Narrador p.o.v
“And what the hell were we?
Tell me we weren't just friends
This doesn't make much sense, no
(O que porra nós éramos?
Não me diga éramos só amigos
Isso não faz muito sentido)”
A música ecoava tanto pelo banheiro aonde Jungkook estava tomando banho quanto em sua cabeça. Acabou por se identificar com a música. Até porque, o que diabos Taehyung e ele eram?
Se amavam, mas nunca declaram o que eram um para o outro. Será que seria algo momentâneo ou para sempre? Poderia ser uma aventura enquanto os pais de ambos estavam viajando.
“And so, just tell me what you're doing
with that other guy
Cos' I ain't got patience
To slow down the bass
(E então, me conte o que estava fazendo
com aquele outro cara
Pois eu não tenho paciência
Para desacelerar o baixo)”
A música havia entrado em um loop em sua cabeça, sabia que não era o único que o Kim havia beijado, que ele havia levado para cama. Claro que já tinha ficado com outros meninos também, mas não era a mesma coisa, nenhuma das duas partes queria um relacionamento sério.
Ele via como as pessoas o olhavam, como queriam ele, como as meninas o viam como o homem prefeito da vida delas. E de fato, não tinha paciência de ouvir suspiros apaixonados de adolescentes e muito menos de ver seu amor se agarrando a outra pessoa a não ser ele.
“All of your friends have been here for too long
They must be waiting for you to move on
(Todos seus amigos já estão aqui há tempo demais
Eles devem estar esperando você seguir em frente)”
Nunca foram só amigos, muito menos somente irmãos, isso era óbvio para todos que o cercavam. Jimin, Yoongi, Solar, Tzuyu... até mesmo o Jackson notava e eles estavam ali, esperando os dois realmente ficarem juntos.
Jungkook saiu de dentro do box embaçado por conta da água quase escaldante que havia tomado banho e foi se vestir para, enfim, descer e tomar café com o que quer que Taehyung fosse em sua vida.
Chegando na cozinha, encontrou Taehyung sentado em uma das cadeiras mexendo no celular. Estava tranquilo enquanto, aparentemente, conversava com alguém em uma rede social qualquer.
Jungkook sentou-se na frente do irmão, que ainda estava vidrado no aparelho em suas mãos, mas logo se voltou para o mais novo, dando aquele sorriso que sempre tirava qualquer maldita estrutura do moreno.
— Dormiu bem, bebê? — perguntou enquanto o garoto a sua frente se servia da comida— Guk?
— Hm? Oi? — perguntou, voltando ao mundo real, mesmo com ele parecendo muito distante.
— Perguntei se você tinha dormido bem — repetiu.
— Dormi sim— falou um pouco lento enquanto pegava sua xícara de café, dando um longo gole olhando para nada em específico
— O que foi, Jungkook? Está distante, parece estar em outra dimensão de tão avoado. Aconteceu algo? — Perguntou o Kim, um pouco preocupado pela forma de como o irmão estava agindo
“Heart on your sleeve
like you've never been loved
Running in circles now look what you've done
(Coração na manga
como se você nunca tivesse sido amada
Correndo em círculos agora olha o que você fez)”
O Jung sabia que o mais velho nunca teve que se preocupar se as pessoas queriam algo com ele o não, nunca soube o quão fodido era amar alguém e não ter certeza se aquilo pode ir para frente. Estavam realmente andando em círculos e se quisessem sair daquela repetição, teriam que conversar.
— Posso te perguntar uma coisa, Tae? — pediu, apreensivo por ter que entrar naquele assunto.
— Tudo o que quiser, amor— o maior deu ombros.
“Girl, I'm not with it
I'm way too far gone
I'm not ready, eyes heavy now
(Garota, eu não estou acompanhando
Eu já fui faz muito tempo
Eu não estou pronto, olhos pesados agora)”
Jungkook travou, não sabia como abordar o assunto. As coisas deveriam estar acontecendo daquela forma? Até porque, ele era um adolescente de dezesseis anos, enquanto seu irmão estava finalizando a escola, prestes a completar dezoito.
Tinham muito o que viver ainda, e querendo ou não, cabia aos dois juntos decidirem se queriam viver tudo o que o futuro tem a lhes oferecer juntos ou separados.
Aqueles pensamentos só fodiam ainda mais a mente do garoto, tudo estava confuso, não se sentia pronto para tudo aquilo.
Um celular vibrou sobre a mesa, demonstrando que uma chamada estava sendo recebia naquele exato momento no telefone do loiro. Taehyung, mesmo não querendo, atendeu o celular ao ver de quem se tratava.
— Diga.
— Kim Taehyung, é assim que se cumprimenta o seu pai que você não vê a quase uma década!? — gritou Seokjin do outro lado da linha, chamando a atenção do outro filho também sentado à mesa.
— Só foram algumas semanas. Mas você sabe que eu estou com saudades, tanto de você quanto do Namjoon— disse um pouco contrariado com o comentário do pai.
— Ah deixe disso, como você está? Como Jungkook está? Se resolveram? Comece a falar, garoto— insistiu.
— Nós dois estamos bem, sim nós nos resolvemos e agora estamos tomando café para depois irmos para escola, acho que eu respondi tudo que você me perguntou.
— Que bom que vocês pararam de cu doce e conversaram, fico feliz por isso. Alguma novidade para me contar? — especulou Jin.
— Nada muito importante. Por que ligaram? — perguntou o mais novo.
— Só liguei para avisar que talvez nós vamos voltar mais cedo do que pensávamos, e também eu estava com saudade de vocês suas preguinhas— disse num tom brincalhão.
— Também estamos com saudades de vocês, sério— disse deixando um sorriso aparecer em seu rosto por conta das lembranças que teve dos pais.
— Era só isso mesmo, já vou desligar, tomem cuidado no fogão, deixem a casa limpa e se não façam merdas catastróficas— recomendou.
— Você sabe que não somos mais crianças, certo? — perguntou Taehyung rindo da preocupação excessiva do pai.
— Mas parecem duas crianças que mal sabem se limpar— reclamou.
— Já entendemos. Tchau Jin, nós te amamos.
— Também amo vocês dois, tchau— despediu-se.
Taehyung desligou o celular e voltou a prestar atenção em Jungkook, que agora comia seu café da manhã sem muito ânimo, quase como se ainda não estivesse completamente acordado.
— Parece que eles irão chegar mais cedo que o previsto— comentou, tentando quebrar o silencio enquanto se levantava para lavar seu prato.
— É, eu escutei— deu ombros, como se não se importasse, mas na verdade aquilo só fodia ainda mais as coisas, parecia que o tempo diminuía cada vez mais.
— Você disse que queria me perguntar algo, o que era?
O Kim mais novo sentiu seu corpo enrijecer perante a pergunta do mais velho. Não havia o porquê de tentar resolver isso agora, não quando o irmão nem se quer mencionou o assunto com seu pai.
— Nada demais, as coisas já ficaram claras. Os Appas vão voltar e tudo automaticamente voltará a normalidade junto— aquilo soava mais como uma piada do que algo sério para o mais baixo.
— O que quer dizer com isso? — perguntou confuso.
— Você sabe, Kim Namjoon e Seokjin, nossos pais, Kim Taehyung, o filho mais velho na reta final da escola e Kim Jeon Jungkook, o filho prodígio da família. Tudo de volta aos eixos. Sem pegações no banheiro ou em qualquer lugar que seja— Deu ombros, se levantando para deixar sua louça junto com a do irmão.
— Nunca mais será como antes, acho que você sabe disso. Eu pelo menos sei— falou, agora olhando para o moreno ao seu lado.
— O amor mais fode as coisas do que ajuda. Não dá para enfrentar tudo de mãozinha dada e falando sobre o amor— foi sincero.
— Você está errado, não vejo o porquê não enfrentar as coisas em prol dos nossos sentimentos, Jungkook— o mais velho realmente não estava entendendo aonde mais novo queria chegar.
— Claro, até porque você vai bater de frente com as pessoas que nos adotaram por causa de alguém? Não soa um pouco idiota?
— Nem um pouco, eu te amo se eu tiver que enfrentar nossos pais por conta disso, tudo bem por mim— disse.
Ela nunca entenderia como Jungkook estava se sentindo, o menor sabia que os sentimentos eram verdadeiros, mas parecia que Taehyung nunca o via como algo a mais do que “alguém”.
“Wish you'd let me stay I'm ready now
(Queria que você me deixasse ficar pronto agora)”
Queria estar pronto para aquela rejeição. Não culpava o irmão, até porque o mesmo nem sabia o que estava passando por sua cabeça. Mas era melhor saber agora do que prolongar algo que só vai machucar ainda mais. “É como um elástico, quanto mais esticado, mais vai doer quando uma parte ceder” pensou.
— Então me fala. Kim, olha nos meus olhos e me responde— falou, ficando de frente com o loiro— o que porra nós somos?
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