História Malaxofobia - Conversa

Pessoas como você sempre querem de volta
O amor que jogaram fora
E pessoas como eu querem acreditar em você
Quando você diz que mudou

All You Had To Do Was Stay - Taylor Swift

Sophie Cavaunagh.

 Aposto que na bíblia tem alguma parte que diz que seremos pesos pelas palavras que dissemos. Malditas sejam minhas palavras então.

 Uma semana se passou e eu continuo aqui, na cola de Louis Tomlinson, droga eu realmente pensei que fosse um caso comum que o cara apareceria logo, mas até agora, o querido assassino parece ter esquecido sua vítima, e isso só me prova duas coisas, ou ele está planejando algo maior pelo qual eu provavelmente não estou preparada, ou ele esqueceu da vítima depois que eu cheguei e salvei a vida dela.

 Claro que a primeira era mais aceitável, aliás, quem em sã consciência vai ter medo de uma ex agente do FBI sendo que pode matar Louis estralando os dedos? Isso eu tinha certeza, o cara atrás do Tomlinson tinha grana para estralar os dedos e a cabeça do meu cliente ir pelos ares, só que ele ainda não havia feito isso, o que era completamente estranho e fora dos padrões.

 – Eu disse que você iria trabalhar até as três da tarde. – Avisei Louis jogando o livro em cima da mesinha de canto anto – Faltam dez minutos e você tem mais um cliente para atender.

 – Pedi que agendassem ele justamente para esse horário. – Louis me surpreendeu – Você vai dar uma saída.

 – Eu dito ordem aqui. – me levantei caminhando lentamente até a mesa dele. Apoiei meus braços na mesa e encarei Louis face a face – Você obedece.

 – Nova regra princesa, minha namorada, minhas ordens, meu escritório, minhas ordens, minha vida, minhas ordens, quer mais? – me afastei subitamente ao ouvir aquilo.

 Tenho que confessar que nessa semana Louis tem se tornado insuportável, principalmente por que vai ter uma festa na empresa. A tal premiação para os advogados e eu tenho certeza que não quero estar aqui quando isso for acontecer.

 – Quero. – cruzei os braços o encarando, o jogo de quem desviava os olhos primeiros, adorava aquilo.

 Contei mentalmente até cinco e no quatro ele desviou os olhos para o computador. Venci novamente, adoro isso.

 – Harry Styles solicitou sua presença. 

 Afastei meus braços do meu corpo devagar. Por que eu disse que queria mais mesmo? Lógico que tinha sido para provocá-lo, mas aquilo era uma das armas que eu não esperava que ele usasse contra mim. Balancei a cabeça indicando que eu não iria, e Louis me imitou como se eu fosse algum tipo de criança e ele estivesse achando graça daquele tipo de coisa. Já foi um sufoco ficar no mesmo lugar que Harry quando fomos a primeira vez a cadeia, e olha que o Tomlinson estava lá mais dessa vez ele não iria estar e a menos que a cadeia sofresse um ataque não iria ter nada que me fizesse sair de lá sem responder as perguntas do Styles.

 – Vai continuar solicitando por que eu não vou. – respondi cruzando os braços novamente.

 – E não vai por que? – acho que os dias andando comigo fizeram Louis ser uma pessoa mais evasiva, agora ele me ataca com palavras sempre que pode, o que tem deixado nosso relacionamento um pouco conturbado – Por que tem uma foto com ele no escritório do Malik? Ou por que você e ele tiveram algo e eu sei que sim só que você não me falou?

 Eu não era obrigada a ouvir nada daquilo, por que diabos eu continuava ali?

 – Eu vou. – me direcionei a saída da sala – Não sou obrigada a ficar escutando você.

 – Você é paga para isso Cavaunagh. – me virei encarando Louis agora de pé, pelo visto ele queria mesmo me atingir de quem foi a ideia de torná-lo tão objetivo?

 – Não. – sorri falsamente abrindo a porta – Sou paga para te proteger, para escutar sua voz você tem as paredes e dê graças a Deus por que você não tem de pagá-las para isso.

 Sai de seu escritório sem escutar nenhuma objeção, pelo menos ele entendeu o que eu quis dizer, ou não, já que eu não queria falar sobre aquele assunto. Talvez a sorte fosse que sua sala era repleta de artigos altamente tecnológicos agora e eu não iria precisar ficar de olho nele o dia todo, mesmo que a câmera em sua sala fosse conectada ao meu celular. O ruim seria se ele tivesse a brilhante ideia de comer alguma recepcionista dentro da sala, eu definitivamente não iria querer ver aquilo.

 Então Harry Styles queria me ver, ok, eu iria até ele, mas só Deus sabe se eu continuaria fazendo essas visitas sempre que ele quisesse. Respirei fundo ao entrar no carro, eu tinha que manter a calma para dirigir. Pelo menos para dirigir.

 Em toda a minha vida, Harry só tinha significado o meu primeiro amor, claro que Louis não precisava saber daquilo, mas ele já sabia que eu e o Styles tínhamos algum tipo de relacionamento, principalmente quando ele viu o quadro dentro do meu carro, e principalmente quando Zayn colocou aquela porcaria dentro do seu escritório, ele era meu amigo, deveria estar do meu lado, mas não, lá estava o Malik colocando um quadro intimo nosso dentro do seu querido escritório que Louis podia entrar de vez em nunca.

 A grande queda da minha vida talvez tenha sido aceita no FBI depois da adoção. Quero dizer, eles não eram meus pais de verdade, mas eu deveria ter ficado na casa dos meus pais, com o meu irmão e não ter ido para uma base militar ser treinada, mas aos 7 anos de idade se alguém coloca nas suas mãos a possibilidade de ser uma super-espiã – sim disseram isso para mim – você vai aceitar. E é claro que eu aceitei, nada melhor do que ter seu sonho realizado pelo governo americano. Então eles me mandaram para Londres, e as viagens para cá se tornaram constantes, meus pais adotivos se mudaram para cá, meu irmão também, e com o tempo eu aprendi a ser controladora não só comigo, mas com os outros também. Exercer controle sobre tudo, menos sobre meus sentimentos, e descobri que não conseguia fazer isso da pior maneira possível.

 Me apaixonando.

 Se as coisas dependessem de mim claro que nada daquilo teria acontecido, mas acontece que nem tudo depende da gente, e essa é a grande porcaria que chamamos de vida.

 Bati a porta do carro assim que desci do veículo deixando minha arma dentro do mesmo, claro que não ia entrar com uma arma de fogo e atirar na fuça do Styles assim que ele entrasse no meu campo de visão eu tinha que preservar a boa imagem que o governo tinha de mim.

 – Boa tarde, agente Cavaunagh. – um senhor me parou no portão, e eu deduzi que ele fosse o diretor da prisão – Sou o diretor May, hoje é uma segunda-feira, e não costumamos receber visitas na segunda-feira.

 – Eu sei. – sorri com falsidade – Por isso não me surpreende que esteja aqui, e que o pedido tenha vindo para o meu advogado.

 – Que consequentemente é seu namorado também. – a piada interna entre nós dois era maravilhosa – Mesmo que o residente Styles teime em dizer o contrário.

 Então Harry estava abrindo a boca dentro da prisão para dizer que eu era guarda-costas de Louis, interessante saber, vou colocar na lista de motivos para bater em Harry Styles.

 – Alguma coisa mais? – perguntei querendo logo ver Harry e dar o fora dali.

 – Não. – o tal diretor saiu da entrada – Meus homens vão escoltá-la até a sala do interrogatório.

 – Por que ele está na sala de interrogatório?

 Naquelas circunstâncias eu deveria vê-lo em sua cela, não numa sala de interrogatório.

 – Ele quer reformular algumas coisas sobre a lavagem de dinheiro, e disse que só faria isso a senhorita, é por isso que está aqui.

 Meus olhos e os do diretor May se encontraram travando a batalha de quem desviava primeiro, infelizmente eu perdi. Entrei na prisão sendo escoltada pelos rapazes que antes estavam com o diretor na entrada, eles me dirigiram por um corretor extenso e vazio sem janelas ou nada assim, até uma salinha de porta verde claro, tão claro que para chegar ao branco não faltava muito.

 – Grite caso seja necessário. – um deles me alertou ao abrir a porta.

 – Sou uma garota diferente das outras. – respondi com um sorriso e entrei na sala.

 Era pequena e tinha um certo preso algemado sentado à mesa do meio. Não troquei uma palavra ao entrar, apenas me sentei a sua frente e o fiquei encarando, como se esperasse que ele dissesse alguma coisa que me interessasse ou que começasse a se perguntar por que aceitei estar ali, e principalmente por que não deixei que Louis fosse morto ainda.

 – Pensei que não viesse. – foram as primeiras palavras que saíram de sua boca.

 E aquela voz que eu gostava de ouvir um dia agora se tornava uma das coisas que eu mais odiava.

 – Meu advogado aceitou o pedido por mim, vamos dizer que temos uma relação complicada e ele queria me colocar longe dele por algum tempo. – coloquei minha armadura de mulher de ferro e cruzei os braços na altura dos seios me reclinando para trás, como se o mais longe possível da mesa onde ele estava apoiado fosse a melhor coisa a se fazer naquele momento.

 – Ele não é se advogado Sophie, ele é seu cliente. – as palavras saiam da boca dele como facas – Pare de mentir para mim, pelo menos para mim.

 – Você parou de mentir para mim em algum momento? – o desafiei – Parou Styles? Parou de brincar com meu coração por dinheiro em algum misero momento que teve do meu lado? A cadeia não se compara com o castigo que eu quero te dar.

 Ficamos em silencio depois das minhas palavras, parece que ele se incomodou com a maneira com que eu falei. Só que eu sabia que o silencio não ia durar tanto.

 – Te chamei aqui por preciso dizer algo, sobre a lavagem de dinheiro que eu não disse quando podia. – ele revelou encarando a mesa.

 Os olhos baixos, as mãos juntas em cima da mesa, o cabelo caindo sobre o rosto, ele não estava mentindo, realmente tinha algo para me falar.

 – Quantos anos quer que diminuam se a informação for correta? – era obvio o que ele queria confessando algo como aquilo na altura do campeonato.

 – Nenhum. – sua resposta foi fria, e logo depois ele levantou os olhos para me encarar – Mas antes que eu diga o nome de alguém por que não vamos falar sobre nós dois um pouco?

 Ele só podia estar brincando com a minha cara.

 – Não. – disse de uma só vez apoiando minhas mãos sobre a mesa e me levantando, me aproximei de seu rosto ficando tão próximo que ele poderia me beijar se quisesse – Quero o nome.

 – Você sempre foi intensa demais, e essa sua expressão só me prova isso. – ele sorriu, droga, aquele era o Harry doentio que foi preso e não o que eu conheci – Intensa demais para ser amada pela metade e é por isso que eu estou preso.

 – Talvez eu só tenha um coração amargo. – voltei a me sentar à sua frente o analisado, eu parecia estar lidando com outra pessoa agora.

 – Corações amargos já foram doces um dia. – será que Harry estava concorrendo a algum prêmio de boas frases dentro da prisão?

 – Eu não tenho tanto tempo, será que pode parar com as frases de Tumblr e dizer o nome?

 Eu devia ter algum problema, por que ficar no mesmo lugar que Harry estava me dando nos nervos.

 – Meu coração ainda bate por você. – revirei os olhos ao ouvir tal declaração fútil – O que é irônico por que ultimamente ele só apanha, não é?

 Me levantei novamente irritada passando as mãos pelo cabelo e logo depois subi em da mesa, ficando com os joelhos apoiados na mesma e dei um tapa no rosto de Harry que o fez virar a face rapidamente.

 – Me diz a porra do nome Harry, eu não quero ficar aqui ouvindo nada de você, suas declarações me dão nojo, principalmente de acreditar que já fui apaixonada por você, mas acredite se um dia sair daqui e eu ainda estiver com raiva vai desejar voltar para a prisão em dois minutos que ficar na mesma sala que eu sem ninguém me vigiando, então vamos amenizar minha raiva futura e me diga a merda do nome.

 Eu deveria estar vermelha de raiva, eu não tinha paciência quando o assunto era ele, e isso era visível, mas fiquei feliz quando não invadiram a sala me impedindo de bater nele, teria sido péssimo na verdade. Seu rosto avermelhado do lado esquerdo, lado que eu bati, se virou na minha direção e ele suspirou jogando a cabeça para trás levando o cabelo comprido junto. Os olhos verdes me encararam como se pudessem ver um tipo de verdade por trás dos meus olhos que eram castanhos. Até que ele abriu a boca:

 – Ethan Cavaunagh.

 Meus lábios se comprimiram numa linha fina e eu sai de cima da mesa soltando uma risada sem humor.

 – Eu vou embora daqui.

 Tentei ir até a saída, mas a voz dele soou de novo.

 – Volte aqui Soph, não seja tão infantil.

 – Ótimo. – me virei apenas para encarar a escória que ele havia se tornado – Volto quando eu estiver madura ok?

 Sai da sala batendo a porta por onde havia passado, e logo avistei o diretor do presidio vindo em minha direção por aquele incrível corredor branco.

 – Ficamos feliz com o resultado, ele realmente falou o nome de alguém. – havia um sorriso em se rosto.

 Seria péssimo acabar com aquilo, mas eu iria.

 – Falou o nome de alguém morto. – eu o desaminei, mas ele devia saber disso, não se pode confiar em Harry Styles – Lamento senhor, o nome que ele falou está no seu sistema sem dúvidas como alguém que não existe mais.

 – Mas afinal de contas quem foi Ethan Cavaunagh então? – o diretor parecia desanimado, mas eu podia jurar que estava mais que ele.

 – Meu pai. – respondi mostrado que entre nós dois, eu estava mais chateada com a resposta de Harry.