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História May I have this dance? - Vamila - Capítulo 2. - História escrita por LoisLane897 - Spirit Fanfics e Histórias
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História May I have this dance? - Vamila - Capítulo 2.


Escrita por: LoisLane897

Notas do Autor


Sorry se tiver algum erro de formatação...o texto foi copiado e colado do wattpad, então pode dar algum bug.

Capítulo 2 - Capítulo 2.


Camila retocava a maquiagem em frente ao espelho, quando num flash se viu nos braços de Dalila, que apontava uma arma para a lateral do seu corpo.

"Eu vim fazer justiça pela morte do meu pai." A loira falou puxando a morena em direção à porta.

Camila olhou para o reflexo da loira no espelho.

"Quando eu vim aqui hoje, eu vim pra matar você" Dalila falava baixo próximo ao ouvido de Camila "Mas depois dessa festa tão bonita, eu mudei de ideia... Eu não vou mais matar você. Você sabe o que eu vou fazer?"

"Dalila, me solta. Por favor."

"Eu não vou te matar, pode ficar tranquila. Qual seria a graça de te matar? Tudo acabaria pra você....você nem viveria para pagar pela morte do meu pai... Eu tive uma ideia melhor, eu vou matar outra pessoa... sabe quem?.... A sua noivinha"

"Dalila, não. Para com isso, pelo amor de Deus." Camila sentiu um mal estar, como se tivesse subitamente faltado o oxigênio no ambiente.

"Nós vamos lá pra fora agora e eu vou matar a sua querida esposinha bem na sua frente. Vou tirar de você o que você mais ama, assim como você fez comigo."

"Não, Dalila. Eu matei seu pai, eu atirei nele... se você quer vingar a morte dele, me mata!"

"Eu sei que você matou o meu pai.... assim como eu vou matar a sua noivinha e vou te deixar viva pra enterrar ela e passar o resto dessa sua vida miserável sabendo que ela morreu por sua causa....você vai ter o sangue dela nas suas mãos, assim como você tem o sangue do meu pai, sua assassina infeliz"

"Dalila, fui eu que matei seu pai. Ela não tem nada a ver com isso.... Eu nem conhecia ela. Eu atirei nele... pelas costas...me mata agora e você finalmente faz justiça pelo seu pai"

"Cala boca, sua infeliz, eu sei o que você está tentando fazer... se você continuar falando do meu pai, eu faço a vagabunda da sua namoradinha sofrer até você implorar pra eu matar ela de uma vez..."

"Por favor, Dalila. Eu te imploro, não faça nada com ela... Por favor, pensa na sua filha.."

"Você não ouse falar da minha filha, sua desgraçada!"

"Dalila, eu não quis matar o seu pai, eu não tinha escolha, ele teria matado a minha mãe. Eu tinha que salvar a vida da minha mãe."

"E você salvou...Mas agora vai pagar com a vida da sua amada. Vamos lá pra fora pra você olhar pra ela pela última vez...você vai ficar quietinha, ouviu? Nós vamos lá pra fora e você não vai abrir essa sua boca, se você tentar fazer qualquer coisa pra proteger aquela infeliz, eu mando mais alguém pro inferno junto dela... menos você, porque você vai viver pra pagar pelo que fez." Dalila começou a puxar Camila para fora do banheiro.

"Não, Dalila. Não! Por favor, eu te imploro, deixa ela..." Camila gritava.

"Camila! Camila" De longe, ela ouviu uma voz que a chamava. Abriu os olhos e não conseguiu enxergar muita coisa, estava num quarto escuro. Sentiu que o corpo estava coberto de suor, o coração batia forte contra o peito e mal conseguia respirar.

"Calma, Cá. Tá tudo bem" Ela reconhecia aquela voz. Era a voz de Valéria.

"Val..." Aos poucos, seus olhos foram se adaptando ao escuro e ela conseguiu enxergar o rosto da ruiva. Valéria estava em pé ao lado da cama onde Camila deitava. Ainda estava no hospital.

"Eu tô aqui, meu amor. Foi só um pesadelo. Tá tudo bem" Disse a ruiva.

"Val..." Camila falou, ainda se sentia meio tonta. "Ela me disse que ia te matar."

"Meu amor, foi só um pesadelo...já passou" Valéria dizia enquanto acariciava o cabelo de Camila.

"Eu tava no banheiro, de repente ela apareceu do nada...aí ela me disse que tinha ido à festa pra matar eu mas tinha mudado de ideia e ia matar você..." Camila falava agitada

"Cá..." Valéria segurou a mão de Camila.

"Eu pedi pra ela me matar, mas ela disse que iria atirar em você na minha frente... Eu implorei e ela disse que ia tirar de mim o que eu mais amava como eu tinha feito com ela... Ela iria atirar em você" A morena começou a chorar.

"Meu amor...já passou.... foi só um pesadelo."

"Será que foi mesmo? Parecia tão real..."

"Acho que sim, Cá. Afinal, ela não tentou me matar..."

As duas ficaram em silêncio por alguns segundos. Valéria segurava a mão de Camila enquanto acariciava o rosto da morena com a outra mão. De repente, ela lembrou. Ela estava atrás de Rania quando Dalila surgiu com Camila no braços. Será que Dalila realmente não pretendia matá-la e acabou desistindo pra não atingir a avó?

"Cá, nada disso não importa mais, agora acabou, nós estamos aqui... juntas."

"Deita aqui comigo" Camila falou ainda ofegante.

"Cá, a gente tá no hospital...as enfermeiras vão me por pra correr daqui se eu deitar com você aí."

"Eu digo que foi minha ideia. Elas não vão reclamar da pobre moça que levou um tiro. Vem... Eu já tô bem melhor. Eu preciso te abraçar..."

Camila se moveu devagar na cama para dar espaço para Valéria subir. A cama era mais larga que uma cama de solteiro comum, tinha espaço pras duas, ainda que ficasse meio apertado.

"Você é doida" Disse Valéria sorrindo e subindo na cama. Ela se ajeitou ao lado da morena, passando um braço ao redor de Camila que deitou a cabeça no seu peito.

"Assim tá bem melhor" Disse Camila.

As duas ficaram em silêncio por alguns minutos. A cama, embora apertada, era mais confortável que a poltrona na qual Valéria já dormia há duas noites.

"Vai ficar tudo bem, meu amor. Talvez leve um tempo, mas vai passar. E eu vou estar aqui do seu lado" Valéria disse.

"Eu sei que ela não pode mais fazer nada com a gente, mas eu ainda sinto medo, Val. Desde que eu acordei, eu sinto medo o tempo todo...uma sensação de que alguma coisa horrível vai acontecer"

"Cá, é normal, você passou por uma situação traumática... É normal sentir medo, mas vai passar. Não vai acontecer nada com a gente... Nós vamos superar tudo isso, eu te prometo. Você confia em mim?"

"Sempre."

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No dia seguinte, Camila teve alta. Havia reagido muito bem a cirurgia e ao pós operatório. A cirurgia não havia sido muito invasiva, uma vez que a bala se alojou muito próxima à pele, entre o músculo e a camada de gordura na lateral das costas, um pouco acima do quadril. Foram ao todo 3 dias no hospital, teria apenas que voltar alguns dias depois pra tirar os pontos.

Valéria tinha ficado com a morena o tempo todo, os Nasser haviam trazido roupas e coisas pessoais da ruiva para o hospital. A poltrona ao lado da cama de Camila havia sido a sua casa nos últimos 3 dias. Ela se sentia exausta e da última vez que havia se olhado no espelho do banheiro do quarto, não estava muito apresentável. Mas nada daquilo importava, embora jamais teria imaginado que passaria os dias seguintes ao seu casamento daquele jeito, Valéria em momento algum achava a situação ruim, uma vez que tudo poderia ter sido muito pior. Com Camila, ela passaria o resto da vida daquele jeito, se fosse necessário.

A morena havia passado boa parte dos últimos dias dormindo em razão dos analgésicos que tomava para não sentir dor. Quando estava acordada, falava pouco e parecia distante na maior parte do tempo, principalmente quando a família vinha visitar. Os momentos em que parecia melhor era quando ficava sozinha com Valéria.

Naquela manhã, as enfermeiras haviam levado Camila para tomar banho e trocar de roupa. A morena conseguia ficar de pé, embora estivesse ainda um pouco fraca. Valéria estava no quarto arrumando as coisas para ir embora. Rania havia ido ajudar Camila, Miguel tinha ficado no quarto ajudando arrumar as coisas.

Enquanto finalizavam de guardar os pertences, uma médica jovem entrou no quarto.

"Bom dia." Falou cumprimentando Valéria e Miguel "Meu nome é Marina, eu sou a médica psiquiatra de plantão aqui hoje. Uma enfermeira me avisou que a paciente havia ido se trocar, então resolvi aproveitar e vir aqui rapidinho pra conversar com a família...são vocês?"

"Sim, somos nós" Respondeu Miguel "Eu sou o pai dela e essa é..."

"Valéria, eu sou a esposa dela" Completou Valéria antes que o sogro pudesse continuar.

"Então, pessoal. Eu vou ser breve pra aproveitar que ela não está aqui e já deve estar voltando... a equipe que acompanha a Camila me pediu pra vir aqui. Eu estive vendo o prontuário dela, vi tudo o que aconteceu e relataram aqui que ela vem tendo pesadelos, etc."

"Sim, ela teve pesadelos essa noite..."

"Então, como ela passou por um trauma muito grande, é muito difícil que ela vá sair daqui e tudo vai voltar ao normal amanhã, entendem? É bem possível que ela experiencie algum episódio de estresse pós traumático. Tem paciente que desenvolve isso até por ficar preso em elevador..."

"E o que é isso exatamente?" Perguntou Valéria.

"Oscilações de humor, por exemplo. Uma hora ela pode parecer bem, daqui a pouco pode estar chorando.... Um quadro depressivo, se fechar no mundo dela, pesadelos, crises de pânico, sentimento de culpa pelo que aconteceu....enfim... tem muita forma de manifestar."

"E o que a gente pode fazer, Dra? Perguntou Miguel.

"Dar tempo e espaço pra ela, inicialmente....Sem tentar pressioná-la a ser como antes, entendem? O que eu quero dizer é que é muito provável que leve algum tempo pra tudo voltar ao normal..."

"Uhum, a gente entende..."

"Eu gostaria muito de vê-la no meu consultório daqui uns dias e a gente pode continuar conversando e ver como isso tá desenvolvendo, pode ser? Aí a gente vai ver como vai tratar... Mas por enquanto eu queria falar com a família pra vocês estarem cientes de tudo isso...e terem paciência....com o tempo e o tratamento certo, tudo volta ao normal."

"Sim, Dra. A gente vai fazer tudo pra tornar esse momento mais fácil pra ela. Nós vamos levá-la até o seu consultório, com certeza. O que for melhor pra ela..." Valéria disse.

"Ótimo, eu vou deixar marcada uma consulta no meu consultório pra essa semana. Vou pedir pra minha secretaria entrar em contato. Vou deixar aqui meu cartão, qualquer coisa vocês podem me ligar, mandar mensagem, se for urgente... enfim. Pode ser até que não aconteça nada e ela pareça normal....mas em situações assim, é muito comum a pessoa desenvolver esse quadro, mesmo que não seja imediatamente, entendem? Então, eu acho muito importante esse acompanhamento... porque quanto antes for tratado, antes a gente consegue controlar. Não é bom ignorar...."

"Obrigada, Dra. Nós vamos procurá-la sim." Disse Miguel enquanto Valéria pegava o cartão da médica.

"Obrigada" Disse a ruiva.

"De nada e boa sorte...qualquer coisa me avisem. Vai ficar tudo bem" A moça sorriu e se despediu e deixou o quarto.

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Alguns minutos depois, Camila e Rânia voltaram ao quarto. A mais velha tinha os braços ao redor da filha, que aparentava ainda estar muito fraca, embora parecesse saudável. Camila vestia uma calça de moletom e uma blusa branca de manga longa.

"Então, vamos?" Perguntou Miguel sorrindo para a filha.

"Vamos, pai."

"Ah, meninas. Nós gostaríamos de pedir uma coisa pra vocês..." Falou Rania.

"Pode falar, mãe..."

"Nós gostaríamos que vocês ficassem lá em casa....pelo menos por alguns dias, a gente queria ficar perto de você filha pelo menos por enquanto..."

"Mas, mãe..."

"Eu sei que vocês recém casaram e querem ficar sozinhas. Mas você ainda tá muito fraca, Camila. Eu quero poder cuidar de você, te alimentar.. Eu já preparei o quarto que era seu e da Cibele... tirei a bebê de lá pra vocês ficarem..."

Camila olhou pra Valéria. Não parecia muito contente com o convite da mãe, mas também não parecia convicta a recusar.

"Amor, se você quiser, a gente vai.... talvez seja mesmo melhor a gente ficar perto dos seus pais" Valeria respondeu, imaginando que estar perto da família pudesse fazer bem para a morena naquele momento delicado. Rania tinha razão, Camila precisaria se alimentar bem e o hotel onde elas estavam não tinha cozinha, além de que Valéria mal sabia fritar um ovo. Sair pra comer fora não seria uma opção, dado o estado de Camila. Viver de ifood também não parecia uma boa ideia.

"Tudo bem, pode ser." Camila sorriu timidamente.

"Então, vamos?" Perguntou Miguel

"Vamos" Rania respondeu com o braço ao redor da filha, começou a caminhar.

"Mãe, a Val pode me levar."

"Ah, claro... vem cá, Valéria. Você é mais forte que eu mesmo."

Valéria tomou o lugar de Rânia passando o braço ao redor de Camila, embaixo de onde ficava o curativo da cirurgia. Camila passou o braço nos ombros da ruiva, apoiando um pouco do peso. Sorriu e deu um beijo na bochecha da esposa.

"Viu, só, gente... me digam se eu não tenho a melhor esposa do mundo." Valéria sorriu ao ver uma das poucas demonstrações de ânimo em Camila nos últimos dias. Também era a primeira vez que Camila havia se referido a ela como minha esposa.

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No caminho para casa Camila passou a maior parte do tempo em silêncio, assim como no restante daquele dia. Quando anoiteceu, os membros da família estavam sentados na sala conversando descontraidamente. A morena raramente se engajava em algum assunto, respondendo apenas quando era perguntada.

Depois de algum tempo, Camila levantou e subiu. Valéria ficou conversando com a família por mais algum tempo, até resolver subir também.

Ao entrar no quarto, viu Camila em pé, sem nada da cintura para cima, usando apenas a parte de baixo de um pijama. Estava em frente a um espelho e olhava as costas.

Valéria notou pela expressão no rosto da morena que Camila não estava feliz com o que havia acabado de descobrir.

"Cá, o que aconteceu?" Falou olhando de Camila para o reflexo no espelho.

"Isso... aqui...olha o tamanho disso... é horrível" A morena respondeu olhando o reflexo do que ainda era uma espécie de machucado com alguns pontos pretos. Um corte de mais ou menos uns 10 centímetros, ainda bastante vermelho e inchado, ao redor uma mancha roxa que se espalhava.

"Cá..." A ruiva entendeu imediatamente que Camila estava em choque com o que estava vendo. Embora não fosse algo muito grande, Camila era extremamente vaidosa e a ferida era e provavelmente sempre seria bem notável em suas costas.

"Vai ficar uma cicatriz horrível" Disse a morena com os olhos marejados.

"Amor..." Valéria queria dizer que seria só uma cicatriz e em vista de tudo o que poderia ter acontecido, era insignificante, mas resolveu não falar nada e deixar Camila processar a situação. Certamente não era fácil para a morena, sempre tão preocupada com o corpo e a aparência, ver uma cicatriz indesejada que a marcaria para sempre.

"Eu sei que parece bobagem, Val... mas..." A morena começou a chorar e em alguns segundos estava soluçando. "Eu me sinto feia...eu sei que parece ridículo mas eu nunca mais vou poder usar um biquini ou uma blusa mais curta... todo mundo vai olhar pra isso."

Valéria se aproximou e a envolveu em um abraço.

"Shh... tá tudo bem, chora se você precisa chorar... vai ficar tudo bem. Não é ridículo. Você tem todo o direito de se sentir assim. Mas Camila" Valéria olhou nos olhos da esposa. "Nem virada do avesso você seria feia."

Camila riu com os olhos cheios de lágrimas.

"O que seria de mim sem você?"

"Eu também não sei. Você é uma mulher de muita sorte." Valéria falou brincando, buscando descontrair o clima.

"Eu sou." Camila respondeu olhando nos olhos da ruiva que retribuía o olhar. Camila se aproximou devagar e beijou a esposa. Valéria sentia o gosto das lágrimas. Apertou a morena ainda mais forte no abraço.

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Nos dias seguintes, Camila não demonstrou muita mudança, ainda parecia muito distante. Valéria abordou o assunto da consulta com a médica,  a morena apenas concordou em ir e não falou mais nada.

Todos estavam comprometidos em dar o espaço que ela precisava e deixar as coisas fluírem normalmente, sem tentar pressioná-la. Passava a maior parte do tempo no quarto, embora houvesse concordado em ir até o hotel com Valéria buscar algumas coisas delas. A ruiva achou que seria uma boa ideia a morena sair um pouco de casa, uma vez que Camila já estava bem melhor, conseguia andar se sentir fraca.

"Vamos dar uma volta?" Ela perguntou quando entraram no carro pra voltar pra casa.

"Onde você quer ir, meu amor?" Valéria ficou empolgada com o convite, considerando que Camila não parecia se interessar por nada ultimamente, parecia um bom começo.

"Vamos no Ibirapuera, dar uma caminhada, sentar na grama...sei lá....dar uma respirada."

"Ótima ideia!" Valéria respondeu sorrindo e ligou o carro.

Ao chegar no parque, as duas foram até a orla do lago, onde sentaram. Camila pegou a mão de Valéria e segurou, entrelaçando os dedos e apoiando a cabeça no ombro da ruiva.

"Obrigada, Val..."

"Obrigada por que, amor?"

"Por tudo isso...por ser tão paciente. Eu sei que não está sendo fácil pra você, Val"

"Cá, você não tem nada pra me agradecer. Tá tudo bem..." Valéria respondeu tirando uma mecha de cabelo do rosto da morena.

"Eu prometo que tudo vai voltar ao normal"

"Você não precisa prometer nada...e não precisa ficar carregando mil culpas...tá tudo bem. O que aconteceu com você, poderia ter acontecido comigo e com qualquer pessoa. Nós vamos superar juntas."

"E como você está? A gente só fala de mim, de como eu me sinto... E você?"

"Pra falar a verdade, eu tô muito feliz... Camila, eu vi você atirada no chão coberta de sangue... Eu pensei que fosse te perder pra sempre... E você tá aqui, tá viva, então só vejo motivos pra estar feliz."

"Mesmo que a gente não esteja na Europa na nossa lua de mel tomando champanhe numa banheira enorme e ao invés disso estamos dormindo numa cama apertada e ouvindo a Cibele cantar no chuveiro de manhã cedo?"

"hmm...por mais tentadora que a ideia de estar com a senhora numa banheira enorme seja... mesmo assim." Valéria sorriu e beijou a testa de Camila "Eu sou feliz contigo em qualquer lugar, Camila."

"Eu também estou feliz, na medida do possível... por mais que ainda esteja tudo confuso...eu só sinto falta da nossa vida, sabe? Da gente. Do nosso espaço... Eu não quero mais ficar muito tempo na casa dos meus pais."

"Sobre isso, eu tenho uma surpresa pra você"

"Ah é? O que é?"

"Se eu te falar, deixa de ser surpresa. Vou te mostrar essa semana"

"Você sabe que eu sou ansiosa, quero saber logo." Camila falou manhosa. Valéria sempre amava aquele jeito de menina manhosa de Camila. Mimar a morena era provavelmente o que ela mais gostava de fazer na vida e, naquele momento, se sentiu satisfeita em ver Camila de novo assim.

"Ué, se acalma, moça.... Eu também tô com saudades do nosso cantinho... Mas a gente tem o resto da vida pra viver no nosso cantinho.... e logo nós vamos fazer nossa viagem também. Não vejo a hora de levar a minha esposa pra conhecer o mundo"

"Eu amo isso, sabia?"

"O que?"

"Ser sua esposa."

"Eu também amo." Valéria sorriu, dando um selinho em Camila. "E agora eu não consigo tirar essa imagem de você numa banheira enorme da minha cabeça" Camila riu e puxou a ruiva para um beijo.


----------

Camila caminhava em direção a um altar. Usava um vestido branco. Estava em um lugar muito parecido com o lugar onde havia se casado com Valéria, mas não havia ninguém e o lugar era escuro, havia vários flores no chão, todas murchas. Ela sentia frio.

Quando chegou ao altar, percebeu que havia alguém ao seu lado. Ao se virar, imaginou que encontraria Valéria. Mas não era a ruiva. Era Paul.

"O que...?" Perguntou confusa.

"Ta pronta, meu amor?" Ele sorriu de um jeito que a fez sentir medo. Ela olhou em volta, assustada.

"O que tá acontecendo aqui? Onde eu estou?" Ela olhou pro vestido que usava, havia manchas vermelhas.

"Camila?" A morena ouviu a voz de Valéria. Virou-se e viu a ruiva que a olhava a alguns metros de distância. Parecia não entender nada. Vestia o vestido que usara no casamento.

"Val.." Camila iria correr em direção a ruiva quando Paul a segurou pelo braço de maneira violenta.

"Cá, o que tá acontecendo aqui?" A ruiva a olhava com uma expressão triste e confusa.

"Me solta" Camila disse com raiva para o homem, tentando se desvencilhar.

"Shh, fica quietinha"

"Camila vem! Vamos embora" Valéria falou.

"Fala que você não vai com ela" Camila sentiu um frio na espinha ao ouvir uma voz que imediatamente reconheceu. Uma voz fria. Era a voz de Dalila "Manda ela embora agora ou eu vou matá-la..." Camila só conseguia ouvir a voz da loira, Dalila não estava no lugar.

"Faz o que a gente tá mandando, meu amor" Paul falou sorrindo.

"Manda ela embora. Diz que você ama o Paul e você vai casar com ele"

"Não, me solta..." Camila tentava se desvencilhar.

"Faz o que eu te mandei agora ou ela morre." Dalila repetiu.

"Camila, vem comigo, vamos embora... " Valéria parecia desesperada.

"Faça logo o que eu estou te mandando"

"Não, Val.."

"Fala o que eu mandei .... eu estou perdendo a paciência."

"Eu não posso ir, Val"

"Por quê não? Camila a gente não pode ficar aqui!"

"Rápido, manda ela ir embora ou eu vou acabar com ela."

"Porque sim. Você precisa ir.... eu quero ficar." Camila sentiu a bile subindo pela garganta ao ver a expressão de Valéria. A ruiva parecia prestes a chorar, o rosto retratava tristeza e algo que Camila nunca havia visto antes...decepção. A morena sentiu como se alguém apertasse o seu coração.

"Cá, não é verdade. Vem comigo, a gente vai achar um jeito de sair daqui"

"Diz que você quer ficar com ele..."

"Vai embora, Val. Por favor.... eu... eu.... eu quero ficar com ele."

"Não, Camila. Eu sei que não é verdade."

"Vai embora, Val"

"Não, Camila. Eu não saio daqui sem você. Ele está te ameaçando, eu sei. Camila, me fala a verdade...seja lá o que ele ameaçou te fazer, eu não vou te deixar aqui."

"Eu vou matá-la...."

"Val, vá embora agora! Eu..." Ela sentiu como se não pudesse respirar "Eu...eu.... eu não amo você, eu não quero ficar com você!"

"Diz que foi um erro...que você se confundiu...faça ela ir embora de uma vez!"

"Eu sei que não é verdade, Camila"

"É verdade, Val. Eu sinto muito. Eu quero ficar com ele, eu não amo você"

Valéria a olhou com os olhos cheios de lágrimas.

"Por quê?"

"Vai!" A ruiva virou e começou a caminhar saindo do lugar. Camila sentiu as lágrimas escorrerem pelo próprio rosto. Ela olhou Paul que ria da cena, ainda segurando o seu braço.

Camila respirou fundo. Ela não podia deixar Valéria ir embora acreditando em tudo aquilo.

"Vá pro inferno!" Falou para o homem, se desvencilhando de Paul. Começou a correr em direção a Valéria.

"Val!" Ela gritou. A ruiva virou, Camila começou a correr em sua direção quando ouviu um barulho. Era um tiro.

A roupa de Valéria começou a ficar vermelha na altura do abdômen. Ela levou a mão a área atingida, ainda olhando pra Camila.

"Não!" A morena gritou e correu em direção a ruiva, que caiu. "Não! Val...Por favor...Não!"

"Acorda, Cá!" Camila despertou. Se sentia novamente como no último pesadelo. O corpo suado, coração acelerado, respiração ofegante.

"Val..."

"Foi só mais um pesadelo. Ta tudo bem"

Camila ficou em silêncio, apenas tentando recuperar o fôlego. Embora ela soubesse que esse pesadelo não era real, ainda assim parecia que tudo aquilo havia acabado de acontecer.

Valéria deitava ao seu lado, segurando sua mão. Ainda ofegante, Camila virou-se e abraçou a ruiva que a abraçou de volta, passando uma das mãos pelas suas costas.

"Shh... tá tudo bem."

"Eu te amo, você sabe disso, não sabe?" Camila perguntou desesperada, ainda lembrando do jeito que Valéria a havia olhado no sonho.

"Claro que eu sei, meu amor... Camila, o que aconteceu?"

"Não importa... eu só preciso que você saiba que eu te amo."

"Eu sei disso... e eu também muito amo você."

Camila se afastou para olhar nos olhos de Valéria, o quarto estava escuro, entrava apenas um filete de luz pela janela, que iluminava o suficiente para enxergar o rosto. Com a ponta dos dedos, traçou os contornos do rosto de Valéria, que fechou os olhos. 

Camila se aproximou devagar e encostou os lábios nos de Valéria, que imediatamente respondeu. 

Lentamente, o beijo ficou mais intenso, Camila que já estava sem fôlego, mal conseguia respirar.  Sentiu as mãos de Valéria descendo pelas suas costas e arrepiou-se ao sentir as unhas da esposa encostando devagar na sua pele, o corpo esquentou e subitamente parecia que faziam 50 graus no quarto. Camila sentiu algo crescendo dentro de si, algo que ela já não sentia desde o ocorrido. Se sentia viva novamente.

Valéria subitamente quebrou o beijo e se afastou ofegante.

"Cá, a gente não precisa....se você não quiser, se você ainda não se sentir bem. A gente pode esperar, meu amor"

"Não, eu quero." E novamente beijou a ruiva, passando a língua pelos lábios de Valéria bem devagar "Eu preciso.... preciso sentir você....A gente já esperou demais..."



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