Vamos fugir
Pra outro lugar, baby.
Aaron olhou pros lados pensando no que falar para a mulher que agora estava abraçada ao seu corpo. Sentiu uma pontinha de raiva por ela ter chegado no momento em que com certeza algo aconteceria entre ele e Emily, mas afastou tais pensamentos. Como explicaria o fato de Prentiss estar de vestido em sua sala no que parecia ser um encontro?
- Aaron você está lindo, nunca mais havia te visto assim – Hayle passou as mãos no rosto dele enquanto os dois ainda estavam no corredor – Vamos pra sala conversar.
Antes que Hotch pudesse dizer qualquer coisa, Hayle passou por ele caminhando em direção a sala. Assim que ela chegou no cômodo, Emily que estava sentada no sofá, levantou assustada e encarou a mulher que trincou os dentes ao vê-la ali.
- O que ela tá fazendo aqui? – Hayle que estava entre os dois, se virou pra Hotch serrando os olhos – Diz alguma coisa, Aaron! Ela é sua amante, é? Ela é o motivo das suas demoras pra chegar em casa? Me diz! O que viu nessa sem graça!?
Emily respirou fundo e balançou a cabeça, sinalizando para Hotch que ele não xingasse Hayle.
- Hayle, ela não é minha amante, e a resposta para todas as suas perguntas é não. Prentiss está aqui pra me ajudar em um caso – Hotch disse calmamente para a mulher que o encarava de braços cruzados, sem falar o verdadeiro motivo de Emily estar ali. Sabia que Emily se sentiria mal se ele falasse do ocorrido – E eu sugiro que não a ofenda desta forma, eu não vou permitir. Ela não tem nada a ver com nossas brigas.
Hayle mordeu o lábio com raiva e ignorando tudo que Aaron falou foi em direção a cozinha. Emily e Hotch se olharam e a seguiram.
- AJUDANDO NUM CASO, NÂO É? COM CERTEZA PARA ISSO É NECESSÁRIO UM JANTAR COM VINHO AINDA – Hayle gritou enquanto segurava a garrafa de vinho – Vão ficar aí parados, palhaços?
Emily deu um passo a frente se aproximando de Hayle que estava do outro lado da mesa que as separava.
- Hayle eu sei que está nervosa, mas acredite, isso foi apenas um jantar. Nós só estávamos tratando do caso e eu já estou de saída – Emily falou calmamente gesticulando devagar as mãos em frente ao corpo.
- Não quero ouvir nenhuma palavra sua! – Hayle elevou a voz e jogou a garrafa de vinho com força no chão.
Um barulho alto de vidro se quebrando tomou conta do local e uma quantidade considerável de vinho se espalhou manchando os azulejos claros da cozinha. Todos ficaram em tão absoluto silêncio, que foi possível ouvir os pequenos cacos de vidro deslizando pelo chão.
- Hayle, chega! – Hotch disse firme e Hayle passou por Emily andando em direção ele – Chega! Isso é ridículo!
- Ridículo é você defendendo ela! O que essa mulherzinha tem? Olha pra ela! Você tá realmente maluco, Aaron! – Hayle elevou a voz o encarando.
Hotch semicerrou os olhos e respirou fundo. Emily estava parada ao lado da mesa da cozinha sem saber o que dizer.
- Vai embora – Hotch disse entre um suspiro – Não dá pra conversar desse jeito, eu não quero conversar. Só vai embora que nem fez alguns dias atrás, por favor.
Quando Aaron terminou de falar, Hayle abriu um pouco a boca se espantando com o que acabara de ouvir.
- Está me mandando embora? Você deveria mandar ela embora! – Hayle gesticulava enquanto o encarava.
- Eu só não quero discutir, Hayle – Hotch a olhou calmamente – E depois do que aconteceu agora, uma conversa civilizada é impossível. Você poderia ter conversado comigo e não feito esse show ridículo. Vou chamar um taxi pra você.
- Não faça nada! Eu mesmo chamo – Hayle andou em direção a sala e antes de ir embora, se virou para Hotch – Fique com ela.
Depois de dizer a última frase em tom de desprezo, andou em direção a porta e foi embora.
Hotch a observou sair e baixou a cabeça. Alguns segundos depois, voltou a atenção para a morena que estava de cabeça baixa, apoiada com as duas mãos na mesa.
- Emily me desculpe por isso – Aaron se aproximou dela e tocou seu braço, logo tendo a atenção dela voltada para ele – Eu não queria que isso tivesse ocorrido, quero que saiba que isso que está ocorrendo entre mim e Hayle não tem nada a ver com você.
Hotch a viu ficar em silêncio. Ela apenas o encarava, com aqueles olhos tão lindos e ao mesmo tempo tão misteriosos. Aquele brilho no olho dela não se parecia com o que ele sempre via ali. Estava diferente. Seu olhar parecia pedir desculpas para ele, tinha um tanto de tristeza ali.
Emily olhava fixamente nos olhos de Aaron. Ela se sentia culpada pelo que estava ocorrendo. Se sentia culpada por talvez estar construindo algum sentimento por ele. Não, ela não podia estar apaixonada.
- Por que fez isso? – Ela sussurrou num tom quase inaudível – Vai atrás dela, não me peça desculpas e sim a ela.
Hotch balançou a cabeça negativamente e a olhou nos olhos mais uma vez. Ele negava a si mesmo, mas amava observar aqueles olhos escuros.
- Vou ficar aqui – Aaron murmurou se aproximando mais dela.
- Eu vou embora, Aaron – Emily pronunciou mais uma vez o primeiro nome dele – Obrigada por tudo, mas agora vá atrás dela e a traga para cá.
Emily deu um passo, mas se sentiu tonta pelo vinho que havia ingerido antes. Quando foi dar outro passo, segurou-se firme no braço de Hotch para não cair.
- Emily eu não quero ficar aqui chorando e pensando no que aconteceu – Hotch percebeu que ela estava tonta e a segurou na cintura – Fique aqui comigo, por favor.
Prentiss viu as coisas rodarem ao seu redor e riu ao constatar que o vinho estava fazendo efeito.
- Tudo bem – Emily segurou-se mais firme no braço de Hotch – Só porque estou bêbada.
O olhar dos dois se cruzaram e ambos riram do comentário feito por Emily. Corpos novamente tão próximos, respirações ofegantes, batimentos acelerando e dois agentes teimosos tentando negar todas essas sensações.
- Vamos ver um filme? – Aaron perguntou encarando a boca de Emily a ponto dela sentir um arrepio percorrer todo o seu corpo – Se é que me concede essa honra.
Hotch piscou e Emily riu ao perceber que ele também estava um pouco alcoolizado. Com certeza não era o do feitio de nenhum dos dois beber sendo que teriam que trabalhar no outro dia. Mas afinal, o que tem de normal nessa história?
(...)
- Só não me faça assistir filmes clássicos – Hotch disse em ironia carregando um cobertor e se deitando ao lado de Emily no sofá cama.
Ela riu e ele cobriu os dois com o cobertor de veludo que havia trazido do quarto. Prentiss encarou seu perfil vendo apenas partes de seu rosto iluminados pela luz da televisão. As luzes da sala estavam apagadas e olhando pela janela era possível ver a estonteante lua que enfeitava o céu.
- Gosta de terror? – Hotch olhou a figura da mulher que estava deitada ao seu lado que tinha o olhar voltado para a janela – A lua está realmente linda.
Emily sorriu e voltou seu olhar para Aaron que a observava. Ambos deitados lado a lado se encarando. Ambos se sentindo felizes. Não sabiam o que sentiam, não sabiam decifrar o que era, mas eles gostavam de estar juntos.
- Terror? É sério? – Emily levantou uma das sobrancelhas e Hotch abriu um meio sorriso – A lua fica ainda mais linda quando estamos nos sentindo bem. Talvez seja por isso que ela está tão magnifica hoje.
Emily falou aquelas palavras e Aaron a observou com o coração disparado. Ela ainda olhava no fundo dos olhos dele.
- Vou aceitar essa indagação como um “sim” para om filme de terror que iremos ver agora – Hotch levantou a sobrancelha e colocou uma mecha de cabelo de Emily para trás da orelha dela – É, deve ser por isso que a lua está tão linda.
Nenhuma palavra mais foi dita. Apenas se observaram por um tempo, como se estivessem capturando os detalhes um do outro. O barulho alto no filme que passava na TV fez Emily se abraçar em Hotch assustada, deitando a cabeça no peito dele. A reação dela tirou riso de ambos. Quando o susto acabou, ela continuou abraçada em Aaron, deitada no peito dele. Ele desligou a televisão deixando a sala completamente escura, exceto pela claridade da lua que entrava pela janela.
- Boa noite – Ele sussurrou contra os cabelos dela.
- Boa noite – Ela sussurrou e se aninhou a ele.
Dormiram assim. Não disseram sequer uma palavra, mas estavam se sentindo felizes.
De madrugada, o celular de Hotch tocou quebrando o silêncio que o local se encontrava. Ele abriu os olhos e sorriu ao perceber que Emily ainda dormia aninhada a ele. Tirou o braço dela que estavam em volta de sua cintura com cuidado e saiu de baixo da coberta. Pegou seu celular e caminhou em direção a janela o atendendo rapidamente ao constatar que era Garcia.
- Senhor, sei que está mais cedo que o normal, mas temos um caso – Garcia disse do outro lado da linha. – Ah senhor, eu não consegui falar com Emily.
- Estou a caminho – Hotch disse e rapidamente olhou a hora no relógio digital que se encontrava na estante. Eram 4:10hrs. – Avise os outros, eu aviso ela.
Hotch suspirou e se aproximou de Emily. Apoiou uma das mãos no sofá-cama e com a outra balançou ela de leve.
- Emily, Emily – Hotch sussurrou e ela abriu os olhos sonolenta – Sei que está cedo, mas temos um caso.
Ela assentiu e se sentou o olhando.
- Vou me arrumar – Ela levantou e tocou o ombro dele, indo para o quarto e logo para o banheiro para tomar banho e se arrumar.
Hotch pegou seu terno e foi fazer o mesmo.
Emily saiu do banheiro terminando de abotoar a blusa branca, olhou para os lados e procurou seu celular. Avistou-o em cima de um dos bidês que ficam ao lado da cama de casal. Pegou o aparelho e viu as inúmeras chamadas de Garcia, dentre todas notificações, ela percebeu que havia uma de Ian, que dizia o seguinte:
“Não pense que desisti de você, meu bem. Estou apenas muito ocupado, porém te vejo em breve...”
Emily balançou a cabeça e respirou profundamente, foi tirada de seus pensamentos pela voz de Hotch.
- Vamos? – Hotch parou na porta e Emily se virou para ele.
Hotch franziu a testa a analisando percebendo que algo a incomodava. Por mais que ela tentasse disfarçar, nenhuma micro expressão passa despercebida por Hotch.
- Vamos – Emily andou até a porta e parou ao lado de Hotch virando o rosto para encará-lo – Não me perfile, e sim, eu estou bem.
Dizendo isso saiu andando e Hotch deu um sorriso de canto.
(...)
Assim que Emily e Hotch cruzaram as portas da sala de reuniões, olhares curiosos dos colegas se voltaram para eles. Agente Hotchner chegando acompanhado da agente Prentiss? Embora quisessem saber o porquê, nenhum deles perguntou, haviam coisas mais importantes para serem feitas.
- Garcia – Hotch a olhou para que ela começasse a apresentar o caso.
Penélope levantou-se ligando a tela e imagens começaram a serem apresentadas.
- Hoje fomos chamados mais cedo do que o normal, porque a situação está alarmante. E as fotos também, então eu prefiro nem olhá-las – Garcia faz uma careta e voltou sua atenção para os colegas – Em Baltimore, mulheres estão sendo sequestradas em locais públicos e encontradas mortas em lixões algumas horas após o sequestro. O elemento corta o cabelo delas, arranca as unhas das mãos e remove os cílios antes de matá-las. A causa da morte é estrangulamento. A situação é alarmante por que são 5 vítimas em 5 dias, ou seja uma vítima por dia. E duas horas atrás, Anna Merly foi sequestrada pelo mesmo método, a polícia acredita que é o mesmo elemento, portanto se for, só temos algumas horas.
Garcia apresentou o caso fazendo caras de espanto em algumas partes. Eles se entreolharam ao ouvir que o elemento estava matando uma vítima por dia.
- Alguma ligação entre as vítimas? – Morgan perguntou enquanto segurava um lápis.
- Ligação entre elas, diretamente não – Garcia respirou fundo e prosseguiu – Mas todas são morenas e tem a pele clara.
Emily viu que todos haviam pensado o mesmo: as vítimas se pareciam com ela.
- Partimos em 30 – Hotch levantou ajeitando alguns papéis e se virou para Reid – Reid, eu quero que você monte o perfil geográfico, temos que ser rápidos.
- Sim, senhor – Reid pegou os arquivos do caso e levantou-se, saindo da sala em seguida.
(...)
No avião
- Eu acho que o elemento é um faxineiro – Reid sugeriu enquanto lia o arquivo.
- Por que diz isso, garoto? – Morgan indagou juntando as sobrancelhas.
- Ao cortar os cabelos, arrancar as unhas e remover os dentes, ele tira a feminilidade delas – Reid explicou enquanto gesticulava com as mãos em frente ao corpo – E ao desová-las no lixão, ele demonstra que as vê como lixo. Acredito que a rapidez das mortes seja exatamente estar fazendo uma limpeza. Ele está em uma missão.
Ao terminar a equipe se olhou demonstrando que concordavam com a ideia de Spencer.
(...)
Cinco dias se passaram e eles finalmente haviam descoberto o nome do elemento e local que ele estava mantendo as vítimas. Se tratava de Noah Duwal, o elemento matava porque tinha um transtorno compulsivo psicótico e acreditava estar limpando as ruas. Via as mulheres morenas como lixo, por ter sido maltratado por sua mãe que era tinha cabelos escuros e pele clara. O local que ele estava mantendo as vítimas e matando-as, após as estrangular várias vezes, era a antiga casa da mãe, que ficava num local afastado da cidade. A propriedade havia ficado para Noah, após a morte da mãe.
- Entraremos em silêncio e não confrontaremos ele, não iremos ameaça-lo. Precisamos convencê-lo de que isso que ele está fazendo é um erro – Hotch ia passando as instruções e seu celular tocou – Com licença.
Aaron se distanciou da equipe que estavam próximos aos carros terminando de pôr os coletes. Alguns minutos ele voltou para próximo dos colegas com uma expressão decepcionada no rosto.
- Desculpe, mas terei que voltar para Quântico – Hotch respirou fundo e os colegas o encararam confusos – Surgiu um caso e estão precisando da minha ajuda. Morgan comande a operação. Me mantenham informado.
- Pode deixar – Morgan assentiu e Hotch saiu andando. Derek voltou a atenção para a equipe – Vamos.
Morgan e Prentiss foram em um carro, enquanto Reid, JJ e Rossi foram em outro.
- Acham que o que aconteceu em Quântico foi grave? – JJ indagou e Rossi balançou a cabeça negativamente.
- Acho que Hotch dá conta – Rossi deu um sorriso para JJ – E nós damos conta deste.
JJ assentiu e Reid apenas concordou com a cabeça.
(...)
- Eu entro lá – Emily sugeriu enquanto eles estavam do lado de fora da casa bolando um jeito de adentrar.
Estavam parados no canto direito da enorme casa de dois andares. As paredes beges continham algumas rachaduras. Todas as janelas continham grades. O gramado era bem cuidado, minuciosamente podado, comportamento que condiz com o elemento que possui transtorno obsessivo compulsivo.
- Você tá maluca, Emily? – Morgan a encarou com as sobrancelhas unidas – Não vai entrar lá sozinha!
Emily respirou fundo e colocou as mãos em frente ao corpo.
- Morgan – Ela pausou um pouco antes de continuar a falar – Eu me encaixo nos padrões dele. Se eu entrar ali, ele vai vir até mim. Se entrarmos todos, ele vai matar a moça, não terá nada a perder!
Emily elevou um pouco o tom de voz e Derek se voltou para a equipe que os observava.
- Eu concordo com Emily, Morgan – Rossi olhou para Morgan e depois para Prentiss – Quando podermos entrar, ela nos dá um sinal.
Emily concordou com a cabeça e Morgan respirou fundo contendo a raiva.
- Nós estaremos aqui e qualquer coisa, a gente entra – Derek se voltou para Prentiss e ela assentiu enquanto tirava o colete – O que está fazendo? – Morgan a olhou incrédulo.
- Não posso entrar de colete – Emily entregou para ele e se virou caminhando devagar até a porta – Vai dar tudo certo.
Estava tudo fechado, então por isso o elemento não deve ter visto a movimentação deles. Emily pegou um grampo de cabelo que estava em seu bolso e colocou na fechadura, abrindo-a. Entrou e viu um sofá de couro com almofadas de seda sobre ele, constatou que estava na sala. Observou a escadaria que dava acesso ao segundo andar e caminhou em passos lentos até ela. Antes de subir, encarou a cozinha e viu uma chaleira em cima da mesa de madeira. Viu que um pouco de água havia sido derramada na toalha branca. Subiu as escadas com cuidado e encarou o enorme corredor, percorreu ele com passos lentos e antes que pudesse fazer qualquer coisa, algo a acertou na cabeça.
(...)
- Por que ela ainda não deu o sinal? – Morgan falava nervoso enquanto andava de um lado para outro no canto – Vamos entrar!
Rossi e JJ se aproximaram Morgan. Reid tinha ido informar Hotch sobre caso.
- Morgan se nós entrarmos agora vamos coloca-las em risco – JJ tentava acalmá-lo – É a Emily! Vai dar tudo certo.
Embora Rossi e JJ tivessem tentando acalmar Morgan, também estavam nervosos. Já fazia tempo que Prentiss estava lá dentro e não havia dado nenhum sinal ainda.
Reid ligou para Hotch que logo atendeu.
- Hotchner – Disse rapidamente.
- Hotch, estou ligando para te informar do caso – Reid pausou a voz pensando em como dizer que Emily estava dentro da casa sozinha – Ainda não pegamos o elemento e Emily está dentro da casa.
A linha ficou muda por alguns segundos.
- Sozinha, Reid? – Hotch demonstrou nervosismo na voz.
- Sim, senhor – Reid respondeu rápido – Mas não se preocupe, traremos ela de volta.
- Eu espero – Hotch soou mais sério do que o normal – Reid, não deixem nada acontecer a ela.
Reid se despediu e encerrou a ligação.
(...)
Emily piscou os olhos com dificuldade, sentindo sua cabeça latejar muito. Sua visão estava embaçada, não conseguia decifrar as imagens, mas conseguia ouvir um choro baixo e abafado. Quando conseguiu enxergar, observou ao redor e viu que estava em um porão. A luz que entrava pelas pequenas janelas era a única iluminação do local. Estava abafado e quente. As caixas nas prateleiras de metal continham uma grande quantidade de poeira. O lugar era velho e não muito grande, havia alguns entulhos e um espelho manchado e empoeirado no canto direito do ambiente. Ela estava sentada no chão, amarrada em um pilar de madeira de frente para uma mulher que estava no mesmo estado, porém mais machucada e chorava muito. Prentiss tentou se mover, mas foi em vão. Puxou as mãos novamente tentando se soltar, mas apenas sentiu as cordas machucarem sua pele.
- Fique calma, vou tirar a gente daqui – Emily sussurrou para a moça que fez uma expressão de medo ao levantar o olhar e encarar o lado esquerdo de Emily.
- Não, nenhuma sai daqui viva – O homem alto, magro e na casa dos 40 disse olhando para baixo, encarando Emily – Por mais que seus amigos entrem, porque sei que esses imundos estão no meu pátio, eu me livro das duas primeiro. Vocês são imundas.
Emily o analisou, passando seu olhar por ele. O homem usava uma máscara de médico e luvas cirúrgicas nas mãos. Uma garrafa de água quente estava na mão direita do elemento.
- Não, por favor, não – A mulher que estava na frente de Emily começou a chorar desesperadamente quando o viu caminhar em passos lentos até ela – De novo não.
Ele então despejou a água fervida no rosto da mulher que deferiu um grito de dor. Emily fechou os olhos e tentou engolir a saliva, fazendo isso constatou que sua boca estava seca.
- Ela não é sua mãe – Emily lançou um olhar desafiador em direção ao elemento, que se virou na hora para encará-la – Fazer isso com essas mulheres não vai aliviar sua dor e nem a mágoa que sente de sua mãe. Não foi certo o que ela fez com você, mas não é correto o que está fazendo. Não tente enganar a si mesmo.
O elemento respirou fundo e andou até Emily em passos rápidos, atirando a água fervida que restava em seu rosto. Um grito alto de dor rasgou a garganta de Prentiss.
- Cala boca! Você não sabe do que está falando! – Ele gritou alto e socou o pilar que Emily estava amarrada – Você ia ser depois dela, mas acho que vou te matar primeiro!
- Vá em frente – Emily jogou a cabeça para trás sentindo o rosto arder – Tente se livrar dessa dor que carrega.
O homem deferiu um chute no abdômen de Emily, enquanto a outra moça chorava compulsivamente. O grito de dor de Prentiss ecoou pelo local, mas ela se manteve firme encarando o elemento.
- Saiba que sinto pena de você – A voz de Emily saía fraca.
O homem a olhou com raiva se abaixou, levando as mãos até o pescoço de Emily o apertando com força. Prentiss começou a perder o ar e agonizar. Sua visão fora substituída por imagens borradas. Ela conseguia ver uma imagem branca, provavelmente da máscara do elemento. Seus olhos começaram a revirar e seus sentidos foram se perdendo.
- Não, por favor!!! – A moça começou a gritar desesperada.
Emily estava fechando os olhos por completo quando um barulho alto de tiro tomou conta da sua audição. O homem caiu no chão gritando de dor enquanto ela tentava decifrar o que estava acontecendo. Revirou os olhos tentando encarar as imagens a sua frente, mas apenas deixou a cabeça cair para trás.
- FBI! Você está preso – Morgan havia acertado a perna do elemento – Leva ele, Rossi.
Morgan o algemou e entregou para Rossi levar para a viatura. Reid foi desamarrar a moça, enquanto Morgan correu até Emily.
- Emily, Emily – Morgan repetia o nome dela enquanto a desamarrava. Emily que estava com a cabeça atirada pra trás, baixou-a olhando o rosto de Morgan. A visão ainda turva e os sons abafados. Ela deu um sorriso fraco sem conseguir dizer nada – Você vai ficar bem.
Emily fechou os olhos e sentiu-se ser levantada do chão. Morgan a pegou no colo, levando-a até a ambulância que estava do lado de fora.
- Morgan, eu tô bem – Emily sussurrou com dificuldade enquanto encarava Derek que ainda a segurava no colo. Sua visão agora sendo recuperada.
Morgan a colocou sentada na ambulância e chamou os paramédicos.
- Não, Emily – Morgan respirou aliviado e nervoso ao mesmo tempo – Nunca mais vou te deixar sozinho. Me desculpe.
Morgan baixou a cabeça.
- Não faça isso – Emily balançou a cabeça negativamente – Você não tem culpa e eu estou bem.
Morgan encarou as marcas de dedo no pescoço de Emily e as queimaduras no rosto, e sentiu o coração apertar.
Os paramédicos examinaram e medicaram Emily, que teimou que não iria para o hospital. Eles disseram que ela ficaria bem e já estavam todos prontos para ir embora. Quando Emily estava levantando da ambulância, a moça que estava presa com Emily na casa se aproximou dela.
- Com licença – Ela deu um sorriso calmo – Eu não sei seu nome, mas o meu é Audrey, eu queria agradecer a você. Na verdade eu não tenho palavras pra expressar a minha gratidão por você.
Emily sorriu ao ouvir aquelas palavras, lembrando-se que era por momentos como este que ela fazia exercia esse trabalho.
- Me chamo Emily – Ela deu um sorriso – E você não precisa me agradecer, Audrey.
A menina loira de olhos claros que deveria ter uns 18 anos, continha queimaduras e algumas marcas, com certeza não só físicas, olhou para Emily com ternura.
- Será que eu posso te dar um abraço? – Audrey sorriu timidamente.
- Quem sabe dois? – Emily abriu um sorriso lindo e sentiu os braços da menina envolverem seu corpo num abraço.
Emily sentiu o afago da menina e seu coração sentiu-se preenchido. Reid e JJ observaram a cena parados na rua e se olharam.
- É por dias assim que fazemos este trabalho – JJ olhou para Emily e Audrey, e depois voltou seu olhar para Reid que sorriu.
- Com certeza – Reid disse ainda observando a cena – Vamos para casa, então?
JJ assentiu sorrindo e ambos caminharam em direção ao carro. Era de tardezinha e o céu estava alaranjado. O barulho de sirene de ambulância e viatura de polícia, não podiam ser mais altos que o batimento de seus corações ao observar Audrey. Era uma vida salva por eles. Mas também não poderia ser mais alto que o barulho de suas dúvidas em suas cabeças: Algum dia ela ficaria realmente bem?
(...)
Aaron andava de um lado para o outro, nervoso e impaciente, seus paços agitados foram interrompidos ao ver a maçaneta da porta de sua sala girar.
- Com licença, senhor – Emily disse baixo entrando na sala e fechando a porta – Pediu para me ver?
Hotch suspirou aliviado enquanto a analisava da cabeça aos pés. Serrou os olhos os apertando quando notou as queimaduras e marcas em Emily.
- Você está aqui – Hotch se aproximou dela e Emily o olhou – Como você está?
Emily baixou a cabeça antes de responder a pergunta.
- Eu estou bem, Hotch – Emily deu um sorriso fraco – Morgan que é exagerado, eu estou bem.
Aaron a analisou e se aproximou mais dela abraçando-a forte. Seus braços envolveram o corpo da agente e suas mãos acariciaram delicadamente as costas dela. Emily encostou a cabeça no peito dele e fechou os olhos.
- Nunca mais faça isso – Hotch aproximou os lábios do ouvido dela e sussurrou baixo.
Emily sentiu um arrepio e virou seu rosto para encará-lo. Eles se olharam fixamente por um tempo, as respirações ofegantes e os corações acelerando. Ele se aproximou ainda mais e a respiração quente dela batendo em seu rosto, o fez arrepiar. Aaron aproximou os seus lábios dos dela e beijou-a. No momento, Emily foi surpreendida, mas logo correspondeu abrindo um pouco a boca dando passagem para a língua dele. Suas línguas se acariciavam em perfeita harmonia, enquanto as mãos de Aaron que antes ocupavam as costas da agente, deslizaram até a cintura da mesma. Hotch separou sua boca minimamente da dela quando o ar já faltava em seus pulmões, mas logo voltou a beijar a morena que agora tinha o coração mais disparado do que nunca. Emily explorou sua língua pela boca de Hotch, enquanto suas mãos agarravam o terno dele na altura do peito. Os olhos fechados aproveitando aquela sensação, seus corpos agora mais quentes do que nunca. Se separaram quando o ar faltou completamente. Encaram-se próximos com a respiração ofegante sem dizer nenhuma palavra. Se afastaram rápido quando ouviram uma batida na porta. Emily olhou atordoada para Hotch enquanto acariciava o próprio lábio inferior.
- Com licença, agente Hotchner – Uma mulher de cabelos castanhos escuros adentrou a sala e observou os dois – Vim passar dados do caso.
A mulher notou o clima entre os dois e olhou com desprezo para Emily, antes de voltar sua atenção para Hotch novamente.
- Agente Seger, essa é a agente Prentiss – Hotch disse voltando a postura normal – Agente Prentiss, Clara Seger está cuidando deste caso aqui de Quântico também.
- Prazer – Emily foi apertar a mão de Seger que apenas olhou-a sem retribuir e voltou sua atenção para Aaron.
- Senhor, eu vou deixar vocês conversarem sobre o caso, então... Com licença – Emily disse sem saber como encarar Hotch.
Aaron assentiu e a observou sair da sala. Seus olhos percorreram o corpo de Prentiss e ele tentou voltar a atenção para o caso.
- Podemos? – Seger ergueu a sobrancelha em desprezo ao ato sentando-se em frente a mesa de Hotch.
- Claro – Hotch sentou-se e m sua cadeira.
Teus lábios são labirintos
Que atraem os meus instintos mais sacanas
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