História Malaxofobia - Jantar

É perigoso se apaixonar
Mas eu quero queimar com você essa noite
Machuque-me
Há dois de nós
Estamos repletos de desejo
A dor do prazer e fogo
Me queime

Fire Meet Gasoline - Sia

Sophie Cavaunagh.

 Eu poderia ter dito não, eu deveria ter dito não na verdade, mas aquilo era diferente, ele não pediu me dando oportunidade de dizer sim ou não, ele me pediu dando a oportunidade de dize sim ou claro, o que era um pouco diferente, já que eu não teria como recusar, o que foi exatamente o que eu não fiz. Me deitei na cama a fim de entender o que estava acontecendo comigo, tudo bem já fazia mais de semanas que eu estava ali com Louis, quero dizer, já faziam mais de 15 dias que eu tinha que olhar para sua cara, e as vezes para o seu peito sem camisa, mas isso não mudava nada, não é? Eu continuava sendo a guarda-costas dele, e mesmo que eu tenha percebido que ele tem uma mão firme, e forte isso também não muda nada. As vezes para ignorar as coisas eu acabo não falando sobre elas, mas como aquele homem iria passar despercebido pela minha mente. Era nesse momento que eu não queria ter que chegar, no momento mulher, onde eu me pego pensando em como os cabelos dele são bonitos, e deveriam estar entre os meus dedos, em como eu adoraria que ele borrasse o meu batom com a sua própria boca, lembro-me exatamente do fim que teve quando eu pensei isso a primeira vez, e acredite Harry Styles está um pouco preso demais para contar o fim.

 Me levantei caminhando até o espelho, eu ficava bem de vestido, e pincipalmente com cores mais vivas, só que eu tinha que colocar para fora o que estava dentro de mim, então consequentemente pensava em usar preto e branco, preto representaria a dor e amargura, fora o ódio e a raiva, o branco significava o quanto eu tinha de sonhos, claros, e desejos que eu queria para a minha vida, mas que eu não conseguiria mais, por isso a maioria das coisas brancas que eu usava eram as camisas, e as jaquetas escuras por cima só serviam para mostrar que o meu ódio e a minha dor estavam por cima desses sonhos e desses desejos. Eu parecia uma menininha vestida daquela maneira, e isso era divertido, fazia tempo que eu não me olhava no espelho e me sentia viva como as cores do vestido. O celular em cima do criado-mudo tocou e eu sai da frente do espelho para atendê-lo vendo o nome de Niall brilhar na tela.

 – Horan? – Eu disse ao atender o telefone.

 – Soph? – Ele parecia estar ofegante – Graças a Deus, menina você pulou de um prédio para salvar uma garota.

 – Já está no jornal é? – Revirei os olhos me jogando na cama novamente fechando os olhos.

 – Claro que está. – Sua voz era de quem queria dizer “você banca a mulher maravilha e não era para estar no jornal sua louca? ” – De qualquer maneira, você me mandou uma mensagem a uns dez minutos, que dizia 384, tem certeza disso?

 Respirei fundo como se quisesse tomar ar para explicar aquilo. Eu provavelmente era a única agente do FBI que nunca mandei um 384 para alguém. 384 era um código de indicação, de que tínhamos alguém para indicar para o FBI.

 – Tenho sim; quero a garota que salvei dento do FBI. – Eu sabia que aquilo não era o melhor para ela, mas ela precisava se sentir parte de algo alguma vez – Quero que você seja o tutor dela, não a deixe ir para o campo de batalha nem para uma unidade de treinamento do campo, a menos que ela seja insistente, você é um agente esperto Niall, tecnologia, disfarces, ambiente, sem a sua consultoria o trabalho de ninguém em campo seria possível, ensine esse tipo de coisa para ela.

 – E como vai fazer para que ela entre como um agente especial tendo tantos privilégios? – Niall parecia querer zombar da minha cara.

 – Ela vai ter um tutor assim que entrar porque é uma Cavaunagh. – Eu disse o surpreendendo, e talvez surpreendendo a mim mesma.

 – E desde quando você tem uma filha? – O idiota ainda não havia entendido – Que eu saiba você é a última dos Cavaunagh.

 – Seu idiota, eu vou adotar a garota, esqueceu que é órfã?

 – Vai fazer com ela o que fizeram com você.

 Suspirei me lembrando de como foi passar três dias com minha família adotiva e logo depois ir para o FBI.

 – Mande fazer a papelada, não sei, fale com Zayn ele é advogado de pequenas causas deve entender disso mais que eu e você juntos, não tenho tempo para ficar no telefone contigo.

 – Não tem tempo por que? Algo aconteceu?

 A preocupação na voz dele me fazia sorrir.

 – Sim, aconteceu que tenho que escolher uma roupa para jantar com um cara, ainda hoje.

 [...]

 Louis voltou logo de sua suposta caminhada enquanto eu ainda estava no meu quarto. Várias coisas se passavam pela minha cabeça, inclusive por que o cara que perseguia o Tomlinson não havia mais dado as caras, mais ou menos desde o incidente na boate, mas eu tinha que ficar de olho. Fiquei a tarde toda na internet, parecia uma menina desesperada, mas na verdade só estava procurando uma maquiagem diferente, algo que identificasse que fosse para um jantar. Eu estava ficando louca porque alguém me chamou para sair, isso era tão adolescente sem precedentes ou alguma coisa assim. Tinha que admitir que não sentia esse frio na barriga de agora a um bom tempo, Harry nunca me chamou para sair, ele apenas se aproximou e disse que gostava de mim, que sentia uma atração, e depois ele me beijou. Não que eu ache que Louis tenha segundas intenções com esse jantar, é claro que ele tem, mas eu não posso deixar que essas intenções atrapalhem meu trabalho. Não se envolver com um cliente, era uma regra, e eu tinha que segui essa regra, eu tinha que seguir sim.

 Escutei o som da televisão ligar, e presumi que ele ia assistir alguma coisa, não era bom atrapalhá-lo, eu tinha que focar no meu trabalho, eu tinha aceitado jantar com ele, mas eu não iria fazer nada mais que isso. No fim, acho que colocar uma calça jeans e um casaco vai servir, a noite vai ser tão fria quanto eu planejo ser a mesa, então, não tem problema. Eu não vou cometer o mesmo erro.

Louis Tomlinson.

 Já eram quase sete da noite quando eu decidi bater na porta do quarto de Sophie. Depois do meu convite ela não saiu de lá nem para fazer vistoria na casa, era claro que o meu pedido a tinha deixado um pouco confusa, afinal, ela não mistura negócios e prazer. Respirei fundo e levantei a mão para bater na porta, mas ela foi mais rápida e abriu antes que eu pudesse bater.

 – Não esperava que viesse me buscar. – Ela brincou e eu dei um sorriso.

 Estava com uma calça jeans azul clara, o que já me deixou de sobreaviso, mas a camisa era preta e de mangas compridas. A maquiagem pesada como todos os outros dias, e o batom vermelho que parecia não poder faltar. O cabelo arrumado sempre da mesma maneira, ser curto não lhe dava a oportunidade de escolher como ele ficaria, mas nos olhos tinham um brilho diferente, um brilho destemido.

 – Vamos indo então? – Perguntei mordendo o lábio – A noite vai ser longa.

 Não era para ter soado tão maliciosamente malicioso, mas ela sorriu como e fosse nesse caso então eu deixei quieto apenas para que aquele sorriso não se apagasse. Tinha que confessar que eu foderia Sophie se ela estivesse com aquele sorriso nos lábios no dia seguinte, e logo depois me dissesse bom dia, mas eu tinha uma coisa me dizendo que eu não deveria tentar me aproximar, porque eu tomaria no meu cu depois.

 Descemos até meu carro, e ela deixou que eu dirigisse já que eu iria a levar a um lugar que provavelmente ela não conhecia e isso me deixava um passo à frente pelo menos agora. Ia levar Sophie a um barzinho, sei que prometi a ela um jantar, mas eu não fazia o tipo muito formal e ela também não. Iria aproveita a noite para tentar retirar coisas dela, coisas que ela não me contaria em outra ocasião, mas tinha que ser cuidadoso, não podia assustá-la e fazê-la fugir depois.

 – Chegamos. – Eu anunciei estacionando o local do lado de fora do estabelecimento. – Aí dentro toca country, tem caras da minha idade que parecem ter a do Simon, e mais, tem uma cerveja maravilhosa que combina perfeitamente com batata frita, mas se você quiser ir a algum lugar comer algo com um nome francês que provavelmente a gente não conseguiria pronunciar a gente vai.

 Ela gargalhou. Não foi um riso, ou um sorriso, ou uma risada gostosa, ela gargalhou assim como quem está sofrendo de cocegas.

 – Eu gosto de cerveja e batata frita.

 Desci do carro primeiro, com um sorriso no rosto indo até a frente e logo depois abrindo a porta para que ela descesse do carro, consequentemente me lembrando de quando ela pediu que eu fosse um cavalheiro, acho que os dias que passei com ela serviriam de alguma coisa afinal. Entramos no barzinho escolhendo uma mesa perto de onde havia uma sala, onde algumas pessoas dançavam, Sophie encarou aquilo e sorriu de canto como uma lembrança legal que ela tinha daquele tipo de coisa.

 – Então casal, o que vão querer? – Uma garçonete se aproximou perguntando.

 – Meu amigo aqui me disse que vocês têm uma cerveja boa para caralho e uma batata frita dos deuses então, pode trazer. – Sophie me surpreendeu falando daquela maneira.

 A Sophie formal de todos os dias havia tirado uma folga? Porque eu podia desejar que ela tirasse férias.

 – O mesmo para mim. – Disse para a garçonete que saiu rebolando para buscar o pedido.

 – Então Louis, por que me chamou para comer com você e não para ser a comida? – Encarei Sophie assustado, ela não falava assim.

 – Como é?

 – Estou brincando seu idiota, quero que me diga porque me trouxe aqui. – O sorriso de seus lábios era maravilhoso.

 Seus lábios também eram maravilhosos.

 – Porque queria saber mais sobre você, e como meu caçador tem lhe dado uma folga, eu queria aproveitar isso. Sei lá coisas normais, como, descobrir seu filme favorito, o que gosta de fazer quando não está a atirar nas pessoas, sabe esse tipo de coisa. – Dei de ombros a vendo sorrir.

 – Como se perguntar o que a pessoa gosta de fazer quando não está a atirar nos outros fosse a coisa mais normal do mundo.

 Ela balançou a cabeça sorrindo e a garçonete nos trouxe nossos pedidos. Sophie colocou uma das batatas entre os dentes, e vê-la comer chegava a ser sexy. Eu teria que orar assim que chegasse em casa, a minha mente está achando que ela comendo é uma coisa sexy, talvez eu só precisasse transar. Tomei um gole da cerveja enquanto via Sophie fazer o mesmo, ela realmente parecia ter gostado daquele tipo de comida, talvez, só talvez ela fosse como eu, ou algo assim.

 – Então Sophie, você se acha bem inatingível, não é? – Eu a provoquei com os olhos semicerrados, apenas brincando, claro.

 – Quando você arrisca sua vida, para a salvar de outra pessoa, nada pode te atingir porque você já está se alto atingindo. – Ela levantou o copo em minha direção e tomou mais um gole da cerveja.

 – Então você morreria por mim? – Não era bem naquele assunto que eu queria chegar, não queria que ela tivesse que morrer por mim.

 – Claro que sim, é meu trabalho.

 – Me dê outro motivo. – Pedi como se aquele não me fosse o suficiente.

 – Eu não fiz faculdade de direito, não sei defender pessoas em tribunais.

 Ri enquanto ela me respondia aquilo, ela tinha razão, mas se ela morresse, eu mal sabia puxar o gatilho de uma pistola. Olhei para a sala onde as pessoas estavam dançando e sorrindo, depois olhei para Sophie que acabava de comer as batatas, chegava a ser uma criança daquela maneira.

 – Esse nosso encontro dá direito a tudo? – A encarei com a sobrancelha arqueada, e ela pareceu querer jogar o resto da cerveja em mim, como se eu fosse um tipo de pervertido ou algo assim – Fique calma, estou apenas te chamando para dançar.

 Ela sorriu e eu me levantei enquanto ela pegava minha mão e vinha atrás de mim até a pista de dança.

 – E agora um dos pedidos da noite, I will always love you. – Olhamos o cara em cima do palco e logo depois a música começou a tocar.

 Sophie se aproximou do meu corpo e colocou os um dos braços no meu ombro, e o outro ela segurou minha mão. Não sabia se podia, mas meio receoso toquei sua cintura e comecei a conduzir nos dois sobre a música, era um cover, nada parecido com a versão original, mas dava para criar um certo suingue.

 – A música é deprimente. – Ela sorriu encostando a cabeça no meu ombro.

 – Eu sei, mas pense, se tivéssemos que encenar o guarda-costas certamente esse seria nosso tema, e eu te abandoaria no final. – Juntei um pouco mais nossos corpos percebendo o quão receptivo ela estava.

 – Alguém sempre abandona alguém no fim, Louis. – Ela me olhou, e percebeu os quão próximos nós estávamos – Só não entendi ainda o porquê de você ou eu ainda estarmos aqui.

 – Porque você ainda não levou um tiro por mim, como no filme. – Brinquei e ela me abraçou balançando conforme a música.

 – Me deixe sentir, que pelo menos por essa noite, não sou sua guarda-costas Louis.

 Afaguei seus cabelos continuando a dançar.

 – Não se preocupe, hoje à noite, eu vou proteger você.