O garoto que me salvou de cair no chão mais cedo fez uma cara engraçada de incompreensão quando o meu feitiço de sono o atingiu. Eu estou grata a ele, eu resolvi primeiro fazê-los dormir, depois todos nós sentamos na minha cama e bolarmos um plano.
Eu usaria minha magia para parecer pálida e com olheiras novamente, Wataru avisaria eles que eu acordei e onichan mandava eles dormirem nos seus respectivos quartos depois de uma explicação caso eles quisessem.
Começamos depois de eu deixar Akira acordado, afinal ele ficou a noite toda de pé. Wataru ainda tem bastante tempo para dormir. Mas antes ele deve fazer como planejamos. Primeiro, eu me deixo com aparência cansada, depois me sento na cama, como se acabasse de acordar. Arrumamos todos os presentes no quarto como estavam, colocamos o doutor sentado numa cadeira na frente da minha cama, com muita ajuda, Akira coloca o garoto de cabelos brancos no puff na frente da janela, cobrimos os dois, o menino de cabelos roxos já está deitado no colchão esticado no chão.Wataru grita, com uma surpresa fingida
"Onechan! Você finalmente acordou! Eu não dormi até agora. Onichans! Ela acordou!"
Todos na sala acordam assustados, ele sorri e eu aceno com a mão esquerda. O doutor e o garoto de óculos e cabelos roxos saem, mas o outro fica.
"Eu tenho certeza que a vi flutuando, com luzes estranhas a sua volta. Poderia por favor me explicar?"
"Foi um sonho onichan, depois que você sentou na beira da janela, dormiu, e eu fiquei acordado!"
"Além do mais, eu não sou capaz de fazer magia."
"Você tem razão. Me desculpe, Anju-chan."
"Sabes o meu nome? Mas eu não sei o nome de ninguém aqui além do Wataru."
"Eu sou o T..."
"Vá para o seu quarto dormir, precisa de descanso se quiser ir na neve mais tarde."
Ele sai, Wataru se deita em meu colo e adormece. Eu o coloco na cama, ajeitado, e procuro uma roupa de inverno. Acho uma das minhas calças pretas, uma camiseta de manga comprida e meu coturno, encontro um gorro preto e coloco. Faço minha maquiagem e olho para a noite lá fora. Tenho certeza que fiquei mais forte, normalmente me sentiria mais cansada depois de um feitiço de apagar memórias e um de adormecer e depois um de acordar, mas eu hoje estou normal. Vejo que já são três da manhã, resolvo descer para comer algo, afinal, apesar de só dormir quando tenho esses desmaios, eu ainda sinto fome e sede.
A cozinha está vazia. Acendo as luzes de lá, não que eu precise, mas eu quero economizar minha energia para surpreender meu irmãozinho, com um boneco de neve que pode cantar e dançar por pelo menos dez segundos. Encontro pó de café, será que eles gostam? Por causa do tempo no orfanato, e de tudo que eu levava a culpa de ter aprontado, sei cozinhar, fazer várias coisas. Acho que poderia fazer um café, talvez umas torradas, omeletes, e, como aqui tem várias bananas, poderia carameliza-las, já que logo vão passar do ponto. É o que farei.
Procuro mais um pouco nos armários alguns outros ingredientes, acho três barras de chocolate amargo. Isso é ótimo, com uma eu consigo fazer mocaccinos, acho também calda de chocolate e chantilly, posso usar na banana, que já está pronta. Faço um omelete para mim e olho no relógio, perdi a noção do tempo, 5 da manhã. Coloco tudo em um prato e preparo o café, com o chocolate. Tempero a banana com o chocolate e com o chantili, levo para a mesa e me sento.
"Onechan? É você aí em baixo?"
"Sim Wataru. Desce, já tem o café pronto!"
Eu coloco um pouco de chantilly na xícara e o deixo sentar, pego outro prato e arrumo o omelete e a banana caramelada. Faço meu café e me sento na frente de meu otōto.
"Onechan, tudo está tão bom. Esse café com chocolate, essa banana. Incrível!"
Depois que comemos tudo, começamos a lavar a louça. A água fria escorre por meus dedos, quase congelando. Mas eu sou uma daquelas pessoas super insensíveis em questões térmicas. Também não queria ligar a água quente. Acabou de me ocorrer que ainda não tomei banho ainda desde de ontem, é bom eu não estar cheirando.
"Onechan! Vamos brincar um pouco na neve, só nós dois. Podemos montar o primeiro boneco de neve da casa!"
Depois de falar isso, ele simplesmente pega minha mão sai correndo. Por instinto, eu corro com ele, não quero cair.
Ele me leva até o jardim da frente, onde há neve em grande quantidade, logo começa a fazer uma bola, enorme, para o corpo, eu começo uma menor para a cabeça. Logo o boneco está pronto. Então eu resolvo fazer um boneco com neve que eu posso tingir de outra cor, a que Wataru quiser.
"Wataru-san, diga-me uma cor."
"Verde! Que nem as folhas das árvores no verão!"
Eu me esforço, a bolinha de neve em minhas mãos fica dessa cor, faço o mesmo com outra menor, faço um rosto com sementes e pedrinhas no chão. Chamo otōto.
"Wataru! Venha cá, rápido!"
Ele vem e sorri.
"Neve verde onechan! Que boneco legal! E ele está dançando? Adorei!"
Ele realmente ficou feliz, isso me deixa feliz. Sinto um puxão no braço, e estou de pé, sendo puxada pelo menino de cabelos brancos. Ele não olha para mim, está diferente de hoje de manhã, ele estava mais atencioso de manhã. Será que ele viu alguma coisa sobre a magia? Droga, talvez ele nunca mais goste de mim. Entramos novamente na casa.
"O que era aquela coisa verde dançante?"
O silêncio que eu faço depois é angustiante, eu olho para os meus pés. Ele viu o boneco de neve verde. Que droga.
"O que era?"
"U-um boneco de neve."
Ele me olha surpreso.
"Eu estou com fome."
Eu aceno com a cabeça afirmativamente. Logo que o elevador para, eu corro até a cozinha e preparo o café, que felizmente ainda está bem quente. Coloco um pedaço do chocolate e deixo derreter enquanto vejo a temperatura da banana, eu coloquei dentro do forno para não esfriar, e deu certo. A banana ainda está quente. Coloco o chantilly e o chocolate, procuro pelo omelete, dentro do forno também. Tudo está quente. Coloco num prato também, levo tudo para a mesa e fico olhando enquanto ele come.
"Se você quer saber se está bom, sim. Agora me conte mais sobre o... Boneco dançante."
"É uma longa história."
"Então conte logo."
"Bom, sabe aqueles filmes, animês, etc, que tem pessoas com poderes?"
"Sei."
"É quase isso. Eu posso fazer algumas coisas... Diferentes, que os outros não podem fazer. Tipo o boneco de neve verde."
"Entendo. Me mostre algo."
Eu não quero me cansar, mas talvez se eu só mexer o café dele, a colher ainda está repousada dentro da xícara. Decidido, é o que farei. Concentro-me, a colher das os círculos perfeitamente. Ele está assustado, perplexo.
"Wataru, ele sabe. Por que escolheu ele para guardar esse teu segredo?
"Ele parece ser confiável, e ele foi o primeiro que me recebeu. Mas você me segurou para eu não cair, eu lhe contaria se não tivesse medo."
"Calma, eu guardo seu segredo."
Ele me abraça forte.
"Obrigado por contar apesar mim, e por fazer esse café delicioso."
Eu sorrio. Algo estranho, nunca sorrio, até agora foi só para Wataru, mas ele é uma criança, nem para o meu irmão eu não sorrio sempre. Continua me abraçando forte, sinto alguém abraçar minhas pernas, Wataru. Sinto sua cabeça em minhas costas. De repente, o meu "salvador" cai no chão, um livro de uma grossura que não deve ser ignorada estava ao seu lado, caído no chão.
"Azusa-nii-san! Por que fez isso? Olha a grossura desse livro!"
"Ele não pode ficar desse jeito quando vê uma garota."
Eu, percebendo que Wataru não está mais me abraçando, sento no chão e vejo se ele está consciente, claro que não. Felizmente, ele logo acorda.
"Azusa! O que estava pensando? Eu não sou um saco de pancadas, nem um alvo para você praticar sua pontaria."
Seguro o riso, não quero sorrir agora.
"Me desculpe, Anju-chan. Mas não deixe que ele te ataque assim. Pode bater nele, eu deixo."
"Ei, Azusa, você tem que experimentar o café dela! É excelente, doce e amargo ao mesmo tempo. Vamos assistir a uns filmes ou animês."
Lembro-me que deixei Teddy lá em cima.
"Licença, eu vou buscar uns cobertores para vocês. Já volto."
Subo pelo elevador até o meu quarto, encontro Teddy. Pego alguns cobertores também.
"Desculpa Teddy. Eu prometo que não vou mais deixá-lo sozinho, pelo menos vou tentar."
Desço de volta e coloco os cobertores no sofá. Corro para a cozinha, coloco Teddy no balcão, para preparar o café de Azusa. Faço exatamente o mesmo que para os outros, o mocaccino, a banana e o omelete. Levo até o sofá, onde todos já se acomodaram, volto e pego Teddy. Sento no sofá. E Azusa começa.
"Wataru, o que você quer no seu aniversário? Festa?"
"Sim, claro. E um show de talentos."
Ainda surgem várias ideias, como festa à fantasia, os docinhos, bolo, etc. O tempo foi passando e eu fui servindo os outros irmãos e irmã, depois de todos acordarem, vamos brincar na neve.
A garota mostra uma prancheta com várias atividades, Yusuke e Kaname se oferecem para escolher os times. No final fica assim.
Yusuke. Kaname
Eu. Ema - a garota
Akira. Masaomi - enfim o nome do médico
Tsubaki-decobri quem era meu "salvador". Futo - cantor idiota
Wataru Subaru - jogador de basquete, cabelos curtos
Azusa. Natsume - um garoto ruivo
Iori - cabelos cinza, olhos castanhos. Ukyo - advogado loiro
Louis - loiro, olhos castanhos. Hikaru - um homem que se veste de mulher
O time está montado, começamos. Tsubaki, Akira e Wataru me puxam para trás, até um morro de neve.
"Ei, será que poderia fazer oito bolas de neve acertar eles? Venceríamos direto!"
"É onechan! Poderia fazer várias bolas de neve com magia para acertar sempre o adversário."
Eu concordo, será difícil, mas conseguirei. Começo, faço oito bolas, pego uma, a mão esquerda em chamas roxas, atiro. Natsume cai, é acertado. Comemoramos. Faço várias, mas sem a direção, isso seria sacanagem. No final, meu time ganhou, claro, eu estava nele.
A segunda brincadeira era um tipo de esconde esconde, um grupo se escondia, o outro procurava. Se o grupo que se esconde ficasse com mais pessoas salvas do que pegas, o que se esconde ganha, se o oposto acontecer, o que procura ganha.
Como ganhamos a última partida, escolhemos nos esconder. Eu e Teddy nos escondemos no meio de uns arbustos. Enquanto todos se escondem, eu observo tudo por alguns buracos que fiz na neve densa, assim posso vigiar e saber a melhor hora de correr e ficar salva. Que é agora. Saio do meio dos arbustos e corro até um ponto, ninguém nem ao menos olha para mim, isso é ótimo. Eu consigo ficar salva, eu e Teddy. Sentamos do lado do ponto em que o time adversário batia-cara, sinto que minha energia já está fraca, bom, fiz várias coisas hoje. Tem também essa dor de cabeça latejante. Que droga, acho sei realmente abusei hoje. Meu irmão se salva também.
"Não me é surpresa você ser a primeira a ser salva. Está tudo bem? Você parece meio cansada."
"E estou. Abusei muito, eu não estou tão forte assim ainda. Vou descansar bastante para o aniversário do Wataru, é mês que vem, mas acho que se eu descansar eu terei energia mais que suficiente para fazer várias coisas legais."
Tsubaki é o próximo a ser salvo
"Você parece muito cansada, se quiser parar, eu vou fazer companhia para você. Quer dizer, junto com o Teddy."
"Valeu, mas eu vou aproveitar até o último momento."
Novamente ganhamos a partida, quando Ema nos chama para entregar a recompensa, eu não sei o que acontece, mas quando eu levanto, a dor de cabeça se intensifica, o mundo gira e meu estômago se revira, eu me apoio numa montanha de neve, Teddy bem segurado pelo braço esquerdo.
"Você está bem?"
"Não se preocupe comigo, Azusa-nii-san, mas será que poderia pegar o meu? Eu estou com dor de cabeça."
"É, Masaomi-nii-san, poderia vir aqui um pouco?"
"Sério, não precisa. Só estou meio cansada. Depois que acordei aquele horário, eu não dormi mais."
"O que foi, Azusa?"
"Ela está se sentindo tonta, e com dor de cabeça."
"É só cansaço, depois que acordei, eu não dormi mais. Não precisa se preocupar. Agora licença, eu vou tomar banho. Por favor, levem aquele negocinho para o meu quarto."
Eu saio com Teddy na mão, depois de entrar na casa, vou até o banheiro e vomito um monte. Nunca tinha vomitado, não depois do acidente, tinha até me esquecido como era. Sinto minha respiração acelerar. Aperto a descarga e subo para o meu quarto. Muita luz, fecho as cortinas e me enrolo num cobertor e abraço Teddy. A dor de cabeça só aumenta.
Alguém entra, para deixar a coisinha, provavelmente, quando me vê embaixo do cobertor, me desenrola, e pergunta.
"Eu estou bem, Azusa, não se preocupe comigo?" Ele não responde. "Azusa?"
"Sim, e o Masaomi também. Você está sentindo alguma dor?"
"Só na cabeça. Não é nada."
"Gomen, mas eu irei te examinar."
Ele começa a olhar minha nuca, rígida, dói quando ele força.
"Olha, será que poderia comer isso, onegai."
"Arigatō, mas eu não estou com fome. Só me dá logo uns remédios. Eu acho que consigo melhorar bem rápido."
"Não posso sem saber o que você tem."
"Eu estou bem."
Me levanto, pego um casaco e chamo o elevador, desço até a entrada e chego no primeiro andar, chego na ponta das escadas, vejo Wataru sentado no sofá, abraço Teddy e começo a descer as escadas. A escuridão me abate logo no começo. Rolo as escadas e perco a consciência.
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