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História Melody of the Wild Dance - Capítulo 29 - História escrita por Tsuki_Luana - Spirit Fanfics e Histórias
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História Melody of the Wild Dance - Capítulo 29


Escrita por: Tsuki_Luana

Notas do Autor


Boa leitura! =)

Capítulo 30 - Capítulo 29


Robert Speedwagon suspirou fundo, sem saber ao certo como poderia resolver a questão que se desenrolava diante dele naquele momento.

Ao mesmo tempo em que encarava ambos os homens sentados à sua frente, não conseguia deixar de pensar em todas as coisas que acabaram culminando naquela situação.

Domenico Pucci e Narciso Anasui-Pucci analisavam as informações que Speedwagon havia reunido até então sobre o desaparecimento do irmão mais velho de Domenico, que não tivera mais notícias dele desde que este saíra da casa dos pais de ambos na Itália, há cerca de duas semanas.

Domenico era um alfa alto e forte, de cabelos prateados como o luar e olhos azuis límpidos que pareciam ter visto de tudo nessa vida. Já Anasui era um ômega de longas madeixas rosadas e olhos de um tom meio lilás bastante incomum. A despeito de sua expressão irritadiça, suas feições eram bastante delicadas e a aura que o permeava era intimidadora, talvez um mecanismo de defesa do qual nunca conseguiu se livrar.

— Entendo… — Domenico juntou os papéis e os recolocou dentro da pasta, empurrando-a na direção do loiro, que permanecia calado — Enrico sempre foi calado, desde que éramos crianças. Ele deixou claro ainda novinho que queria seguir o caminho do sacerdócio, então foi uma surpresa imensa quando nos comunicou que iria se casar. Eu mal cheguei a conversar com o esposo dele, um ômega que também não era de muitas palavras… Lembro que perguntei ao meu irmão se ele tinha certeza do que estava fazendo, afinal, nunca foi exatamente um segredo para a nossa família que ele não tinha como engravidar ômegas, mas ele disse que estava decidido… E, para a nossa surpresa, não demorou muito para que o esposo dele desse à luz um lindo bebezinho, se não me engano, o nome dele é Donatello…

Sem se importar com o fato de que Domenico parecia disposto a continuar falando sobre o irmão desaparecido, Anasui o interrompeu, pousando sua mão delicada sobre a do alfa, que estava apoiada em cima da mesa.

— Wes¹… Precisamos mesmo continuar com essa busca…? Você sabe melhor do que ninguém o quanto seu irmão é cheio de mistérios e que é impossível saber completamente o que se passa na cabeça dele. Mesmo com sua mãe implorando para que ele a deixasse ver as crianças, ele nunca permitiu que ela visitasse a casa em que eles moravam, muito menos a convidou para conhecer a propriedade em Londres, algo que pegou todo mundo de surpresa, ainda mais considerando que o ômega dele estava grávido na época. Aliás, onde ele está? É esquisito demais o próprio esposo dele não estar aqui preocupado, mas acho que até entendo, afinal, aquele alfa nunca foi boa bisca

Speedwagon piscou algumas vezes, sem entender.

— Bom… Vejo que as relações familiares de vocês são um pouco peculiares, mas não esperava que não soubessem que o ômega de Enrico Pucci faleceu há um ano…

— O quê? — Anasui ergueu-se de um pulo, alarmando o marido, que se levantou com ele, sem saber como reagir àquela informação — Nós… não estávamos sabendo… Não acredito… 

— Acalme-se, honey… — Weather pediu, preocupado. Fazendo com que Anasui se sentasse outra vez, dirigiu-se a Speedwagon e indagou, sério — Que história é essa?

O loiro deu de ombros, ele não tinha muito o que dizer.

— Bom… Há cerca de um ano, o irmão gêmeo de Diego procurou os serviços da Fundação Speedwagon para tentar encontrá-lo. Tivemos bastante dificuldade porque Pucci nem sequer registrou as crianças ou qualquer informação que pudesse nos levar ao paradeiro de Diego e, quando enfim conseguimos algo, foi apenas para descobrir que o velório dele ocorreria na capela do cemitério onde a esposa de um… amigo meu foi enterrada na mesma época. Desde então, não tive mais notícias a respeito, já que minha participação nas buscas encerrou-se aí — mentiu, escondendo convenientemente que mais uma pessoa tinha vindo atrás do paradeiro de Diego.

Afinal, se ele revelasse essa informação aos parentes de Enrico, Domenico provavelmente deduziria que Hot Pants tinha algo a ver com o sumiço do alfa e ele decididamente queria evitar confusão para o seu lado.

— Nunca imaginei… que Diego teria uma morte tão miserável — Anasui lamentou, visivelmente abalado — Ele era um ômega muito bonito, nunca entendi por que não se casou com a alfa de que realmente gostava… Decerto ele teria sido muito mais feliz.

Speedwagon se moveu na cadeira um pouco inquieto, pensando no que Anasui havia acabado de dizer.

Afinal, o fato de poder ser considerado como “cúmplice” de Hot Pants anda o incomodava bastante, levando-o a se perder em lembranças um tanto desagradáveis.

Duas semanas atrás, o toque de seu celular o despertou e as palavras que ouvira ao atender àquela ligação ainda arrepiavam todos os pelos de seu corpo.

“Eu matei aquele imbecille, signore Speedwagon… Eu torci a faca várias vezes na barriga dele e chorei de emoção quando vi a luz deixar os olhos daquele maledetto… E agora preciso que me ajude a limpar a bagunça, não vai demorar muito para o mau cheiro tomar conta daquele mausoléu que ele chamava de casa, já que aquele padre de merda já era podre antes mesmo de ir ao encontro do capeta…”

Arrependendo-se amargamente de ter fornecido o endereço de Enrico Pucci à Hot Pants — conquanto tivesse a impressão de que ela o arrancaria dele à força, se necessário — Speedwagon vestiu a primeira roupa que encontrou e, tomando o cuidado de calçar luvas e de cobrir as solas de seus sapatos para evitar qualquer possibilidade de identificação, adentrou a propriedade de Pucci dando graças aos céus por não haver câmeras à vista.

No entanto, qual não foi a sua surpresa ao constatar que o único vestígio de que Pucci havia estado ali era a poça de sangue seco no chão de um dos quartos da casa, bem como pingos de sangue quase imperceptíveis que formavam uma trilha que terminava no meio de um corredor bastante sinistro cheio de pinturas de mau gosto com motivos religiosos.

E isso não era nada bom.

Afinal, pela descrição que Hot Pants havia feito pelo telefone, Speedwagon tinha certeza de que iria encontrar um corpo já em rigidez cadavérica avançada, mas tudo ali indicava que Enrico não tinha morrido.

Embora ele imaginasse que o alfa tinha sido gravemente ferido, as evidências diante de si apontavam que ele não só havia caminhado com as próprias pernas até pelo menos o meio do corredor dos quartos, como também desaparecido feito um passe de mágica.

Não se dando por vencido, Speedwagon esquadrinhou todos os cômodos da casa e os arredores da propriedade, chegando até a dar uma boa olhada nas ruas próximas ao endereço e se desesperando ao não encontrar absolutamente nada.

Enrico Pucci não estava em lugar algum.

Sentindo um arrepio tomar conta de todo seu corpo, Speedwagon tratou de discar o número do celular descartável que Hot Pants havia adquirido e tentou se manter calmo enquanto a alfa despejava palavrões e berros em sua língua natal, a frustração por não ter conseguido enviar seu desafeto ao inferno como imaginava falando por si.

Porém, não havia tempo para lamentação; o loiro sabia perfeitamente que, assim que os parceiros comerciais de Enrico dessem pela falta dele, dariam queixa pelo seu desaparecimento.

E que se as investigações não dessem em nada, que provavelmente evoluiriam para um caso de assassinato, do qual Hot Pants poderia ser considerada suspeita caso alguém encontrasse alguma filmagem ou foto que a ligasse à propriedade de Pucci naquela noite fatídica.

E isso definitivamente seria péssimo.

Por isso, respirou fundo e retomou a conversa com a rosada, que parecia inconsolável, como se tivesse perdido o amor de sua vida outra vez.

“Preste atenção, senhorita James. Não sou um alfa, mas também tenho entes queridos e sei o quanto é ruim essa sensação de que não podemos fazer nada para aliviar o sofrimento deles. No entanto, talvez isso seja um bom sinal; seus filhos já perderam o pai ômega e o outro pai que sempre conheceram não está em lugar algum… Não seria bom para eles descobrirem que a verdadeira alfa que tem o sangue deles é uma assassina… Deixe as crianças em paz por ora, vamos esperar que tudo isso se esclareça da melhor forma possível…”

Speedwagon estranhou o cessar temporário dos xingamentos e berros da alfa e esperou pacientemente até que ela voltasse a falar, conquanto as palavras não o tivessem agradado muito.

“Diga-me onde meus filhos estão exatamente, signore Speedwagon. Vou levar as crianças comigo para a Itália e, quando a poeira tiver baixado, vou resolver a questão de Diego.”

“E que questão há para ser resolvida, senhorita James?”, Speedwagon espantou-se, já que a única coisa que lhe parecia resolvida de toda aquela bagunça parecia ser a “situação” de Diego. “Até onde sei, Diego está morto e, como a única pessoa que poderia autorizar a remoção dos restos mortais dele como seu cônjuge legal está desaparecida, não vejo o que mais poderia ser feito nesse âmbito. Além disso, não recomendo que vá atrás das crianças, pelo menos não agora. Por mais que Enrico Pucci seja um indivíduo bastante elusivo, reforço que seu desaparecimento talvez cause algum tipo de comoção, inclusive dos seus próprios filhos. Ele pode não ser o pai biológico das crianças, mas é parte da família que restou a elas, então é natural que estranhem sua ausência…”

“Pois eu acredito que eles estejam é aliviados pela ausência dele”, a italiana retrucou, impaciente. “Você tinha dito que meus filhos estão com o tio em Canterbury, não é? Me passe o endereço, eu vou buscá-los e levá-los comigo para a Itália até que isso se resolva.”

Sem acreditar no que estava prestes a dizer, Speedwagon falou, determinado.

“Não posso fazer isso. No momento, a situação é a pior possível, senhorita James. Existe uma grande possibilidade de Pucci ter sobrevivido à sua tentativa de assassinato e imagino que, assim que ele se recuperar, provavelmente vá atrás da senhorita. Vocês dois são alfas, mas as crianças ainda são jovens demais para se defender das consequências desse possível embate e mesmo Dio é um ômega, ele também poderia sair bastante machucado, pois duvido que ele vá entregar as crianças a você, já que elas são a única lembrança que ele tem do irmão.”

Embora parte de si não estivesse dando a mínima importância ao que Speedwagon dizia, Hot Pants reconhecia que o beta tinha certa razão, conquanto tenha se reservado o direito de não compartilhar com ele qual era a verdadeira situação de Diego.

De modo que repentinamente se mostrou cooperativa, deixando o beta com várias pulgas atrás da orelha.

“Bom… Acho que há algum sentido no que diz, signore Speedwagon. Além de não ter certeza de onde aquele maledetto possa estar se escondendo, também não quero colocar meus filhos em risco… Para piorar, talvez eles nem queiram vir comigo, já que não se lembram de mim… E eu jamais usaria a voz de comando neles, então… Vou recuar por ora, mas é só até eu conseguir encontrar esse padre de merda e me livrar dele em definitivo.”

Ao ouvir o som da ligação se encerrando, Speedwagon suspirou aliviado.

Ainda que a alfa não tivesse desistido de sua vingança — ou mesmo de meter os pés pelas mãos — já era uma verdadeira vitória ela ter concordado com ele, ainda que temporariamente.

— …senhor Speedwagon?

O tom de voz firme de Domenico tirou Speedwagon de suas reminiscências e este sorriu sem graça, coçando a têmpora apenas para se ocupar com algo.

— Me desculpem… Continuo um pouco atordoado com o fato de que vocês não estavam cientes da morte de Diego… Poderiam repetir? Sinto muito por não ter prestado atenção…

Anasui tomou a palavra, ainda meio abalado.

— Bom, essa notícia realmente nos pegou de surpresa… De qualquer modo, meu marido apenas pediu ao senhor para que não medisse esforços nem recursos para continuar com a busca, mas eu acho isso um desperdício de tempo e dinheiro. Veja bem, senhor Speedwagon… Minha sogra, mãe deles, é uma ômega como eu e a saúde dela não é lá essas coisas. Quando o traste do meu cunhado se casou com Diego, ele a manteve afastada o tempo todo deles, não a deixava nem mesmo chegar perto das crianças e isso pra mim é bem estranho. Ela sempre fez de tudo pelos filhos, ficou inconsolável quando a caçula dela faleceu repentinamente… Então era de se esperar que Enrico permitisse que ela participasse da vidinha dos netos, mas ele sempre se recusou terminantemente. Quando ela teve a ideia de chamá-lo para a festinha que demos, eu só aceitei porque não queria vê-la chateada e imaginei que ele enfim traria Diego e os meninos, mas eu estava errado… No entanto, agora que sei que Diego está morto, algumas peças de um quebra-cabeça que eu nem sequer sabia que existia começaram a se juntar e acabei me dando conta de algo bastante perturbador.

— Perturbador? — Domenico perguntou, sem entender — O que quer dizer, honey?

Ignorando o quentinho que subiu pelas suas bochechas ao ouvir seu marido chamando-o por aquele apelido carinhoso mais uma vez num intervalo curto de tempo, Anasui respondeu, sem papas na língua.

— É muito simples, Wes. Seu irmão nunca permitiu que sua mãe chegasse perto das crianças por causa do vínculo

— Como assim, honey? — o alfa insistiu, levando a mão inconscientemente à barriga ainda imperceptível do esposo — Mesmo que as crianças não tenham convivido conosco, tenho certeza de que o vínculo se revelaria assim que ficássemos no mesmo ambiente…

O ômega revirou os olhos, irritado.

— Isso se houvesse um vínculo, Wes. Não percebe? Desde que se casou com Diego, seu irmão sempre fez de tudo para evitar que qualquer um de nós se aproximasse dele e das crianças, das quais só vimos fotos! E não acha estranho o fato de ele nem sequer ter comunicado a morte do próprio esposo?! Por mais que ele prefira a reclusão, o normal seria ele ter avisado pelo menos a sua mãe, já que ela sempre demonstrou se importar com Diego e as crianças, mesmo achando que o casamento deles tinha sido precipitado demais!

— Ainda não estou entendendo…

Anasui apertou as mãos do marido nas suas, exasperado.

— Wes… Acho que esses meninos não são filhos de Enrico… Talvez… ele tenha descoberto e lavado sua honra com a vida de Diego… E, em consequência disso, pode ser que esse desaparecimento dele … na verdade tenha sido um assassinato.

xXx

Diego Brando encarava o teto, entediado.

Desde que tentara se entregar — sem sucesso — a Ferdinand, o beta mal vinha falar com ele, tentando evitar a todo custo que os dois se cruzassem e deixando tudo por conta de Nana.

E isso o estava deixando deprimido.

Afinal, como ainda não se lembrava de absolutamente nada de seu passado, o ômega veio ao longo de todo esse tempo tentando construir vínculos que o incentivassem a seguir adiante.

Para ele, não era nada fácil continuar vivendo como uma casca “praticamente vazia”, incapaz de saber responder qualquer pergunta mais profunda sobre si mesmo.

Além do próprio nome, Diego não tinha mais nenhuma informação relevante, já que não tinha a menor ideia de como obtivera aquela cicatriz de cesárea, muito menos de que alfa recebera a marca que tanto odiava.

A única “certeza” que ele tinha era que o autor da marca e o alfa com cheiro de caramelo eram pessoas distintas, mas mesmo isso estava dando um nó em sua cabeça.

Se eram mesmo dois alfas, então por que aquele com cheiro de caramelo não o marcou?

Por que ele estava naquela situação lamentável, dependendo de um médico que tinha um coração grande demais para o próprio bem?

O que ele precisava fazer para conseguir mais pistas sobre quem realmente era e também a respeito desse alfa misterioso?

Enquanto ele se debatia com esses pensamentos, o barulho de alguém batendo à porta o tirou de seus devaneios e ele respondeu em tom monótono, esperando ver a velha governanta adentrar o cômodo.

— Entre…

No entanto, a silhueta que Diego viu não era a da velhinha agradável que cuidava dele com a mesma gentileza que dedicava a seu patrão.

Ferdinand aproximava-se dele com uma bandeja nas mãos, conquanto Diego não tivesse conseguido identificar o conteúdo.

— Você ainda não comeu, não é, meu caro? — Perguntou de forma retórica, já que sabia perfeitamente toda a rotina de Diego naquela casa, ainda que não o estivesse acompanhando de perto — Nana precisou sair para uma consulta de rotina, então vim trazer esses pãezinhos doces de que você tanto gosta e também uma caneca de chocolate quente…

— Deixe aí — Diego respondeu desinteressado, embora estivesse com um pouco de fome. Ao ver que o médico pousara a bandeja na mesinha mais à frente, continuou, decidido — Quero conversar com você, doutor.

— Sobre o quê, meu caro? — Indagou, sem se virar.

— Não vou falar nada com você aí de pé — bateu de leve no lugar ao seu lado na cama, forçando Ferdinand a se virar na direção do som provocado pelo contato da palma macia com o tecido dos lençóis — Anda, senta aqui.

Engolindo em seco, Ferdinand se aproximou vagarosamente e sentou na cama a uma distância calculada de Diego, que respirou fundo, irritado.

— Sei que está com medo de passar dos limites comigo porque não tenho controle sobre mim mesmo quando entro no heat, mas isso já está ficando ridículo — despejou, uma sombra do antigo Diego Brando vindo à tona, sem que este percebesse — Não precisa correr de mim como se fosse o diabo fugindo da cruz, doutor. Eu sou apenas um ômega desmemoriado que não consegue fazer nada além de se lamentar.

Ferdinand ergueu uma sobrancelha, preocupado.

— Como assim, meu caro? Do que está fal…

— Você sabe muito bem — Cortou, em um tom raivoso que Ferdinand nunca escutara — Eu não faço ideia de como vim parar aqui. Sei que fui trazido por um ex-policial, mas ele mesmo também não sabia nada sobre meu passado e, mesmo que soubesse, provavelmente não diria nada porque, ao que tudo indica, devo ser uma vítima de violência doméstica, cujo autor deve ter sido o alfa que me fez isto — deu um tapa ruidoso na região onde ficava a marca, sem desviar os olhos dos de Ferdinand — Só que tem um problema nisso tudo. Embora um alfa tenha me marcado, existe um segundo que cheira a caramelo e do qual meu corpo sente falta, mas toda vez que acho que estou perto de me lembrar dele, a imagem que vem à minha mente com tanto custo se desfaz em mil pedaços, o que me fez chegar a uma conclusão: apesar de eu ter reconhecido nele minha alma gêmea, o contrário não aconteceu e é por isso que estou nessa situação.

Os olhos de Ferdinand se arregalaram, aquilo até fazia algum sentido.

Afinal, desde que Diego chegara naquelas condições para ele, o médico sempre se perguntara por que a verdadeira alma gêmea daquele ômega tão impetuoso nunca viera buscá-lo.

Ele até entendia o fato de Cioccolata ter se afastado para não se meter em problemas, mas também já tinha ouvido histórias impressionantes sobre alfas que moviam céus e terras pelas suas almas gêmeas.

E, no entanto, Diego continuava ali, desmemoriado e desamparado, achando que não era amado por ninguém.

— Escute, meu caro… — começou, no tom mais brando que conseguiu — Assim como você, não faço ideia do porquê seu alfa com cheiro de caramelo ainda não veio te buscar, mas tenho certeza de que, assim que ele tiver a oportunida…

— Já faz mais de um ano que estou aqui, duvido muito que não tenha aparecido nenhuma oportunidade nesse tempo todo — interrompeu o beta mais uma vez, sua irritação aumentando cada vez mais — Se ele não veio até agora, ou deve achar que eu morri mesmo, ou então não se importa tanto assim comigo. Talvez sei lá, eu tenha sido rejeitado por ele e a dor foi tanta que eu tentei me…

— NÃO FALE UMA COISA DESSAS! — Ferdinand gritou pela primeira vez, assustando tanto ao ômega quanto a si mesmo. Ao perceber que tinha exagerado, estendeu sua mão e segurou a de Diego, que não se retraiu ao toque — Eu… sinto muito por ter me exaltado, mas não admito que fale algo tão triste. Eu sinceramente não sei por que vocês ainda não se reuniram nem se isso acontecerá um dia, mas não pense nem por um momento que você não é amado, meu caro, porque isso não é verdade.

— Ah, não? — Diego retrucou, embora não tivesse puxado a mão — Então por que quando eu quis dar pra você, você não quis me comer? 

Embora surpreendido pelo tom chulo empregado pelo ômega, Ferdinand respondeu, triste.

— Porque não quero te macular com os meus desejos, meu caro — ignorando o arregalar de olhos de Diego, o beta continuou, determinado — Desde que te vi pela primeira vez, senti algo se aquecer no meu peito, mas não me atrevi a ir mais longe. Uma porque você estava tão fragilizado que não sabia se meus cuidados seriam o suficiente para te manter vivo. E outra porque imaginei que não demoraria muito para encontrarmos seu “prometido” ou mesmo sua “família”, considerando essa sua cicatriz de cesárea, mas ainda não obtivemos sucesso nisso. Só que… mesmo que ainda não tenhamos descoberto nada, prometo que vou me esforçar para te ajudar a encontrar as respostas que tanto procura, por isso… nunca mais repita algo do tipo, meu caro.

Sentindo uma lágrima escorrer pelo seu rosto, Diego encurtou a distância entre ele e o médico e sentou-se diante dele, as pontas de seus narizes quase se encostando.

E então, acariciou as costas da mão de seu protetor com seus polegares, sustentando o olhar triste de Ferdinand com o seu.

— Escute… Eu não sei quando e se minha memória vai voltar, nem se o que estou sentindo é real, mas não posso mais ignorar isso, Ferdinand.

O beta não teve tempo para expressar sua surpresa por ter ouvido seu nome ser pronunciado de forma tão casual pelo ômega.

Isso porque, tão logo Diego terminou de falar, seus lábios já estavam grudados nos de Ferdinand…

…que correspondeu ao beijo como se sua vida dependesse disso.


Notas Finais


¹ Como mantive o nome “verdadeiro” do Weather nessa fic, fiz com que o Anasui o chamasse de “Wes” como um apelidinho de casal.

Bom, como faz tempo que não atualizo a fic, alguns lembretes: quando Pants pediu ajuda do Speed com relação ao endereço de onde Diego supostamente tinha sido enterrado, ela não sabia que o dino boy estava vivo; ela só descobriu isso porque o Secco deu com a língua nos dentes e, depois de ter dado com a cara na porta quando foi atrás do Abba (que se mudou temporariamente com Bruno e o bebê Narancia), resolveu guardar essa informação pra si, então é por isso que Speed ainda não sabe da verdade.

Outra coisa: Pucci não mencionou à família que Diego tinha morrido, por isso a surpresa de Anasui e Weather ao ouvir isso da boca de Speed.

Diego está no limite, será que Ferdinand vai ceder mais ainda aos encantos desse ômega revoltado e carente?

Agradeço a quem continua aguardando pelas minhas atualizações, elas demoram, mas vêm! Por isso, não se preocupem, ok?

Até a próxima atualização! <3


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