História Love is in the dance - As famosas borboletas no estômago.

— Nem fez um mês ainda que esse novato entrou, e vocês dois já estão bem próximos. - Sohye chama a minha atenção, rindo. Reviro os olhos. Até que demorou para isso acontecer. — Interessante...

Termino de amarrar o cadarço do meu tênis e volto para minha postura ereta novamente. Nós duas, junto com as demais meninas, estávamos sentadas uma do lado da outra, esperando os garotos acabarem de ensaiar a parte deles para começarmos a nossa. O único lado ruim de ficar com Sohye nessas ocasiões, era que, toda vez que Wonho me olhava enquanto dançava, ela soltava piadinhas sem graça. Agora, infelizmente, estou tendo várias oportunidades de saber como a mesma também se sente, quando sou eu que fico a zoando sobre Kihyun.

— Você acha mesmo que só em três semanas, eu poderia desenvolver um relacionamento com ele? - pergunto com as sobrancelhas arqueadas, brincalhona. — Amizade, Sohye, apenas amizade.

— Como uma intimidade tão grande, igual a que vocês estão tendo, pode se desenvolver em três semanas, hum? - conto até dez mentalmente, mantendo a paciência. Ela realmente não se cansava de ficar me alfinetando o tempo inteiro.

 — Primeiro; - estendo um dedo. — Só começamos a nos falar de verdade na sexta feira passada. Segundo; - desta vez, estendo mais um. — Foi ele que me ajudou quando eu fui embora daqui mal, lembra? E em uma forma de agradecimento, eu ofereci minha amizade. - usei a sinceridade em todas as palavras ditas.

— Levando você para andar sem rumo pelos arredores do bairro e ainda por cima, para comer em um posto de gasolina, às meia noite? - faz uma careta sarcástica. — Nem o conhecia direito e aceitou sem pensar duas vezes. Ok, Eunbin. - gesticula com as mãos.

— Dá para falar mais baixo? - digo com os dentes cerrados. — Vamos fazer assim: você nunca mais enche o meu saco com esse assunto, e em troca eu calo a minha boca sobre você e Kihyun juntos, um dia.

— Até que enfim pude ouvir essas palavras. - juntamos nossas mãos e em seguida, encostamos nossos dedões, dando início a uma promessa. Suspiro aliviada, pois sabia que Sohye não seria capaz de quebrá-la.

— Meninas, levantem-se! - Shownu grita, nos despertando. — Depois que terminarem, a dança vai ser feita com todos os pares juntos. Fui claro?! 

Concordamos em coro, e em seguida, eu já encontrava-me em posição na frente do espelho, esperando o ritmo animado entrar pelos meus tímpanos. Hoje o ensaio seria bom, pois como já estamos treinando os mesmos passos há semanas, a tendência em errar era muito mínima. Com os meninos, por exemplo, felizmente não tivemos que escutar a música ser reiniciada inúmeras vezes, porque a grande parte já estava pronta em relação à essa primeira coreografia. Pelo menos assim sobraria mais tempo para iniciarmos a próxima e última

Quando a melodia começa a ecoar por todo o local, desligo-me totalmente da realidade e mantenho o foco cem por cento em meus movimentos.

Céus, eu definitivamente nunca vou me cansar de fazer isto.

♪

Sorri satisfeita por termos conseguimos chegar ao fim, pela terceira vez. Ficava feliz em saber que, realmente, havíamos cometido poucas falhas. O orgulho estampado na face de cada uma me trazia uma sensação confortável, como se estivesse finalizando mais uma importante etapa. Tinha um ótimo pressentimento sobre nós no dia da grande apresentação, por mais que a ansiedade me consumisse mais ainda, a cada final de semana que se passava. Podíamos até não ter levado o prêmio do último concurso, porém eu suspeito de que esse ano as coisas podem ser diferentes. Óbvio, em um sentido positivo.

— Sorrindo para o nada? - Wonho pergunta risonho ao se aproximar.

Meu coração dispara.

— Melhor do que estar chorando, certo? - sorrio mais. — Por que não vem mais com aquele capuz cobrindo o rosto? - resolvo puxar conversa com o primeiro assunto que viesse em minha mente. — Deixava você com um ar... misterioso.

— A pessoa pela qual me interessei já sabe quem eu sou, então, não via mais graça em usá-lo. - prendi a respiração quando percebi que ele havia mandado-me uma piscadela rápida. Desvio o olhar, disfarçando, pelo fato de que havia ficado envergonhada.

— Você é rápido. - brinco rindo, mas bem no fundo, por algum motivo, eu fiquei um pouco decepcionada. — Se socializou tão facilmente que até arrumou alguém. - sussurro quase que para mim mesma.

— Eu não a achava legal no início, porém depois de uns imprevistos, acabei mudando de opinião. Irônico, não?

— As vezes coisas assim acontecem. - suspiro cansada e estico os lábios em um sorriso, sem mostrar os dentes. — Mas enfim, espero dê tudo certo entre vocês dois.

— Fico feliz em saber que ela mesma deseja isso.

♪

Demorei poucos segundos para finalmente entender o que Wonho estava querendo dizer naquele tempo todo. Fiquei tão sem graça que nem consegui responder direito. A única frase que eu pude completar sem gaguejar, foi a que eu mudava de assunto, perguntando se poderíamos entrar em nossas posições para dança. Não esperava que ele fosse dizer algo como aquilo logo para mim. Entretanto, por isso, eu também me permiti sentir uma sensação de felicidade. Entre todas as vezes que eu já gostei de um menino, essa deve ser a segunda em que o sentimento é recíproco. Então, por que eu desperdiçaria a oportunidade?

Saber disso aumentou a minha disposição. Ou seja: quanto mais energia, melhor ainda eu me saio na coreografia.

Remexo o meu quadril e posteriormente, dou a minha mão para Wonho, deixando com que ele me rodopiasse. Como o ato foi feito rapidamente, o coque no meu cabelo se desfez, e em seguida, os fios molhados pelo suor caíram sobre meus olhos, dificultando um pouco minha visão. Não tinha tempo o suficiente para ajustá-los, portanto, a opção foi deixá-los assim mesmo.

Me assusto quando Wonho de repente une os nossos corpos, porém logo me lembro que esse movimento fazia parte do encerramento. Balanço minha cabeça sem que ele pudesse reparar, procurando afastar os pensamentos com duplo sentido.

— Ok, pessoal, por hoje é só. - fecho os olhos aliviada e me afasto. — Semana que vem daremos início a segunda coreografia! Se quiserem, podem até consultarem a música em casa. O nome é "365 fresh". - faz aspas com os dedos e todos concordam em uníssono.

Inflo minhas bochechas e solto o ar pela boca fortemente, em uma maneira de conseguir controlar minha respiração. Depois que termino, penteio o meu cabelo para trás com os dedos e os prendo novamente, dando quatro voltas com o elástico.

— Parabéns, você foi ótima. - esbraveja com a voz um pouco falhada, já que estava no mesmo estado que eu.

Não vou mentir; ele ficava bastante atraente com os fios loiros colados sobre a testa.

 Ah, meu Deus, aonde eu fui me meter.

— Ah, obrigada. Você também foi. - sorrio abertamente.

— Ei, você dois! - sinto meu corpo ser levemente puxado e a voz escandalosa de Sohye entrar nos meus ouvidos. — Querem ir para balada conosco? - aponta para ela mesma e Kihyun, que estava ao seu lado. Faço uma careta.

— Acho que não vai dar, sou menor... - paro de falar assim que me lembro que já tinha feito dezoito anos. Bufo frustrada em pensar que desta vez não haverá uma desculpa. — Ah, esquece.

— Você já tem idade para ser presa, bonequinha. - Kihyun zomba e eu reviro os olhos pelo o apelido utilizado. — Enfim, vão querer ir ou não?

— Com essas roupas? - Wonho pergunta brincalhão e os meus melhores amigos concordam. — Ah, por mim tudo bem.

Mordo o lábio inferior, sem saber o que fazer. Não estava animada para ir, mas também não queria ser estraga prazeres de ninguém.

— Tem hora que minha vontade é de estrangular vocês. - resmungo em um tom extremamente baixo.

— O que disse? - Sohye pergunta com as sobrancelhas arqueadas. Dou uma de desentendida.

— Hm, nada. - suspiro fraco. — Vamos antes que fique mais tarde.

♪

A batida da música eletrônica que tocava dentro do estabelecimento dava para ser escutada até da esquina. Quando chegamos, deveria ter umas quinze ou vinte pessoas na nossa frente. Sorte nossa - ou não. - que os seguranças só estavam verificando a identidade de cada um, diminuindo o nosso tempo de espera para finalmente conseguirmos entrar. Eu era a única que não estava tão falante assim, em comparação a Wonho, Sohye e Kihyun, que conversavam como se conhecessem desde a infância.

O que eu achava engraçado, era que há horas atrás, toda vez que eu falava de Wonho, Sohye agia como se ele fosse um sem noção que se aproveitava de garotas, e agora está até gargalhando descontroladamente junto com o mesmo. Bom, muito provavelmente isso também pode ser sinal que de o álcool está começando a fazer efeito.

— Eunbin, quer beber alguma coisa? - Kihyun praticamente grita próximo ao meu ouvido, já que a música alta nos impossibilitava de conversarmos em um tom de voz normal. Nego com a cabeça.

— Eu vou dançar agora, daqui a pouco eu vejo o que quero. - o respondo da mesma forma. Ele assente e logo após, volta a dar atenção a conversa entretida que estava tendo com os outros dois.

Deixo o meu celular em cima da mesa e me levanto, indo em direção ao meio da multidão na pista. As inúmeras luzes coloridas me causam tontura por breves segundos, mas assim que eu fecho os meus olhos e começo a movimentar o corpo, rapidamente esse mal estar resolve esvaziar minha mente.   

Havia muitas pessoas me cercando, então, como também estava escuro, não tive tanta vergonha em me soltar. Depois de alguns minutos, eu já jogava os cabelos de um lado para o outro, sorria com o entusiasmo dos demais e ainda por cima, gritava toda vez que o refrão de uma música chegava. Eu estava cansada, porém ao mesmo queria continuar a fazer o que estava fazendo.

Levo um susto quando de repente sinto duas mãos apertando minha cintura. Paro de dançar e me viro ofegante, surpreendente dando de cara com Wonho. Congelo ao reparar na grande proximidade de nossos rostos e, consequentemente, bocas.

— Por que parou? 

— O que você quer? - rebato, sem querer ser grossa, e ao invés de me responder com rapidez, ele apenas fica me encarando firmemente. De propósito, eu não quebro nosso contato visual.

— Para ser sincero; - não recuo quando ele começa a se aproximar ainda mais. — Desde que chegamos aqui, o que eu mais estou com vontade de fazer, é isso.

Não tive tempo nem de processar suas palavras, já que, assim como na velocidade da luz, ele colou nossos lábios, dando início a um beijo calmo, porém que merecia toda a atenção.