Helia entrou no apartamento de Flora, depois que tirou os sapatos, mesmo a morena lhe pedindo para não tirar e se deparou com uma mini figura jogada de qualquer forma sobre o sofá verde musgo da sala. Sorriu, ao notar que a mesma arregalou os olhos brilhantes quando percebeu sua presença. Ela parecia admirada consigo.
-Essa é Miele, minha irmã. -Apresentou Flora. A menina estava com o cabelo ruivo e possuía um tom de pele aproximado ao de Flora, contendo mais traços latinos que a mais velha. -Miele, esse é Helia…meu…
-Namorado? -Perguntou a menina curiosa, sem tirar os olhos do homem.
-Na verdade, não. -Decidiu ser sincera com a irmã. -É mais, um amigo mesmo.
Miele sorriu. -Prazer.
-O prazer é meu, Miele. -Respondeu Helia e a criança não parava de observar o homem com surpresa. Sua irmã nunca trouxe um amigo em casa e esse amigo era muito lindo, parecia aqueles heróis de mangás românticos ou filmes asiáticos.
Lembrava…”Neji Hyuuga”. Só faltavam os olhos liláses. Sorriu para o mesmo que sorriu de volta.
-Vamos jantar? -Perguntou. -Acabou de sair do forno. -Anunciou Flora contente em poder apresentar um pretendente à sua irmã e possibilitar que a mais nova participe mais de sua vida.
Miele voou para a pequena mesa com quatro cadeiras, enquanto a morena arrumava um local para por seu cacto entre suas plantas no batente da janela.
Helia pode observar os enfeites simples e orgânicos da casa de Flora, ambas as irmãs pareciam gostar muito de plantas e objetos artesanais de reciclagem. Haviam várias mandalas, flores orgânicas e fotografias. Era bem o estilo da morena mesmo! Sorriu, passando a mão na foto antiga de sua família quando estava viva. Todos eles pareciam morar em um outro país diferente da Itália, contudo, o mais interessante era que ele também possuía uma fotografia no mesmo formato, porém, suas vestimentas eram orientais assim como os de seus pais. Passou os olhos pequenos em todo o local aconchegante e parou na figura morena com óculos de grau que sorria para si do outro lado da mesa.
Nunca havia pensado em se casar algum dia ou na possibilidade de ter uma família com alguém, porém, pela primeira vez, pode fantasiar tal hipótese.
Droga, estava igual seu amigo Nabu em sua época de faculdade! Se isso acontecesse mesmo, que futuro iria dar à ela? Flora merecia alguém bem melhor que um stripper, geralmente, confundido com gigolô baitola.
-Eu espero que goste do jantar. -Declarou a morena, cortando o alimento que preparou.
Era visível o capricho da moça em sua frente, para preparar tudo com bastante detalhe e precisão. O jantar ocorreu tranquilamente como ambos desejavam e Flora pode finalmente sorrir de satisfação.
-Então, vocês são uma mistura de Nigéria com México? -Indagou o homem.
-Isso mesmo. -Respondeu a mais nova, enquanto mordia o último pedaço da pizza vegetariana e se lambuzava com o molho vermelho. -Papai era mexicano e mamãe veio de família nigeriana com Itália.
-Da para você limpar a boca, por favor? -Pediu a irmã mais velha, fazendo careta desgostosa para Miele que obedeceu, mas provavelmente, era por conta da presença do homem na mesa.
-Eu também tenho linhagem de outro país. -Anunciou para a pequena, que sorriu.
-Deve ser do mesmo país que o Neji Hyuuga. -Afirmou.
-Exatamente. -Helia sorriu para a pequena garotinha.
-Eu sabia. -Disse ela, fazendo um movimento com a mão no ar como se tivesse pego algo. -Você é quase ele em forma real, só que mais velho.
-Eu vou pegar a sobremesa. -Anunciou a morena, se levantando. Flora, na verdade, estava apreensiva. E se Helia não gostar do bolo? -Eu não sei se irá gostar. -Disse, pondo o doce em cima da mesa. -Você não gosta muito de coisas açucaradas.
A morena fatiou o pequeno bolo e serviu todos na mesa, inclusive à si mesma e se sentou em seu lugar, esperando o homem apreciar o doce primeiro e lhe dizer o que achou.
E ele comeu, na verdade, Helia saboreou, lançando seu olhar brilhante e escuro à Flora, acompanhado de uma frase que a fez se envergonhar ao máximo e não saber onde se enfiar com o seguinte flerte: -Realmente, não sou muito chegado em sobremesas, mas existem doces que eu louco de vontade de provar.
Sorriu de forma galante e Flora abaixou o rosto avermelhado. Entendeu o que queria dizer à ela com aquela frase e não pode deixar de fantasiar tal evento em sua cabeça “oca”. Evento este, que ela preferia evitar por enquanto.
Ao fim do jantar, o mestiço agradeceu pela comida e ajudou Flora a juntar os pratos, sempre com Miele ao seu alcance lhe fazendo perguntas. Até, a mais velha chamar a atenção da menor que preferiu ir para frente da televisão.
-Vocês vão assistir Angry Birds comigo? -Questionou animada, se jogando no sofá da sala.
-Está na hora de você dormir, né?
-Por favor! -Pediu a garotinha toda desastrada.
-Está tudo bem, Flora. -Disse Helia, se sentando no outro sofá maior de sua casa. -É só um filme. -Ergueu o braço, chamando a mesma para se sentar ao seu lado e assim, ela fez.
Mesmo relutante, a moça o abraçou e foi retribuída da mesma forma. Era muito bom estar ao lado dele e não entendia completamente o real sentido daquilo, porém, Helia lhe fazia muito bem e ela agradecia bastante por se sentir daquela forma.
Pareciam borboletas voando em seu ventre e choques elétricos passeavam por todo seu corpo, causando adrenalina em seu coração que batia acelerado.
Já, ele possuía a mesma sensação! Sentia a necessidade de demonstrar carinho e aproveitar o calor maravilhoso com a morena em seus braços. Para ele, poderia ficar naquela posição até o fim de sua vida. Até que sentiu seu celular vibrar no bolso da calça justa e depois do incidente com Sky mesmo que ocorrido à cinco anos atrás, ainda ficava sempre em alerta.
Abriu a mensagem de Brandon.
The BOSS:
Ei.
Helia, não se esquece que amanhã é você com o novato, ein.
Helia:
Como assim? Eu e o Timmy? Você e os outros vão estar aonde?
The BOSS:
Sky tem compromisso com a Bloom.
Evitou o resmungo, sabia o tipo de compromisso que ele tinha com a advogada ruiva.
Stella quer me dizer uma coisa, Riven sumiu e o Nabu, eu não sei.
Vai, quebra essa!
Helia:
Quero aumento.
The BOSS:
Vamos ver.
Helia:
Brandon!!
Visto por último: 10:50 da noite.
Filho da puta!! Pensou. Teria que ir embora mais cedo e o pior de tudo, não queria ir naquela hora. Até porque, Flora quase dormia em seus braços e sabia que o dia havia sido muito puxado para a moça que se esforçou tanto naquele jantar.
-Flora. -Sussurrou, passando a mão no topo de sua cabeça clara para lhe chamar a atenção.
-Hm? -A morena levantou as esmeraldas cansadas e Helia se perguntou se deveria realmente ir naquele momento.
-Eu…preciso ir. -Anunciou e suas sobrancelhas claras arquearam.
-Mas, já? -Indagou, arrumando o cabelo despenteado.
-Me desculpa.
-Tudo bem. -Disse prontamente e esboçou um sorriso discreto. -Vou te levar até a porta.
Ambos se levantaram do sofá e Miele se despediu do mais velho, pedindo para o mesmo voltar outra vez. A verdade é que a pequena também estava sonolenta e mesmo que no outro dia fosse sábado, a mais nova dormia cedo diariamente.
Flora levou Helia ao lado de fora do apartamento e encostou a porta, parando diante da mesma.
-Muito obrigada por hoje, Helia. -Agradeceu. -Fiquei muito feliz por você ter vindo apreciar o jantar conosco e eu amei o cacto. -Sentiu o rosto corar e o abaixou um pouco. Ela gostava mesmo de plantas e ele sabia disso.
-Eu quem agradeço. -Sorriu com sinceridade. -Nunca recebi um jantar, antes.
-Sério?
-Sim, geralmente, eu era o jantar.
-Ahh. -Flora havia ficado sem graça.
-Eu…gosto de estar com você, Flora. -Confessou e a moça levantou a cabeça para olhar em seus olhos expressivos, já que o rapaz era mais alto que si e pela primeira vez, viu um brilho surgir no centro deles, lhe enchendo de alegria.
-Eu também gosto de estar com você. -Disse meio aérea e depois, olhou para o lado. -Eu não sei se o gosto da minha comida te agradou mesmo! Fiquei preocupada a semana inteira e tentei montar um menu com bastante cuidado para você, porque…
Ele a beijou. Flora no começo, arregalou os olhos com o gesto surpresa vinda do homem, mas não se negou à correspondê-lo E DA MELHOR FORMA POSSÍVEL. O beijo foi diferente do primeiro que ele lhe dera. Aquele era bem mais ousado e forte, até porque, sentiu sua cintura sendo envolvida com seus membros superiores e parte de sua pele descoberta se aqueceu com o calor dos braços daquele homem. Sua língua dançava com a sua dentro das duas bocas e eles estavam se divertindo com a sensação boa do toque.
A morena se sentiu à vontade para explorar seu corpo durante o ato carinhoso, igualmente. Então, com um sorriso, suas mãos passearam por seus braços definidos com veias saltadas e costas, seus quadris largos e nadegas. O que fez o mestiço soltar uma risada em meio ao beijo desesperado e a morena sorriu também, podendo ver pela primeira vez, a falha que ele tinha entre os dois dentes da frente. Era um detalhe muito fofo em Helia! Flora arrepiou-se e aproveitou para respirar, buscando o ar que havia lhe faltado e voltou a beija-lo intensamente, porém, dessa vez, com os braços em volta de seu pescoço.
Helia também aproveitou cada segundo e se deixou levar, entregando-se pela primeira vez em oito anos, à uma mulher. Beijou Flora como nunca havia beijado antes e tomou cuidado para não se excitar dentre às provocações que a morena causava em si sem nem mesmo perceber. Era um beijo que ele quis dar em agradecimento pelo jantar, mas estava bem mais envolvido que o normal. Aproveitou que a moça levantou o rosto e beijou em seu pescoço. Encostou a testa na dela e respirou fundo, apreciando seu rosto corado com os olhos ainda fechados.
Beijou sua testa e disse: -Boa noite, neguinha.
-Boa noite, Helia. -Flora deu mais um selinho nele e ele à beijou de língua novamente, só que menos demorado que o primeiro, o segundo e…o terceiro e talvez, o quarto também…
Helia limpou seus lábios borrados de batom da moça, enquanto se desculpava pelo incidente e então, ele desceu para o estacionamento. Flora o assistiu caminhar pelo térreo e acenar para si.
A moça entrou no apartamento um pouco trêmula e aquilo era sinal de excitação. Pela segunda vez, Helia lhe à deixava assim. Também sentiu o coração ainda acelerado e sorriu, pensando no quanto seus sentimentos por ele eram bem diferente de seu primeiro namorado que teve com dezoito anos.
Ele havia lhe ajudado a lavar a louça, então, poderia trocar de roupas e dormir.
-Flora, por que seu batom está borrado? -Perguntou Miele e a morena sobressaltou de surpresa. Estava tão aérea que havia esquecido completamente da presença da irmã.
-Vamos dormir? -Rebateu, limpando os lábios rapidamente com os dedos. Recolheu as coisas e desligou a televisão.
Miele não perdia uma. Girou os olhos e então, suas esmeraldas encontraram uma jaqueta escura jogada em cima do sofá. A pegou, analisando a peça. Era do Helia, possuía até mesmo o cheiro dele! Iria guardar no cabide e amanhã, devolveria para o dono.
——
-Bom dia. -O mestiço sorriu ao garoto mais novo que retribuiu o sorriso.
-Bom dia. -Saudou animado. -Vai ser somente você, hoje?
-Sim. -Seus olhos pequenos alcançaram a tatuagem do pequeno dragão no antebraço alvo do menino. -Ficou bom, não é? -Pontou.
-Obrigado, não é nada comparado às suas ou às do Riven, mas eu gostei. -Observou sua própria tatuagem e sorriu com nostalgia. -Só doeu um pouquinho.
-Começa assim, depois, você faz outra e mais outra…
-Será? -Desafiou-se.
-Eu só não faço mais por conta do nosso trabalho. -Riu e ligou as caixas de som, conectando no bluetooth de seu celular. -Hoje de noite será sua primeira vez, não é?
-Isso, Brandon já tirou minhas medidas para a fantasia de construtor.
-Uma das primeiras coisas que você precisa ter na cabeça é que você precisa movimentar muitos os quadris. -Pegou nos quadris do ruivo e balançou. -Entendeu? A parte que mais chama a atenção em nós, são nossas partes íntimas. -Apontou para o local em si próprio. -Que nem precisa ser grande, o importante é destacar essa região.
-Okay.
-Barriga, quadris e bíceps são os mais notáveis e os que mais se sobressaem em nossos corpos. -Informou. -Então, vamos ensaiar.
Subiu no palco e passou a coreografia inteira com o ruivo.
-Jogou a perna para frente, vira a bota e repete. -Disse, sendo seguido pelo ruivo no ritmo da música que ele mais gostava e que milagrosamente, eles iriam dançar de novo, “Mad Love”. -Levantou a blusa, rebola. -Observou o ruivo repetir os movimentos sensuais e completou: -Não Timmy, não.
Observou o mais novo parar de dançar lhe olhar confuso.
-Você tem namorada? Ou namorado? -Questionou Helia.
-Não.
-Tem alguém que você goste muito?
Timmy olhou para baixo. Havia sim! E ultimamente, ela andava chateada consigo. Suspirou. Tecna era sua colega de quarto da faculdade, sua melhor amiga e seu amor platônico que mantia em segredo à alguns anos, a rosada fazia bico de cabelereira e era muito cabeça dura! Não entendia seus motivos por estar desaparecido ultimamente e vivia lhe cobrando explicações de tudo.
-Tem sim. -Respondeu emotivamente.
-Ótimo. -Sorriu e apontou ao espaço onde o público ficava. -Imagina ela na plateia e dança para ela, tenta seduzi-la com os movimentos de seu corpo.
-Isso acontece com você também? -Questionou fazendo Helia adotar a expressão séria por um instante. Era quase automático para si e no momento, como era muito experiente, não precisava mais pensar dessa forma para poder executar a perfomance, porém, andava com sua mente rondando uma mulher mesmo.
-Sim. -Respondeu.
-Sua namorada? -Perguntou o mais novo com curiosidade. Na mente de Timmy, stripper não podia namorar nem manter um relacionamento instável, entretanto, o mais velho dentre eles até mesmo já foi casado com uma militar. Ou seja, tudo é possível!
-Não. -Deu um meio sorriso. -Mas, ela é mais que uma amiga para mim.
-Tudo bem, vou fazer o que disse. -Se posicionou com mais confiança.
Helia se escorou no balcão, assistindo Timmy fazer a coreografia de uma forma bem mais sincronizada do que antes. Aquela tática foi ensinado por Brandon, ele quem lhe disse que imaginava a pessoa que ele mais desejava na plateia, mesmo que ela não estivesse.
Ao final, ele finalmente aplaudiu o calouro, Timmy não era totalmente desajeitado como na primeira vez em que ele esteve no bar, porém, no momento em que executou a coreografia impecavelmente correta, havia se tornado oficialmente um Especialista como eles. Deu um meio sorriso ao parabeniza-lo. Ele merecia o reconhecimento!
-Escuta, hoje à noite será sua primeira vez no palco e vão haver muitas propostas de programa.
-Programa?
-É. -Afirmou, cruzando seus braços. -Sexo por dinheiro. -Viu o ruivo assentir, afirmando que entendeu.
-Mas Helia, eu já tenho vinte e três, presumo que essas senhoras queiram rapazes mais jovens.
Helia soltou um riso curto e irônico, respondendo: -Nabu já tem trinta e até hoje, ele recebe muitas propostas nada decentes, ainda mais com a “fama” dos rapazes negros. -Fez um sinal, para que Timmy entendesse ao que se referia. -Os Especialistas são bem variados, tem negro, moreno, loiro, asiático e agora, um ruivo. Tem para todo mundo, compreende? E…nós não impedimos ninguém de entrar nesse ramo, isso fica à seu critério. -Sorriu e pois a mão no ombro do mais novo, o conduzindo até o balcão. Sentia-se como um irmão mais velho e talvez, Nabu tenha se sentido da mesma forma quando lhe ensinara sobre os strippers antigamente. -Agora, me conta mais sobre você.
-Eu sou estudante de engenharia civil na faculdade de Magix. -Informou, bebendo um pouco de água para recuperar o fôlego. -Uma vergonha aos meus pais que queriam que eu seguisse Advocacia. -Suspirou. -Agora, eu sou um stripper. -Riu com diversão.
-Está aqui para desafiar seus pais? -É, Timmy se comportava igual a si próprio, quando mais jovem.
-Estou aqui para provar a mim mesmo que posso fazer algo sem a influência deles.
Mais semelhante que o normal e isso lhe assustava um pouco, não queria que o ruivo parasse onde ele mesmo parou, ainda mais, novo como ele.
-Para onde foi todo mundo?
-Estão ocupados. -Disse Helia. -Amanhã, vamos treinar na praia.
-Sério?
-É, pegar uma cor, você está muito branco. -Riu e Timmy se olhou, levantou o olhar castanho claro e sorriu.
-Demorou, eu adoro praia! -informou alegre. -Eu até surfo.
-Nós também.
——
Flora verificou o endereço no mapa de seu iPhone com a capa da pantera cor-de-rosa e olhou o estabelecimento lotado de público feminino e um pouco do masculino também, depois, direcionou o olhar para a mensagem onde Tune havia lhe enviado uma foto do tal bar “Fonte Vermelha”. Não tinha erro, era ali mesmo! Se aproximou timidamente, apertando a bolsa contra o corpo.
O segurança alto e careca lhe direcionou um olhar intimidador, fazendo Flora se encolher mais. A música alta ecoava de dentro do local e os gritos histérico femininos ficavam cada vez mais altos e agudos. Ergueu uma quantia de dinheiro e o segurança lhe prendeu uma pulseira vermelha de borracha no pulso, com o nome “Inferninho” estampado em neon. Engoliu em seco e adentrou, segurando uma sacola de papel com força para não ser levada por aquelas mulheres extasiadas.
No começo, havia pensado em levar a jaqueta até a casa do mestiço, mas não achou que seria bem-vinda, pois não foi convidada pelo seu…Ahn…”amigo”, digamos assim. Bom, amigo este com quem trocou beijos e mensagens, mas tudo bem!
Caminhou até o camarim, porém, não achou que seria barrada por outro segurança. Este, parecia medir mais de dois metros de altura e era bem mais forte e intimidador que o da portaria.
-Não tão rápido, menina! -Repreendeu o brutamontes, erguendo a palma da mão em sua direção, lhe impedindo de seguir à diante. -Posso saber o que também, veio fazer aqui?
-Eu…queria entregar isto à uma pessoa. -Lhe mostrou a sacola de papel reciclável que segurava.
-Claro, todas querem. -Rebateu impaciente, soltando uma risada irônica no fim da frase.
-Não, eu preciso entregar essa jaqueta ao Helia! -Insistiu.
-Aham. -Deu de ombros e Flora suspirou, tentando não se frustrar com aquela situação. E se mandasse uma mensagem no celular do mesmo? Não, não queria incomodá-lo. Era seu horário de serviço e isso seria injusto. -Fique aqui, quando acabar o show e algum deles te reconhecer, eu libero sua entrada.
-É sempre assim! -Ouviu uma voz melodiosa, porém, irritada ao seu lado e direcionou o olhar para baixo. Havia ali, uma moça bem magra e esbelta, era descendente de asiáticos. Seus cabelos lisos e escuros brilhavam, seus lábios eram finos e bem rosados. Parecia uma boneca de porcelana. Estava sentada em uma cadeira de rodas e bufava com impaciência. -Todas as vezes me aparece com essas gracinhas, por acaso sabe quem eu sou? -Sim, ela tinha um temperamento nervoso e passou a resmungar em outra língua.
-Silêncio, senhorita! -Pediu o segurança seriamente.
-Claro. -Girou os olhos, depois os direcionou à figura morena e baixinha ao seu lado. -Oi.
-Oi.
-Também veio ver seu macho?
-Como é? -Seu rosto corou e a garota asiática riu, achando fofo a atitude da morena.
-Se veio ver algum daqueles homens ali? -Apontou ao palco. Flora lançou seu olhar adiante e seu queixo quase caiu ao assistir os cinco dançarem vestidos de construtores. Se surpreendeu ao ver Nabu no meio deles, sabia que o ex-marido da prima era stripper, mas não sabia que era ali que ele trabalhava. Seu olhar alcançou Helia e seu rosto corou mais um pouco ao assisti-lo rebolar e tirar a roupa com sensualidade, contudo, tinha que se acostumar.
-Caramba, ele é muito gato, não é? -Indagou a garota cadeirante entusiasmada, também assistindo a apresentação dos rapazes, enquanto gritos de incentivo vinham da platéia escandalosa.
-É sim…-Sussurrou distraidamente, mas então, Flora percebeu que não era Helia quem a garota elogiava e sim, o moreno à direita, tatuado com cabelos tingidos de vinho e o olhar cheio de perversão.
Eram namorados? Só poderiam ser!
Mas as coisas só melhoraram, depois que o loiro pareceu meio atrasado e passou a fazer a coreografia ao lado dos outros. No final, uma ruiva bem vestida apareceu no local, fazendo companhia à elas e sua expressão não era nada contente. Parecia preocupada.
-Oi, eu sou Bloom. -Disse a mulher ruiva vestida de social.
-Musa. -Disse a boneca.
-Flora. -Respondeu.
-É um prazer. -Saudou e tentou sorrir, mesmo parecendo impaciente e de certa forma, triste. -Eles já acabaram?
-Parece que sim. -Respondeu Musa atentamente, observando Timmy sair por último com a cueca box branca cheia de sédulas presas no cós.
Nabu entrou no camarim primeiro e de imediato, reconheceu Flora e as outras, as deixando entrarem no local.
-O que te trouxe aqui? -Perguntou o homem negro, se cobrindo com uma toalha. Nunca havia aparecido daquela forma em frente a mais nova e isso era um pouco cabuloso para si.
-Eu vim trazer a jaqueta que o Helia esqueceu lá em casa. -Ergueu, mais uma vez, a sacola reciclável e sorriu docemente ao mirar a peça de roupa dobrada perfeitamente dentro.
Nabu fechou o semblante amigável, passando a ficar muito sério. -E o que fez Helia tirar a roupa na sua casa, eu posso saber, Flora? -Estava aí, uma prova que Nabu continuava sendo o marido de Aisha, pois estava agindo igual à ela nos interrogatórios.
-Estávamos jantando.
-Ele foi jantar? -Perguntou ironicamente. -Só isso mesmo? Tem certeza?
-Sim. -A morena se encolheu um pouco. Será que fez algo errado?
-Acordou com pé esquerdo, não é, “macaco velho”? -Questionou Riven sorridente fazendo Nabu lhe erguer o dedo do meio, porém, seu sorriso maldoso se desfez, assim que seu olhar escuro encontrou com os pequenos de Musa. -Como veio parar aqui? -Questionou à moça cadeirante.
A mesma balançou as chaves do Volvo em frente ao rosto e ergueu uma sobrancelha. -Ao contrário do que você e o papai pensam, não sou uma inútil.
-Eu não penso que você é uma inútil, acontece que…
-Que meu pai te contratou para presar pela minha segurança. -Girou os olhos, enquanto imitava uma voz grossa.
Então, eles não eram namorados. Pensou Flora. Era uma pena! Faziam um casal tão lindo.
O homem se agachou, ficando na altura de Musa.
-Não fica chateada comigo, tá? Acontece que aqui não é lugar para você. -Ele maneirou na voz e lá estava Flora se questionando se eram um casal de verdade.
-Para você, também não. -Rebateu e Riven suspirou pesado. -Vim te ver dançar e tirar a roupa. -Confessou, segurando nas rodas finas da cadeira de rodas.
-E o que achou? -Perguntou curioso, chegando muito perto de Musa que sorriu.
E então, riu com gosto. -Quer mesmo que eu te diga? -Levantou uma sobrancelha maliciosa e Riven também riu, se levantando.
-Vamos para outro lugar, deixa só eu me trocar, tá bom?
Assentiu. -Ou pode ficar assim mesmo. -De longe, Flora pode perceber o quanto o rapaz achou graça da frase e o quanto isso lhe deixou, de certa forma, envergonhado também.
E então, três pessoas entraram. Uma delas era Helia que ria ao lado do ruivo, mas parou, assim que seus olhos azuis escuros alcançaram a imagem de Flora, lhe esperando com uma sacola reciclável nas mãos tão delicadas. Mas que exploraram bem seu corpo naquela noite, segurou o riso malicioso.
-Oi, neguinha. -Disse Helia, se aproximando da mesma.
-Oi, eu…vim lhe trazer sua jaqueta que você esqueceu lá em casa, ontem. -Mostrou, novamente a sacola, fazendo o mestiço lhe agradecer pela gentileza.
-Desculpa, eu nem lembrei.
Na realidade, havia ido embora com muito calor e por isso, nem sentiu falta do agasalho.
-Tudo bem. -Respondeu ela.
-Mas, já que você está aqui. -A abraçou e beijou carinhosamente o topo de sua cabeça, enquanto pegava a sacola de suas mãos.
-O que é isso? -Perguntou Nabu com o semblante fechado. Não estava nada satisfeito com aquela interação romântica do casal em sua frente e ambos lhe dirigiram a atenção confusa.
-Pegação? Um possível namoro? -Arriscou Riven risonho, porém, o mais velho continuava com uma carrancuda. -Chato para caralho, ein…
-Cala a boca, Riven. -Pediu de maneira séria. Flora ainda era uma menina e aquele seu amigo, cujo rebolava muito bem aquela bunda amarela asiática, estavam com interações íntimas demais, para seu gosto. -Onde se conheceram? -Quis saber, enquanto estreitava os olhos.
-No aniversário da Flora. -Respondeu Helia neutralmente.
-Pensei que fosse no meu casamento com a Aisha.
-Como assim? -Indagou Helia não entendendo. Porém, havia se afastado um pouco para se vestir.
-Vocês não se lembram? Estavam ambos presentes, lá. -Entretanto, Flora tinha apenas dezesseis anos e o seu amigo mestiço já tinha vinte. Óbvio que não foi no casamento, havia mesmo pensado que já se conhecessem antes, mas pelo visto…
-Não. -Respondeu novamente o asiático. -E como vocês se conhecem? -Perguntou mirando Nabu e Flora de cada vez.
-Ela é prima da minha mulh…ex-esposa.
Agora fazia total sentido para o mestiço, Flora possuía algumas semelhanças físicas com Aisha mesmo! -Entendi. -Respondeu pensativo e olhou para a morena. -Tá com fome? Quer jantar comigo, hoje?
A moça assentiu e o homem à conduziu à porta dos fundos, deixando todos para trás.
-Mas que “festinha” é essa aqui? -Questionou Brandon nervosamente.
-Você é sempre o primeiro a dar festas e com a mulher que você mesmo, diz não ter nada! -Musa chamou sua atenção lhe repreendendo, mas o rapaz rebelde deu de ombros, fazendo Nabu segurar a risada.
O moço de franja, à jogou para o lado com impaciência, estreitou os olhos castanhos e entrou no banheiro com sua roupa nas mãos. O homem negro novamente, lançou o olhar escuro ao casal subindo na moto. Helia parecia realmente gostar de Flora e conhecendo seu amigo, ele queria algo sério. Mal o mestiço sabe que a morena pertencia à família de Aisha e os pais de sua ex-mulher, que eram seus atuais tutores, eram totalmente contra a miscigenação entre brancos e negros.
Ergueu uma sobrancelha, observando Bloom e Sky conversarem sobre algo muito sério, por conta de suas expressões. Amanhã, provavelmente, o loiro irá estar de mal humor.
Enquanto isso, o refrão de “Mad Love” ecoava em sua cabeça e talvez era nisso que eles estavam embarcando mesmo, em um “Amor Louco” com alguém. Porém, somente ele ainda estava engatado no passado, e lhe fazia ter forte esperanças com Aisha novamente.
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