Point of View of Thomas Daniel Anderson
As semanas estavam voando na escola. Matérias fáceis, pessoas chatas e professores implorando atenção. Graças a Deus agora tinha Anny de volta, assim podia concentrar meus esforços em pregar mais peças na garota que também me servia como inspiração para as punhetas diárias quando acordava de pau duro.
Charlotte andava estranha desde o trote de Anny onde ficou órfã do seu Crimson até ele voltar zerado da concessionária, o que a obrigou a andar no meu humilde carro. Parecia que ela estava escondendo algo de mim, além de incorporar os cabelos roxos definitivamente no seu visual, só para irritar a ruiva. Senti falta de suas orgias escancaradas nas redes sociais e já planejava arrastá-la para balada comigo naquela noite. Minho tinha dormido em casa pois eu estava ajudando-o em biologia e logo teríamos as tão famosas provas que valiam nota super alta. Éramos melhores amigos desde que ele entrou na escola. O asiático também era uma das poucas pessoas que eu confiava na vida. Era sexta e estava entediado enquanto seguíamos para a escola. Me irritava com o excesso de felicidade que minha prima e ele cantavam Taylor Swift no carro. Sempre me questionei por que os dois nunca ficaram, já que eram unha e carne e gostavam das mesmas coisas. Um lampejo brilhante cruzou minha mente, evaporando meus pensamentos bizarros entre os dois se pegando.
- Vá para o Starbucks! – pedi no banco do carona, olhando ansioso para nossa motorista.
- Tommy, já tomamos café! Assim vamos chegar atrasados – protestou.
- Charlie, Charlie, Charlie. Sinto o tédio dominando seu ser e uma pontinha de bondade brotando nas suas mãos. Pelo amor de Deus mulher, STARBUCKS! – ordenei aos gritos.
Ela mudou de caminho e passou no lugar, onde pedi dois frappès daqueles bem melados, cheio de cobertura e coisas em volta.
- Pra que isso Thomas? – Minho questionou, sabendo que eu detestava aquele tipo de coisa.
- Não é pra mim. É pra Anny! – Charlotte começou a gritar, mas tapei sua boca com minhas mãos – Digamos que... ela vai ficar bem docinha hoje! – arqueei a sobrancelha, piscando para minha prima. Ela sacou o recado e acelerou até a escola.
Minho foi reclamando até a entrada do prédio, não concordando com a minha armação. Ele era 100% correto. Nunca consegui desvirtuar aquele garoto. Quem sabe seria minha meta para a faculdade.
- Pronto. Ela está ali! – apontei na direção da garota, sentada em um banco, perto de algumas árvores – Vou até lá, puxo papo com ela e você joga o frappè dentro da bolsa – Charlie assentiu e deu a volta na praça da escola. Primeiro certifiquei-me de que Newton não estava por perto para atrapalhar meus planos.
- Bom dia Greene – me aproximei devagar sentando ao seu lado, fazendo a ruiva ficar de costas para a bolsa – Eu queria saber se você, bem, se... – dei uma enrolada até minha prima ficar bem próxima da bolsa.
- Fale logo Andreson, não tenho o dia todo – pareceu apressada.
- Você pode me ajudar com uma matéria? Estou realmente com dificuldade em literatura e soube que seu desempenho anda muito bom – na verdade eu detestava literatura e seria ótimo receber alguma ajuda naquilo.
- E o que eu ganho em troca? – cruzou as pernas e mordeu os lábios provocativa. Neste instante Charlie despejou o conteúdo do copo em sua bolsa, saíndo de fininho do local. Toquei o rosto de Anny com ambas as mãos, retribuindo a provocação.
- Ganha o que você quiser – mostrei meu corpo como parte da oferta – Basta escolher!
- Vou considerar a proposta – deu um tapinha no meu rosto, levantando-se e partindo dali com sua bolsa sem perceber que lá dentro tudo estava melecado.
Bastaram alguns metros para a ruiva sentir algo pingando em suas pernas. Congelou os movimentos quase que na entrada da biblioteca e enfiou a mão dentro da bolsa.
Com um grito ensurdecedor, Anitta tacou tudo no chão e ajoelhou-se em volta de seus pertences, tentando salvar alguma coisa. Antes que mirasse seus olhos possivelmente raivosos em mim, corri para bem longe da cena, satisfeito com mais uma pequena peça. Me questionei o por que tinha feito aquilo, afinal, ela nunca fez nada para me prejudicar. Mas a maldade já estava no sangue e nem se fizessem uma transfusão completa no meu corpo eu me curaria.
Point of View of Charlotte Elizabeth Grey
Pata. Pata. Pata. Anitta continua a mesma pata choca de sempre. Estava fácil demais provocar aquela garota e já bolava outras coisas para colocar em pratica em breve. Agora tinha aula de geografia, mas planejava cabular aquela droga irritante da Sra. Kavanah. Assim que saí do banheiro feminino, alguém me agarrou com força e me prensou contra a parede dos armários.
- Eu vi o que você fez! – era Newt tirando satisfação pelo pequeno incidente entre o frappè e sua prima. Sua face estava séria, o que me deixou satisfeita.
- Nem vem gracinha. Aquilo não foi idéia minha. Só ajudei na execução.
- Das duas uma, Grey: ou você me obedece hoje, ou conto para Anny, o diretor Stevenson e até o Papa Francisco as maldades que você vem fazendo contra ela.
- Eu? Te obedecer? Tá maluco né, garoto? Virei sua sub e você meu dominador? – estalei a língua, testando-o.
Aproximando-se do meu ouvido, ele sussurrou - Hoje é sexta. Significa cabular aula, fumar um, vagabundear por ai e quem sabe eu roube um beijo seu. Sei que curte. Quero mesmo testar você como minha submissa! Vamos? – deu o braço para que o acompanhasse para fora da escola antes do sinal tocar.
Nem tinha como contestar. Tudo que saia da boca daquele garoto era convidativo demais, provocativo demais, instigante demais. Fomos até o estacionamento e entramos no seu Mini Cooper.
- Onde foi parar sua moto?
- Resolvi dar folga pra ela hoje, pois já planejava te sequestrar agora cedo. E tem muita coisa ali no banco de trás e seria impossível carregar tudo na Ducati.
Lancei um olhar e vi uma cesta, um violão e outras sacolas. O que ele planejava? Um pique nique típico de comercial de margarina feliz?
Fugimos do estacionamento e rodamos até a balsa, seguindo para Bainbridge Island, até Venice. Estacionou o carro na Sunset Avenue e me levou para a pequena orla da praia, com areia clara e macia. Sacou uma imensa toalha xadrez de uma das sacolas, repousou a cesta em cima e distribuiu o restante dos itens ali em cima: vinho, taças, queijos, torradas, damasco, amêndoas, castanhas e pãeszinhos, deixando o guarda-sol de lado, já que o tempo estava nublado.
- Vai comprar sua sub com comida? – sentei na areia, me espreguiçando. Tirei minha jaqueta de couro preta, expondo uma blusa transparente acinzentada. Ele não negou uma secada, principalmente quando o vento soprou minha micro saia para o alto, expondo uma boa parte das minhas coxas, revelando a cor da minha calcinha.
- Vou te comprar com amor – devolveu sentando-se de frente pra mim, já tirando os sapatos e a camisa.
- Então é assim que será meu sequestro? Queijos, vinho e um magrelo com dominador?
Um tanto quanto incomodado, rebateu rapidamente – Posso ser magrelo, mas garanto que você está bem intrigada sobre minha performance entre quatro paredes. Sua calcinha azul fio dental que diga! - provocou, virando uma taça inteira na boca, como um perfeito animal.
Não contive o riso escandaloso pela coragem de dizer aquilo. Ficamos a manhã inteira ali beliscando as coisas e grande parte da tarde também, além de acabarmos com os dois baseados que ele havia trazido. Conversamos basicamente sobre música, filmes, seriados e viagens incríveis. O loirinho era igualmente apaixonado pela saga Star Wars e Senhor dos Anéis, além de nutrir uma paixão exagerada por filmes antigos e histórias em quadrinhos. Ainda não tinha decidido o que era mais encantador: ele tentando me agradar ou aquele sotaque britânico do cacete que me entorpecia a cada 20 segundos.
Após um tempo, Greene foi até seu carro buscar o violão, programando algo brega e ridículo. Mal ele sabia que eu de-tes-ta-va rodinhas de viola. Esparramou o corpo na areia, levemente alterado, deu um pigarro e ajeitou o instrumento.
- Tenho uma música para você! – orgulhoso, estava pronto para começar a cantar.
- Todos tem uma música pra mim! – falei com desdém.
- Não sou Louis Tomlinson e nem Shawn Mendes. Estou por dentro das coisas que você faz e com quem faz! Mas sei que vai gostar, embora você me lembre muito o homem de lata de Mágico de Oz – me surpreendi com o fato dele saber da minha fama de pegadora no mundinho artístico.
Quando arriscou os primeiros acordes com a ponta dos dedos, já sabia o que cantaria – cretino – gritei para mim mesma, mas sorrindo por fora. Beating Heart da Ellie Goulding? Really, Greene? Todos sabem que eu não tenho um coração.
“Eyes make their peace in difficulties
With wounded lips and salted cheeks
And finally we step to leave
To the departure lounge of disbelief
And I don't know where I'm going
But I know it's gonna be a long time
And I'll be leaving in the morning
Come the white wine bitter sunlight
Wanna hear your beating heart tonight
Before that bleeding sun comes alive
I want to make the best of what is left hold tight
And hear my beating heart one last time
Before daylight”
Deixei ele cantar e cantar. Tinha uma voz boa e tocava bem violão. Arrisquei o refrão mentalmente na minha cabeça, sem dar o gostinho a ele de que eu estava curtindo aquilo e a forma fofa como ele incorporava um perfeito galã na minha frente. No final eu sorri e agradeci a música de letra baunilha – esse termo me lembrava Christian Grey. Estava um pouco cansada dele sempre tentar controlar a situação, então sugeri que voltassemos para Seattle porque queria levá-lo a um lugar que eu gostava e o fim da tarde era ideal para aquilo. Curioso, guardou rapidamente tudo no carro e voltamos para a cidade. Pedi que entrasse no porto.
- Não tenha receio Greene. Minha família é dona dessa droga. Tenho carta branca para circular lá dentro – tranquilizei o loirinho, que parecia temer com minha ação.
Paramos o carro perto das docas e levei ele até uma grande embarcação abandonada, atracada na parte mais afastada. Com o violão nas costas, subimos até a parte externa do navio, sentando na proa alta, com vista para o mar.
- Então é aqui que você se esconde? – estava num misto de curiosidade e excitação.
- Todas as vezes! – sorri – Você é o primeiro que trago aqui. Considere-se um cara de sorte. - Ele debruçou o corpo na borda do navio, encarando a altura daquilo.
- E eu sou. Estou com você. Quer sorte maior que essa? – Bang! Como ele era ótimo na arte de dar respostas lindas e esperadas por qualquer garota de 17 anos. Mas eu não era qualquer garota de 17 anos. Eu era A GAROTA de 17 anos! – Quero ouvir você cantar! Escolha uma música – me desafiou, ajustando o violão no colo.
- Eu não canto.
- Qual é Charlie, por mim! Uma música só! Lembrando que hoje sou o dominador. Quero ouvir sua voz e desvendar um pouco do seu gosto musical, embora já perceba que você é uma salada mista nesse quesito e deve curtir muita coisa dos anos 80! – era verdade. Eu curtia – Aproveite que esse seu cabelo roxo ficou interessante em você e surpreenda-me com seus dotes vocais! – provocou. Ao menos ele curtiu a porra do meu cabelo roxo. Ficaria com ele assim mais alguns dias. Não ia dar o gostinho da vitória a Anitta tão cedo.
- Tá bom, vai. Uma antiga Greene. 4 non Blondes, “What’s up”.
- Anda assistindo muito Sense8, não Srta. Deep Purple? – brincou em meio a risadas sinceras – Okay. Vamos lá. Quero ver se você se conceta com a música e comigo.
Levantei, respirei fundo, esfreguei meus olhos e fui. Mas fui com tudo mesmo, afinal, eu sabia aquela letra de cor e salteado e cantava me achando uma rock star quando ia no karaoke com Minho. Nas primeiras frases que saiam da minha boca, Newt me olhava espantado e empolgado, tanto que se levantou e manteve-se ao meu lado, tocando sem parar.
Chegando no climax antes do refrão, seus olhos de chocolate entorpeceram os meus e antes de gritar a melhor parte da música comigo, me encorajou extasiado – Estamos conectados Charlie! Os dois juntos agora, vamos lá garota:
“And so I wake in the morning
And I step outside
And I take a deep breath and I get real high
And I scream at the top of my lungs
What's going on?
And I say: Hey! yeah yeaah, Hey yeah yea
I said hey, what's going on?”
Wow, tinha que admitir que aquilo era libertador. No final da canção Newt largou o violão e me deu um mega abraço apertado, onde eu seria capaz de passar horas envolvida por aquele garoto. Quando finalmente amoleci e cogitei beijá-lo, afastou-se de mim e começou a mexer no celular, colocando uma música. Depositou o aparelho sobre a caixa velha de madeira ao nosso lado, curvando-se na minha frente.
- Me concede a honra desta dança?
- Jimmy Hendrix, Little Wing? – questionei espantada.
- É o mais romantico que tenho aqui na playlist. E essa letra tem tudo a ver com você. Me surpreenda que saiba quem foi Hendrix. – estendeu a mãos e eu aceitei.
- Jimmy Marshall Hendrix, nascido em 27 de novembro de 1942. Guitarrista, cantor e compositor norte-americano nascido em… tchan, tchan, tchan, tchaaan: Seattle! Morreu com 27 anos de overdose em Kensington, Londres – falei séria, surpreendendo ele com aquilo.
Passei meus braços em volta do seu pescoço e ele colocou a mão na minha cintura, nos aproximando. Nos movemos pra lá e pra cá, tentando acompanhar o ritmo “lento” da melodia.
- Não sabia que era um Wikipedia ambulante, Srta. Grey! – soltou um risinho, me instigando.
- Sou um poço de cultura, Greene – balbuciei no pé do seu ouvido, suprando um ar frio.
Ele guiou meu corpo pelo espaço, ditando como deveria proceder na dança. Rodopiei algumas vezes a seu pedido, sempre sem despreender meus olhos dos seus. Minha respiração estava descompassada e sentia um leve frio na barriga toda vez que ele grudava seu corpo novamente ao meu. Greene não estava muito diferente de mim e pude notar uma certa tensão em seus lábios enquanto eu os fitava rapidamente. Nos calamos por um instante, curtindo o momento e ouvindo a letra linda da canção de Hendrix. Sua mão febril comprimia a minha, entrelaçando nosso dedos. Já estava tarde e o sol se punha a nossa frente, produzindo uma luz alaranjada que refletia em seu rosto alvo de bochechas rosadas. Meu Deus, eu estava pronta da devorar aqueles lábios finos que faziam minha boca salivar de vontade e desejo. Antes que a música acabasse, ele deu mais um rodopio comigo e me jogou em seus braços, curvando o corpo sentido ao chão.
- Wow Newton, isso foi…
- Argh! Eu vou fazer essa porra do meu jeito! – ele me cortou com violência.
Quando dei por mim, sua boca já procurava a minha com fugacidade, sem pedir licença com a língua. De repente, eu estava em seus braços, agarrando seus biceps, tentando compreender aquilo. Sua pele era macia e lisa e seu corpo estava colado ao meu, onde pude sentir o calor através da sua camisa. Isso era excitante. Era tragada para dentro dele e sem querer soltei um gemido de prazer quando deslizou suas longas mãos pela minha clavícula e repousou-as atrás da minha nuca, brincando com meus cabelos entre seus dedos. Queria soltá-lo, mas fiquei surpresa com a minha relutância. Beijei-o de verdade agora, fazendo nossas línguas se enrelaçarem numa dança sensual. Confesso que estava excitada e totalmente molhada somente com aquele beijo. Deixei minha imaginação me levar para longe, supondo as coisas que seria capaz de fazer comigo na cama. Mas pelo que eu estava sacando, demoraria um pouco para acontecer e estava feliz com aquilo. Feliz pelo fato de não ser apenas um objeto nas mãos de um homem. E eu esperaria por ele. Era só estalar os dedos que pela primeira vez na vida Charlotte Elizabeth Grey estava realmente de quarto por alguém. Prazer, Sr. Greene, sou sua nova sub, senhor! Mordi seus lábios, arrancando um rangido insaciável dele.
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