Mina On
No dia seguinte, na escola, levei o caderno de Chaeyoung. Como todos os dias, eu a esperava. Hoje o dia estava frio, minhas mãos estavam congelando e o vento forte me incomodava bastante, fazendo meu corpo tremer.
Avistei Jihyo se aproximando. Eu não entendia direito como estava nossa relação, mas eu queria muito voltar a falar com ela, era a pessoa que eu mais confiava e sua amizade me fazia falta.
-Mina, o que está fazendo aqui fora? Está frio. - Ela disse ao se aproximar.
-Estou esperando Chaeyoung. - Falei sorrindo timidamente.
-Ok, mas não fique muito tempo exposta ao frio, pode pegar um resfriado. - Jihyo sorriu para mim e saiu.
-Tudo bem, obrigada pela preocupação. - Me curvei para ela e depois virei para frente, a espera de Chaeyoung.
Então quer dizer que eu e Jihyo estamos bem? Sorri com essa ideia, depois eu falaria com ela e me entenderia melhor.
Já estava quase perto da aula começar e nada de Chaeyoung, eu estava morrendo de frio e não estava verdadeiramente com roupas adequadas. Olhei apreensiva para a entrada então o sinal tocou, o que me fez ir para a sala, Chaeyoung não viria para a aula, ela ao menos deveria ter avisado. Voltei para a sala desanimada.
-Então ela não veio? - Jihyo perguntou.
-Não. - Falei me sentando ao seu lado.
-Poxa... - Jihyo falou.
Mina Off
Passei a noite desenhando, quando olhei para o meu celular para ver as horas dava quase uma da manhã.
-Poxa, acabei demorando demais nisso. Pior que meus pais nem me avisaram. Espera, cadê eles? - Me questionei, então desci até a sala e peguei o celular da casa e vi a mensagem dos meus pais. Eles iriam dormir na casa da minha tia.
Voltei para o meu quarto, arrumei minha cama, me deitei e fiquei olhando para o celular, lembrando das mensagens de Mina. Ela era muito engraçada. Como ela poderia ser tão divertida? Eu poderia ter passado mais tempo com ela, certamente eu me divertiria mais. No final acabei pegando num sono e quando acordei no dia seguinte eram nove horas da manhã.
-NOVE HORAS? - Me levantei correndo, mas parei na entrada do meu quarto. - Por que eu estou correndo? Já perdi o horário, vou voltar a dormir. - Me deitei na cama e dormi, aproveitei pois o dia estava muito frio.
Acordei novamente e fui olhar as horas, agora eram duas da tarde. Como eu poderia dormir tanto?
Desci para me trocar e fazer compras. Eu estava com fome. Assim que terminei de me trocar peguei meu celular e Mina havia me mandado várias mensagens.
[Mina Pinguim 10:00]: Oi, tudo bem com você?
[Mina Pinguim 10:30]: Aconteceu alguma coisa? Por favor me diga algo.
[Mina Pinguim 10:31]: Eu estou preocupada.
[Mina Pinguim 13:10]: Chae?
[Mina Pinguim 13:30]: Quando ver minha mensagem por favor me ligue, ou me envie mensagens.
[Mina Pinguim 13:54]: Desculpa incomoda-la, mas eu senti sua falta na escola. Por favor quando visualizar minhas mensagens me responda.
[Mina Pinguim 13:58]: Esta mensagem foi apagada
-Uau, eu deixei a Mina bem preocupada. - Sorri ao ler suas mensagens.
[Baby Tiger]: Oi, desculpa não ter ido para a aula, eu perdi o horário, sem querer dormi um pouco tarde e acordei tarde. Hihi De qualquer forma nos vemos amanhã na escola.
[Baby Tiger]: Senti sua falta... e das meninas também. Hihi
Guardei meu celular no bolso da calça e fui até o mercado. Já estava anoitecendo quando cheguei lá. Eu precisava comprar alguma coisa para comer. Andei pelo mercado atrás de macarrão, a prateleira tinha uma variedade de macarrão.
Andei olhando para as prateleiras quando que sem querer esbarrei em alguém.
-Aí! - Reclamou a pessoa.
-Desculpa, não prestei atenção em você. - Encarei a garota e ela era um pouco menor do que eu, tinha cabelos longos e loiros, ondulados nas pontas, ela usava um chapéu de palha que eu achei engraçado e tinha uma cara brava. - É... sério, me desculpa. - Pedi olhando para os seus olhos, que estavam quase me fuzilando.
-Ei, não precisa ter medo. - Ela falou – Eu só tenho essa cara de brava, mas eu não mordo. - Ela sorriu para mim.
-Desculpa, não queria que tivesse entendido dessa forma. - Falei sem jeito.
-Tudo bem, não ficaria surpresa se estivesse achado realmente que eu havia ficado com raiva. Eu tenho uma cara de poucos amigos e meus amigos falam isso. - Ela ainda continuava sorrindo.
-Ah! - Encarei ela sem jeito. - Gostei do chapéu.
-Ei, ele é muito maneiro, não acha? - Ela o tirou da cabeça e ficou olhando – Estou pensando em comprar. Vai ter uma festa na casa do meu amigo e o tema é Hawaii.
-Que legal. - Falei. - O chapéu ficou ótimo em você.
-Valeu. Aí, como você se chama?
-Sou Chaeyoung e você?
-Sou Soyeon, prazer Chaeyoung. - Ela se aproximou de mim e estendeu a mão, que eu apertei imediatamente.
-Prazer também. - Sorri.
-Escolhendo macarrão? - Ela perguntou.
-Pois é, estou há várias horas sem comer por que eu acordei tarde e não fui para a escola. - Botei a mão no rosto. Por que eu estava falando isso para ela?
-Com essa cara de bebê não diria que passava dos 15. - Ela brincou, sorrindo de forma desafiadora.
-Eu tenho 16 anos, ok? - Levantando a sobrancelha.
-Por essa eu não esperava. - Ela sorriu.
-Pois é. - Sorri também.
-Bom, deixe-me ajudar com o macarrão.
Passamos algum tempo escolhendo macarrão e conversando sobre coisas aleatórias. Soyeon era uma garota da faculdade e prodígio. Ela havia entrado na melhor faculdade aos 17 anos e por mais que tivesse essa aparência descolada, ela era uma nerd, assim como eu, só que ela era descolada.
Não sei em que momento, mas começamos a falar sobre relacionamentos. Ela falava o quão complicado era sua vida e que ela se interessava por homens e por mulheres, mas ultimamente ela estava em um relacionamento complicado (porém aberto) com uma tal de Yuqi, uma garota chinesa que morava na China (óbvio). Elas namoravam pela internet e nunca haviam se encontrado.
-E como vocês se beijam e fazem sexo? - Perguntei perplexa.
-A gente faz sexo virtualmente. É gostosinho, até. - Ela falou sorrindo. Agora estávamos na rua, comendo hot-dog.
-Eu nunca fiz algo desse tipo. - Falei ainda perplexa.
-Sexo? - Ela sorriu de canto.
-Não, sexo eu já fiz. Digo fazer sexo virtualmente.
-Ah, é meio difícil. Não é como o sexo mesmo, que você já está acostumada. O lance é saber o que fazer, já que o sexo, quando as duas pessoas estão frente a frente é algo feito por impulso, na maioria das vezes, no sexo virtual você tem que ter todo um jogo de palavras e soltar a imaginação para que seu parceiro tenha tesão e acredite naquilo que está acontecendo. Sexo virtual não é para amadores e no momento é tudo o que eu tenho para oferecer para minha namorada.
-Mas vocês moram longe e por mais que o relacionamento de vocês seja aberto, você não se sente mal em ela ficar com alguém? Você não se sente traída? Não sente que a qualquer momento ela possa te trocar? - Perguntei isso lembrando de Eunbi.
-Sinceramente? Não. Yuqi não seria tão baixo assim, fora que nosso relacionamento é bem estável, se ela quiser ficar com outra pessoa então ela que fique, mas se ela sabe que tem o aval de chegar até a mim e terminar. Ela sabe que pode contar comigo para tudo.
-Então o relacionamento de vocês é bem estável. - Falei pensativa.
-Isso mesmo. O que houve?
-Só lembrei de um relacionamento que tive.
-Um relacionamento chato? - Soyeon perguntou.
-É, ela terminou comigo sem explicação.
-Como isso? Ó, se não quiser comentar, sem problemas. Não quero te forçar.
-Tudo bem, não é como se fosse importante para mim. Ela um belo dia terminou comigo, justo no nosso 1 ano de namoro, ela simplesmente chegou dizendo que não aguentava mais ficar comigo, que eu a incomodava e blablabla. Enfim, ela era doida e eu não entendi direito, mas aquilo me machucou muito, não faz tanto tempo assim e eu ainda estou tentando superar.
-Você ainda gosta dela?
-Gosto um pouco, mas acho que se eu a visse agora eu desmoronaria. - Encarei o chão pensando em Eunbi.
-É difícil superar um término, principalmente quando passaram um ano juntas e viveram várias coisas, mas se a mina chegou em você e falou isso então tá na hora de seguir em frente. Se você ficar reclusa só vai piorar. Sério, se divirta, saia com seus amigos e encontre crushs.
-Não foi a Mina que me disse isso, foi a Eunbi. - Falei sorrindo.
-Oi? - Soyeon me encarou como se eu estivesse louca.
-Você falou mina e eu tenho uma amiga que se chama Mina. - Sorri sem parar – Olha desculpa, é que eu lembrei da Mina.
-Sei...
-Enfim, você tem razão sobre o lance de se divertir, mas sei lá eu nunca fiz algo doido na vida, sabe? Quer dizer, já sim, uma vez em enchi a cara que fui parar no hospital em coma alcoólico, mas isso não conta, eu estava arrasada com o término do meu relacionamento e a Mina me salvou. - Falei lembrando ou tentando lembrar desse fatídico dia.
-Essa tal de Mina é bem presente em sua vida, não tem interesse por ela? - Soyeon me encarou séria.
-Não posso me interessar por ela, ela é minha amiga.
-O que isso tem a ver? É melhor se relacionar com um amigo do que uma pessoa estranha.
-Tem razão, mas eu não vejo Mina dessa forma, não mais do que amiga. - Falei.
-Ok, entendi. Então vamos fazer o seguinte, sábado você vem para a festa comigo, ok? Vai ser legal e não se preocupe, eu não vou deixar você beber. Vai ser legal.
-Não sei se estou pronta.
-Qual é Chaeyoung, vai ser divertido. - Ela puxou minha mão me fazendo levantar. - Eu te empresto até o meu chapéu de palha. - Soyeon colocou seu chapéu na minha cabeça.
Comecei a sorrir.
-Tudo bem, eu topo.
Me despedi de Soyeon, após pegar o seu contato e fui para casa. Chegando lá, meu celular carregou com várias mensagens da Mina.
[Mina Pinguim 20:00]: Eu estive na sua casa. Esperei do lado de fora por um bom tempo. Desculpa, é só que eu passei um tempo sem te ver e estou preocupada.
[Baby Tiger]: Não se preocupe, eu estou bem.
O que Mina queria tanto comigo? Fiquei chateada.
Desliguei meu celular, falei com meus pais e fui dormir.
No dia seguinte eu fui para a escola pensando no que eu havia conversado com Soyeon. Eu estava disposta a ir para a festa com ela e pensar muito nisso me deixava mais animada.
-Ei Chae, faltou aula ontem por qual motivo? - Jeongyeon se aproximou de mim, colocando seu braço em volta do meu ombro.
-Acabei perdendo o horário. - Falei.
As outras garotas haviam chegado e se reunido a nós. Estávamos todas dentro da sala, mas o professor ainda não havia chegado.
-E o que você fez o dia todo? - Perguntou Jeongyeon.
-Dormi. - Comecei a sorri – Ah, depois fui ao mercado e conheci uma garota superlegal, o nome dela Soyeon e vamos a uma festa no sábado.
-Quê? Você falta aula e descola uma festa? Que cretina sortuda. - Nayeon bateu no meu braço.
-Ai! Ei, tá maluca? - Reclamei.
-É festa de criança? - Nayeon perguntou.
-Óbvio que não. É uma festa de universitários, só que na verdade vai ser na casa do amigo dela. - Falei.
-Chaezinha, por favor me leva com você. - Nayeon se aproximou de mim e me abraçou, começando a ser pegajosa.
-Eu até levaria, mas não posso estender o convite.
-Chata. - Ela me mostrou a língua.
-Então você vai nessa festa? - Agora foi a vez de Mina perguntar.
-É, parece que sim. - Falei sem encara-la.
O sinal tocou, dando início a aula. Após acabar a aula eu fui para a quadra de basquete, hoje era dia do treino dos meninos, mas eu gostava de observa-los jogar. Peguei um refrigerante de latinha e fui me sentar nas arquibancadas.
Observei que ao longe passava Tzuyu, Dahyun e Momo. Era estranho ver Dahyun sem a Sana, mas elas haviam terminado e era melhor Dahyun está andando com outras pessoas, mesmo que fosse a Momo, mas isso aí tudo bem, eu não tenho mais nada contra ela.
Fiquei observando atentamente o jogo quando Mina se aproximou de mim.
-Ei Chae. - Ela falou.
-Oi. - Disse brevemente.
-Ontem eu fui até a sua casa. Eu disse nas mensagens. Você leu? - Ela perguntou sentando ao meu lado.
-É, eu vi sim. Aliás, vi suas 3.498 mensagens. Que porra de tantas mensagens são essas? - Me virei para ela e deixei meu refrigerante de lado.
Mina me encarou incrédula. Eu havia sido dura demais?
-Não precisa falar desse jeito comigo. Eu fiquei realmente preocupada com você. - Ela falou.
-Ok, eu agradeço por isso, mas eu estou bem.
-Eu só queria me certificar.
-Indo na minha casa? Mina, qual é a sua? Eu sei que no hospital eu disse que precisaria de você, mas acho que agora eu estou bem e não preciso mais.
-É assim que você pensa? - Mina sorria de modo triste - Você acha que eu estou desempenhando o papel de mãezona e cuidando de você, não é?
-Eu achava que sim, mas...
-Não era. Pelos deuses Chae, óbvio que não era. Eu cansei. - Ela se levantou nervosa.
-O que foi? - Me levantei também.
-Você é uma mimada, chata e acha que tudo gira em torno de você.
-Eu não estou te entendendo, Mina.
-A culpa é minha por ter dado muita atenção para você e ter ouvido os meus sentimentos. - Mina correu e eu fiquei olhando-a. Aquele papo me deixou confusa, então corri atrás dela, alcançando-a e puxando-a para um espaço de baixo das arquibancadas.
-Me solte! - Ela falou me empurrando.
-Tá, então me explica isso. O que tá rolando. - Me aproximei dela e a encostei na parede.
-Quer mesmo saber?
-Quero.
-Eu estou com raiva pelo fato de você ser uma completa idiota. Será que você não consegue retribuir de boa maneira tudo o que eu faço por você? Não precisa ser um obrigada, apenas entendendo os meus sentimentos.
-Mas eu sempre...
-Chae, eu gosto de você. - Ela disse me interrompendo. - Será que isso nunca passou pela sua cabeça?
-Vo... você... - Minha cabeça foi à loucura com tal informação. - Como amiga, não é?
-Não, sua idiota!
-Não precisa me ofender dessa forma. - Abaixei a cabeça. - Mas é que por essa eu não esperava. É só que você... você é a Mina.
-E é tão ruim assim me ver como alguém especial? - Mina estava com os olhos raiventos e marejados ao me encarar.
-Não é isso. Quantas vezes eu disse que você é perfeita? Você é uma garota incrível Mina, mas...
-Mas...
Eu a encarei com pesar.
-Mas eu não posso te ver da mesma forma que você olha para mim. Eu não quero acabar com a nossa amizade. Me desculpe.
Quando terminei de falar Mina começou a chorar.
-Tudo bem, não é como se eu esperasse por uma resposta diferente.
-Não Mina, não fica assim, olha, eu...
-Tudo bem Chaeyoung, eu só precisava saber sobre os seus sentimentos e agora eles estão claro. Não se preocupe, nossa amizade não será afetada por causa disso. Com licença.
Mina saiu o mais rápido possível, me deixando sozinha.
-Mina... - Dessa vez não fui atrás dela. Tanto ela quanto eu precisávamos pensar.
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