Acordei mais cedo que o normal para uma pessoa que estava suspensa. Não que o negócio de atingir aquele cara — que eu infelizmente descobri que era o capitão do time, Mats — não tenha dado certo. Deu certo, mas ele ficou apagado por menos tempo que eu gostaria.
Depois dele acordar a diretora nos chamou em sua sala e ela ficou lá, parada, fazendo vários nada.
Aí eu estava quase desistindo da humanidade quando Philip entrou, acompanhado.
— Crianças — ela deu ênfase —, essa é Mailee. Já que vocês não falam nada, ela é a testemunha — soltei um riso de escárnio.
— A culpa não é da Tazza — Mats a olhou com cara feia e eu o olhei debochada. — Foi Mats quem a atingiu no jogo — ele abriu a boca para falar algo e eu olhei com a sobrancelha arqueada ainda com a cara de deboche.
— Obrigada Mailee. Pode ir — a diretora disse e ela já estava na porta quando eu disse:
— A propósito, Mailee, você está linda hoje — sorri quando vi seu rosto se avermelhar por completo, a deixando mais fofa.
— Obrigada — sua voz saiu baixa e encabulada. Abriu a porta e saiu. Mats ainda me encarava com cara feia.
— Os dois vão levar suspensão — soltei um gemido alto. — Não vão poder sair do quarto. Somente nas refeições. Se eu ver um de vocês fora do maldito quarto, vocês vão pra casa. Estamos entendidos?!
— Sim senhora diretora — eu disse e ela segurou um riso.
— Sim — Mats diz contra gosto e eu levanto.
— Eu vou-me ir, diretora. Tenho que avisar amigos ingratos que vou ficar, quanto tempo a gente vai ficar fora mesmo? — olhei para ela com cara confusa.
— Até o final de semana — ela disse e quem gemeu dessa vez foi Mats.
— Tre--quatro dias. É né? — olhei pra ela com cara interrogativa e ela só concordou com a cabeça. — Quatro dias assistindo a euro! Cara eu to muito loca agora — ri alto e sai da sala dela.
Depois disso eu passava a manhã, tarde e noite assistindo jogo, até porque tinha copa América de noite. Os meninos se reuniam quase todos no meu quarto pra assistir comigo, porque de acordo com eles “É muito massa ver você gritando com a TV”. Sempre na metade do jogo das 4:00PM eles estavam lá, bagunçando ainda mais o quarto — até porque Cristiano Ronaldo não é nada organizado, coisa que Gareth odeia — e conversando alto, estragando a minha paz e silêncio pensando nos crush.
Hoje não seria diferente, mas a minha pessoa acordar cedo, numa plena sexta-feira e não estar morrendo de sono, é sinal do apocalipse. Literalmente.
Gareth saiu do banho e gritou — relativamente alto — quando me viu sentada na cama, mexendo no celular. Até que seria uma visão normal, se a luz não estivesse apagada e a luz do meu celular não fosse alta pra caralho.
— FY IESU! — ele gritou depois de recuperar parte do fôlego. — VOCÊ QUER ME MATAR?! — ele gritou, com a mão ainda no peito.
— Olha — eu disse, calma —, o Cristiano não iria gostar nada. Aí ele ia me matar, então, não obrigado — disse, não dando importância ainda mexendo no celular. Logo depois a porta foi aberta bruscamente.
— MILORDZIE! O QUE ACONTECEU? — um Woj descabelado apareceu na porta e eu não me contive:
— Uh, as mãozinhas do Lewy amam seu cabelo, né? — ri e ele passou a mão no cabelo.
— Esse não é o ponto d’eu estar aqui, idiota. O que aconteceu? Gareth? — Woj se virou pro loiro no quarto.
— A luz tava apagada e quando eu voltei ela tava sentada na cama com a luz do celular na cara. Eu me assustei — ri alto. Ri tanto que comecei a tossir e rir.
— Eu não consigo entender — parei para respirar — como um galês, de um metro e oitenta, loiro e todo fortão se assusta desse jeito — ri mais.
— Gente, são 6:00AM ainda — e então do nada ele travessou o quarto vindo na minha direção. — Não está com febre, não tem olheiras, nem olhos vermelhos, então... você tá muito doente. CORRE QUE É O APOCALIPSE! — ele e Gareth riem e eu olho eles com cara feia.
— Eu não sei o que aconteceu. Eu to com uma vontade do caralho de jogar. Será que a diretora me libera? — olho-os em esperança.
— Não sei. Pede pro Philps falar com ela. Ela ama tanto ele que chega a assustar — rio (N/A: eu rio, tu lago, ele mar djbskjfgbfbg sorry gent) mas concordo.
— Saiam todos da frente que eu vou bater panela nesse corredor — me abaixo e pego minha mala embaixo da cama.
— Você trouxe panelas? Sério?! — Gareth me olhou incrédulo.
— Lá no Brasil cada um tinha que ter suas panelas. Como eu conheço esse corredor todo, eu vou acordar todo mundo na panela. Começando por você, Cristiano — Gareth ri e olha eu me preparando.
Já na primeira batida ele acordou assustado. Na segunda, ele caiu da cama.
— Ainda tentando entender como ele não acordou com aquele seu grito. Super másculo, devo ressaltar — olho para o Ronaldo no chão. Dou de ombros e sigo para o quarto da frente.
O casal Schweinski.
Abro a porta na cautela, vendo eles dormindo abraçados e serenamente. Bato a primeira vez e Lukas já dá um chute assustado. Na segunda ele tá resmungando quando Bastian acorda, igualmente assustado. Rio alto e vou fazendo isso com todos os outros quartos e casais. Fiz até no do Mats, mas Beneditk — o companheiro de quarto, que eu acho que é namorado — riu e mandou eu ir me foder. Alemães são tão carinhosos.
Eu iria acordar a escola inteira com a panela se não tivesse trombado com alguém no começo da escada.
— Ui, desculpe — alguém diz.
— Nope, desculpa eu — olhei para a pessoa e era um moreno bonito, com dentes bonitinhos. Desculpa vida, mas eu reparo nos dentes da pessoa pra ver se são pontudos. — Anyways, sou Tazza.
— Sou Pierre. A Mailee estava me acompanhando, mas ela disse que você conhece mais esse corredor — ele aponta para trás e vejo uma garota toda encolhida no pijama rosa bebê.
— Bom dia Mailee — desci as escadas até estar na sua frente e estendi a mão, pedindo a sua. — Você está ainda mais linda de pijama — e beijei sua mão, olhando em seus lindos olhos.
— Bo-bom dia, Taz — ela diz encabulada e eu sorrio para ela.
— Vou ajudar o Pierre. Depois nós nos vemos, certo? — digo e ela ri. Que risada Lord, que risada.
— Você ainda está suspensa, Tazza — ela diz e eu sorrio.
— Não se preocupe. Vá na quadra na hora do treino, possivelmente eu vou estar lá — digo e ela concorda com a cabeça. — Até depois — deixo um beijo em sua bochecha e vou até Pierre. — Bem vindo ao corredor aonde a maioria é alemão. Tem poloneses, alemães, é claro, um galês, um português, um colombiano, um brasileiro, um argentino e ingleses — digo animada, abrindo os braços mostrando um fluxo de gente com cara fechada.
Eu acho que acordar eles com panela não deixou-os de bom humor.
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