POV S/N
17 de Junho
Estava tudo tão confuso nesses últimos dias. Mandei um pergaminho para o hospital onde minha mãe estava, exigindo atualizações diárias sobre seu estado, eu estava em constante preocupação, e também curiosidade sobre o que havia naquela caixa, mas só o fato do preço para abrí-la ser a morte da minha mãe, eu já largava a ideia de vez.
Para piorar, já havia um tempo que não conversava com o Itachi, ele estava tão distante. Estava preocupada, ainda mais por ouvir pela Sakura que ele e o Sasuke haviam brigado, não era do feitio dele fazer isso. Por outro lado, eu também estava passando realmente mais tempo com a Sakura, já que a Tsunade havia aceitado me ajudar com os ninjutsus médicos.
Já era noite, então eu estava me preparando para dormir, já que não havia recebido nada que indicasse para nos encontrarmos nos jardins. Suspirei, já vestindo meu pijama e apaguei a luz, deitando em minha cama e me cobrindo, já pronta para dormir, sentindo o sono bater em meu corpo.
Fechei meus olhos, até que escutei um barulho no quarto, tentei fingir que estava dormindo e movi minha mão lentamente, pegando a kunai embaixo do travesseiro. Estava pronto para atacar qualquer um, escutando com atenção os movimentos, ainda que a escuridão e a coberta quente não me ajudassem a manter minha consciência em meio ao sono que eu sentia.
— Queria me despedir de forma correta, mas tenho que ir… Espero que saiba o quanto eu te amo.— escutei o sussurrou de Itachi.
O que ele estava dizendo? Ele ia embora?
— Eu nunca pensei que encontraria o amor, não dessa forma, mas fico feliz por tê-lo encontrado em você, minha ruivinha.— disse e senti um beijo em minha testa. — Sinto muito não poder me despedir quando estivesse acordada, mas eu devo correr contra o tempo agora. Eu te amo, S/N Inuzuka e manterei minha palavra, vou te fazer uma Uchiha ao meu lado.
Senti ele se afastar e, por mais que eu quisesse o segurar ou ir atrás dele, dizer que o amava também e lhe pedir um abraço e uma explicação por sua distância, até pedir que me levasse, eu não consegui, me deixando cair em um sono profundo, sentindo uma gélida lágrima correr pela minha bochecha.
18 de Junho
Quando despertei pela manhã, pensei ter sonhado sobre a vinda do Itachi ao meu quarto, mas a Dália azul sobre a minha mesa de cabeceira denunciou que havia sido real. Senti um aperto em meu peito e meus olhos arderem, ele realmente tinha ido embora e nem me dado a chance de me despedir direito.
Tentei me lembrar de todas suas palavras na noite anterior, recordando das doces declarações como um suspiro lânguido e distante. Eu desejava poder voltar no tempo e me despedir decentemente dele.
Sentia-me vazia emocionalmente, estava acontecendo tudo tão rápido e, por algum motivo, eu sabia que aquele dia ainda me reservava muita coisa e que eu deveria me preparar.
Inspirei o doce aroma da flor e a deixei em um vaso pequeno, sobre a cômoda, onde eu deixava as flores que ele sempre me dava. Andei para o banheiro do meu quarto e me despir, pensando sobre os eventos dessa semana e como eu estava exaurida de tanta coisa.
Minha mãe. Ino e Kiba. Itachi. Hotaru.
Parecia que o mundo tinha decidido me ferrar de uma única vez.
O meu dia já tinha começado terrível, eu estava de mal-humor, sentindo-me completamente abalada.
— Soube que o Itachi foi embora pela madrugada… — disse Hinata, suspirando baixo e me olhando.
— O Sasuke está revoltado.— disse Sakura, abraçando um travesseiro.— Quando as coisas passaram a ficar tão estranha entre eles? Eles tinha a melhor relação entre irmãos que já vi.— lamentou a rosada.
— S/N, você está bem? — questionou Ino, me olhando e eu respirei fundo, falar com ela era a última coisa que eu queria.
— Estou.— afirmei, séria, notando ela se encolher, então suspirei.
— Alteza, posso me ausentar por uns instantes?— questionei, olhando Hinata, que me olhou de volta e concordou, sorrindo de forma triste.
Fiz um manejo de cabeça e sai do quarto, respirando profundamente. Andei pelos corredores sem me importar para onde eu iria e, ao parar, me encostei na parede, sentia-me sufocada ali, nada mais parecia certo.
— Tudo bem com você?— questionou uma voz familiar e eu levantei o rosto, vendo Kabuto e sorri de leve, concordando.— Você não me parece nem um pouco bem. — disse ele, se aproximando e ergueu a mão para mim.— Vem, eu conheço um ótimo lugar para relaxar.— disse ele, sorrindo e ajeitando o óculos com a outra mão.
Semicerrei os olhos para ele, mas suspirei e segurei a mão do platinado. Ele sorriu e saiu me guiando pelos corredores. Passamos em frente a ala médica e continuamos, descendo uma escada e então entramos em uma estufa.
— Fique à vontade.— disse ele, sorrindo e arrumando alguns papéis em uma mesa, para depois guardá-los em uma gaveta com chave.
— Onde estamos, exatamente? — questionei, observando tudo, intrigada.
— Essa é uma estufa antiga, aqui faziam alguns experimentos para medicamentos e outros, mas quando reformaram o laboratório, essa sala ficou abandonada. Como meu pai comanda os médicos, consegui esse lugar para mim.— disse ele, sorrindo de canto.
— Privilegiado.— comente, olhando-o e sorrindo de canto.
Ele fez uma careta e deu de ombros.
— Quase isso.— disse suspirando.— Pode vir aqui, quando quiser fugir, ninguém além de mim entra aqui e eu não conto para ninguém sobre seu paradeiro.
— Do jeito que fala, parece que pretende me sequestrar.— disse o olhando e dei uma volta pelo lugar, observando tudo.
— Nunca.— disse ele, rindo de leve.— Vou te deixar sozinha, então.
Olhei para ele e suspirei.
— Bem… Não precisa… Sua companhia não está me sufocando e eu logo terei que voltar.
— Ora, que bom que não te sufoco.— disse ele, sorrindo de uma forma indecifrável e eu concordei.
— A propósito… Você e a Anko tem algo?— questionei, olhando-o e ele me encarou por um tempo.
— Eu e a Anko?
— É… Vi você conversando em um corredor uma vez.— disse sorrindo de leve.
— Ah… Sei. — disse ele e seu semblante pareceu escurecer, até que abriu um sorriso e negou.— Ela trabalha aqui há muito tempo, já nos esbarramos algumas vezes, apenas isso.
— Entendi.— disse e concordei de leve.
Do nada o silêncio se instaurou sobre nós, constrangedor e que me levou a pensar novamente no Itachi e em como eu me sentia traída por ele não ter se despedido decentemente de mim.
Imaginei como aquela sensação seria ainda pior se eu já estivesse dormindo, se não o houvesse escutado, se visse a Dália e não entendesse o que ela significava até escutar alguém dizer que ele havia partido. Aquilo começou a me corroer, ao ponto que levei a mão ao meu peito, sentindo-o acelerado demais.
“Ótimo momento para uma crise de ansiedade!” pensei, fechando os olhos e respirando profundamente.
Escutei passos e logo senti as mãos de Kabuto passar pelos meus ombros, os afagando. Até que ele tirou uma das mãos do meu ombro e então eu só escutei um sussurro, seguido por uma enorme pressão em meu ventre, então eu apaguei de vez.
POV Kabuto
Quando encontrei com a S/N no corredor vi a oportunidade perfeita. A levei para a estufa e, quando o silêncio caiu sobre nós, ela pareceu se perder em seus próprios pensamentos.
Notei que estava desestabilizada demais, sua respiração se tornou densa e seu peito subia e descia com certa rapidez. Ela fechou os olhos e levou a mão ao peito, estava tendo uma crise, ela não tinha muitas. Me aproximei e afaguei seus ombros, vendo-a relaxar apenas um pouco.
Notando que ela não abriria os olhos, tirei uma das mãos de seu ombro e sussurrei um jutsu, com as pontas dos meus dedos se iluminando, então conferi um golpe em seu abdômen, com ela sendo levemente impulsionada para trás e então apagando em meus braços.
Sorri de canto e a carreguei, observando seu belo rosto, agora sereno. Levei a ruiva pelos corredores, sem ser interceptado por ninguém, levando-a para seu quarto.
A deitei na cama e acariciei seu rosto.
“Tão linda…”
— Primeira parte concluída, meu senhor. — disse, encostando um dos meus joelhos no chão, com a cabeça abaixada.
— Parabéns, Kabuto.— escutei a voz do meu mentor, que eu não precisava olhar para saber que sorria animado.— Agora é só uma questão de tempo, até tudo começar a despertar. Ah, Kabuto, ela será o receptáculo perfeito!— afirmou e eu ergui meu rosto.
— Assim esperamos, não passamos anos trabalhando aqui para nada! — disse a mulher e eu a olhei, sempre tão presunçosa.
— Ora… — eu já ia me levantar, quando ele colocou a mão sobre minha cabeça.
— Acalme-se Kabuto, sabe como sua parceira é geniosa. — disse ele, e ergui minha cabeça, apreciando o sorriso em seu rosto.
— Sim, meu senhor.
Ela riu e negou.
— Sempre tão submisso, Kabuto. — disse ela, sorrindo.
— Sempre tão inconveniente, Anko!— retruquei e ela me encarou.
— Basta, vocês dois!— disse o nosso senhor e Anko bufou, cruzando os braços.— Anko, esteja próxima a ela, não vai demorar muito para as coisas mudarem e logo teremos visitas. Tudo tem que sair perfeito. Entenderam?
— Sim, senhor.— dissemos em unismo.
— É assim que eu gosto.— disse ele, acariciando meu rosto e dispensando Anko, eu sabia o que viria a seguir e sorri por isso.
A Anko tinha razão sobre uma coisa: Eu era completamente submisso ao Orochimaru.
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