Gabriela
Lá estava eu metida na maior confusão da minha vida: lutava com uma menina que mais parecia um dragão do que gente de tão forte.
Sentia medo do que seu punho poderia fazer se encostasse ao meu rosto e enquanto lutava com ela, mantinha meu foco na Nathi ao meu lado, que cuidava de duas que de quando em quando iam revezando com uma menina que só olhava.
De uma coisa eu tinha certeza: as meninas que estavam ali atrás só estavam ali mesmo pra olhar e agitar porque não tinham porte de quem sabia bater e o estranho é ver que nenhuma delas filmava, porém agradeci aos céus por aquilo.
Via que às cinco horas de Show Time com EXO tinham surgido efeito na Nathi porque aquela louca lutava como o Tao, sem contar que o corpo dela se lembrou das aulas de karatê, então pensa como ela estava: era uma máquina mais do que mortífera! Eu tinha medo das pernas dela me acertarem por engano...
No meio do processo de esquiva e vai pra luta voltando pra esquiva, tomei um soco na cara da grandalhona que parou pra me olhar.
Nunca, em toda a minha vida, senti uma dor tão forte quanto naquela hora, parecia que se eu cuspisse, todos os meus dentes sairiam da boca.
Limpei o que quis escorrer pelo canto da boca com as costas da mão e olhei pra menina e tive que rir mesmo sentindo medo:
― Então? É só isso que você pode fazer?
Parece que eu acionei o turbo dessa garota porque ela veio pra cima de mim com mais velocidade que antes, mas não podia me dar o luxo de tomar outro soco na fuça, então criei coragem e dei um soco de direita e outro de esquerda mesmo tendo consciência que meu soco com a mão esquerda é péssimo!
Acho que meu nível de igualdade com a Nathi anda sem limites, porque assim que eu deixei o corpo da grandalhona aplicando a inércia, a Nathi veio correndo e deu uma voadora com os dois pés no peito dela!
Vi Nathi cair de costas no chão dando risada enquanto eu corria pra equilibrar a situação com as outras duas que estavam caminhando pra cima da Nathi de novo, porém eu olhei pelo canto dos olhos no momento em que uma das meninas que estava ao lado da líder pegou um taco de beisebol de ferro e acertou com força na cabeça da Nathi, fazendo o corpo dela cair com graça e leveza no chão.
Entrei em pânico e só parei de me esquivar quando a líder bateu palmas e tudo se acalmou: um silêncio reinou na hora e eu não tive coragem de me mexer de tanto que tremia. Mas aquela vaca me provocou quando tocou no rosto da Nathi com a ponta do sapato e ficou ali só olhando:
― Já fizemos o que queríamos e espero que ela tenha entendido o que aconteceu
Fui para perto do corpo e parei na frente dele porque ninguém ia por a mão nela, não enquanto eu ainda estivesse de pé:
― Relaxa que meu negócio não é com você Gabriela, mas vou te dar um aviso e se for inteligente vai seguir meu conselho ― a líder tossiu, respirou e disse com calma ― Nem pense em se aproximar do Young Jae como tem feito
― O que vai fazer comigo se isso acontecer? ― ela não ia sair daqui com esse sorriso e essa tranquilidade porque ela ia pagar pelo que tinha feito com a Nathi
― Não queira saber ― senti que ela tinha ficado nervosa só pelo fato dela ter cruzado os braços pra me encarar
― Eu quero, porque não tenho intenção de deixar o Young Jae, afinal de contas ele é meu e sempre será!
Aquilo era uma provocação sem igual, eu sabia assim como tinha consciência que podia apanhar outra vez, mas meu corpo me deu essa frase e eu não ia esquecer aquilo, porque aquilo era o que eu sempre lembrava quando olhava pro Young Jae: você é meu! É e sempre será!
Assim que a líder pegou o taco de ferro que a outra magrela tinha usado pra bater na Nathi, eu suspirei porque minha pressão tinha caído ao ver o sangue no taco e vi que agora não tinha volta.
Só que não, porque o destino gosta de brincar com a gente nos momentos críticos: sirenes de polícia do lado de fora agitaram o lado de dentro do galpão, fazendo com que aquele bando de garotas entrasse em pânico, gritando e correndo e pra melhorar a situação, policiais entraram pulando a janela porque a porta tinha sido fechada:
― E aí? ― perguntei pra menina que via a confusão ― Não vai terminar o que estava começando?
― O que é seu está guardado e isso não vai me impedir de te entregar! ― ela respondeu, mas não pude dizer mais nada, porque senti tudo rodar e ficar escuro
Caí no chão perto da Nathi, olhei pro chão onde sua cabeça estava pousada e vi sangue... Nathi, por favor, não tenha morrido porque eu não sei o que será da Isa e da Aline... Você precisa viver...
Olhei pra cima e vi Young Jae com aquele rosto super lindo e fofo pairando sobre mim, mas não conseguia ouvir o que dizia só um zumbido preenchia tudo; eu queria dizer a ele pra salvar a Nathi pra que ela não morresse, mas minha voz se recusava a sair.
Sentia que lágrimas me marcavam e não conseguia limpá-las, tudo ao meu redor acontecia de uma forma tão rápida que minha mente não captava as imagens com perfeição, só borrões e muitos brilhos que surgiam diante dos meus olhos.
Eu queria dizer algo pro Young Jae que passava na minha mente com freqüência porque eu sentia que tinha que falar, eu tentava tanto, mas não saia e aquilo era desesperador...
Vi Nathi ser carregada por Young Guk e pedi a Deus pra que minha amiga estivesse bem, não ia suportar saber que ela morreu.
Mas e eu? Eu ia ficar bem? O que eu sentia agora é o que as pessoas sentem quando morrem? Não entendo disso, afinal, nunca morri!
Não conseguia respirar direito, era como se eu estivesse morrendo afogada e eu via isso, eu via meu corpo afundando e não tinha forças pra fazê-lo se mover! Eu via que o Young Jae falava comigo e do nada, me pegou no colo e começou a caminhar, mas eu ainda precisava dizer algo urgente pra ele porque minha vista já começava a ver tudo embaçado e negro.
Young Jae, eu queria muito dizer que você é meu, não sei por que só sei que eu tinha que dizer, mas desculpe, não vou ser capaz e juro que não é porque eu quero...
Acho que isso que sinto é a morte e se morrer é assim, pelo menos vou morrer feliz porque estou nos braços da pessoa que sempre quis estar, já que em meus sonhos eu sempre fui dele.
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