O pequeno Sasuke andava pelas largas calçadas da vila, voltando para casa depois de mais um dia na Academia Ninja. Estava chateado, pois o hábito costumeiro de ser buscado pelo irmão havia sido quebrado. Itachi estava em missão e a ausência do mais velho tornava a caminhada solitária.
Prosseguia cabisbaixo, colocando em ordem todos os desabafos que tinha com o outro sobre Naruto, seu típico rival. Não gostava de como o menino se comportava, era sozinho e, talvez por isso, rebelde também. O loiro tinha a ambição de ser o melhor ninja, mas não esperava receber ajuda ou auxiliar os amigos no caminho.
O que havia acontecido no horário de treinamento ainda estava na cabeça pensante do moreno.
— N-Naruto-kun, eu… — Hinata, nervosa, começou. — Gosto de você — disse, enquanto batalhava contra o Uzumaki.
— Eu não gosto de você, Hinata.
As palavras do menino magoaram fortemente a Hyuuga. Apesar de Sasuke não conhecer o significado de gostar de alguém de verdade, Hinata sabia e tinha esses sentimentos por anos. Com o coração partido, a garota deixou um grande bico dominar seu rosto e os olhos perolados se encherem d'água.
— Você não tem direito de falar assim com ela, Naruto! — Sasuke revidou, sentido com a situação.
— Quem você pensa que é para me dizer o que eu devo ou não falar? — Zangado, mostrou a língua em descontentamento e logo deixou o campo de treinamento.
Sentido pela amiga e ainda com o ocorrido em mente, fechou o cenho automaticamente, sem perceber que fazia isso aparentemente sem motivo algum para os outros ninjas de Konoha. Desfez a expressão quando os olhos negros alcançaram Hinata, sentada na beira da calçada, aos prantos, e Naruto se afastando de perto da menina.
— Hina-chan! — Correu até ela, preocupado. — Hina-chan, o que ele te fez?
— Ele disse que só gosta da Sakura e que eu sou uma feiosa, Sasuke-kun — a pequena disse chorando.
— Eu vou jogar ele no lago! — afirmou, raivoso pela atitude do outro.
— Não, Sasu! Você vai ficar de castigo se fizer isso. — Impediu o garoto, segurando-o pelo pulso e viu de longe o Uzumaki zombando dela.
— Grr… — resmungou.
Era notória a tristeza da amiga. O brilho que o encantava agora estava ofuscado pelas lágrimas ingênuas.
— Eu não concordo com ele, Hina-chan. Você é tão bonita quanto a mamãe — disse, sentando-se ao lado dela na calçada.
— Você acha, Sasuke-kun? — perguntou, secando o rosto e encarando o menino.
— Sim! Não é à toa que você é uma princesa… — Seu comentário fez Hinata curvar os lábios num pequeno sorriso.
Apesar de distrair a amiga, sua estratégia fez ela ficar feliz apenas por meros segundos. Mesmo sendo verdade que achava a pequena Hyuuga a menina mais linda de toda a vila, ela continuou triste, lembrando-se das palavras de Naruto.
— Ei — Sasuke chamou por ela —, não vai ficar assim por causa dele, não é? O Uzumaki é um bobão e você é poderosa — afirmou, fazendo ambos se recordarem da derrota do loiro no treinamento.
— Poderosa… — ela repetiu a palavra rindo e concordando.
— Por que você gosta do Naruto, Hina-chan? — perguntou curioso.
— Todas as meninas gostam dele… — respondeu. — Você gosta de alguém, Sasuke-kun?
— Só de você — afirmou e a menina riu, inocente.
— Sem ser como amiga, seu bobo.
— Mas eu gosto de você, Hina-chan — falou outra vez. Quando ela entendeu, virou um verdadeiro tomate.
O silêncio nunca tinha sido tão constrangedor entre as crianças. Sasuke sentiu pela primeira vez as borboletas no estômago e Hinata o fervor da vergonha.
— Ah. — Sem saber se o que fez foi certo, Sasuke procurou uma desculpa para sair da situação. — Vou indo, não quero que o papai brigue comigo por atraso.
— Eu também não quero que o meu fique bravo! Até amanhã, Sasuke-kun — ela disse, levantando-se juntamente ao moreno e pegando-o de surpresa ao deixar um beijo em sua bochecha.
De onde criou coragem para corresponder a um sentimento tão ingênuo quanto o do amigo? Ela não sabia, mas agir por impulso pela primeira vez não foi motivo de arrependimento para as crianças.
Esse foi o primeiro laço que tiveram de muitos, pois nenhum dos pequeninos era capaz de enxergar o fio vermelho que levavam no menor dedo da mão. Enquanto a corda fina se alongava, eles pegavam distância sem saber que em poucos anos ainda voltariam a se encontrar.
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