Diário de Suhyun. 12 de Dezembro.
Uma semana se passou, e posso proferir que esse está sendo um dos melhores acampamentos. Só seria melhor se Kim Tae Sook não tivesse aparecido do nada aqui. Quem me dera se ele não fosse filho do diretor. O seguinte é que: Tae Sook era um dos meus amigos de infância. Nós costumávamos brincar, eu, ele e meus primos. Como eu era um pouco mais jovem, eu me apaixonei por ele, e ele por mim; o meu primeiro amor.
Mas, as flores estavam erradas. Bem me quer, mal me fez.
Ele se aproveitou de mim o máximo que pôde, e como eu era apenas mais uma boba e tola apaixonada, nem percebi. Sei que todos os dias eu passava fome, porque dava meu dinheiro do lanche para ele. Ele judiava de mim, mas eu nem ligava. Sei que ele foi a pior pessoa que eu já conheci. O tempo passou, minha mãe acabou descobrindo tudo, e não deixou mais eu sair de casa, porque de qualquer forma eu ia me encontrar com ele em algum lugar. Até que ele saiu da escola, e eu nunca mais o vi, até semana passada. Ainda me lembro bem do bilhete que ele deixou, que eu não entendi bulhufas na época, mas hoje posso decifrá-lo.
‘’Mais tarde, eu ainda vou te encontrar. E você ainda vai ser minha escrava, em todos os sentidos. Eu nunca te amei, Lee Soo Hyun. Você foi burra. Conviva com isso, e só aguarde.’’
E eu passei a minha vida toda intimidada com essas palavras, até que um dia me senti mais forte e não me importei mais. E hoje, ele quer porque quer cumprir, aquele cretino. Fico imagino se eu deveria contar para alguém, mas talvez só piorasse tudo.
Enquanto eu estou lendo um livro sentada na minha cama, as meninas saíram para a piscina, mesmo com insolação. Estou indo pouco na piscina essa semana, porque é ‘’aquela’’ semana do mês. Ouço a porta abrir, e vejo Jung Kook.
— Ah, oi. — digo um pouco acanhada.
Sabe, nós estamos muito próximos esses dias. Sinto como se ele fosse meu namorado, indiretamente. Mas, lá no fundo, eu ainda tenho medo. Medo de tudo que pode acontecer. Medo de me magoar, de ele me magoar, de nos separarmos da forma mais grotesca e triste possível... Acho que desde que Tae Hyung fez aquilo comigo, eu desenvolvi uma fobia para relacionamentos.
Porém, temos conversado mais sobre Jimin e Sophia, ele me pede conselhos para dar ao seu amigo, como se o mesmo não pudesse apenas vir conversar comigo. Acho que ele faz isso para ficar próximo de mim.
— Esse livro é bom, já viu o filme? — pergunta, olhando a capa.
— Já, mas como sempre, nunca é igual ao livro. São universos completamente diferentes. — digo, sorrindo.
Ele fica calado, mas também está sorrindo. Uma hora ele suspira e deita seu corpo na cama, como se estivesse exausto.
— Você parece cansado. O que fez ontem à noite? — pergunto, tentando esconder meu tom de preocupação na voz.
— Ah, Jimin me manteve acordado falando direto da Sophia, não me deixando dormir por um segundo. — diz ele, e solto um riso.
— Ele está realmente apaixonado. — concluo, olhando pro nada.
— E você? Está apaixonada? — indaga ele, me olhando com aquele olhar profundo, sorrindo.
— Ya, o que quer dizer com isso? — replico.
Ele não responde, apenas ri. Acho que a hora que eu mais rio, é com ele.
O tempo passa, e as meninas chegam. Kook me convida para ir na fogueira, onde os garotos estão fazendo churrasco. Vou com ele, e quando chegamos lá, estão fazendo karaokê também. Quem está no microfone é Jimin, cantado Eyes, noses, lips, do TaeYang. Sua voz é realmente apaixonante.
Inconscientemente começo a cantar junto com ele no refrão. E acho que me empolgo demais. Jimin sorri, e senta do meu lado, então cantamos juntos. Foi assim nas outras duas músicas, cantadas por NamJoon e Yoongi (rap). Neles, eu canto apenas o refrão, que é mais fácil. Hahaha.
Agora seria a vez de Kook, mas ele parece um pouco envergonhado.
— Ah, só uma, vai! — implora Jimin, então eles começamos a gritar seu nome repetidas vezes.
— Ah, ne, ne. Irei cantar. — diz ele, rindo.
Ele encara o microfone, e morde o lábio inferior. Então começa. Arregalo meus olhos, e nunca imaginei que ele fosse ver tanta doçura, sutileza, delicadeza... em uma só voz. A melodia ondulando pelo tom arranhado, rouco e singelo. Pode não ser a melhor voz do mundo, de acordo com as outras pessoas. Mas, se tornou a melhor voz pra mim.
Será que... me apaixonei de vez?
E ele ainda está cantando minha música favorita: All of me, John Legend. Começo a cantar de novo, só que um pouco mais alto, e as nossas vozes juntas foi um estouro. Até arranca uma lágrima dos olhos dos outros. Cantamos encarando um ao outro, e foi como um filme de romance. Eu sequer desgrudo meu olhar do dele, e ele faz o mesmo. Sinto um calor percorrer todo o meu estômago, e arrepios percorrerem meu corpo.
~x~
Pedimos emprestado o telão da professora Kong, então usamos o projetor do NamJoon. Assistimos a um filme romântico (nem sei de quem foi essa ideia bem bosta), sentados na grama. A situação agora é: J-Hope se agarrando com Hyejeong, Jimin e Sophia, Yoongi e a sua mais nova ficante, Dasom. Isso mesmo que você leu. Eles acabaram ficando agora, e conheci o lado fofo dela. NamJoon está no love com seu saco de pipoca doce.
Restamos eu e Jung Kook aqui atrás, no fundão. E, sinceramente, assistir casais se agarrando não é muito legal ao lado de um amigo. Ou, será que é amigo colorido? Eu já nem sei.
— Vai ser estranho eu te chamar de Kookie? — pergunto, rindo da minha bobagem.
— De jeito nenhum. — ele ri. — Por acaso eu te lembro um biscoito?
Rio da sua piada. E bato em seu ombro, deitando minha cabeça no mesmo depois. Daí, nem me lembro mais de assistir ao filme. Me perco em meus pensamentos.
— O que você acha? — pergunta ele do nada, e eu me assusto.
— O quê? — interpelo desentendida, franzindo o cenho.
— A pergunta que você acabou de fazer. — ele diz.
— Eu fiz uma pergunta?! — digo, estranhando demais.
— Fez. — ele ri da minha expressão. — Você acabou de dizer exatamente ‘’será que isso vai passar de amizade algum dia?’’.
Eu bato uma vez na minha cabeça. Acho que pensei um pouco alto.
— Desculpa, não era minha intenção perguntar isso, foi inconsciente. — digo, me sentindo totalmente errada e constrangida. — Desculpa.
Então eu levanto e saio. Não consigo correr, seria mais estranho ainda. Kook puxa o meu braço, e me abraça.
Diário de Jung Kook. 12 de dezembro.
Suhyun está com a cabeça deitada em meu ombro. Nem consigo mais prestar atenção no filme. Apenas fico sentindo seu cheiro doce...
— Será que isso vai passar de amizade algum dia? — ela pergunta do nada, me surpreendendo.
— O que você acha? — mordo meu lábio sem querer, acho que estou nervoso de novo.
— O quê? — ela diz, sem entender.
— A pergunta que você acabou de fazer. — digo, estranhando.
— Eu fiz uma pergunta?! — ela indaga, parecendo surpresa. Sua expressão está engraçada.
— Fez. — rio um pouco. — Você acabou de dizer exatamente ‘’será que isso vai passar de amizade algum dia?’’.
Ela bufa e bate em sua cabeça, como forma de repreensão.
— Desculpa, não era minha intenção perguntar isso, foi inconsciente. — diz ela, indiferente. — Desculpa.
Ela se levanta, e sai andando rápido, mas eu dou um pulo, literalmente, e seguro em seu braço, depois envolvo-a em meus braços.
— Suhyun-ssi, eu... — hesito, e aperto meus olhos.
Ela põe o dedo na frente dos meus lábios, em gesto para eu fazer silêncio.
— A razão de tudo, é que eu sinto medo. — declara, me deixando confuso. — Eu sou só mais uma medrosa, Jung Kook. Eu não consigo lidar com o meu medo. Me sinto horrível por isso. Eu me pergunto todos os dias se eu devo ou não... — ela para de repente, e suspira. — A questão é que eu sou só mais uma com medo do futuro. Do que há por vir.
Uma lágrima escorre do seu olho, então eu enxugo-a. Começo a lembrar do seu antigo namoro, o que o outro (que nem vou citar o nome) fez com ela, isso me deixou muito indignado mesmo. Desde o começo eu quis matar o Tae Hyung. Ele sabia que eu gostava dela, sabia que eu queria me aproximar dela, e até me apoiava, mas o que ele fez? Foi lá e namorou com ela. Basicamente traiu a minha confiança, e dos meus amigos também.
— Então, você quer dizer que tem medo de relacionamentos? — pergunto.
— É tipo isso, mas eu nem sei. Me perdoe, Jeon Jung Kook. — ela me abraça. — Me perdoe. É melhor você procurar outra. Eu não quero te machucar, a não ser que você queira esperar isso passar, se isso passar e... — eu a corto.
— Eu... — hesito de novo, por causa do seu olhar sobre mim. — Eu... quero... esperar.
— Como assim você quer... esperar? — ela dá uma de desentendida de novo, e pisca os olhos um pouco mais rapidamente.
— Eu amo você, Suhyun-ah... — profiro de vez, provavelmente ficando a maior cara de bunda possível.
Continua...
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