Eu ainda estou um pouco magoada com meu irmãop, mas logo passa. Agora, quanto àquela coisa que se diz minha irmã gêmea, eu não sei se gosto dela. Deve ser legal ter alguém parecido com você, que é seu amigo, como Tsubaki e Azusa, mas sempre que olho aquela cara, eu sinto dor, agonia. Os garotos conseguiram me animar. As flores, o CD, os abraços, tudo. Resolvo descer até a sala para tomar alguma coisa.
Chegando lá, eu vejo a coisa enforcando meu irmão.
"Fique longe dele!"
"Imoto. aprenda a ser mais educada. É só um abraço."
Ela continua, não parece se importar muito, mas afrouxa o abraço.
"Fala para ela que sentiu saudades de mim. Onegai."
"É verdade Anju, eu estava sentindo saudades dela. Vem, vamos conversar.
Quando ele falou isso, eu senti uma raiva enorme dentro de mim. Eu não sei quem é essa menina, mas eu não gosto dela. Sua fisionomia é idêntica à minha, mas seus cabelos são curtos, ela é mais magra e sua franja vem até acima de sua sobrancelha. Suas roupas são que nem a de toda garota normal. Eu a desprezo, mas não sei, por dentro tenho um conflito interno, uma vontade de protegê-la, de me machucar para ela não se machucar, que nem com Akira. É isso que eu deveria sentir? É assim que se sentem as famílias de verdade, com laços sanguíneos?
Sento-me ao lado de onichan.
"Sabe, eu gostaria de saber por que você usa sua franja na frente do olho."
Onichan olha para mim, um olhar questionador e... Suplicante. Ele precisa desabafar isso com alguém. Aceno com os olhos, NÃO! DE JEITO NENHUM, NÃO!
"Vai ficar querendo." Respondo.
"Nossa. Quanta grosseria."
"Nani? Não te interessa. Eu não quero te conter."
"Você é estranha. Por que se veste de preto?"
"Porque sim."
"Cansei. Você criou ela de modo bem grosseiro, onichan."
"Não fale isso dele. Você não sabe nada sobre nossa infância, não sabe nada sobre nós, é uma intrusa nessa família. Nem sabe quem eu sou, quem ele é, nem quem me criou."
Akira me olha surpreso.
"Intrusa? Eu pareço mais com ele que você. Você é a errada aí, nem parece que foi criada junto com ele ou por ele."
"Morra. Eu queria tanto que você simplesmente voltasse para sua vida glamourosa."
"Não agora. Você vai me aturar."
Cansei. Subo as escadas para meu quarto, começo a ouvir música. Os meninos já saíram faz tempo. É tarde. Vou só fazer nada o dia tudo. Alguém toca a campainha. Levanto-me e abro a porta. Louis-san.
"Quer passear por aí? A casa é grande. tenho certeza que ainda não explorou todo o quintal."
Animo-me imediatamente.
"Claro Louis-san."
"Chame-me só de Louis."
"Está bem."
Ele pega minha mão e me conduz. Passamos pela sala, onde aquela baka ainda enforca meu irmão.
"Ui, isso é estranho, vocês são irmãos."
"Baka. Nós vamos cuidar das flores."
Inventei alguma coisa rápida. Ela ficou chocada quando chamei-a daquele jeito. Louis sorriu, acho que ele não gosta dela também. Saímos da casa, o jardim iluminado por correntes com lâmpadas pequenas. Ele me leva até um lago, não muito fundo, dá para ver que o solo dele é de areia, parece uma piscina natural. Vejo um caminho com luzes e um portal de madeira com flores rosas e folhas bem verdes em toda à volta.
"Louis-san, err, Louis, vamos por aquele caminho?"
"Não posso te levar para lá, só iori vai lá, não vou levá-la sem permissão."
"Tudo bem então. Acho que não tenho escolha."
"Posso te mostrar o caminho para o meu salão. Ele fica nos fundos, as pessoas normalmente entram pela outra rua, mas podemos entrar por aqui também."
"Claro, seria incrível!"
Ele sorri. Vai na frente, segurando minha mão. Percebi como seu casaco azul claro, com bolinhas brancas combina com sua calça bordô, vejo uma calçada de pedra branca na nossa frente, uma construção enorme branca, uma porta de madeira separa o lado de fora do de dentro. Um gramado e várias árvores em volta.
"É lindo, Louis-nii-san."
"Não é? Às vezes paro aqui e olho a paisagem."
Ele se vira e olha para mim. Chega perto e fica sorrindo. Nossos corpos a centímetros de distância.
"Aí estão vocês! Anju, eu tinha levado a janta para você na cama, esqueceu de mim e saiu com o Louis?"
"Tsuba-nii-san, eu não sai com ele, só viemos passear."
"Acho que vou chorar."
"Não precisa Tsubaki-san. Nós já estávamos voltando, né Louis-nii-san?"
"Sim, sim, sim."
"Ótimo então, eu fiquei muito mais feliz agora. Wataru quer jogar videogame, mas Ema não quer jogar sem uma desafiante e sua... Irmã é péssima. Wataru nem quer convidá-la para o aniversário."
Nós voltamos para casa, a entrada bem iluminada. Vi Wataru, Ema e Coisa jogando. Contanto-me ao ver que ela perdeu, mas sinto-me triste também. Perco o equilíbrio e quase caio no chão, Tsubaki é rápido e passa seu braço por minha cintura minha cabeça para à milímetros do chão. Fecho os olhos na hora que ele me levanta, a ausência da minha franja é óbvia.
"Eu já arrumei sua franja, pode abrir seus olhos.'
Toco minha face, a franja estava arrumada mesmo. Abro meus oljhos. Tsubaki está sorrindo. Não havia percebido que ele tem uma pinta abaixo do olho no mesmo ponto que eu.
"Vamos."
Entramos na casa.
"Finalmente! Um desafio de verdade! Anju-nee-chan, a Naomi é péssima."
"Se chama ela de onechan, por que não me chama assim também? Eu sou mais velha que ela, tenha mais respeito."
"Está bem. Anju-nee-chan, a Naomi obachan é péssima!"
Naomi ooha feio para ele, Tsubaki ri.
"Naomi obachan é? Gostei. Mas receio que terá que esperar, Wataru, a sua onechan aqui vai antes jantar." Ele diz.
"Louis-nii-san. Poderia jogar comigo?"
"Claro Wataru."
Esperamos o elevador.
Depois que as portas se fecham atrás de nós, Tsubaki começa.
"Olha, eu pensei muito Anju, e se eu te chamasse de tenshi?"
Eu coro.
"Tudo bem... É só um apelido afinal de contas."
Ele sorri, o elevador para, o andar do meu quarto está completamente escuro.
"Você já viu meu quarto, Tenshi?"
"Iie."
"Gostaria de ver?"
Eu viro um pimentão repentinamente, nenhum garoto nunca me chamou para ver seu quarto.
"Vamos logo. Não estou mais perguntando, deve estar bem curiosa, a porta está sempre fechada."
Ele pega minha mão e abre a porta, uma bagunça incrível, fotos e pôsteres na parede, roupas, scripts e almofadas jogadas no chão. Sinto-me calma. O maior pôster na parede é dele com Azusa, abraçados, um fundo verde. Eles parecem adolescentes naquela foto, estão felizes.
"Deve estar pensando... Que bagunça, não gostei, mas..."
"Eu adorei, me sinto tão calma aqui." Interrompo-o.
Tsubaki fica feliz, sua mão ainda segura a minha. De repente ele me puxa para perto, uma força incrível.
"Eu cheguei na hora né? Senão Louis teria te beijado antes de mim."
Falando isso, ele me beija com paixão, seus lábios são macios contra os meus, ele parece apaixonado. Isso me lembra o dia que nos conhecemos, quando ele tinha nove anos, seu cabelo ainda era roxo, ele andava sempre com dois garotos, eram muito parecidos, apesar de um ser um pouco diferente.
No dia, eu estava fugindo, da Naomi. Eu olhava para trás para ver se ela ainda me perseguia, eu esbarrei nele, no Tsuki-kun, ele me segurou, mas caímos no chão. Eu abri meus olhos, porque sempre que caio, os fecho. Ele estava corado, mas sorriu ao ver que eu não estava muito diferente.
"Onde é a sua casa?" Ele perguntou.
"Eu... Gomen nasai eu sou uma baka."
Lembro-me que o menino difereente murmurou.
"Azusa, vamos. O Tsubaki achou uma namorada. Ei, depois volta para casa, tá?"
Tsubaki estava sorrindo. Eu me levantei, ele fez o mesmo. Depois ele comprou um sorvete para mim. Nós andamos um pouco pela cidade e paramos para ver a vitrine de uma loja com colares legais, vimos um com uma espada, feita em metal. Ele comprou dois, me deu um e falou.
"Esse é o símbolo da nossa amizade Juju-chan, assim, quando nos encontrarmos de volta, saberemos que somos nós."
"Hai, Tsuki-kun." Nós sorrimos e ele me deixou em casa.
Depois disso nos encontramos várias outras vezes, mas depois do acidente, nunca mais.
Ele agora me beija, e essas lembranças vêm a tona. Meu primeiro beijo. Ele para, sem ar.
"Tsuki-kun, esse foi meu primeiro beijo."
"Se quiser, pode ser o primeiro de vários."
Depois disso, ele me beija de volta, mas para logo.
"Azusa, mas que droga! Para com essa mania."
"É um belo jantar. Wataru falou que você tinha trazido a Anju aqui porque o jantar dela estava em cima da cama dela. Eu ia te chamar, mas vi a porta entreaberta, então vi você abusando dela."
"Arigato, Azusa-nii-san. Que feio, Tsuba-nii-san, eu estou com fome."
Depois disso eu saio, meio magoada por ter deixado ele sozinho com o irmão. Chego em meu quarto e me surpreendo com o jantar preparado, temaki de salmão, dois onigiris e um omelete. Uns morangos e, num outro prato, kare. Nem sei se consigo comer tudo isso. Agora me sinto ainda pior pelo que fiz. Alguém entra no quarto, Tsuki-kun.
Levanto-me e faço uma reverência.
"Sumimasen, não queria magoar-te."
"Tudo bem, eu vim aqui saber se você gostou... Eu entendo porque você fez aquilo, não estou bnravo."
"Senta, come comigo."
Em pouco tempo nós já acabamos de comer. Descemos, para eu jogar videogames com Wataru, mas vejo duas pessoas inesperadas, com mais quatro outras, que me encaram assim que o elevador fecha as portas e sai do andar, impossibilitando-me de me arrumar melhor.
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