eu me cuido tanto, porque também tem a parte do amor próprio e tudo mais, mas com certeza é esse um dos fatores que me levam a passar horas em lojas de roupa, em casa fazendo skin care e cuidando das minhas unhas, exatamente porque eu gosto de ficar lindo e gosto mais ainda que a pessoa que está ao meu lado me diga o tempo todo o quanto eu estou. 


Eu só gosto


Eu sou assim, sou assim e me amo assim, me amo assim porque passei muito tempo em relações passadas achando que essas coisas eram um defeito, deixando babacas me tratarem mal e me fazerem sentir que tudo no mundo era culpa minha. Me amo assim e aprendi que só vale a pena me relacionar com pessoas que me amem assim também, que não me façam sentir mal por ser como eu sou, por me vestir como me visto e por querer as coisas que eu quero. 


E por um lado funcionou, porque as últimas relações que eu vinha tendo eram todas boas experiências, tranquilas e gostosas.


Bogum era um doce e me dava maquiagem da Fenty Beauty. Seojoon é incrível na cama e até cozinhava para mim. Wooshik me fazia massagem nos pés, escrevia poesias com meu nome e me levava para lugares lindos. 


Além disso, todos me davam sangue quando eu pedia. 


Eu não tinha o que reclamar, de verdade. 


Como disse, nunca fui um santo, tinha vários em minha vida, eles sabiam que não eram os únicos, estava tudo na mais perfeita paz e eu estava perfeitamente feliz assim. Eles também.


Mas isso só até um certo mal-humorado de jaqueta de couro e tatuagens entrar no meu caminho. 


Maldito caçador.


Malditos olhos negros que faziam minhas pernas ficarem bambas, malditos dedos magros que percorriam cada caminho de meu corpo sem precisar de mapa - porque já os tinham todos decorados -, malditos toques, dos delicados aos bruscos, que faziam minha pele arrepiar a cada deslizar sutil de suas digitais, maldita voz rouca de sono falando sacanagem em meu ouvido, malditas roupas pretas e jeito marrento que me faziam ficar todo bobo e  maldito sorriso que fazia meu coração ficar do mesmo jeito. 


Em resumo, maldito Jung Hoseok, por fazer meu coração querer voltar a bater.


E eu podia ter tido muitos ao meu lado, como já expliquei, mas nada, nada que eu vivia com qualquer um deles conseguia se comparar ao que eu sentia quando aquele caçador me tocava.


Por isso que eu disse o que disse, sobre me sentir desabrochar quando ele me toca, sobre sentir algo dentro de mim se abrir, deflorar, por mais que eu  já tenha sido tocado tantas outras vezes por tantas outras mãos, tantas outras bocas.


É que as mãos de Jung Hoseok, a boca de Jung Hoseok, essas eram diferentes, essas pareciam ter uma chave-mestra que conseguia me abrir por inteiro, me desembaraçar por completo, porta por porta e tranca por tranca, me fazendo descobrir e conhecer partes de mim mesmo que eu sequer sabia que estavam trancadas. 


Hoseok alcançava o que nenhum dos outros alcançava, Hoseok alcançava o que eu não alcançava.


E eu tentei, eu juro que tentei ir com calma, usei toda a força de vontade que um dia consegui ter no meu corpo para o afastar quando ele me beijou na cozinha, para me desvencilhar daquele beijo que me fez sentir que nem um adolescente beijando pela primeira vez, mãos trêmulas e garganta seca. Gemidos abafados e corpo amolecido. 


Mas foi inútil, e a vida deve ter rido tanto da minha cara a cada momento que eu me peguei fazendo discursos no meu espelho enquanto me maquiava, apontando o pincel do blush para o meu reflexo e me afirmando de novo e de novo sobre como eu não iria o dar abertura tão cedo assim.


Foi inútil, claro, porque eu fui de Jung Hoseok desde o primeiro momento. 


Ele só tinha algo, sabe? Algo sobre ele.


Na verdade, haviam vários algos sobre Jung Hoseok.



Algo sobre seu nariz pequeno e sobre a pintinha no seu lábio superior, algo sobre seus dedos finos e anéis grossos prateados os decorando, algo sobre suas jaquetas de couro e coturnos pretos, algo sobre suas calças rasgadas e camisas de bandas de rock-emo-gótico que ele tentava tanto me fazer gostar, algo sobre sua pose marrenta e sobre o jeito que ele perdia qualquer resquício dela quando eu o olhava com um bico nos lábios, algo sobre o jeito que ele batia os dedos na mesa em que estudávamos - acompanhando o ritmo do rock em seus fones de ouvido como se aquilo o ajudasse a se concentrar melhor -, algo sobre a forma que ele me olhava feito um bobo enquanto eu me maquiava, achando que eu não percebia - mas eu percebia, e como eu percebia -, algo sobre o jeito carinhoso que ele falava de seu irmão e também sobre a forma que nunca mencionava seus pais, sobre o jeito em que a linha de seus lábios se fechava toda vez que eu sequer mencionava o tópico família. Algo também sobre a forma que o seu calor me fazia sentir eletricidade a cada toque inocente de nossos dedos por cima da mesa, algo sobre o jeito que gargalhava batendo palmas e ria com o corpo todo. Havia algo sobre sobre a forma que ele sorria me mostrando um coração - e surpreendente me lembrava que eu ainda tinha um -, algo sobre a forma que ele sorria e no mesmo segundo eu me via esquecendo de todos os discursos tolos que eu havia me dado sobre ir devagar, algo sobre a forma que ele sorria e eu de repente sequer conseguia diferenciar Seojoon de Wooshik ou Wooshik de Bogum em minha mente, porque nada importava além daquele sorriso, algo sobre a forma que ele sorria. 


Estaria mentindo se eu não dissesse que também não havia algo sobre o jeito que seu toque me derretia, algo sobre a forma que o mero anúncio de sua boca em minha pele me fazia sentir labaredas me consumindo de dentro para fora, algo sobre o jeito que ele mexia sua língua com tanta maestria na minha boca, na minha barriga e até nos meus pés, sobre o jeito que ele me preenchia, falando as sacanagens mais sujas ao morder meu ouvido e com isso me fazia sentir vergonha, corando feito um menino bobo mesmo quando eu já estava nu e completamente entregue a ele, algo sobre o jeito que seus dedos tinham um gosto doce em meus lábios molhados - e vocês sabem o quanto eu gostava de doce -, algo sobre o jeito que a dor de seus puxões em meus cabelos e de seus tapas em minhas coxas doía apenas o bastante para me fazer implorar por mais, algo sobre o jeito que, se eu pedisse do jeitinho que ele gostava, ele sempre me dava mais.


Eu fui seu desde o primeiro momento. E não é como se eu houvesse esquecido totalmente do jeito que ele me machucou, mas é que o afeto de Jung Hoseok se mostrou um remédio perfeito para curar as feridas que sua própria falta me trouxe. Seus beijos em meu corpo as cuidavam tão bem, tão tão bem, que nem merthiolate que não arde, sabe?


E eu também cuidava das suas, de cada uma delas, eu sentia meu coração apertando quando ele aparecia na faculdade com olhos roxos e arranhões no rosto e nos braços. Ele insistia que não era nada e protestava cheio de marra quando eu o puxava pelo pulso até o banheiro, o sentando na pia apenas para pegar um de meus algodões da bolsinha de maquiagem e começar a limpar todas elas, selando o meu cuidado com beijos logo depois, o vendo corar ao recebê-los, mas nunca sem me beijar de volta. 


Em pouco tempo eu estava entregue. Entregue em seu braços na faculdade e na minha cama, entregue à sua boca me desfazendo em gemidos no box do meu banheiro e na beira da minha janela, entregue sentado em seu colo nas cadeiras da sala de aula e também deitado em seu colo na grama macia do jardim do campus.


Apaixonado. Eu estava apaixonado. E todas essas várias coisas que eu mencionei tanto valorizar sobre estar acompanhado perdiam todo e qualquer sentido quando não se tratava de estar acompanhado dele


Jung Hoseok ressignificou todas elas e de repente elas só tinham graça para mim se viessem dele.  


Mas ele não entendia isso, e por isso que eu acho que insistia em continuar a ter ciúmes.


Eu já notava o jeito que seus punhos se fechavam toda vez que eu deixava escapar casualmente em alguma conversa que eu encontraria alguém depois de nossos estudos, o jeito que ele revirava os olhos sempre que eu sem querer deixava meu celular muito exposto de um jeito que ele não conseguiria ignorar nem se tentasse, e acabava por ver minhas mensagens marcando de sair com Seojoon ou com Bogum. Eu notava que sentia ciúmes e eu não vou mentir dizendo que naquele começo me desagradava saber que ele sentia, na verdade, na época, me dava uma segurança gostosa de que talvez ele gostasse mesmo de mim, de que talvez eu realmente devesse dá-lo uma outra chance. 


E então eu o dei, e ainda bem que eu dei, porque aquela nossa primeira vez foi um momento que eu não esqueceria, e não falo só do sexo, eu falo dos carinhos e risadinhas depois dele, dos suor dos nossos corpos entrelaçados enquanto eu senti seu peito subir e descer, eu falo do jeito que ele não hesitou em pedir por meu corpo de novo nem quando tomamos banho e o jeito que eu notei que se mexia em espasmos involuntários quando dormia. Aquela noite foi incrível.



E depois dela, com ele se tornando ainda mais presente em minha vida do que já era, me foi necessário zero esforço para não querer mais encontrar ninguém além dele.


Mas ele não entendeu isso de cara.


O pior episódio que Hoseok teve com ciúmes foi naquela noite em que ele me arrastou para o show da banda de seus colegas, em algum barzinho de rock que ficava na rua boêmia mais popular de Porto de Luna, próxima ao litoral. Bares e restaurantes que faziam a rua larga parecer estreita, repleta de pessoas, locais e turistas, procurando por diversão nas várias opções de entrenimento que eram oferecidas na vida noturna da cidade. Eu sempre fui um cliente mais fiel dos locais que tocavam pop, aqueles que eu costumava frequentar com Jennie e nosso grupo - às vezes até Yoongi, quando eu o implorava com jeitinho -, mas Hoseok era tão chato com esse negócio de rock e bandas e blá-blá-blá que eu não consegui dizê-lo não quando ele me pediu para o acompanhar para o pub estilo inglês que daria o espaço para algumas bandas autorais de Porto de Luna tocarem naquela noite, a de seus amigos inclusa,  até porque isso significava que ele queria me apresentar aos seus amigos e isso me deixava super estranho e nervoso por dentro, de um jeito bom. 


Até um certo ponto, a noite foi perfeita.


Hoseok me segurava pela cintura enquanto entrávamos e eu em um ponto comecei a morder o lábio, apreensivo por receber alguns olhares de estranhamento direcionados à minha roupa, o que sempre costumava acontecer quando eu tirava as saias de meu armário, mas é óbvio que me intimidava mais em um ambiente como aquele, tão estranho ao que eu normalmente frequentava, repleto de pessoas com correntes, jaquetas de couro e roupas pretas. Não eram todos os que me olhavam, claro, mas os olhares que eu notei já foram o bastante para fazer minha ansiedade atacar e eu travar meu olhar no chão, apertando mais o braço de Hoseok  de repente como se ele fosse uma boia e eu estivesse afogando. Nós mal havíamos acabado de passar pela porta da frente quando ele notou que eu havia ficado tenso. 


— Tae? - Hoseok me olhou, o rosto franzido e confuso aparecendo apenas nos tons de roxo e vermelho escuro que vinha da iluminação baixa e suave do bar. A música que vinha da banda que tocava no pequeno palco mais na frente começava a soar alta demais em minha cabeça e eu só espremi meus olhos sem responder a Hoseok. - Tae, 'tá tudo bem? 'Cê 'tá passando mal? A gente pode ir embora, fica sentado aqui que eu vou pegar o carro. - Ele parecia até mais nervoso do que eu, me levando pelo pulso com todo o cuidado do mundo para me sentar em um dos bancos altos no bar, colocando as mãos delicadas nos lados de meu rosto. 


Eu suspirei ao abrir os olhos e o encontrar me olhando tão nervoso, porque o cuidado que ele tinha comigo chegava a me constranger. Segurei seus pulsos e abaixei suas mãos de meu rosto.


—  'Tá tudo bem, 'tá tudo bem... Calma, Hoseok. E-eu 'tô bem. - Soltei um risinho constrangido, porque eu estava nervoso mas não era pra tanto. Suspirei novamente. - E-eu só acho que devia ter vindo com outra roupa, só isso. - Coloquei suas mãos no meu colo olhando para a barra da saia em minhas pernas e mantive meu olhar nela, sem coragem para movê-lo para qualquer outro lugar.


— Ué, Tae, mas 'cê gostou tanto dessa. Eu lembro quando você comprou, preferia ter comprado a branca? - Ele passou os dedos levantando um pouco a barra e os deslizando no tecido, o mero toque das costas de seus dedos em minha coxa me deixando arrepiado. 


Eu corei, porque eu lembrava que tinha a comprado em um dia que ele estava comigo, mas eu provava tantas roupas ao seu lado que não imaginaria que ele fosse lembrar tão bem. 



— Não, não... - Eu respondi, sorrindo pequenininho por ter notado o quão atencioso era. Os outros podiam me ser sempre gentis, mas Jung Hoseok era algo acima. - É que... têm pessoas olhando estranho. E-eu acho que eu só não tenho muito a ver com a vibe daqui. Desculpa, e-eu sei o quanto você gosta desse bar, e não queria te envergonhar nem nada assim. - Eu fechei meus olhos os espremendo apertando suas mãos novamente, depois de notar alguns olhares curiosos em minha direção uma vez que eu já quase começava a chorar. 


Que besta que eu era. 



— Que é que 'cê 'tá falando, Taehyung? - Hoseok sacodiu a cabeça como se sequer acreditasse nas minhas palavras. Levantou meu queixo e me fez olhar pra ele. - Se tem alguém te olhando estranho só me aponta que eu mesmo vou fazer olhar pra meu punho na cara dele. - Ele falou, sério, e eu só ri impressionado, porque ele era maluco. - E que porra é essa de não ter a ver com a vibe daqui? - Ele negou de novo com a cabeça, franzindo o nariz em repulsa a minhas palavras. Parecia puto. - Nada a ver o caralho, Taehyung, 'cê tem a ver com a minha vibe e eu com a sua e foda-se o resto. Eu gosto desse bar mas eu gosto mais de você. Se tem alguém te deixando desconfortável só me fala que eu me resolvo com ele e depois a gente vai embora.


— Não, não! - Eu protestei mordendo o lábio inferior e levando as mãos nervosas para a gola de sua jaqueta, ele ainda tinha as suas em minhas coxas e me olhava confuso. - E-eu só fiquei um pouco nervoso, mas eu nem lembro mais quem olhou, sério, foi besteira minha, eu juro... só... só fica do meu lado e eu vou ficar bem, prometo. - Eu o dei um beijo na bochecha o tranquilizando mas seu olhar em mim ainda era desconfiado. Comecei a tirar suas mãos de minhas coxas para tentar descer do banquinho alto.  - Vamo procurar teus amigos, eu sei que 'cê não quer perder quando eles tocarem e a primeira banda já deve 'tá terminando. - Eu já esticava minhas pernas para o lado tentando sair mas Hoseok me impediu, as puxando de volta para onde estavam, apertando uma, com a outra mão ele me encurralou, ao que passou o braço ao meu lado para a apoiar na bancada do bar em que eu me apoiava com as costas. 


E então ele me surpreendeu com um beijo. 


Um beijo não, um beijaço


Eu nem tive tempo de reagir quando sua língua me invadiu e tomou conta da minha boca enquanto eu arregalava os olhos em reação àquele ato tão repentino. Cheguei a demorar para retribuir o beijo por causa do susto e só depois de alguns segundos eu coloquei as mãos em sua nuca o puxando para mim e usando também minha própria língua no beijo, que continuava e continuava e continuava. Ele deslizou a mão de minha coxa, levantando um pouco minha saia no processo, indo para a minha cintura, a apertando e me puxando mais para si, me fazendo até pular um pouquinho no banco. Os cochichos ao nosso redor e olhares que provavelmente nos encaravam naquele momento não passaram de meros adereços decorativos em plano de fundo bem distante. Naquele momento só existia eu, Jung Hoseok, sua língua em minha boca e suas mãos em minha cintura. Nossas cabeças chegaram a trocar de posição algumas vezes, uma indo para o lado e outra para o outro, tuso pela intensidade do beijo. Eu sequer conseguia suspirar dentro de sua boca como normalmente fazia, simplesmente porque ele havia me tirado todo o fôlego. 


Ele finalmente soltou meus lábios sem deixar de morder o meu inferior uma última vez e eu só permaneci parado, com os meus inchados e avermelhados olhando para ele com uma expressão impressionada de quem perguntava "que porra acabou de acontecer?". As palavras nem precisaram sair de minha boca para ele responder, olhando para os lados com um sorriso ladino antes de me dar um último selinho e falar rente aos meus lábios, que permaneciam entreabertos e estáticos.


— Se gostam tanto de olhar, que a gente dê algo pra eles olharem. 


Eu absorvi suas palavras e seu sorriso e engoli em seco antes de sorrir, corando envergonhado ao mesmo tempo que de repente me sentia indestrutível. Hoseok colocou a mão na minha, a segurando e se afastou de mim, sinalizando com a cabeça para o palco aonde algumas pessoas assistiam a primeira banda acabando de tocar. 


Eu olhei para os lados percebendo alguns olhares que permaneciam, de homens parrudões tatuados com barbas e jaquetas de couro pretensiosas. Sorri, empinei o nariz, saí do banquinho e acompanhei Hoseok, porque eu não deixaria aquela noite ser estragada por algo bobo assim, eu estava com Hoseok e ele estava comigo. 


A noite realmente foi boa. Hoseok me apresentou seus amigos, entre alguns que eu já reconhecia da faculdade, como Seokjin e Namjoon, e outros os quais eu não reconhecia, esses portando roupas pretas e jaquetas no mesmo estilo de Hoseok, correntes e calças rasgadas moldando os corpos de um jeito que eu apenas presumi que fossem aqueles da banda.


Hoseok não me apresentou como nada além de 'Taehyung', e eu não necessariamente achei ruim na hora, porque nem eu nem ele havíamos aberto qualquer tópico sobre o que diabos nós éramos e também porque havíamos começado a ficar juntos juntos como estávamos a pouco mais de uma semana e meia, acho que não cabia. 


E isso era o que minha mente me falava, mas não vou dizer que inconscientemente eu não desejei que ele houvesse me apresentado como seu namorado, ou pelo menos seu Taehyung. Mas isso era só porque eu estava tão, mas tão apaixonado.


De qualquer jeito, Hoseok segurou minha mão durante todo o tempo, e quando não a segurava segurava minha cintura, ele me comprou bebida e me falou coisas sobre a banda de seus amigos em meu ouvido, me mantendo sempre perto de si porque a música era alta aonde estávamos sentados, eu gosto de pensar que me mantinha perto também porque simplesmente gostava de me ter perto. Ele me integrou na conversa de seus amigos, que por sinal eram todos bem mais receptivos e amigáveis que aquela gente chata da entrada do bar. 


Ele me fez sentir confortável durante a noite toda, sempre acariciando minha coxa por baixo da mesa quando movia a atenção de mim para algum assunto que conversavam na roda, continuando a me tocar sequer perceber, quase como se fosse instintivo para ele fazer aquilo, quase como se quisesse ter certeza de que eu soubesse que, mesmo que a atenção de seus olhos não estivesse em mim, a de todo o resto de seu corpo estava. Hoseok era gentil.



Depois de um tempo Jungkook apareceu e eu percebi o quanto a expressão de Hoseok acendia quando ele estava perto do irmão, o quanto os dois pareciam viver em um mundo só deles, o quanto Hoseok gostava de implicar com Jungkook e o quanto Jungkook fingia ficar com raiva, mas em segundos já estava fazendo graça com Hoseok novamente.


A banda tocou uma balada de rock lenta e Hoseok teve que me fazer virar todo o resto do meu drink para criar coragem de ir dançar com ele. No meio da pista enquanto algumas outras poucas pessoas danlavam em frente ao palco. 


Ele segurou minha mão e com a outra mão envolveu minha cintura. Eu apoiei meu rosto em seu ombro e eu o sentia sorrir perto do meu ouvido, me guiando para um lado para o outro em uma dança completamente desajeitada.


— O que é que a gente tá fazendo? Valsa nem combina com rock, Hoseok. - Eu perguntei debochando e escondendo meu rosto em seu ombro, as pessoas olhavam mas eu sequer me importava mais. Hoseok sorriu e em resposta me fez rodopiar antes de me trazer de volta para si ao me responder. 



— Não, mas combina com você, e você combina comigo. - Ele disse e eu corei mais, afundando de novo meu rosto em seu ombro. Não o respondi.


Alguns segundos confortáveis passaram enquanto nós continuávamos ali, em um silêncio embalado pela música lenta, silêncio que só foi cortado quando sua voz falou em meu ouvido, em um tom mais sério.


— Eu acho que pode ser algo bom. 



Me afastei apenas o bastante para o enxergar, franzindo o rosto.


— O quê?



Ele sorriu, sem graça, e olhou para o chão entre nossas pernas. 


— Isso, a gente, Taehyung. E-eu acho que isso pode ser algo bom. - Me olhou. - Eu realmente acho. 



A música lenta acabava e havíamos sobrado apenas nós dois dançando feito bobos na pista. Eu sorri para ele e encostei minha testa na sua, uma mão em seu pescoço.


— Você é gentil, Jung Hoseok. Alguém já te disse isso? - Eu sorri pertinho de sua boca. Ele fez o mesmo. 



— Acho que não é um das minhas qualidades mais aparentes. - Ele brincou, seu sorriso me fez sentir algo estranho por dentro, algo que alguém que supostamente sequer tinha coração ou alma funcionando não devia sentir.


Eu tive medo desse sentimento, então só o beijei, ele me beijou de volta.


Eu estava muito ocupado derretendo em seus braços para o responder, mas eu também sabia que não precisava, porque eu só sabia que ele havia entendido todo o sentimento que eu havia colocado naquele beijo.


A gente podia ser algo bom.


As coisas continuaram gostosas daquele jeito durante o resto da noite, eu sentado no colo de Hoseok, tentando afastar a quinta garrafa de cerveja das mãos dele, o repreendendo porque estava dirigindo até Jungkook me tranquilizar dizendo que o irmão merecia relaxar e que eu não me preocupasse porque ele dirigiria na volta.


Nós discutimos um pouco uma vez, porque Hoseok queria fumar maconha e eu era chato com essas coisas. Ele acabou indo de qualquer jeito e eu me recusei a o acompanhar, ficando na mesa com um bico emburrado e braços cruzados. Depois de segundos comecei a sentir saudades, revirei os olhos antes de me levantar e ir até o bar com intenção de pegar um outro drink e ir atrás de Hoseok.


Foi lá que eu encontrei Seojoon, e exatamente naquele momento em que a noite começou a parar de ser gostosa.


Eu esperava me apoiando na bancada de bar de ponta de pés, impaciente para que alguém me trouxesse minha bebida logo quando senti uma mão em minha cintura. Eu pensei que fosse Hoseok.


—  Ah agora você vem atrás de mim, não quero sab- - Parei minha fala irritada no meio quando percebi, julgando pelos braços fortes e para o homem alto que me segurava, que aquele não era Hoseok.


—  Tae! Tudo bem? - Seojoon me deu aquele sorriso acolhedor e eu não pude evitar em o dar um abraço forte. Seojoon, apesar de tudo o que rolava entre nós, também era meu amigo e sempre estava lá quando eu precisava. 


— Oi! Que saudade! - Eu o apertei o pescoço com os braços.


—  O que é que 'cê tá fazendo aqui, hein? Ainda mais sozinho, errou o caminho da festa que 'cê sempre vai? - Ele me perguntou quando me liberou do abraço de urso. 


—  Não, idiota! - Eu o empurrei no peito. Estávamos próximos, mas só porque nós o sempre fomos. Eu não tinha segundas intenções com Seojoon ali, sequer pensava nisso. - Eu vim com uns amigos, eles 'tão lá fora. - Eu apontei para a porta e ele assentiu.


— Entendi... Se quiser ficar comigo e minha galera na nossa mesa pode vir, 'tá? - Ele falou me apertando a bochecha e eu assenti, me virando para pegar meu drink que o barman já havia colocado ao meu lado na bancada. Quando eu me virei, Seojoon estava mais perto, sua mão em minha cintura de novo, sua a boca veio para perto da minha tão rápido que eu sequer consegui desviar direito, apenas o bastante para que ele alcançasse apenas o cantinho de meus lábios. Ele permaneceu franzindo o rosto confuso quando percebeu que, além de desviar, eu permaneci travado, a coloração avermelhada tomando conta de minhas bochechas ao que eu só fixei o meu olhar no chão. Eu entendia sua confusão, porque eu usualmente nunca negava um beijo a Seojoon, isso era o que ele sempre fazia quando me via, mas tudo havia mudado. Ele falou: - E eu ia perguntar se você queria ir pra minha casa depois daqui, mas acho que... você não quer? - Ele franziu mais o nariz como se aquilo realmente o houvesse impressionado, eu cheguei a me sentir mal. 


Coloquei as mãos em seu peito e as subi para sua gola em um gesto carinhoso, ainda morrendo de vergonha. 


— Não é isso! Quer dizer... é... mas não é nada contigo! E-eu... eu só... 'tô acompanhado. 



Depois de uns segundos processando ele sorriu, compreensivo, mas ainda assim um pouco debochado.


— Ué, isso nunca te impediu de me beijar antes...



Eu ri de sua brincadeira, mas fiquei sério antes de o responder, ainda o mantendo próximo, com as mãos em seu pescoço. 


— É...é só que... e-eu não sei... eu só-



— 'Cê 'tá apaixonado, Tae? - Ele levantou uma sobrancelha e eu corei mais, sem o responder. - Nossa, com esse eu realmente vou ter que ter uma conversa, só pra entender como ele conseguiu. 



— Você é besta! - Eu disse, o dando murrinhos em seu peito, ele me abraçou. Fiquei lá um tempo, porque o abraço de Seojoon era quente e confortável. Ele me afastou e tirou uma das mechas de meu rosto para de trás de minha orelha com um sorriso carinhoso.


— Qualquer coisa 'cê sabe onde eu 'tô. 'Cê 'tá bebendo, né? Já tem quem te deixe em casa?



Eu abri a boca para o responder, mas o ombro de Hoseok esbarrando com força no que me segurava, o fazendo tombar para trás comigo junto, não me permitiu falar nada. Ele passou direto, sem sequer me olhar, e ao o ver por cima do ombro de Seojoon, enquanto eu me apoiava notei que apagava o cigarro com força na mesa e começava a pegar suas coisas, irritado. 


 Depois de quase cair por cima dele quando nos desequilibramos, olhei para Seojoon que ainda observava Hoseok com um olhar impressionado, surpreso com aquilo que aconteceu tão do nada. 


— Que babaca... 



— É... - Eu o respondi já me desvencilhando, sem sequer pegar meu drink da bancada. - E-eu tenho que ir, Seojoon, a gente se vê... - Eu nem o olhei enquanto disse isso, só o massageei o ombro carinhosamente e depois já me encaminhei rápido bem para aonde Hoseok pegava suas chaves. Ele se virou e eu o parei com as mãos no seu peito, o fazendo esbarrar em mim. 



— O que foi aquilo? - Eu perguntei.


— Eu que te pergunto o que foi aquilo, Taehyung... - Ele me empurrou para trás, não com força, mas eu notei que estava com raiva. - Se você não 'tá levando isso a sério pelo menos me avisa, porque eu não quero ficar fazendo papel de otário. - Sua expressão tinha tanta mágoa e seus olhos eram tão expressivos que eu demorei demais me impressionando com ela e não o respondi. Ele suspirou quando percebeu meu silêncio e passou por mim. Eu o segurei pelo pulso, completamente incerto do que falar. Percebi que Hoseok tremia, travava sua mandíbula e ao o tocar também percebi o quanto sua pele estava quente, como se seu sangue fervesse. Ouvi o barulho do molho de chaves balançando em sua mão trêmula e só me concentrei em falar o que eu pensei quando as vi. 


— Hoseok, você fumou, você bebeu... não dirige assim...



— Eu só preciso sair daqui, Taehyung, antes que eu faça algo que eu me arrependa. - Ele respirava de um jeito descompassado que me lembrava muito o modo que respirava no dia de seu ataque de pânico. Livrou seu pulso do meu aperto mas eu o agarrei novamente antes que ele desse mais dois passos. 



— Então eu vou com você...


— Não, Taehyung, caralho! - Ele se virou gritando comigo e eu recuei assustado, soltando seu pulso. - Ele percebeu que havia levantado a voz e olhou para o chão depois, arrependimento, culpa e agonia tomando conta de sua expressão enquanto ele ofegava. Franziu o rosto como se nem ele entendesse o que sentia e quando continuou a falar, falou em um tom mais baixo, gesticulando com as mãos. - Só me deixa sozinho. Eu preciso ficar sozinho. E-eu preciso sair daqui. - Ele negou com a cabeça, mais para si mesmo do que para mim, e quando eu menos percebi ele já saía pela porta do bar. 


Eu me apressei para ir atrás dele mas Namjoon apareceu de repente e me impediu. 


— Deixa ele, Tae... 



— Eu é que não vou deixar ele se matar! Primeiro inventa de fumar maconha e agora de dirigir! Eu não 'tô nem aí se ele 'tá com raiva de mim eu sinto muito mas ele vai ter que me aturar. - Eu resmunguei enquanto lutava contra o aperto de Namjoon em meu braço.


— O Kook nunca vai deixar ele pegar o carro assim, não se preocupa. Só deixa ele no canto dele, Tae, quando o Seok fica com raiva, ele explode, sempre foi assim. - Eu abri a boca para protestar, mas ele me cortou. - E eu te garanto que ele não te querer por perto quando ele 'tá assim é uma coisa boa, Taehyung, o fato de ele ter ido embora ao invés de ter quebrado a cara daquele que 'cê 'tava abraçando também. Ele faz terapia pra isso, ele 'tá tentando lidar do melhor jeito sem machucar ninguém, só dá um pouco de tempo pra ele e quando ele tiver mais calmo vocês conversam. 


Eu hesitei, óbvio, todo o meu corpo e minha intuição me dizendo que eu deveria, sim, ir atrás dele, explicar tudo e o impedir de fazer qualquer besteira que pudesse fazer, mas Namjoon me olhava com preocupação e eu percebia a sinceridade em suas palavras, Namjoon conhecia Hoseok melhor do que eu àquele ponto, e eu não tinha como discutir com ele. 


Ele me guiou pelo braço, continuando a me assegurar que o melhor realmente era deixa-lo lidar com sua raiva para apenas depois lidar comigo. Então eu sentei na mesa, sem mais clima nenhum pra festa ou bebedeira, passei minutos lá, apreensivo e pensando em tudo, vacilei em me levantar várias vezes para ir atrás de Hoseok, ignorando tudo o que Namjoon havia falado. Meu nervosismo só foi embora quando eu vi Jungkook passando pela porta do bar e vindo até nossa mesa com as chaves do carro de Hoseok em sua mão. Namjoon estava certo. 


Eu abri a boca com os olhos grandes de preocupação, segurando o pulso de Jungkook assim que ele chegou mais perto de nossa mesa, sequer precisei falar nada para que ele já respondesse, para mim e para Namjoon. 


— Nem fudendo que ele ia dirigir daquele jeito. Coloquei ele num uber. – Ele falou desabando em uma cadeira, a expressão pesada, como se o breve encontro com o Hoseok houvesse o exaurido as energias.


— Ele foi pra casa? – Eu perguntei.


— Ou isso ou foi trabalhar... – Jungkook jogou as chaves no meio da mesa, passando uma mão pelo rosto e se apoiando nela com os cotovelos antes de olhar pra mim e para Namjoon. – Ele fez alguma merda aqui? O que rolou?


— Nada, ele só me viu conversando com um amigo e acho que se irritou. A gente saía e ele quis me beijar e tudo mais, o Hoseok sabe quem ele é, deve ter visto tudo de longe e pensado que eu 'tava dando mole pra ele, mas eu não 'tava! A gente só é próximo! – Eu falei como se quisesse assegurar a todos dali que eu não tinha nenhuma intenção de estragar seja-lá-o-que-eu-estava-tendo-se-é-que-eu-ainda-estava-tendo com Hoseok. – Foi só um mal-entendido, só que antes que eu conseguisse explicar qualquer coisa ele já 'tava querendo ir embora.


Depois de assentir reflexivo a tudo o que eu falei, Jungkook suspirou e segurou minha mão, como se quisesse que eu prestasse muita atenção no que ele tinha a dizer. 


— Olha, Taehyung, eu sei que o Hoseok é difícil de lidar, eu sei... e você não é família que nem eu, você não é amigo de longa data que nem o Joon, você é você. Você não tem obrigação nenhuma de ter que aprender a lidar com essas coisas dele, de ter que aguentar ataques de pânico ou surtos de raiva, principalmente depois de tudo o que já rolou entre vocês. Eu na real super entendo se você quiser pular fora, mas antes de decidir qualquer coisa, eu só quero que 'cê me escute e acredite em mim quando eu te digo que eu conheço o Seok. A gente só tem um ao outro, sabe? Eu conheço ele bem demais, e eu nunca vi ele tentar melhorar por nada ou por ninguém, não do jeito que ele 'tá tentando desde que te conheceu. A gente teve uma infância difícil, uma adolescência impossível, tudo isso deixou cicatrizes, bem maiores no Seok do que em mim. - Ele suspirou, de novo. - E você não tem que lidar com elas, não cabe a você ter que resolver os problemas que o Seok tem com ele mesmo, mas só... só saiba que, desde que você apareceu, ele mesmo tem lidado com eles de um jeito bem melhor. Eu sei que é uma merda ele só ter ido embora, eu sei, mas eu te garanto que se ele saiu daqui daquele jeito é porque ele pensou que, se ficasse, ele ia te magoar mais. Ele pensou em ti, Taehyung. E eu não 'tô tentando passar pano pras merdas que ele faz nem nada, só... só 'tô te falando isso porque eu conheço ele, e acho que 'cê tem que saber disso antes de decidir qualquer coisa.


Jungkook falava tantas coisas e tantas coisas diferentes e importantes e cheias de informações que a minha reação foi apenas olhar da minha mão que ele segurava para ele, repetidamente, enquanto tentava absorver tudo aquilo, eu sequer entendia Jungkook direito e a forma que ele estava falando, como se eu fosse de alguma forma terminar o que eu tinha com o irmão dele, porque isso não havia nem passado pela minha cabeça. Eu só estava chateado e preocupado e irritado por causa da falta de comunicação. Sentimentos que se intensificaram ainda mais com Jungkook me falando aquelas coisas, se somando a uma empatia e uma pena enorme por seja lá o que aqueles dois houvessem passado. Yoongi já havia me falado dos pais, mas você nunca conhece a história ou as batalhas de alguém por completo, não até que esse alguém escolha te contar. 


— Jungkook, calma... e-eu só fiquei confuso, só isso. Eu só quero conversar com ele, explicar tudo o que rolou, mas se eu tiver que esperar até amanhã pra isso, 'tá tudo bem, eu não vou decidir nada até conversar com ele. – Eu o assegurei, ainda um pouco deslumbrado com todo o esforço que Jungkook teve para me falar tudo aquilo, com o jeito que seus olhos redondos brilhavam ao falar de Hoseok. Os dois realmente tinham uma relação forte, disso eu não teria mais dúvida alguma.


— Valeu, Tae... eu sei que ele vai fazer a coisa certa quando 'tiver de cabeça fria. – ele falou, me dando um sorrisinho pequeno. Eu assenti, o retribuindo. 


Não demoramos muito mais do que uma hora para irmos embora, eu já estava cansado, minha maquiagem já estava borrando, e não tinha mais nenhuma vontade de beber, principalmente sem conseguir parar de pensar em Hoseok. 


Jungkook notou muito bem e se ofereceu para me levar para casa assim que se despediu de seus amigos. Eu poderia ir com Seojoon, já que não queria importunar Jungkook e ele já havia oferecido, mas depois de tudo o que rolou, só achei melhor não. 


Já no carro, falei com Yoon.


Taehyung - 02:24


noite difícil :( 


tá acordado?


queria colo :(


Yoongi Hyung - 02:26


no estúdio, trabalhando ainda, ia dormir aqui hj


rolou alguma coisa? se aquele cara tiver feito alguma coisa eu juro por deus taehyung ele ja ta por um fio


e eu posso voltar pra casa se quiser


Eu ri das mensagens do Hyung, não demorando para responder.


Taehyung - 02:28


naaao


n precisa, tá td bem, n rolou nada demais, sério, só desentendimento por besteira


amanhã vc me deixa pintar suas unhas :D


boa noite, hyung <3


Yoongi respondeu um sticker com um gatinho a alguns corações, e eu fiquei com o coração mais quentinho só com aquilo. 


Me despedi de Jungkook, agradeci pela carona, e suspirei quando abri a porta para o meu apartamento vazio. 


Depois de tomar banho, tirei a maquiagem, os brincos e troquei de roupa para uma calcinha de algodão e uma camisa de moletom branca, macia e bem maior que meu corpo que estava jogada nas minhas gavetas. Coloquei achocolatado pra esquentar, bocejando, apesar de saber muito bem que, se eu deitasse para dormir, não o conseguiria tão cedo. Peguei uma xícara, derramei o líquido nela e o deixei me esquentar enquanto eu o bebia, apoiado na bancada da cozinha, pensando em tudo, pensando em Hoseok e em como estava. Pensando em tudo o que Jungkook disse, porque aquelas palavras só permaneciam e permaneciam na minha cabeça sem intenção de sair. 


Suspirei e levei um cobertor para a sala por causa do frio, me enrolando nele sem tirar a xícara nas mãos e ficando confortável no sofá apenas para escolher alguma coisa que me distraísse. Percebi que chovia só quando já estava na metade de alguma comédia romântica. E então eu escutei as batidas na minha porta. 


Me encolhi todo no cobertor com o susto, olhando para ela com os olhos arregalados e a boca ainda com bigode de chocolate. Sim, eu tinha medo, ok? Eu sei que eu sou um vampiro e eu sei que se eu quiser eu posso ser perigoso e usar minha força e minhas presas para machucar ameaças e as matar e blá-blá-blá, mas eu ainda estava me acostumando com tudo isso e uma pessoa não precisa parar de ter medo de algumas coisas só porque de repente adquire a necessidade sobre-humana de beber sangue, então me deixem.


Só saí da minha posição encolhida e assustada, com olhos grandes e boca entreaberta, quando outras batidas, mais fortes, ecoaram. 


Respirei fundo, tirei o cobertor de cima de mim e fui até ela. Torci para que não fosse um serial killer ou um caçador de vampiros e quando a abri, congelei. 


Bom, pelo menos não era um serial killer. 


Hoseok estava parado em minha frente. Encharcado, completamente encharcado, gotas de chuva pingando de seu nariz e de seus cabelos negros que desciam mais compridos em sua testa uma vez que estavam molhados. Eu não sabia se tremia pelo frio que fazia lá fora ou por raiva ou por ansiedade, parei de tentar distinguir assim que percebi o corte fundo no canto de sua boca e a coloração avermelhada quase roxa ao redor de seu olho. Hoseok estava machucado. Hoseok estava molhado, trêmulo e machucado na porta de minha casa.


—  Hoseok... o que- - Eu bem que tentei falar, já me movendo para segurar seu pulso e o puxar para dentro, mas ele foi mais rápido, me surpreendendo ao me trazer para seus braços assim que passou pela porta, me apertando tanto que eu pensei que, se eu ainda fosse mortal, com certeza poderia morrer. Hoseok apertou os braços, um em minha cintura e outro em meu pescoço, com força. Eu, depois de ficar sem reação por uns segundos, retribui o abraço colocando os meus ao redor de sua nuca e o acariciando os cabelos.


E então ele chorou. Hoseok colocou o rosto em meu pescoço e chorou. Era um choro discreto, contido, quase mudo, mas eu sentia cada fungar do seu nariz em meu pescoço, eu sentia o tremor de seus lábios em minha pele e sua respiração entrecortada com soluços. Eu sentia seus braços me apertando e sentia seu coração batendo, batendo, batendo. Eu sentia sua angústia e sua dor. Eu sentia Hoseok. 


—  Não me deixa, Tae... por favor... – Foi a primeira coisa que ele falou depois de alguns minutos chorando baixinho abraçado em mim. Eu franzi o rosto para aquelas palavras. – Não me deixa. Desculpa ter gritado, e d-desculpa ter te deixado lá mas é só que eu sei como eu sou e eu sei que eu ia fazer besteira... – Ele se afastou apenas para me olhar e suas lágrimas se misturavam com o sangue que eu só ali percebi que também vinha de um corte grande em sua testa. Ele continuou. - Porque eu faço besteira. Porque eu sou um merda, um fodido, cheio de problema na cabeça e só faço besteira. Porque eu sou uma bagunça completa e não mereço nem um pouco do que você é pra mim. E eu sei que é egoísta te pedir isso mas... mas... só não me deixa, p-por favor. E-eu... eu te... – Ele fechou os lábios em uma linha reta e chacoalhou um pouco a cabeça olhando para baixo. – Eu só preciso de você, Tae. Não me deixa, por favor. Se você quiser ficar com outros tudo bem, eu não ligo se você tem mais dois ou mais três ou mais quatro na sua vida contanto que você não me deixe sozinho, então não me deixa, por favor. Eu preciso de você, Tae, eu preciso, eu preciso, eu preciso. 


Ele sequer fazia mais sentido e eu só o abracei de novo, com força, pelo pescoço, o beijando a bochecha e os cabelos em todos os lugares que eu alcançava porque de algum jeito parecia que todo o carinho do mundo não seria suficiente para consolá-lo. 


Eu sequer comecei a falar de todos os absurdos que ele havia me balbuciado naquele choro, sobre ser um fodido e sobre mais quatro ou mais cinco ou sei lá o quê. Eu só sabia que ele chorava e que estava machucado e angustiado e que precisava de mim. 


O afastei, limpei suas lágrimas e ele permaneceu calado, fungando baixinho enquanto eu fechava a porta e o levava com pressa para o banheiro comigo. Tirei sua jaqueta, sua camisa e sua calça, tudo enquanto ele só deixava que eu movesse seu corpo como eu quisesse, era como se sequer tivesse alguém ali, como se seu corpo estivesse lá e sua alma em outro lugar. 


Quase não reconheci Hoseok, não só pelos machucados e sangue em seu rosto mas também pela apatia de sua expressão. Em um ponto parou até de me olhar, mantendo os olhos em um ponto fixo do chão, em um misto de vergonha e tristeza que quase me deixava tão angustiado quanto ele. Liguei o chuveiro, esperei a água esquentar e o coloquei debaixo do registro de água, deixando a água quente levar o excesso de sangue e um tanto de sujeira que havia em seu rosto, me concentrei em esfregar a esponja com sabonete e água quente em seu corpo, que ele continuava a me deixar manusear como queria, os braços pesavam do jeito que ele os deixava cair ao lado de seu corpo e ele parecia haver entrado em um transe, um transe do qual não sairia tão cedo. 


O tirei do box, o vesti com a calça de moletom que sempre usava quando dormia aqui e levei seu corpo até a cama com calma, o sentando lá depois de já ter nas mãos uma caixinha com algodão, água e sabão neutro em mãos para cuidar das feridas em seu rosto. 


Hoseok não falou nada, nadinha, enquanto eu lavava o machucado de sua boca e o de sua testa. Mantinha os olhos para baixo, suas mãos repousando pesadas em seu colo, completamente machucadas com manchas roxas e vermelhas nas dobras de quase todos os dedos, estava completamente apático, calado, ainda fungando e respirando descompassado, o que me deixava ansioso demais. Aquele não parecia Hoseok. 


Enquanto eu pressionava de leve o algodão no cantinho da sua boca, eu finalmente o perguntei, o fazendo sair do transe e olhar para mim. 


— O que foi que aconteceu? Pra onde você foi? - Eu disse baixinho e mordi meu lábio inferior, não tendo certeza se deveria ter perguntado com ele naquele estado.


— Um chamado. – Ele suspirou. As palavras saíam quase mudas de seus lábios trêmulos. – E-eu não sabia o que fazer então só liguei pro meu chefe e pedi pra ele arranjar qualquer coisa pra mim, só pra eu tirar as coisas da minha cabeça. Eu cheguei lá, eram três, eram muito violentos, muito rápidos e eu já 'tava super fodido então eu só apanhei. Eles fugiram e eu só apanhei. Poderiam ter me matado se quisessem. Deveriam ter me matado, teria facilitado tudo pra todo mundo...


— Não fala essas coisas. - Um nó veio até minha garganta pelo jeito que Hoseok desprezava a própria vida ali. Eu não esperava que, tão angustiado e machucado do jeito que estava, ele fosse perceber o quanto aquilo me atingia, mas me atingiu de qualquer jeito. Soltei o algodão com água ao meu lado e segurei seu rosto em minhas mãos, o obrigando a olhar bem nos meus olhos. Meu quarto estava só com algumas luzes de natal que eu deixava acesas na cabeceira da cama e eu esperei que isso fosse o bastante para que ele enxergasse o quanto eu estava sendo sincero a o falar: - Você é tão importante, Hoseok. Você é gentil, doce, querido e tão importante. Pra mim, pro seu irmão, pros seus amigos. Eu sei que você tem seus problemas, eu sei que você tem essa raiva trancafiada aí dentro e eu sei o quanto você tem que lutar com ela todo dia, mas o que importa é que você luta com ela, você não deixa ela ganhar, nem te definir. Você é tão mais do que o seu passado, você é tão mais do que essa raiva. Você é tão fácil de amar, Hoseok, você nem imagina, né? Você nem imagina o quão fácil é me apaixonar por você todos os dias, se imaginasse não acreditaria nem por um segundo na mínima possibilidade de meu coração querer qualquer outra pessoa que não seja você, você, você. Hoseok. Eu só quero você, só entende isso de uma vez.


Eu nem percebi que eu também chorava quando Hoseok me beijou, me trouxe para si pelos cabelos e me beijou os lábios em selos longos e cheios de ternura, ele ainda fungava um pouquinho e eu respondi colocando as mãos em sua nuca, recebendo cada um de seus selares em minha boca com saudade, porque era isso que eu sentia,  saudade.


Estar com Hoseok era também isso, sentir saudades suas a cada segundo que meus lábios não estavam selados nos seus. Era como se meus lábios fossem estrangeiros, peregrinos, nômades em qualquer outro lugar do mundo que não fosse os lábios de Jung Hoseok, e era como se passassem cada segundo dessa viagem para lugares estranhos desejando voltar para casa. 


E como era bom os sentir voltando pra casa. Como era bom voltar para Hoseok.


Eu o retribuía os selares quentes que me dava e no meio de um deles, quando nossos corpos já estavam quase grudados e nossas roupas já pareciam estar atrapalhando demais, eu gemi forte e sôfrego em sua boca, apertando os cabelos em sua nuca com mais força quando senti o gostinho do resquício do sangue que saia do corte em sua boca. 


Eu senti só aquela pontinha de sabor entrando em minha boca e gemi, me arrepiando no corpo todo porque aquele sangue me deixava completamente extasiado. Agradeci mentalmente a Jennie por ter me deixado me alimentar naquele dia, porque eu juro que se eu estivesse com sede, acabaria fazendo besteira novamente.


Mas, com sede ou não, meu corpo tinha uma reação natural ao gosto de sangue, então eu senti minhas unhas aumentando, minhas presas afiando dentro de minha boca e meus olhos já mudando de coloração. Me xinguei várias e várias vezes sabendo que aquilo acontecia e Hoseok parecia sequer perceber, continuando a apertar minha cintura e trazer meu corpo mais para si como se ainda houvesse algum espaço a ser preenchido entre nós. Hoseok murmurava meu nome com lágrimas secas ainda em seus olhos e eu nunca havia o visto tão necessitado de mim quanto naquele momento, logo ao mesmo tempo que eu estava tomando minha forma vampiresca e sinceramente aquela não poderia ser a pior hora para aquilo. 


Por que é que eu tinha que ser tão nojento? Por que é que eu só não podia amar Hoseok e cuidar de Hoseok e fazê-lo se sentir melhor sem que a merda do meu corpo conflituoso pregasse essas peças em mim? Ele precisava de mim, e de repente eu estava nojento. Horroroso, feio e nojento.


Me afastei dele rápido na cama e espremi os olhos, tentando cobrir meu rosto com as mãos do jeito mais desajeitado possível. 


Ele não podia me ver daquele jeito, não de novo.


— Tae? - Ele me olhou confuso, tentando se aproximar de mim. - O que foi? E-eu fiz alguma coisa? 


—  Não! Não! Só, é... eu... não olha pra mim, Hoseok. Só não olha pra mim! - Eu pedi desesperado, tentando me esconder mais e me preparando para me levantar e ir até o banheiro me trancar lá até que esse efeito passasse, mas Hoseok me segurou pelo pulso, me obrigando a descer as mãos de meu rosto. Eu permaneci de olhos fechados.


—  Tae...


—  Nao olha, Hoseok! não olha! - Eu tentei enxotar suas mãos que tentavam chegar até meu rosto angustiado. - Desculpa, é que teu sangue, e-eu... só desculpa, desculpa... vai passar, eu só preciso ficar sozinho um pouco e já já vai passar... desculpa... - Minha voz saía trêmula, eu ia chorar.


— Taehyung, abre os olhos. - Eu ainda os espremia quando Hoseok falou aquilo, tocando em meu rosto delicadamente como se tentasse me acalmar. Eu sabia que estava perto de mim. Sabia que, se abrisse os olhos, ele veria tudo.


—  Não, Hoseok, é horrível, é nojento... não precisa. Você não vai me querer assim. - Eu tentei me livrar de suas mãos de novo, querendo chorar mais a cada palavra que eu falava.


— Taehyung, taehyung! - Hoseok falou mais alto, segurou meus pulsos e imobilizando minhas mãos inquietas perto de meu peito. - Não é horrível, não é nojento... - E foi então que eu o senti me beijar, delicadamente, em cada um de meus olhos fechados, em um gesto de carinho que me fez tanto arrepiar quanto querer chorar mais, ofegando a cada segundo, porque era tão íntimo, tão atencioso. Ele continuou. - É lindo, é você... abre os olhos, Taehyung, me deixa te ver. 


Eu suspirei fundo, tentando prender meu choro ainda com os lábios trêmulos, sua voz me transmitia tanta certeza que por um segundo eu acreditei em suas palavras, e foi nesse segundo que eu abri meus olhos. 


Eu abri meus olhos e só soube que estavam da cor que sempre ficavam quando esse meu lado resolvia aparecer. Bicolores. Uma heterocromia completamente rara e peculiar em minha espécie, porque o normal seria ambos os olhos ficarem brancos ao desejar sangue. Uma heterocromia bizarra que só me lembrava de que nem ser vampiro eu conseguia ser direito., de que eu conseguia ser uma aberração até em ser uma aberração. 


Eu fiquei tão nervoso que comecei a quase engasgar, tentando respirar e não cair duro ali mesmo, sem perceber que, abrindo a boca, eu mostrava minhas presas e deixava ainda mais claro que eu era tudo aquilo que Hoseok odiava, mas, para minha surpresa, foi a sua própria voz doce me salvou de me afogar nesses pensamentos.


—  Você é lindo, Taehyung. Em qualquer forma, qualquer cor, qualquer jeito... você é lindo e eu te quero agora do mesmo jeito que te quis aquele dia naquele closet e eu vou te querer a cada segundo que eu continuar te olhando, porque 'cê e lindo, lindo, lindo. Agora vem cá, não foge mais de mim. - Ele falava, me puxando pelos braços de leve, como se quisesse demonstrar que queria muito que eu ficasse perto, mas ao mesmo tempo não quisesse me forçar a nada. 


Eu hesitei, olhando para ele, incrédulo com suas palavras, tentando realmente entender se eu realmente havia escutado aquilo que eu havia escutado, porque não podia ser, podia? Hoseok... me queria? Daquele jeito? Sério?


Eu não me permiti ficar muito tempo duvidando do que já havia ficado claro, então eu fui, Hoseok me puxou novamente para um beijo e eu fui, deixando toda a minha insegurança de lado para me jogar novamente em seus braços, para voltar para casa de novo. 


Eu chorava, claro, porque aquelas palavras obviamente me emocionaram, depois de tanto tempo jurando que Hoseok odiava vampiros e odiaria qualquer parte de mim que o mostrasse isso, eu chorava e eu  sentia o salgado das lágrimas se misturando com a umidade quente de seus lábios e com o resquício do gosto inebriante de seu sangue. Seu cheiro era tão bom, tão acolhedor, tão meu.


Perfeito, Hoseok era perfeito.


Nos beijamos e nos beijamos, nos beijamos e ele e puxou para seu colo, nos beijamos e ele gemeu rouco em minha boca, continuando a chamar meu nome, continuando a me dizer que eu era lindo, lindo, lindo, como se sua boca não conseguisse se abrir para proferir quaisquer palavras que não fossem palavras que me exaltassem. Nos beijamos e Hoseok me tocou, no rosto e no pescoço, por baixo de minha camisa e em minha barriga, nos meus braços e nas minhas coxas. Nos beijamos, nos beijamos, por minutos intermináveis ao mesmo tempo que apressados, antes que ele movesse seus lábios para proferir todas as palavras de adoração não mais só em minha boca como em meu pescoço, em minhas clavículas, em meus ombros expostos na camisa larga de moletom. Hoseok adorava meu corpo por inteiro, Hoseok me adorava em cada mínima parte de mim e cada parte de mim transbordava deleite em resposta. Eu retribuía todas as suas palavras com gemidos, era tudo o que saía de mim, eu retribuía com arfares baixos e expressões de prazer, porque era isso que eu sentia. 


Prazer. 


Melancolia, saudade, gratidão e prazer.


Hoseok me deitou na cama com cuidado e não reclamou quando minhas unhas mais longas e minha força repentina arranharam suas costas, Hoseok me beijou novamente e daquela vez passou a língua pelas minhas presas dentro de minha boca aberta, tocando cada uma delas, brincando com o perigo de se cortar e me fazendo quase delirar gemendo forte em seu rosto por todo o prazer e ansiedade e excitação que aquela brincadeira me dava. Hoseok sorriu e eu o sorri de volta. Hoseok chupou meus lábios, chupou minha língua, chupou meus dedos e chupou meus pés. Hoseok me chupou na frente, e quando eu pensei que não fosse mais aguentar e explodir transbordando prazer naquela cama, ele me virou de costas e me chupou atrás, me mostrando apenas o quanto de prazer eu ainda conseguia receber em meu corpo, mais e mais prazer, prazer até que minhas lágrimas manchassem os lençóis de minha cama embaixo de meu rosto, até que minhas unhas machucassem minhas próprias mãos por se agarrarem forte demais a eles, até que minha língua saísse para fora de minha boca ofegante e os molhasse da mesma maneira, até que meus gemidos soassem tão altos mas tão altos que pudessem ser escutados não só do lado de fora do meu quarto como do lado de fora do meu prédio e de minha rua, do meu bairro e de minha cidade, soando como ecos desesperados, percorrendo Porto de Luna inteira, deixando todos aqueles, que ouvissem quaisquer resquícios deles, cientes de que eu pertencia a Hoseok e ele a mim.



Hoseok. Hoseok. Hoseok.


Era o que eu gemia, gritava, arfava, implorava.


E ele me respondia.


Taehyung, Taehyung, Taehyung


Ele dizia, grunhia com a boca em minha pele, com os dentes roçando em meu corpo, em minhas pernas, em minha bunda. Eu clamava por ele e era respondido a cada vez.


E eu pedi, eu implorei para que ele me fodesse ali, rápido, logo. Eu o pedi do jeito que eu sabia que gostava que eu pedisse. Por favor. Por favor. Por favor. Todo e cada vazio de meu corpo pulsando no desejo latente de ser preenchido, preenchido até que nada mais dentro de mim existisse sem ter sido tocado por Jung Hoseok, até que eu tivesse Jung Hoseok estampado em mim, etiquetado em mim, gravado em mim, selado em mim. Dentro de mim. Bem dentro. Fundo, fundo, fundo. Forte, forte, forte.


E esse pedido, bem como todos os outros os que um dia saíram de meus lábios, ele atendeu, mas ao contrário de me manter de bruços, como eu pensei que faria, evitando o contato visual com meus olhos ainda diferentes, ele me virou para si, totalmente para si. Me olhou fundo em meus olhos, mergulhando em cada uma das cores deles, mergulhando no negro e no branco das minhas íris e também no vermelho vivo de minhas pupilas, seus olhos negros e humanos me hipnotizando, mantendo os meus travados, prisioneiros, rendidos.


E só então ele atendeu de fato meu pedido, só no momento em que estava olhando fixamente em meus olhos, me constrangendo com tanta intensidade. 


Hoseok levantou minha perna para minha barriga e gemeu soprado em minha boca quando preencheu meu vazio pela primeira vez, me esvaziando depois só para me preencher de novo e de novo, indo de um ritmo lento para um cada vez mais rápido. Mais gemidos ecoando, mais palavras de adoração entrando em minha boca, mais lágrimas saindo de meus olhos. Ele levantou minha outra da mesma maneira para que seu acesso em mim fosse mais fácil e me preencheu, mais e mais e mais, finalmente me tocando naquela área que me fazia perder a sanidade, o implorando, suplicando, por mais. De novo, de novo, de novo. Por favor, por favor, por favor.


Hoseok lambia minhas presas de novo, ainda me acertando aonde eu o pedi que acertasse, quando eu não consegui mais conter tudo aquilo em meu corpo e não aguentei mais, transbordando, me desmanchando todo, fazendo uma bagunça em minha barriga, soltando jatos fortes que chegaram a me atingir o rosto enquanto eu mantinha a boca totalmente aberta soprando forte pela intensidade do orgasmo.


Ele continuou, me mergulhando em sobre-estimulação e me fazendo ficar tonto até o último momento, quando ele também transbordou, quente, dentro de mim, escapando por mim, pingando de mim para molhar ainda mais meus lençóis com manchas de nosso afeto. 




Eu nem sabia se conseguia mais  ver ou escutar direito quando ele chamou meu nome, baixinho, ele se recusando a sair de mim e eu me recusando a o permitir sair, ambos extasiados, letárgicos, ressaqueados de tanto prazer.


— Taehyung... - Ele falou, ainda em cima de mim, se apoiando com um braço na cama enquanto outro tirava as mechas sujas de suor de minha testa.


— Hmmm. - Eu respondi, preguiçoso, rosto virado para o lado, olhos ainda tentando se acomodar totalmente nas orbes de tanto eu os revirar, boca aberta e ofegante, presas ainda evidentes. Eu o olhei apenas depois de alguns segundos em silêncio, tentando recobrar meus sentidos.


— Eu 'tô tão apaixonado por você... - Ele falou, cansado, respirando fundo. Seu rosto ainda no escuro, iluminado apenas pelas luzes leves em cima da minha cabeceira e pela luminescência leitosa da lua, seus cabelos caindo suspensos em meu rosto, pingando suor em minha pele igualmente úmida.


Eu não o respondi, eu ia o responder mas ele não me deixou, porque me beijou antes, provando meu próprio gozo que havia me atingido o queixo e depois descendo o rosto para o provar do meu peito e de minha barriga, me limpando em cada resquício dele, o ingerindo, levando-o todo para si.


Eu fechei os olhos lentamente, gemendo arrastado, baixinho, respirando fundo e tremendo, deslumbrado a cada movimento que sua língua fazia em meu corpo suado ao me limpar de mim mesmo.


Fechei os olhos cansado, extasiado, sobrecarregado do meu sentimento, sentindo o seu ainda escorrendo para fora de mim.


E antes que ele lambesse o último rastro de gozo para fora de meu corpo, bem embaixo em minha barriga, eu caí no sono. 




🦇




No outro dia, eu e Hoseok não conversamos muito sobre a noite anterior. Acordei com ele abraçado em meu corpo, como se eu mesmo fosse seu travesseiro, nossos corpos entrelaçados no meio das cobertas. 


Ele me deu beijos carinhosos de bom dia quando eu o os pedi mas ainda estava calado, mais quieto do que o normal, talvez por ainda ter vergonha do estado em que apareceu aqui. Eu fiz questão de tentar deixá-lo confortável, o arrastando para fora da cama para fazer café da manhã comigo.



Esperei muito bem sentado enquanto ele fez o trabalho todo, esquentando chocolate pra mim e fazendo torradas pra nós dois. Eu pedi a minha sem nada, mas ele me fez provar da sua mistureba que ele fazia com ovo, geleia e nutella, eu acabei gostando tanto que ele teve que fazer outra para ele, porque eu já devorava a sua inteira.


Enquanto ele resmungava fazendo sua outra e eu ria de boca cheia, Yoongi Hyung chegou em casa, passando pela mesa onde eu estava com chaves em uma mão e mochila na outra, me lançando um olhar desconfiado e depois outro mais ainda para Hoseok.


— Bom dia, Hyung. - Eu falei, sorrindo como se nada estivesse fora da normalidade.


— Pensei que 'cê tivesse sozinho ontem. - Ele ignorou meu bom dia e colocou as coisas lentamente na mesa, até se mexia como um gato, olhar fixo em Hoseok.


— Bom... longa história, Hoseok acabou dormindo aqui. Ele 'tá fazendo torrada, quer? - Eu falei, não pretendendo esconder as coisas do Hyung, eu o falaria tudo depois. - Ele faz pra você, não faz, xuxu?


Hoseok se virou com a frigideira em mãos, não sabia se ele corava por causa de Yoongi, pelo fato de estar só com a calça do moletom ou porque eu o havia chamado de xuxu, eu sabia o quanto ele ficava envergonhado com aquilo.


— Tae, eu já disse... não na frente dos outros... - Ele falou super sem graça e eu só dei outra mordida na sua torrada que havia virado minha, com um sorrisinho travesso. - E-eu faço sim, 'cê quer, Yoongi?


— Hmmm, já que 'cê já 'tá fazendo... eu aceito. - Yoongi respondeu, e eu fiquei feliz por finalmente vê-lo olhando para Hoseok sem um resquício de vontade de matá-lo. 


Ainda desconfiado claro, mas não querer matá-lo já era um bom começo.


Tomamos café juntos, eu presenciei, quietinho tomando meu chocolate, sem acreditar, uma conversa civilizada entre Hoseok e Yoongi sobre o trabalho do Hyung no estúdio, sobre seu curso e sobre as cidades onde morou antes de vir parar em Porto de Luna, eles descobriram até alguns gostos em comum e eu não falei nada, porque vai que se eu falasse alguma coisa eu podia estragar aquele momento milagroso. Yoongi agradeceu a Hoseok pela comida (sim, juro de pé junto) e até se ofereceu para lavar os pratos. 


Quando eu e Hoseok estávamos já no corredor voltando para o meu quarto, ele sem me deixar andar direito, todo dengoso, me abraçando forte o corpo pelas costas enquanto andávamos, Yoongi resmungou da cozinha. 


— Ah, e qual de vocês dois engraçadinhos deu o meu número pro Jungkook? 


Hoseok riu, eu corei, já correndo pro meu quarto e o puxando pela mão, porque eu estava encrencado.


— Foi você, né, Taehyung! Se foi você eu juro por Deus, eu te mato! E fala pra ele parar de me mandar mensagem! Não vai rolar! 



— Não 'tô te ouvindo, Hyung! Até mais!  - Empurrei Hoseok com força para dentro e fechei a porta rápido atrás de mim, me colocando de costas nela com a expressão aliviada e um sorriso de quem sabia que havia feito coisa errada. 


Hoseok riu junto comigo do jeito que eu o empurrei para dentro do quarto e veio até mim super rápido, me pegando de surpresa aonde eu estava na porta e levantando minhas pernas até que elas estivessem enlaçadas em suas costas. Levei um susto com aquilo e depois só sorri o beijando, apertando seus cabelos e me atracando nele enquanto ele me carregava e me levava pra cama agarrado em seu corpo. Ele sentou nela comigo no colo e me beijou e me beijou e me beijou até que não tivéssemos mais fôlego para continuar.


—  Então, quer fazer o quê hoje? - Eu falei com um sorriso, acariciando seus cabelos os puxando para trás enquanto ele ainda me segurava na cintura.  


— Ué, e eu tenho algum direito de decisão? - Ele levantou a sobrancelha para mim, como se impressionado. 



— Nah... - Eu falei, franzindo o nariz como se apenas a ideia me incomodasse. Ele sorriu também e seu sorriso de novo me fez sentir algo engraçado no meu coração, logo onde eu não devia sentir nadinha. 


Eu sorri junto. O beijei. Ele me beijou de volta. 




🦇





— Eu vacilei, foi mal de verdade... - Hoseok falou, sério, no telefone, sentado no puff de meu quarto. Eu permanecia na cama, com fones de ouvido, pernas para cima apoiadas na parede, máscara facial e usando minha bandaninha de orelhinhas segurando meu cabelo para trás  enquanto mexia no celular, esperando que ele acabasse aquela ligação para irmos assistir algum filme que talvez eu fosse o deixar escolher. - Eles fugiram, uhum. Uhum. Mas foi culpa minha, Woosung, eu não 'tava com a cabeça no lugar pra trabalhar, enfim... foi mal. Não vai se repetir não. Beleza, aham, ok, eu falo com Jungkook.


— Xuxuuuuuuu, qual sabor de pizza você vai querer? - Eu perguntei entediado, em voz alta, acho que mais alta do que o normal por causa dos fones de ouvido, o olhei quando não escutei resposta e o vi quase pular aonde estava, a coloração rosada subindo em suas bochechas enquanto ele apertava o telefone na orelha com as duas mãos, como se quisesse se esconder.



— Não! Não, não foi nada... f só... Taehyung... - Hoseok me olhou me repreendendo e meu sorriso só aumentava, a situação ficando mais engraçada do que eu esperava que fosse. Comecei a gargalhar quando ele continuou a falar para o telefone passando a mão em seu rosto. - Não. Woosung, você não vai me chamar de xuxu. Não, você não pode. Para de rir. Não. Por favor, não... meu Deus... tchau, Woosung, tchau.  - Hoseok coçava a nuca constrangido ao terminar a ligação. 


Ele me olhou assim que desligou e, de novo, eu estava encrencado. 


— O que é que eu falei sobre o 'xuxu', Tae? - Ele levantou rápido para ir até a cama, me prendendo entre suas pernas, eu tentei me defender mas ele segurou meus pulsos do lado do meu rosto de forma brincalhona enquanto eu gargalhava tentando sair.



— Que é muito fofo e que você ama quando eu te chamo assim! - Eu falei, travesso. Ele aumentou o aperto em meus pulsos.



— Também, mas que é pra maneirar quando a gente tiver com os outros, principalmente se esse outro for o meu chefe, Taehyung...



— Não é justo! Você me chama de coisinha linda e docinho o tempo todooooo. - Eu falei em um choro, me contorcendo querendo sair e fazendo biquinho. Ele o beijou. 



— E você ama. 


— Tá, mas mesmo assim! Como é que é pra eu te chamar? Seok? Posso te chamar de Seok? - Eu propus, brincando. Ele fez uma expressão de nojinho. 


— Nah, todo mundo já me chama assim. 'Cê não é todo mundo, coisinha linda... - Sorriu, me beijando de novo, dessa vez prendeu meu lábio inferior e o puxou antes se afastar de novo, eu gemi baixinho. Ele ainda me prendia nos pulsos. - 'Cê tem que me chamar de algo especial. De algo só meu. 



Seus olhos me fitavam de um jeito safado e eu levantei a sobrancelha, sorrindo. 


— Não pode ser... você quer que eu te chame de daddy, Hoseok? Jung Hoseok tem daddy kink, é isso?


E olha, se em algum momento na minha vida eu vi Hoseok corar igual até ficar da cor de um tomate, foi naquele. Acho que o peguei de surpresa.


— Cala a boca, Taehyung! Nada a ver... - Ele se recusou a manter o contato visual, constrangido. 



Eu sorri mais largo, percebendo o quão sem jeito eu o havia deixado ali. 


Daddy não gostou? Eu fui mau, hm? Daddy vai me punir? - Eu fiz um biquinho, ainda cheio de deboche nos olhos, subindo o rosto para encostar meus lábios nos seus enquanto falava aquelas coisas, Hoseok ficou mais vermelho ainda, mas eu percebi que gostava.



— Taehyung, para! Eu vou te matar! - Ele apertou meus pulsos com mais força, descendo o rosto para se esconder em meu pescoço rindo, eu senti o calor de seu rosto e ri com o fato de que a pose do caçadorzão era tão facilmente desfeita. 



Depois de brincar e o fazer se envergonhar mais um pouco, eu propus.


— E Hobi? Eu já ouvi te chamarem de Hobi, é fofo. -  Ele levantou o rosto do meu pescoço, me olhando, o sorriso já um tanto menor.



— Minha família me chamava assim - Ele suspirou e eu sorri, empático. - e só alguns amigos mais próximos, às vezes...


— Ué, eu não sou seu amigo? - Perguntei finginfo irritação, já fazendo bico de novo.



Hoseok corou, mas me respondeu.


— Não... não é. 



— Eu sou o quê pra você, então? - Eu perguntei, e senti meu corpo todo esquentando em ansiedade. Eu não sabia aonde aquilo me levaria, mas com certeza queria saber. 



Ele ficou sério e me olhou com sinceridade, com afeto, um sorriso pequeno surgindo em seus lábios.


— O que é que 'cê quer ser? 



— Boa tentativa, garotão... mas eu que perguntei primeiro. - eu o chutei de leve como pude na posição presa que ele me mantinha, ele riu e eu ri junto.- Se você vai fazer isso, faz direito... 


Eu suspirei, nossas pernas se aquietando juntas, nossos rostos mais próximos, a atmosfera brincalhona já sumindo. Eu vacilei antes de perguntar, de novo, meu hálito soprando quente em sua boca, meus lábios tremendo com medo de receber uma resposta que eu não gostaria. 


— Eu sou o que pra você, Hoseok? O que você quer que eu seja?



— Você quer mesmo isso? - Ele perguntou, sério, e eu não precisei de muito para saber exatamente do que estávamos falando ali.



— Eu quis desde o momento que você me comeu com os olhos na sala de aula, Hoseok... agora só me pede logo. - Eu falei, sorrindo. Ele sorriu de volta. 


Me beijou.



— Namora comigo. - Me beijou de novo. - Namora comigo, namora comigo, namora comigo...


Os beijos não paravam e ele não parava de repetir aquelas duas palavras enquanto me beijava de novo e de novo, em selos pequenininhos e rápidos na minha boca, nas minhas bochechas, no meu queixo, no meu pescoço. Eu comecei a rir porque chegou a um ponto que começava a sentir cócegas. Ele subiu o rosto com os lábios avermelhados de tanto me beijar e eu mesmo o dei um selinho antes de finalmente o responder, aliviado, tanto por fora quanto por dentro:


Pensei que nunca fosse perguntar. 


Hoseok sorriu largo, grande daquele jeito que só fazia quando estava muito feliz, momentos raros, fiquei feliz de ser um deles. Soltou finalmente meus pulsos e me abraçou me agarrando pela cintura se unindo ao meu corpo em minha cama, eu o abracei no pescoço e o trouxe ainda mais para mim, para beijá-lo até perder o fôlego, de novo. 


Ele me beijou de volta.


Jung Hoseok sempre me beijaria de volta, Jung Hoseok era meu namorado.




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