Dois anos depois.
Minhas mãos soavam frio, e eu não podia negar que estava nervosa. Depois de longos dois anos, finalmente pude aproveitar as férias de final de ano da minha faculdade, para passar um tempo na minha cidade natal. Tinha esse plano em mente desde que me tornei uma universitária, e pretendia realizá-lo quando terminasse a primeira etapa; entretanto, devido à alguns problemas, só consegui fazer a viagem no final da minha segunda série; que no caso, era a que havia finalizado esse ano.
Durante todo esse tempo, mantive contato com Sohye e Kihyun, que, felizmente, agora já estavam de bem. Eles ainda faziam parte do grupo de dança, e em todas as apresentações anuais, eu sempre dava um jeito de estar presente; lógico, virtualmente.
Porém, eu nunca mais recebi notícias de Wonho. Sohye e Kihyun não tinham intimidade o suficiente com ele, então, por isso, eu ficava com vergonha de perguntar se o mesmo ainda participava da dança, ou se estava bem. Era raro quando entrava em detalhes sobre nosso relacionamento com meus amigos, então eles provavelmente deveriam achar que o que tivemos foi apenas um caso rápido.
O meu sentimento por Wonho não havia sofrido nenhuma alteração; tal fato, em partes, às vezes me deixava surpresa. Enquanto estive fora, quase não conseguia parar de pensar no nosso último encontro, e de ficar me perguntando se ele ainda estaria à minha espera quando voltasse, se ele ainda tinha a mesma consideração por mim;
Enfim, eram vários “se”.
— E aí? Está ansiosa? - Sohye pergunta animada, dividindo a atenção entre mim e a estrada.
Agora ela tinha um carro, e quando eu anunciei que voltaria, a primeira coisa que fez foi sugerir a ideia de me buscar o aeroporto e me levar até o galpão, para matar a saudade.
— Você não tem ideia. - retribuo o sorriso. — Quero ver se muita coisa mudou por lá.
— Nós evoluímos bastante. Ganhamos mais conhecimento, e Shownu adquiriu mais equipamentos de qualidade. - ela começa a dar leves batucadas no volante. — Kihyun me pediu para manter isso em segredo e fazer uma surpresa, mas eu não consegui me conter. Você sabe que minha euforia sempre fala mais alto.
Rio. Sohye continuava a mesma menina de dois anos atrás. O único aspecto diferente era seu cabelo, que agora estava na altura dos ombros e mais escuro.
— Muita gente antiga saiu? - pergunto como quem não quer nada, entretanto, no fundo, pretendia chegar à um ponto específico.
— Não, acho que foram só umas quatro ou cinco, contando com você.
— Ah sim. - pigarreio. — Mas, quando eu fui embora, com quem meu par ficou na apresentação? - tento agir naturalmente.
— Quem? O Hoseok? - balanço a cabeça positivamente, agradecendo mentalmente por Sohye ter pensado rápido. — Ele ficou com uma outra menina. Acho que eles até começaram a namorar.
Seguro com força a alça de minha bolsa, no mesmo segundo que tais palavras chegaram ao meu ouvido.
— N-namorando? - questiono, tentando dar uma risada fraca para disfarçar minha voz falhada.
— É, mas eu não sei ao certo. Não sou próxima dele. - me encara. — Por que?
— Ah, nada. - coloco uma mecha do cabelo para trás. — Eu só… fiquei surpresa.
♪
Assim que chegamos no galpão, não pude evitar de sorrir. Sua estrutura por fora estava mais cuidada, e eu estava ansiosa para ver se o mesmo tinha acontecido com seu interior. Sohye havia me contado que as partes que antes eram pouco exploradas, agora estavam sendo bem aproveitadas; algumas até serviram para a construção de salas novas.
Quando ela me disse isso, o terraço me veio em mente rapidamente. Estava curiosa para saber se continuava sendo o mesmo, ou se já tinham feito alguma modificação. Torcia para que encontrasse o que citei na primeira opção, confesso.
— Eunbin! - me assunto quando, de repente, não sinto mais meus pés no chão e meu corpo ser rodeado no ar. Olho para baixo, e gargalho quando me deparo com Kihyun.
Não vou negar; ele tinha ficado muito bonito com o cabelo preto. Melhor do que o rosa desbotado que usava antes.
— Ela vai ficar igual a uma barata tonta se você continuar. - Sohye nos interrompe, e eu sorrio ainda mais.
Estava com saudades desse jeito sério dela e das caretas de Kihyun em resposta.
— Olha pra minha cara e vê se estou ligando pra isso. - ele rebate, e a morena mostra a língua. — Quem dá a língua pede beijo, sabia?
— Bem que eu queria um mesmo.
— Então vem cá. - Kihyun responde, me largando no chão e abrindo os braços em sua direção.
Arregalo os olhos, com um semblante divertido estampado em meu rosto.
— Vamos entrar. - puxo os dois pela manga da blusa. — Não quero que vocês dois fiquem se agarrando na minha frente.
♪
— Aonde você vai? - Kihyun pergunta segurando meu braço, antes que eu me afastasse da pequena roda de pessoas que havia se formado.
Quase todos os membros estavam presentes, e nós conversávamos sobre assuntos aleatórios e divertidos. Shownu quis juntar todos para que eu pudesse conhecer os novos e rever os velhos; me senti ainda mais contente quando alguns começaram a dizer que minha presença fazia falta, e que esperavam que um dia eu pudesse voltar.
Entretanto, eu não me sentia cem por cento completa, porque Wonho não estava nesse meio.
— Vou ir ao banheiro. - minto. — Não vai demorar tanto assim.
A verdade, era que eu queria ir para o terraço. Meu coração por alguma razão batia forte, e eu sentia uma enorme vontade de subir.
Afinal, aquele foi o lugar onde combinamos de nos encontramos quando quiséssemos sossego, sempre que o andar de baixo estivesse cheio.
♪
O Sol estava forte, porém, uma brisa, capaz de fazer meus cabelos voarem levemente, ainda corria. A claridade me incomodava, e por isso, precisei colocar uma mão acima dos olhos e deixá-los semicerrados, para me sentir mais confortável.
À minha frente ele não estava, entretanto, assim que vou me virando lentamente, consigo enxergar suas costas largas de longe. Ele parecia distraído olhando para a vista da cidade, portanto, preferi ir me aproximando com cautela.
Minhas mãos, mais uma vez, começaram a soar frio, e meus batimentos aumentavam cada vez mais. Não fazia a mínima ideia de como ele iria reagir, pois ainda não tinha certeza se o que Sohye me disse mais cedo era verdade ou não; porém, eu contava pelo menos com a sua sinceridade.
Já estando bem perto, eu ergo minha mão, pronta para encostar em seu ombro, porém, antes de conseguir fazê-lo, Wonho se vira mais rápido, pegando-me de surpresa.
Por alguns instantes, prendo a respiração. Wonho havia ficado mais másculo, e seu cabelo agora tinha a mesma cor do de Kihyun.
Eu não sabia se sorrir para ele era certo ou errado.
— Imaginei que te encontraria aqui. - digo baixo, encarando meus pés. — Como passou durante esses anos? Está aproveitando seu namoro atual? - pergunto, tentando fazer com que ele dissesse algo. Porém, foi algo em vão. — Você realmente não vai falar nada? - insisto, após respirar fundo.
— Eu não estou mais em um relacionamento.
O encaro no mesmo instante. Esperava ficar feliz por isso, contudo, não foi o que aconteceu. Wonho estava agindo como se eu tivesse feito algo de errado, e eu estava começando a me decepcionar.
Eu posso não ter ligado durante todo esse tempo, mas ele também não fez questão de me procurar.
— Queria ter a oportunidade de dizer que senti muitas saudades suas, mas como não está mais interessado, não iria valer à pena. - respiro fundo, sentindo meu coração apertar. — Foi bom te ver de novo. - apesar de tudo, faço questão de abrir um sorriso.
E então, quando estou pronta para ir embora, sinto meu braço ser puxado e meu rosto ir direto ao encontro de seu peitoral. Tudo pareceu acontecer em câmera lenta, e eu procurava entender a mudança de comportamento repentina de Wonho.
— Às vezes meu orgulho acaba me vencendo, mas eu não posso deixar você virar as costas para mim. Não mais. - sinto ele me pressionar contra seu corpo.
Solto o ar que nem percebi que estava prendendo.
— Você me assustou. - minha voz sai abafada.
— Eu também senti sua falta, Eunbin. - diz no pé do meu ouvido, e meus pelos da nuca se arrepiaram. Tento me soltar de seu aperto, mas como sempre, ele não permitiu. — Estava irritado pelo fato de você ter aparecido só agora, mas foi só você abrir um sorriso que eu já me desarmei.
Rio fraco.
— Eu disse que iria voltar; você que ficou duvidando, já que até arrumou alguém nesse meio tempo.
— Não pude evitar. - ouço ele suspirar. — Você tinha chances de conhecer outros homens, então achei que nossa relação poderia esfriar.
— Eu amo você.
— O que? - Wonho me afasta e me olha com um grande sorriso. Automaticamente, eu retribuo o gesto.
— Eu; - dou um beijo em sua bochecha. — Amo; - faço o mesmo na outra. — Você. - por fim, selo nossos lábios rapidamente, entretanto, ele acaba aprofundando.
— Desculpas por ter agido daquela forma. - envolve os braços em minha cintura, e eu, em seu pescoço. — E por nunca ter dito antes que você foi uma das melhores coisas que já me aconteceu.
O amor é como uma maratona; se nós não desistirmos, um dia veremos a linha de chegada.
— F I M —
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