Claire POV
- Vou sentir sua falta... – murmurei, com a cabeça apoiada na curva do pescoço de Shawn, abraçada junto a ele e desejando poder ficar ali para sempre.
- Eu também... – ele respondeu, fazendo carinho em meu cabelo. – Mas vão ser poucos dias. A gente aguenta.
Contra minha vontade, comecei a me desfazer do abraço.
- Eu preciso ir. Manda um beijo pra sua família. E me liga quando chegar pra eu saber se você chegou bem. – lhe dei um selinho. – Te vejo no Brasil.
- Hey, calma aí – Shawn segurou de leve em minha mão. – Antes de ir, me promete uma coisa?
- O quê? – eu quis saber.
- Bem, seu colega do band-aid vai estar meio longe, então... Promete que vai tentar se manter sã e salva?
Eu ri: - Prometo que vou tentar, mas não que vou conseguir.
- Só tenta ficar longe de árvores, paredes, quinas de cama, facas... – ele disse. – Ah, sim, e o controle da TV. – nós rimos. Sim, eu tinha a capacidade de me machucar com o controle da TV.
- Tudo bem, quando eu quiser assistir alguma coisa peço pro Nash ligar pra mim. – lhe garanti. – Agora preciso mesmo ir. – levei sua mão aos meus lábios e depositei um beijo ali.
- Ok. – nós soltamos a mão um do outro e eu comecei a me afastar, caminhando na direção onde os meninos me esperavam. – Te vejo no Brasil. Boa viagem.
Eu olhei para trás uma última vez e sorri para ele. Quando finalmente alcancei os garotos, perguntei: - Tá todo mundo aqui? Já podemos ir?
Eles assentiram e nós nos dirigimos até nossos assentos no avião que nos levaria de volta para Mooresville.
- Cara, não quero ir embora... – ouvi Jack G dizer no banco de trás. – Eu amei Nova Iorque...
- É, aqui é demais. – Nash concordou ao meu lado.
Com expressões tristes, observemos aquela incrível cidade ficar cada vez menor enquanto o avião decolava.
(...)
- Chegamos! – Nash anunciou assim que passamos pela porta de casa.
- Naaaaash, Claaaaaary! – Sky veio correndo abraçar a gente.
- Oi, minha princesinha! – respondi.
- Sentiu nossa falta? – questionou Nash.
- Senti! – ela não queria soltar o irmão de jeito nenhum. – Cadê o Shawn?
- Ah, ele não veio com a gente dessa vez... – eu disse. Skylynn o adorava, e parecia meio triste ao perceber que ele não estava ali.
- Mas eu brinco de cavalinho muito melhor do que ele, né? – Nash indagou.
- Ele não vai mais voltar? – ela respondeu com outra pergunta.
- Claro que vai! – tentei tranquilizá-la. Acho que deu certo, pois isso a fez sorrir. – Ele só não pôde vir hoje.
- Nash, Claire! – mamãe se juntou a nós. – Vocês chegaram bem na hora, o almoço acabou de ficar pronto. Lavem a mão e venham comer!
- Ok!
Nash, sempre muito cavalheiro, carregou minha mala por mim até o quarto. Nós lavamos nossas mãos e descemos para almoçar.
- E então, como foi a viagem? – mamãe perguntou.
- Foi incrível! A Claire tem uma amiga que mora lá e ela levou a gente pra conhecer a cidade! – Nash contou. – Ah, e a gente passou um dia com o Will!
- Will! – Sky exclamou. – Ele falou de mim?
- Sim, disse que sentia sua falta! – informei. – E a sua também, mãe.
- É mesmo? Como ele está? Vocês se divertiram?
- Sim. Ele tá ótimo. – meu irmão respondeu. – E nós nos divertimos bastante.
- É – concordei. – Apesar de o Nash ter me roubado no videogame. Mas depois o Will me ajudou e nós acabamos com ele.
Elizabeth deu uma risadinha: - Que bom saber que vocês são irmãos que se ajudam. E não faça mais isso com a sua irmã, Nash. – todos nós rimos. – O que mais vocês fizeram?
- Ahn... – Nash pensou um pouco. – Ah, a Claire e o Shawn agora estão namorando!
Mamãe franziu o cenho: - Já não estavam?
- Não oficialmente. – expliquei. – Ele me pediu ontem.
- Ah, entendi... Fico feliz por vocês. Ele é um bom garoto. – mamãe afirmou.
- Vocês vão se casar? – Skylynn indagou, nos fazendo rir.
- Ainda é meio cedo pra dizer, Sky. – respondi. Eu não sabia nem se nós continuaríamos juntos depois de setembro, quem dirá se um dia iríamos nos casar.
- Eu quero ser a daminha de honra! – ela disse.
- Você vai. – eu prometi, sorrindo. – Se acontecer.
- Quando acontecer. – Johnnie, o marido de minha mãe, corrigiu, entrando na cozinha. – Desculpe o atraso, querida. Precisei rodar a cidade inteira, mas eu achei. – colocou uma sacola em cima da mesa, fazendo-a sorrir, e se inclinou para beijá-la. Ele olhou para mim. – Pense positivo.
Eu sorri: - Tudo bem, vou começar a ficar mais atenta ao tom dos meus pensamentos.
- Desde quando nosso bebê sair de casa é algo positivo? – Nash questionou, fazendo-nos rir.
- Mas então, mudando de assunto... – eu disse, enquanto Johnnie dava um beijo em Sky e se juntava a nós. – E vocês, o que fizeram?
- Trabalho. – responderam mamãe e Johnnie.
- Brinquei de cavalinho. – continuou Sky.
- O de sempre. – deram de ombros.
- Mas e aí, ansiosos pro Brasil? – Johnnie perguntou.
- Muito! – assentiu Nash. – Eu mal vejo a hora! Os eventos, as fãs, as praias...
- Você sabe que se aqui é verão, lá é inverno, certo? – Elizabeth deu um gole em seu suco de laranja.
- Claro que eu sei. - confirmou meu irmão gêmeo.
- Mas o inverno lá é meio doido. Apesar de ter alguns dias que o frio é de matar, tem outros que eu fico só de vestido. – comentei e ela ergueu as sobrancelhas para mim. – Sei lá, culpe o aquecimento global, não eu! Mas prometo que só os deixo ir à praia quando a temperatura estiver razoável. – assegurei a ela.
- Tudo bem, vou confiar em você.
Terminamos de almoçar e eu fui lavar a louça enquanto Johnnie secava. Peguei uma maçã e subi para o meu quarto. Desfiz a mala que levara para Nova Iorque, guardando tudo em seu devido lugar, e então decidi ver um pouco de TV. Estava passando um comercial sobre carros quando meu celular começou a tocar.
*LIGAÇÃO ON*
- Alô?
- E aí, ainda tá inteira? – sorri ao ouvir a voz de Shawn do outro lado da linha.
- Tô, por enquanto.
- Que bom. – eu podia jurar que ele também sorriu. – Eu liguei pra avisar que cheguei bem.
- Que bom. – repeti. – Já tá em casa?
- Tô, mas vou sair daqui a pouco pra buscar a Aaliyah na casa de uma amiga dela. Acredita que ela não foi me receber no aeroporto?
Eu dei uma risadinha: - Acredito. Meu pai precisava me prometer que ia comprar maçãs no caminho até em casa pra me tirar da casa de alguma amiga minha. – nós rimos juntos.
- Bem, eu só liguei pra te avisar mesmo, porque você tinha pedido.
- Ok, obrigada. – sorri. – A gente se fala mais de noite.
- Ok. – ele concordou. – Se cuida, vida.
- Se cuida.
*LIGAÇÃO OFF*
Terminei de assistir ao filme que estava passando e então resolvi descer e passar um tempinho com a minha família. Afinal, não era esse o objetivo dos três dias em casa?
Passei o resto da tarde brincando com Sky, depois ajudei mamãe com o jantar e, assim que minha irmãzinha foi deitar, passei a noite toda jogando cartas com Elizabeth, Johnnie e Nash. Eu adorava fazer dupla com Johnnie, porque ele era um imã de sorte e sempre vencia. Mas normalmente ele trabalhava até tarde, e chegava muito cansado para jogar. No entanto, para minha alegria, ele não trabalhava em finais de semana, e era sábado.
No dia seguinte...
- Não sei bem como eu me sinto em relação a voltar pro Brasil agora. – eu disse para mamãe, enquanto fazia uma calda para as panquecas que ela preparava. – Eu sabia que alguma hora teria de voltar... Então fico feliz que meus amigos vão estar comigo. Mas que vai ser difícil, eu sei que vai.
- Você... Você pretende voltar a morar lá algum dia? – Elizabeth indagou.
- Não. – afirmei, e percebi que ela relaxou um pouco. – Não é a mesma coisa, sabe... Se o papai ainda estivesse aqui, neste exato momento eu provavelmente estaria me preparando pra ir pra faculdade, em setembro já estaria começando a estudar Direito e, dentro de alguns anos, trabalhando com ele. Mas tudo mudou... Agora eu quero ficar aqui com você, com Nash, Johnnie e Sky... E gravar vídeos pro YouTube pelo máximo de tempo que eu puder... – suspirei. – Me pergunto o que ele diria sabendo que eu desisti de faculdade e não segui os passos dele.
Ela abriu a boca para responder, mas neste instante Nash e Cams entraram causando na cozinha.
- AI MEU DEUS ISSO SÃO PANQUECAS?! – Nash começou a surtar. Acho que já foi mencionado o quanto meu irmão gostava de panquecas.
- Não, filho, são brownies. – mamãe brincou. – Como se você não reconhecesse massa de panqueca de olhos fechados. – nós rimos.
- Bom dia, tia! – Cameron deu um beijo na bochecha dela.
- Bom dia, Cam! Sem querer ser chata nem nada, você sabe que é sempre muito bem vindo aqui, mas... Você não deveria estar com a sua família?
- É que o Nash e eu vamos gravar uns vídeos hoje. – Cams esclareceu, e então seu olhar encontrou o meu. – Você vem com a gente?
- Claro, só vou terminar aqui e comer e aí a gente já vai, ok?
- Ok!
(...)
- Parece que você já está se acostumando com as coisas aqui. – comentou Cams, assim que terminei de fazer uma trança no cabelo de Skylynn e ela saiu do quintal, onde nós pretendíamos gravar, e foi para o seu quarto se trocar.
-É... – concordei. – Eu sempre sonhei em ter uma irmãzinha mais nova, e a Sky é incrível. O Johnnie faz minha mãe muito feliz e a cada dia gosto mais dele. Já o Nash... Nossa, eu nem tenho palavras pra descrever o quanto amo esse menino. Me adaptar está sendo mais fácil do que eu pensei que seria. Claro que sinto saudades da Tainá, da Giulia, do Daniel, mas... Você e os meninos são ótimos amigos. A gente pode até não se conhecer há anos, mas é melhor do que não ter amigo nenhum, como pensei que seria quando eu chegasse.
Cameron sorriu: - Que bom que está gostando daqui. Mas vamos admitir que o Shawn contribuiu muito pra isso.
Eu sorri também, porém, logo meu sorriso se desfez. Encostei a cabeça no ombro de Cams e lhe questionei sobre uma das minhas principais preocupações do momento: - Como vai ser quando ele for embora de vez?
- Bem... Vamos sentir falta dele, claro, mas ainda vamos vê-lo nos eventos. – Cameron tentou me consolar. – Mas não acho que isso vá mudar muita coisa entre vocês dois. Vocês se gostam de verdade.
Fechei os olhos e admiti aquela verdade dolorosa: - Ele não quer continuar com o namoro depois disso.
- O quê? Por que não? – Cams estava surpreso e confuso.
- Ele acha que se eu conhecer algum cara de que eu goste não devo ser impedida de ficar com este pelo fato de ter um namorado que não sei quando vou ver de novo. – reproduzi as palavras de Shawn no parque há poucos dias atrás.
- Ah, Claire, mas também você tem que entender o lado dele...
- Não, Cams! – o cortei. – Não, eu não quero outro! Eu só consigo pensar nele e não é a distância que vai mudar isso. Mesmo se o Shawn terminar comigo, eu vou continuar pensando nele... E só nele... – reprimi a vontade de chorar que tive quando a hipótese do término foi levantada novamente. – Não tem espaço pra outro cara... Ele é o único...
- Bem... – Cameron pareceu procurar pelas palavras certas. – Eu acho que tem um pouco de verdade no que vocês dois disseram. E acho que vocês deviam tentar o relacionamento à distância. Se você conhecer outro cara e se apaixonar pelo tal, aí sim já estaria na hora de terminar com Shawn, mas não antes disso.
- Não vou me apaixonar por outro cara. – afirmei.
- Estamos falando hipoteticamente, pequena Clary. – me lembrou. – Você sabe que não é impossível.
- Não vai acontecer. – insisti. Cameron bufou.
- Se você diz... Mas acho que devia conversar melhor com ele sobre isso.
Eu suspirei: - Não posso.
- Não pode? – ele ergueu as sobrancelhas para mim.
- Nós prometemos não falar sobre isso até agosto. – expliquei.
- Por quê? Vocês acham que vai ter treta? E muitos palavrões? – indagou, me fazendo rir.
- Não. – foi só então que me lembrei de que o trato dos palavrões era válido apenas durante julho. – É só que esse assunto não é um dos mais agradáveis. Nós não gostamos de pensar muito nisso.
Shawn POV
- Mas se você gosta tanto assim dela, não entendo por que não manter o relacionamento, mesmo à distância. – comentou minha mãe.
- É só que... Ela é muito, muito bonita. E supersimpática. E nova na cidade. Meio mundo vai tentar paquerar ela. E se ela conhecer um cara por quem se apaixone, mas não se envolva com ele por ser fiel demais ao namorado que nem sabe quando vai ver de novo? – questionei, fazendo os três ficarem em silêncio por alguns momentos, pensando no que eu tinha dito.
- Bem, eu não sei, filho... – meu pai foi o primeiro a quebrar o silêncio. – Só sei que, pelo que você estava falando dela, eu não iria querer perder uma garota assim.
E eu não queria. Como eu já dissera várias vezes antes, terminar com Claire era a última coisa que eu queria. Mas não era como se eu pudesse escolher se ia embora ou não. Eu teria de ir. Três meses hospedado na casa de alguém era muito tempo. Eu não podia ficar em Mooresville para sempre. Depois que o verão acabasse, eu teria de voltar para o Canadá, para a minha casa, para a minha família... E provavelmente eu demoraria bastante para voltar. Passar todos os verões na casa de Nash seria abusar da boa vontade dos outros. Eu já ficara bem surpreso com o fato de Elizabeth e Johnnie terem me permitido passar ao menos um verão em sua casa.
E então eu ficaria no Canadá, e Claire na Carolina do Norte... Nós nos veríamos pessoalmente em um ou outro final de semana que duravam os eventos, isso se nós dois pudéssemos comparecer... E, no resto do tempo, conversaríamos por mensagem e por Skype... Seria isso o suficiente para fazê-la feliz? Sem dúvida, Claire merecia um namorado sempre presente, acessível a ela quando precisasse. Será que eu poderia ser esse cara mesmo estando tão longe? Eu não sabia a resposta. Mas sabia que, mesmo que para mim fosse difícil pensar nisso, talvez pudesse haver por aí outro cara com a mesma capacidade de deixá-la feliz que eu tinha. E, enquanto eu estaria longe, ele podia estar logo ao lado. Não era a coisa certa a se fazer dar à Claire a chance de conhecer essa pessoa?
Pelo jeito como eu colocava as coisas, podia até parecer que para mim não fazia diferença se nós continuaríamos juntos ou não. Mas nem tudo é o que parece. Eu ficava sim incomodado com a ideia de terminar. Me doía o coração pensar em perder aquela garota maravilhosa que eu havia acabado de encontrar, e doía mais ainda pensar nela com outro. “Mas se você gosta tanto assim dela, não entendo por que não manter o relacionamento, mesmo à distância.” as palavras de minha mãe ressoaram em minha mente. Mas a verdade era que, se eu gostava tanto assim dela, eu precisava fazer o que fosse melhor para ela, mesmo que isso fosse ser uma das coisas mais difíceis que eu fosse fazer na vida. E o problema era: sim, eu gostava tanto assim dela.
Seria o meu medo de perdê-la maior do que meu medo de privá-la da felicidade? Seria o meu egoísmo maior do que os meus sentimentos por ela? Eu não acreditava sinceramente que algo poderia ser mais forte do que o que eu sentia por Claire. Se isso era bom? Depende do ponto de vista. Era bom quando estávamos somente nós dois, sozinhos, nos divertindo e sabendo que no dia seguinte nos veríamos novamente. Mas era ruim quando isso poderia me levar a tomar uma decisão difícil que a magoaria, ironicamente, para o bem dela. Basicamente, podia-se dizer que era uma faca de dois gumes.
Claire POV
- Gente, pronto! – Nash chamou, fazendo com que Cams e eu olhássemos para ele. – Já arrumei tudo, já podemos gravar! – ele se aproximou de onde a gente estava e então franziu a testa. – Hey, espera, cadê a Sky? Pensei que ela fosse gravar com a gente.
- Ela foi se vestir, já está voltando. – Cameron esclareceu, e nós levantamos no intuito de ir para frente da câmera.
Assim como Cams garantira, Skylynn logo voltou, e nós começamos a gravar.
Para o canal do Nash, gravamos três vídeos: um em que a Sky passava maquiagem nele, outro em que os meninos liam comentários de haters e ainda um em que ele e eu respondíamos uma Tag de irmãos. Para o canal de Cams, eles fizeram uma parte 2 lendo comentários de haters e um em que respondíamos algumas perguntas que pedimos para os fãs fazerem no Twitter, com a #AskClaireNashAndCam. Já para o meu, eu fiz um vídeo meio que entrevistando a Sky e outro em que lemos algumas fanfics dos dois. Tivemos que pedir para ela sair nessa hora porque, bem... Fanfics não são exatamente um tipo de leitura muito pura.
Assim que terminamos de gravar, guardamos nossas coisas e voltamos para dentro da casa. Fui ajudar mamãe a terminar o almoço e então nós comemos. Na minha opinião, Elizabeth devia abrir um restaurante, pois a comida dela era sensacional.
Depois do almoço, Cameron, Nash e eu resolvemos ir assistir série. Ficamos vendo Modern Family, que era uma das mais engraçadas que já vi. Tinha um personagem chamado Cameron que me fazia rir tanto ao ponto de a barriga doer. Nash e eu brincamos que era mal de nome.
Depois de já ter visto meia temporada, decidi ir fazer algo mais da vida. Passei no quarto de Skylynn e perguntei se ela queria fazer um bolo comigo. A mesma aceitou na hora.
- Nós vamos precisar de farinha, manteiga, leite, ovos, ferm...
- Ahn, Clary... – Sky me interrompeu. – Não tem leite.
- Não? – me aproximei da geladeira e vi que realmente não tinha. – Ah, tudo bem, vamos rapidinho no mercado comprar. Vou deixar você escolher uns confeitos bem legais pra gente decorar, o que você acha?
- Acho uma boa! – ela me disse, com um sorriso em seu rosto angelical.
- Então vamos!
Avisei mamãe que ia levar Sky no mercado e então nós fomos. Comprei o leite e deixei Skylynn levar alguns confeitos em formato de corações e estrelas para jogarmos por cima do bolo. Quando já estávamos no caminho de volta para casa, ela me surpreendeu ao questionar:
- Clary, você gosta de mim, não gosta?
- Claro que sim, Sky! – estranhei aquela pergunta. - Por que acha que não?
- Não é isso, é só que... Sabe, nós não somos irmãs de pai e mãe, e não moramos juntas há muito tempo...
- Sky, não importa que somos meias-irmãs. Eu te amo tanto quanto amo Nash e Will, está bem?
- Tudo bem... Eu também te amo. – ela sorriu e eu fiz o mesmo.
(...)
- HAMILTON NASH GRIER E CAMERON ALEXANDER DALLAS, VOCÊS ACABARAM COM A MANTEIGA?! – eu não estava acreditando que ia ter que voltar ao mercado.
- É que a gente queria comer morango com Nutella... Mas não tinha Nutella então nós fizemos chantilly. – Nash explicou.
- E desde quando precisa de manteiga pra fazer chantilly?! – questionei.
- Do jeito que a gente faz precisa...
Comecei a lembrar que, de fato, havia mais de um jeito de se fazer chantilly. Mas por que eles tinham que escolher justo o mais complicado?
- Olha, vamos fazer assim... – Nash se aproximou de mim e colocou a mão em meus ombros, falando em tom calmo. – Vamos comer esses morangos com chantilly hoje, voltar a assistir aquela série que você amou e amanhã o Cams e eu vamos bem cedinho comprar toda a manteiga do mundo pra você, okay?
- Okay... – concordei. – Desculpa por ter falado assim com vocês, acho que me exaltei um pouco.
- Tudo bem. – Cams sorriu. – Sabe como é; sempre melhor ter uns surtos eventuais do que acumular e surtar de vez. – ele piscou para mim.
- Claro. – eu ri, então me virei para minha irmãzinha. - Princesa, tudo bem pra você se a gente fizer o bolo amanhã?
- Tudo, eu também adoro morangos! – Sky respondeu.
- Então vamos atacar esses morangos! – disse Nash.
Começamos a comer, jogar chantilly um no outro e rir, até que mamãe apareceu dizendo que ia a algum lugar e Sky quis ir junto. Levamos os morangos e o chantilly para o quarto de Nash e terminamos de ver a outra metade da temporada que faltava. Depois disso fomos jantar e então, finalmente, editar os vídeos que gravamos naquele dia.
Editar vídeos era algo de que eu gostava muito de fazer, porém algo que me dava sono. Assim que terminei a edição dos dois vídeos que logo mais seriam liberados em meu canal, tirei o short e a camiseta que eu usava, fora o óculos sem grau - que eu colocara para gravar o vídeo entrevistando a Sky e me esquecera de tirar. Fui escovar os dentes e por meu pijama, e então me deitei, já bastante cansada. Pensei um pouco sobre o que será que nós iríamos fazer no dia seguinte, o nosso último dia ali... E então pensei que logo em seguida nós estaríamos no Brasil.
O lugar onde eu iria rever os meus melhores amigos, o apartamento em que eu morava, e todas as coisas de meu pai... O lugar que guardava várias lembranças, felizes e tristes, de tudo que vivi nos últimos dez anos e lembranças essas que eu ainda não estava pronta para reviver... O lugar que eu nunca pensei que um dia teria de deixar...
E foi então que minha consciência se rendeu à necessidade de adormecer e meu subconsciente assumiu o controle, me fazendo sonhar com lugares, pessoas e situações que no dia seguinte provavelmente eu já não me lembraria.
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