23 de novembro. Aguenta coração...!
É a última semana de aula, e adivinha quem não está nem um pouco animada para as férias? Exatamente, eu. Nunca gostei de férias, é chato passar o dia todo sem fazer nada em casa, e meus amigos parecem que morrem quando o papo é sair pra algum lugar. Se bem que não é bem assim, eles só são do tipo de amigos nada criativos pra esse tipo de coisa, o que me dá uma certa raiva.
Levanto da cama com toda a vontade do mundo (só que ao contrário) e vou direto para o banheiro, pois pra completar, ainda acordei atrasada. Faço minha higiene e tento me vestir o mais rápido possível, o que não dá nem um pouco certo, pois como eu sou o desastre em pessoa (hahaha) acabo derrubando umas coisas e me machucando nos cantinhos dos móveis. Quando finalmente fico pronta, descubro que Chan Hyuk ainda nem acordou. Não é certo acordá-lo, pois é bem capaz de ele gritar comigo, ele detesta perder a hora, e toda vida que isso acontece ele se estressa ao máximo. Então, melhor poupá-lo.
Pego minha nova mochila, que há semanas implorei para minha mãe comprar, e saio correndo porta afora. Quando entro no ônibus, há poucas pessoas, e nem presto atenção nelas. Apenas sento na primeira poltrona vaga que vejo e coloco meus fones, tocando Ordinary love, do Park Kyung e da Boram. Olho pela janela, vejo Yoongi, NamJoon e J-Hope andando na rua, parecem três desleixados que não querem nada com a vida. O veículo para no sinal, e quando eles passam, Jimin vem andando lá atrás. Sua cara de sono destaca suas bochechas meio que cortadas no meio, como um sinal de beleza. Admito, seu rosto sem expressão alguma é muito lindo. Ele olha de relance para a minha janela, e sorri ao me ver. Meu rosto cora num segundo, então lhe sorrio de volta. Sinto um arrepio subir pela minha espinha, e meu estômago revirar, como se tivessem borboletas.
Geralmente eu só sinto isso quando estou com muita vergonha, ou muito feliz. Park Jimin não sai da minha cabeça sequer um minuto a partir daí.
~x~
O barulho de fricção do meu tênis no chão ecoa pelo enorme corredor. Paro no meu armário, mas o barulho fino continua, e não é do meu tênis. Não ligo, e abro a portinha de metal, então me deparo com o roteiro das provas, e adivinha, as de química e biologia são hoje! Ou melhor, tem prova a semana toda! Não acredito, eu me esqueci totalmente. Começo uma procura pelo meus livros, assim que os acho, enfio-os na minha bolsa junto com meu caderno de revisões e recolho dinheiro que guardei antes. Vou correndo para a biblioteca, pois ainda tenho meia hora para ver 4 capítulos das duas matérias de hoje.
Me ferrei? Sim ou claro?
— Suhyun-ssi? — ouço a mesma voz grossa e calma de sempre.
— Ah, olá Jung Kook-ah. — digo sem muito ânimo.
— Vai estudar agora? — pergunta ele.
— Sim, vou tentar. — falo meio pausadamente.
— Vou com você. — diz ele convicto, e eu solto sem querer um suspiro no ar.
Não é exatamente ele que eu quero que estude comigo no momento. A companhia dele é a melhor de todas, porém, meu medo é de me apaixonar de novo, e sofrer de novo.Sei quantas noites eu passei em claro, pensando nele, escrevendo coisas em sua homenagem, e ele nem se ligava na minha existência. Meu coração ainda está com a cicatriz. E, talvez ela não seja curada.Só se, eu me esquecer totalmente dele, e me apaixonar por outra pessoa. Tenho muito medo de me machucar de novo.
Ahn... Enfim...
Fomos para a biblioteca, e aquela mesma chata do nariz espetado já franziu seus lábios em um bico produzindo aquele som irritante, "shiiiiu". Eu e Kook fomos para uma mesa lá no fundo, atrás das estantes de livros.
— Er... Eu te vi no ônibus. — diz ele, gaguejando um pouco.
— E por que não falou comigo? — pergunto intrigada.
— Sei lá, não queria atrapalhar sua música. Você parecia tão concentrada, até sorriu pra janela. — explica ele, com um sorriso fraco.
— Hum. — balbucio.Não sei por quê, mas sinto vontade de rir.
Abro meu livro e começo a estudar pra química, depois pra biologia. Kook nem se concentra direito, fica é desenhando no canto do seu caderno
— Ya! — falo alto sem querer, então escuto o mesmo barulho irritante vindo daquela chata. — Você desenha?!
Meu coração começa a bater rápido do nada.
— Er.. A-Anyo, anyo! — o nervosismo toma sua voz.
— E isso aí? — pergunto, esticando meu pescoço para tentar ver, mas ele já tinha fechado o caderno e levantado da cadeira.
— Já deu nosso horário, vamos. — diz ele, sério.
Sua expressão é indecifrável, e ele fica parado no canto, esperando-me arrumar as coisas. O toque soou, então fomos até a sala.
~x~
Agora bateu um certo arrependimento de não ter fingido um desmaio e não ter feito a prova. Quando olhei para a primeira questão já sabia que ia me ferrar. Bem, vamos esperar até o boletim chegar. A prova de biologia até que estava mais ou menos, agora a de química... Meu pai amado.
Vou para a cantina, e compro algo para comer. Sento nos bancos do pátio, e começo a ler um livro que aluguei na semana passada. Ninguém aparece por um bom tempo, o que me deixa em paz para que possa ler sem ser interrompida. Ouço passos leves vindos na minha direção, levanto meu olhar e vejo lá no outro banco, que fica do lado do que eu estou, Park Jimin sentado olhando seu celular. Ele está comendo um Brownnie. Seus cabelos castanhos claros remexem a cada vez que o vento passa, ficando um pouco mais bagunçados. Um dos charmes dele é esse: o seu cabelo quase sempre está diferente. Um dia bagunçado, outro mais arrumado, a cor muda, fica mais escuro de uma hora para a outra, e nem sei como isso é acontece.
Observo-o por uns segundos, então volto a minha atenção para meu livro. Nem sinal de Jung Kook por enquanto, acho que ele já foi embora.
— Suhyun-ssi, como vai? — escuto a voz anasalada e fofa de Jimin.
Noto que ele está exatamente na minha frente, de cócaras. Meu coração só falta pular quando vejo seu sorriso estampado.
— Ya, bem. E você? — replico.
— Huum, vou bem também. — diz ele.
Jimin entrelaça seus dedos em seus cabelos, puxando-os para trás, deixando sua testa à mostra. Sua pele branca se destaca por causa da iluminação.
— Er, está esperando alguém? — pergunto para quebrar o silêncio, então ele se levanta de repente.
— Estava. — ele funga um pouco. — Ahn, mas agora estou só esperando por Jung Kook mesmo. Vou pra casa dele.
— Hum, você é muito amigo dele? — indago.
— Sim, nos conhecemos a muito tempo. — diz ele.
Jimin pega seu celular no bolso.
— Ahh, ele terminou, tenho que ir. — fala.
— Ya, vou com você até lá. — digo me levantando, então recolho minhas coisas.
Noto seu sorriso de orelha a orelha. Ele sempre sorri assim, tão singelo e feliz.
Sinto alguém me abraçar pelas costas assim que entro no colégio e me despeço de Jimin. Haha, poderia reconhecer esse perfume tampando o nariz, se é que isso é possível.
— Ya, Choa-ssi. — digo, segurando seus braços.
— Jung Kook estava atrás de você. — ela sussurra em meu ouvido. — Mas, parece que ele te encontrou, então foi embora meio triste. Confesso que não entendi.
— Não vi ele. — comento, abrindo um pacote de pipoca que tinha guardado.
— Hum. — ela balbucia. — Hey, e você e o Park, como estão?
Essa pergunta me faz pensar em um milhão de coisas.
— Nada de mais. Nada mesmo. Apenas — dou uma pausa sem querer. — conversamos um pouco.
— Aham, sei. Sabe o que eu acho? — fala ela.
— Sei sim, eu não gosto dele. — digo.
Ela ri alto.
— Anyo, não é isso não. Eu acho que duas pessoas gostam de você. Ou estão começando a gostar. — comenta ela.
— Sério? — pergunto, e ela faz que sim com a cabeça.
Nessa hora, somos barradas pela coordenadora, que nos entrega um comunicado. Está escrito nele que iremos ter uma acampamento em dezembro, só para as turmas do ensino médio. Choa dá aquelas seus ataques de nervosismo e alegria, chamando atenção de todo mundo no corredor.
— YA! VAMOS, VAMOS! — grita ela.
Repreendo-a, e ela só para quando Jin chega no corredor. Sim, eles estão namorando. Um casal tão meloso quanto mel. Depois que ela começou a namorar, consequentemente eu me tornei segundo plano, tanto que quando ela não está com Jin, sempre vem atrás de mim.
Fazer o que né...
Volto para casa almejando deitar na minha caminha, e dormir como se não houvesse amanhã. Pena que sim, vai ter amanhã. Vai ter prova, vai ter gente chata querendo ser engraçada, mas no máximo só consegue pagar papel de ridícula mesmo, vai ter eu morrendo de sono e fome na hora da prova... e muitas outras coisas típicas do meu dia a dia.
Mas, de bom mesmo amigo diário, só vai ter aqueles dois sorrisos que moram no meu coração...
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