Estava nua e emaranhada em meio aos seus lençóis, aos poucos a garota ia despertando-se de seu sono que estava mais que profundo ao ouvir o som irritante do objeto em cima de seu criado mudo, o despertador, deixando mais do que claro que era hora de se levantar e aprontar-se para ir à escola. Cheia de má vontade a garota soltou um gemido sôfrego e apertou o botão do aparelho e o desligou, quase derrubando-o no chão de tão sonolenta que se encontrava. Ainda meio zonza de sono, Lara estranhamente sente que sua cama está grande e fria demais, dando-se conta de que estava sentindo falta de alguém ali.
- Dante..
Quase se sentiu um pouco tristinha por não encontrá-lo logo ao acordar, mas se sentiu contente o suficiente para um sorriso bobo brotar em seu rosto, impedindo que ficasse entristecida. Lara recordou-se que havia trancado a porta de seu quarto no dia anterior para que Dante não fugisse, então se seu irmão tinha saído era sinal óbvio de que ele havia encontrado a chave que a jovem guardou dentro da gaveta de sua penteadeira.
Rolou para o outro lado da cama, lado este que o irmão mais velho estava deitado à pouco e lá ainda estava um pouquinho quente, demonstrando que o rapaz tinha se levantado faziam poucos minutos, afundou o rosto no travesseiro que estava impregnado com o cheiro de Dante, fazendo com que as lembranças do dia anterior voltassem em peso. Riu enquanto parecia uma criança abraçada ao travesseiro. Estava tão alegre que parecia que sua alma havia sido purificada. Não se lembrava da última vez que tinha acordado tão feliz.
Provavelmente seu irmão já estaria se arrumando para ir à escola e por algum motivo não quis acordá-la, estava curiosa para saber o motivo mas não ficou pensando muito sobre. Empurrou para seus pés o lençol que a cobria, sentando-se na cama e se espreguiçando. Lara viu uma mancha de sangue no forro de sua cama, frutos de ter tido a sua primeira vez. Mais uma vez sorriu. A jovem passou os dedos por cima da mancha avermelhada em seu lençol e começou a refletir.. Dante havia sido o primeiro, seu corpo deixou de ser puro por conta de seu irmão, ali em seu quarto, na sua cama. De repente sentiu um aperto no peito, uma preocupação lhe invadiu de repente. Deixou isso para lá, achou que fosse coisa de sua cabeça.
Colocou o forro manchado no cesto de roupa suja e foi para o banheiro fazer sua higiene matinal. Ao entrar, direcionou o olhar ao espelho e no mesmo momento uma onda elétrica percorreu seu corpo, desde suas costas até a nuca, fazendo-a estacar no lugar ao observar seu pescoço, ombros e seios com diversas marcas, seu ombro também possuía algumas marquinhas de dentes deixando ainda mais claro que Dante tinha se empenhado bastante no que fazia, marcando bem o território.
Lara passeou as mãos por essas marcas feitas pelo seu irmão mais velho em seu corpo e novamente flashes do momento íntimo entre eles no dia anterior voltaram como uma benção aos seus pensamentos e a mais nova começou a sentir-se um. pouco excitada, recordando o quão prazeroso eram todos os diversos toques e carícias que Dante lhe dera, da sensação de ter sua língua acariciando seu ponto mais sensível, de seu pau dentro dela.. Estava a ponto de sair correndo pela casa e agarrar seu irmão não importa onde estivesse. A garota não conseguia parar de sorrir igual uma bobona para seu reflexo no espelho do banheiro de seu quarto.
_______________X_______________
Lara, ao descer as escadas que davam para a sala, viu Dante colocando algumas coisas sobre a mesa da cozinha onde - na maioria das vezes - a família comia todas as refeições do dia, juntos. Provavelmente o jovem estaria terminando de pôr o café da manhã que iriam comer. A mais nova pôde perceber que o cabelo de Dante estava levemente úmido, sinais de que havia saído do banho e terminado de se arrumar fazia pouco tempo. Ele vestia a camiseta do uniforme da escola, uma calça moletom cinza escuro com elásticos na barra e ainda estava de chinelo pois costumava colocar seus tênis quando já era hora de sair. O mais velho ainda não tinha notado sua irmã por ali, andava distraidamente para a pia e começou a lavar algo, permanecendo ainda de costas para sua irmã.
A jovem começou a se aproximar lentamente para que ele não a notasse e ainda de longe conseguia enxergar marcas feitas por ela espalhadas pelo pescoço de seu irmão, não contendo um sorriso malicioso ao ver que devolveu na mesma moeda todas as manchas que tinham em seu corpo. Enquanto tomava banho a garota viu que em suas pernas também tinham marcas de dedos e alguns chupões, e as que tinham em seu pescoço foram bem difíceis para conseguir esconder devidamente com sua maquiagem. Quando alcançou seu irmão mais velho, abraçou-o por trás e apoiou a cabeça em suas costas, inalando o cheiro dele que lhe fazia tão bem.
No mesmo momento, Lara se sentiu completa, o conforto e o calor do corpo de Dante já estava lhe fazendo falta, a fazia esquecer-se de tudo, fazendo mais nova ter ainda mais a certeza de que seu querido irmãozinho era o que mais lhe fazia bem em sua vida.
- Bom dia. - Disse ela com a voz doce.
Dante virou-os de frente um para o outro em um movimento ágil, porém não brusco, não respondendo ao comprimento que ela fizera. Lara não costumava usar muita maquiagem, e isso agradava o rapaz, gostava de garotas com a aparência mais natural. "Meu Deus do céu... Essa garota é uma perdição, eu não consigo resistir.. " A garota colocou as mãos sobre o peitoral do rapaz e segurou em sua camiseta, ele colocou uma de suas mãos na cintura da jovem e segurou firmemente, a outra levou à bochecha da mesma, puxando-a para um beijo. Suas cabeças tombavam lentamente para os lados, suas respirações se misturavam assim como seus gostos, as línguas de ambos dançavam harmoniosamente, proporcionando para os dois a melhor das sensações.
- Bom dia. - Falou ele ao afastar seus rostos.
- Vai me dar um bom dia desses todos os dias? - Lara perguntou passando a ponta de seus dedos sobre as marcas no pescoço de seu irmão, sorrindo. Era uma pergunta retórica, ela sabia que seria um tanto quanto difícil isso acontecer literalmente todos os dias devido a várias coisas óbvias que os impediriam, além de nem saber direito o que estava acontecendo entre eles.
- Vou pensar no seu caso. - O mais velho respondeu e Lara se derreteu com o sorriso que ele deu, dando-lhe um rápido beijo estalado nos lábios.
- Por que não me acordou? - Dante demorou breves segundos para responder.
- Você tava tão bonitinha dormindo, não tive coragem de te acordar. E eu queria fazer o nosso café.
- Você demorou muito para conseguir sair do quarto? - Lara tinha um sorriso malicioso nos lábios.
- Não. Consegui achar a chave bem rápido, era meio óbvio que estaria dentro daquela gaveta. "Ela já tinha pensado em tudo mesmo…"
Dante ainda estava "de cara" com essa ousadia de sua irmã. Quem diria que essa garota que - até ontem - parecia ser tão tímida e inocente poderia ser tão esperta a esse ponto, não é?
- Sua sa-fa-da. - Silabou com a voz grave no ouvido da jovem. - Pelo visto você conseguiu esconder bem as minhas marcas, não é?
- Deu um trabalhinho viu, mocinho. - Usava de um tom incriminador - Mas acho que até deu pro gasto.
- E quem disse que era pra esconder? Agora vou ter que fazer mais. - Usou de um tom sarcástico e começou a dar leves beijos pelo pescoço da garota.
- Vou esconder sim.. porque.. - Dava pequenas pausas durante a frase para soltar gemidinhos baixinhos por conta das carícias de seu irmão mais velho. - porque quero evitar comentários.
Sentaram-se ambos à mesa para comerem o leve café da manhã que sempre tomavam antes de irem juntos para a escola, que consistia de torradinhas e café com leite para acompanhar.
Permaneceram em silêncio boa parte do tempo enquanto faziam a refeição, mas não era um silêncio incômodo ou constrangedor, estava servindo para que Lara refletisse sobre algo que estava deixando a jovem bastante pensativa. O que realmente os dois irmãos estavam tendo? Que nome é o mais apropriado para se dar a relação deles no momento? Aliás, deviam dar nome a isso? Dante poderia estar só aproveitando o momento, colocando seus desejos para fora, aliviando-os, diferente dela que estava e sempre esteve nutrindo sentimentos amorosos por ele. Sim, amorosos. Enxergava-o como irmão, mas também como homem. Lara adorava conviver com ele como dois irmãos normais, mas… era ele que ela queria. Estava com muitíssimo medo de tocar no assunto. Lara pensava que poderia estar confundindo as coisas.
Mas esse beijo que Dante lhe deu agora a pouco foi diferente, era a segunda vez que tinham um beijo desse tipo, sem toques maliciosos ou audaciosos. O rapaz está sempre sendo tão atencioso com ela, ontem foi super carinhoso, a garota achava que dificilmente alguém que queria somente sexo se atentaria em tais coisas.
E tudo isso por quê?
Haviam feito algo importante, sem volta e se a situação fosse outra a jovem diria que tinham dado um grande passo "nisso" que eles estavam construindo, seja lá o que fosse. Mas esse passo foi dado entre irmãos.. Ela não via problema nisso, mas ao mesmo tempo via. Ninguém foi obrigado a nada, fizeram porque queriam, porque se queriam, então porque de tempos em tempos sentia-se triste? Esse aperto no peito estava lhe preocupando, queria esclarecer de uma vez tudo entre ela e seu irmão. Estava tão confusa, sua mente estava um turbilhão que a irmã mais nova sentia que se guardasse esses pensamentos para si por mais tempo poderia surtar a qualquer momento.
- Dante, o que..
Em um momento súbito de coragem a mais nova tocaria no assunto que tanto ocupava seus pensamentos, porém foi interrompida pelo barulho do toque de um celular, Dante estava recebendo uma chamada de vídeo de seus pais. O rapaz chamou Lara para sentar-se ao seu lado e ela logo o fez, colocando uma cadeira e se acomodando ao lado de seu irmão mais velho.
- Oi filhos, como vocês estão? - Dantas esboçava o maior de seus sorrisos e Sofia que estava ao seu lado se encontrava igualzinha.
- Estamos ótimos, pai. - Dante respondeu. - Não é que eu não tenha gostado da ligação de vocês, mas não precisava.
- Ah, imagina filho. A gente tira alguns minutinhos do nosso dia pra vocês com o maior prazer, né querido? - Dantas assentiu.
- Só queríamos saber se estão bem porque ontem de manhã quando nós nos vimos pela última vez vocês estavam um pouco estranhos, principalmente você, meu filho. Nós dois ficamos sem entender nada.
- Ah, esqueça isso. Não era nada.
- Está cuidando bem de sua irmã?
A mãe dos jovens dirigiu um olhar duro para seu filho, porém não era sério. Dante arqueou uma sobrancelha achando aquilo um tanto quanto ridículo. Olhou para Lara e a mesma desviou o olhar para o lado e seu rosto se enrubesceu um pouco ao pensar o jeito que seu irmão estaria "cuidando" dela.
- Acho que já passou do tempo de você fazer esse tipo de pergunta, mas pra não perder o costume; fica tranquila que da minha maninha eu cuido com prazer.
- Aawn, que irmãozinho mais fofo eu tenho! - Lara abraçou seu irmão pelo pescoço e deu um beijo em sua bochecha, Dante estranhamente ficou sem graça e corou.
- Olha como nossos filhos são lindos, amor! - Exclamou Sofia. - Estão bem melhores do que ontem mesmo.
- Gosto de ver vocês assim, fico feliz que estejam realmente bem.
- Estamos sim, estou bem acompanhada. - A garota estava com o braço esquerdo passando por trás do pescoço de seu irmão e o direito ela mantinha com a mão repousada no peito dele, sorriu para ele de forma meiga, mas somente Dante sabia que esse sorriso continha duplo sentido. - Não se preocupem com a gente, curtam a viagem de vocês sossegados, inclusive.. parece que vocês estão em um lugar bem bonito aí né?
O casal, ao que tudo indicava, estavam dentro de algum apartamento e atrás deles tinha uma grande janela que dava visão para um lindo local verde, cheio de árvores e flores de tipos variados. Era lindo, estava deveras curiosa para saber onde estariam, entretanto não perguntou.
- Já está quase na hora de vocês saírem.. - Falou Dantas olhando rapidamente as horas em seu celular. Papo vai, papo vem, alguns risos aqui e ali e não demorou muito para o horário em que os irmãos costumavam sair para ir à escola chegar. - Vamos desligar então.
- Tudo bem, aproveitem bastante! - Lara mandou um beijo para seus pais e Dante acenou sorrindo.
Depois que desligaram a chamada, um clima meio tenso se instalou na cozinha e os dois jovens ficaram em silêncio por breves segundos. Conversar com seus pais depois de tudo que aconteceu era bem estranho, novamente fazendo Lara sentir aquele aperto no peito, uma tristeza repentina que a garota ainda não sabia o porquê de sentir e que já estava lhe enchendo a paciência. A mais nova olhou para Dante com uma expressão triste e ele a encarou de volta, desconfiando de que sabia o que se passava na cabeça de sua irmã. Ele desviou do olhar dela e olhou para o teto soltando um longo suspiro.
- Eles pareciam bem alegres. - Falou tentando quebrar o gelo. Não achava que este seria o melhor momento para tocarem no assunto que os perturbava. Inclusive, por esse mesmo motivo que Dante preferiu não perguntar à sua irmã mais nova o que ela queria lhe dizer antes de seus pais ligarem.
- Sim.
- E é incrível como ela sempre pergunta se eu estou cuidando de você, mesmo depois de já estarmos crescidos.
- Costume dela, eu gosto.
- Gosta também do jeito que estou "cuidando" de você? - Sorriu maliciosamente.
- Amo. - Respondeu acariciando lentamente as coxas de seu irmão. Já que Dante parecia estar encarando tudo numa boa, Lara resolveu fazer o mesmo. Talvez fosse melhor deixar o assunto para depois, agora só iria aproveitar.
- Senta lá - Apontou com a cabeça para onde a jovem estava sentada tomando seu café da manhã antes da ligação de seus pais. - Termina de comer que já vamos sair.
- Sentar? - Lara levantou-se e se sentou de lado no colo de seu irmão. - Que tal aqui?
Dante tinha que olhar um pouco para cima pois o rosto de sua irmã ficou mais alto que o seu por conta da garota estar em seu colo e a mesma estava com uma cara nada santa.
- É.. acho que nossos pais deveriam ter perguntado se eu estava bem… - Sorriu de canto e a mais nova o fitou com uma expressão desconfiada, não entendendo de imediato o que o rapaz quis dizer com aquilo - Eles não devem ter imaginado que a filhinha caçula deles ia se trancar em seu próprio quarto junto de seu irmão mais velho com a intenção de seduzi-lo.
- E a filhinha caçula deles conseguiu seduzir o irmãozinho mais velho? - Indagou aproximando lentamente seus rostos.
- Você não faz nem ideia do quanto...
Selaram seus lábios em um beijo luxurioso, Dante apertava e alisava a coxa de sua irmã com firmeza, levando sua mão para bem próximo de sua intimidade, causando arrepios pelo corpo da mais nova. Lara deu uma única rebolada forte em seu colo e o mais velho soltou um gemido no meio do beijo, fazendo a garota dar um sorriso vitorioso.
- Droga Lara… desse jeito vamos nos atrasar.
Ela nada disse, que se atrasassem. Estava pouco ligando para o horário, a escola que se exploda, apenas continuou atacando aquela boca a qual sabia que em pouco tempo iria se viciar, se é que já não havia se viciado. Oh Deus.. como esses dois podem fazer tão bem um para o outro assim, desse jeito? Desse jeito perigoso mas ao mesmo tempo tão delicioso. Essas sensações nunca foram sentidas quando estavam com outra pessoas, nunca, jamais. A atração desses dois poderia ser descrita como indescritível. Faz sentido? Talvez sim, talvez não… Por vezes é muito difícil saber o que e o porquê de sentirmos algo, tornando ainda mais difícil dar sentido para tal coisa.
_______________X_______________
Deu duas batidas na porta de sua sala e ouviu quando a professora autorizou sua entrada. Dante agradeceu a moça por deixá-lo entrar, pois em outras vezes ela e outros professores acabavam optando por deixar os atrasados do lado de fora da sala até a troca dos professores. O rapaz sentou-se em seu devido lugar e Alex logo puxou assunto com ele por conta de seu assento ser logo à frente de seu amigo.
- Então pelo visto ontem foi um dia atípico mesmo.. - Falou o loiro em relação ao horário da chegada de Dante que foi bem diferente da do dia anterior. - Vem cá - Sentou-se ao contrário na cadeira, apoiando os braços nas costas da cadeira e colocando uma perna de cada lado da mesma - o que aconteceu? - Perguntou mais por perguntar, já imaginando o provável motivo, apontando para o próprio pescoço para que o moreno entendesse do que ele estava falando.
- Isso aí mesmo que você tá pensando.
- Quem foi dessa vez?
Dante teve que conter um riso que lhe deu vontade de soltar só de pensar na ideia de contar para Alex o que estava acontecendo entre ele e Lara. Provavelmente a reação dele não seria das melhores. E por que é que estava cogitando a ideia de contar para alguém? Essa relação provavelmente não andaria pra frente, para falar a verdade não faz nem sentido isso acontecer, e isso o entristecia… ainda não tinha admitido que também estava feliz de estar vivendo esse amor proibido. "Amor.." Novamente essa palavra estava deixando o mais velho pensativo. Poderia chamar o que estava sentindo de amor? “Não, claro que não. Só estamos nos divertindo, não é Dante? Ou pelo menos quero me convencer disso…”
O real motivo para não tê-la acordado logo quando se levantou foi o medo de não saber encarar as consequências do que tinham feito, medo de encarar sua irmã mais nova logo tão cedo e não saber o que dizer. Como foi capaz de dizer que faria com que tivessem vários outros dias como aquele? Estava ficando retardado, só pode. Quando desceu de seu quarto para a cozinha, não estava planejando fazer igual no dia anterior e sair muito antes do horário de casa, esperaria a Lara descer e tentaria conversar com ela. Pelo menos era o que achava que iria fazer, até ela o abraçar sem que percebesse sua chegada. Assim que ela o abraçou pelas costas e lhe deu bom dia com aquela voz doce, tudo o que havia planejado; a conversa que queria ter com ela, ter uma postura confiante e rígida, foi tudo buraco a baixo. Seus pensamentos se desligaram quando o toque e o calor dela se envolveram no seu corpo, e a única coisa que pensou em fazer foi beijá-la, e foi o que aconteceu.
Afinal de contas, ainda era um recém adulto, muito inexperiente e impulsivo.
- Deixa pra lá. - Respondeu.
- Para com isso, me conta logo pra m- O loiro foi interrompido pela professora que tentava fazer a chamada e os amigos não calavam a boca.
- Ei! Silêncio vocês dois!
_______________X_______________
Quando deu o horário do intervalo, Lara saiu de sua sala de aula acompanhada de sua amiga Rachel logo após os dois delinquentes que fizeram aquela nojeira no dia anterior saírem. Assim que saiu, olhou na direção da sala de seu irmão - que ficava neste mesmo andar - e logo viu o rapaz acompanhado de Alex, vindo em sua direção. Dante lhe deu uma piscadela e a jovem não conseguiu não se envergonhar, dando um sorrisinho sem graça.
Alex cumprimentou a irmã mais nova de seu melhor amigo e logo "tomou" a amiga asiática de Lara para si, e ambos os dois seguiram descendo as escadas para o pátio.
- Eu sabia que um dia esses dois iriam ficar. Parece que estão bem. - Disse Lara ao começar a caminhar ao lado de Dante.
- Sim. Ontem antes de ir embora eu resolvi dar um empurrãozinho pra esses dois, achei que seria uma ótima desculpa para ficar sozinho, então chutei ele pra cima dela e fui pra casa. Pelo visto deu certo. - Riu um pouco.
- Desde quando virou cupido? - Perguntou a mais nova, rindo.
- Já disse, só arrumei uma desculpa para ficar sozinho.
Ambos estavam seguindo para o lado externo do pátio, onde tinha a quadra, pois a sala de Dante havia combinado com uma outra de jogarem uma partida de futsal. Geralmente o rapaz não jogava, esse esporte não fazia muito o seu estilo, porém Alex gostava bastante e sempre insistia para que o moreno jogasse. Dessa vez eles iriam jogar no meio do intervalo e não em uma aula de educação física, ou seja, muitas pessoas estariam vendo, então o loiro disse para ele tentar se exibir um pouquinho.
Perto de cruzarem o portão que levava para o lado de fora, os irmãos avistaram Caio e Luis, os dois delinquentes do dia anterior, olhando em direção aos jovens, mas principalmente para Lara. “É sério isso? Na cara dura?” Dante não perdeu tempo, passou o braço ao redor do ombro de sua irmã num ato de demonstrar proteção e sussurrou no ouvido dela: - Parece que a “bronca” de ontem não resolveu completamente o serviço. - Lara riu.
- Resolveu sim. Depois que você disse “quem manda nessa escola aqui sou eu” - Disse ela tentando imitar uma voz grossa como a de seu irmão e logo continuou - eles nem chegaram mais perto de mim ou da Rachel, olhar não arranca pedaço.
- Que ridículo. - Se referia a imitação tosca da mais nova. - Eu não mando em nada, só falei aquilo porque eles eram novos aqui então acreditariam.
Os rapazes entraram em quadra e começaram a partida, Lara, Rachel e algumas turmas ficaram ao redor observando o jogo. As duas jovens amigas ficaram de pé bem em frente a grade da parte lateral que rodeava a quadra.
- O Dante sabe jogar bola? - Perguntou Rachel já que nunca tinha visto o Dante fazer tal coisa.
- Saber ele sabe, mas parece um tiozão jogando. - Ambas riram.
- Que maldade.
Alguns minutos se passaram e Alex aparentemente estava sentindo calor, pois repentinamente arrancou sua camiseta fora e jogou em um banco que se encontrava ao lado do portão de entrada da quadra. Por fazer isso sempre que jogava, o loiro já havia recebido diversas broncas dos professores, mas o jovem nunca dava ouvidos então eles desistiram de tentar educar esse garoto. Passou ambas as mãos pelos fios loiros, deixando-os ainda mais revoltados.
- Lindo.. - A asiática sussurrou mais para si mesma, mas Lara conseguiu ouvir bem e logo sorriu maliciosamente para sua amiga.
- Vocês estão ficando, né?
- Sim. - Respondeu seca, olhando para o lado onde duas garotas gritavam exageradamente e chamavam o nome de Alex.
- O que foi?
Rachel ficou breves segundos em silêncio, encarando os rapazes correndo de um lado para o outro dentro da quadra.
- Eu.. eu acho que só estou me iludindo, sabe? O Alex é um cara legal, eu gosto dele, mas acho que só sou mais um número na sua lista. - A japonesa respirou fundo e Lara continuou em silêncio permitindo que ela continuasse. - Nunca vi ele ficar com uma única garota por muito tempo, isso aqui do lado é um ótimo exemplo. - Lara olhou para as piriguetes que gritavam à pouco. - Certeza que todas já passaram por ele.
- Hm, então você tá querendo algo sério com ele... mas não acha que é um pouco cedo pra dizer isso? Aliás, você já ouviu algumas pessoas dizerem que você é crush dele, não é?
- Ouvi sim, mas pensava que só estavam tirando sarro da minha cara por ser crush de um galinha.
- Entendo.
A irmã de Dante ficou reflexiva, o que Rachel acabou de lhe dizer se parecia - se é que não era a mesmíssima coisa - com o que estava passando, com o que estava sentindo em relação a Dante. Ela também nunca viu seu irmão num relacionamento fixo com alguém. Talvez o aperto no peito que vem sentindo tem a ver com isso? Estava com medo de ser só mais uma, mas muito provavelmente seria isso que aconteceria.
Talvez estivesse sendo muito ingênua.
- Tá tudo bem? - Rachel a chamou.
- Ah, tá, tá sim. Só estava pensando. - Disse sorrindo amarelo. - Ele tem um histórico de galinha mesmo. - Viu o olhar da asiática se entristecer. - Ai desculpa, eu não..
- Tudo bem, já aceitei isso.
- O Dante me disse que ajudou ele a chegar em você ontem. E eu acho que talvez o meu irmão tenha feito isso porque já sabia de algo.
- Sabia de que? Como assim?
- Que ele já sabia que o Alex estava interessado em você, oras! Não acho que você seja só mais uma pra ele, porque se você fosse só mais uma, já teria sido faz tempo, entende? Tanto eu, quanto você, ele e meu irmão já nos conhecemos há bastante tempo, se o Alex está querendo você agora deve ser mais que um simples desejo, entendeu? - A asiática pareceu pensar no assunto.
- Na verdade não sei se entendi muito bem não.
- Tenta conversar com ele, amiga, coloca as cartas na mesa. Se você gosta dele, não deixe essa incerteza acabar com o que você está sentindo de bom em relação a ele. Independente do resultado, tenho a certeza de que vai ser bem melhor do que guardar isso pra si mesma.
- Nossa.. eu nunca vi você falar tão bem assim - Nem mesmo Lara sabia que mandava bem em ser conselheira do amor. Estava falando com tanta facilidade no assunto que parecia até que sua vida amorosa estava completamente nos eixos. Falar é mais fácil do que fazer, principalmente quando é com os outros - Obrigada amiga - Deram um rápido abraço e voltaram a prestar atenção no jogo.
Um chute para cá, um lançamento para lá, um passe acolá e assim o time da sala dos “valentões” se aproximava do gol adversário. Alex passou a bola para Dante, que ficou na cara do gol e conseguiu marcá-lo, fazendo alguns jogadores e pessoas da “arquibancada” comemorarem.
- Uhuul! Mandou bem Dante! - Lara gritou e logo os gritos das piriguetes também chegaram aos seus ouvidos, fazendo ela e sua amiga revirarem os olhos.
O irmão mais velho comemorou o gol junto de seu amigo loiro, e ouviu Lara gritar por seu nome, o que fez com que ele e Alex olhassem para aquela direção. Assim que Dante avistou sua irmã, fez um coração com as mãos e direcionou-o para a mais nova e ela devolveu o gesto. Lara olhou novamente para as garotas e elas encaravam as duas amigas com olhares ameaçadores, de superioridade, mas elas pouco ligaram.
Alex ainda não tinha tocado no assunto, mas com esse gesto de Dante ficou claro que ele e sua irmã já tinham se entendido, e se perguntava o que tinha acontecido para que os irmãos ficassem sem se falar, e também como que se resolveram tão rápido, mas seu melhor amigo era tão fechado que achava que não tiraria nada dele, como de costume.
O sinal indicando o término do intervalo foi ouvido, logo indicando também o término da partida. As duas garotas insuportáveis que Lara e Rachel não iam nem um pouco com a cara passaram por trás delas e não conseguiram ficar caladas, aproveitando a oportunidade para abusarem de seu veneno, que por sinal era a especialidade das duas. Uma ruiva de pele clara, e outra morena com pele também morena. Ambas tinham um belo corpo.
- Amiga aquele Alex é um gostoso.
- Acha que eu não sei disso? Já vi ele tirar muito mais do que só a blusa. - A morena fez questão de falar em alto e bom som.
- Você é uma puta, Mika! - Disse a ruiva dando um tapa na bunda da amiga.
- E você é uma santa, né? O que não falta nessa escola é gente querendo tirar uma casquinha dos valentões.
Ambas riram seguindo caminho enquanto Lara e sua amiga continuavam de costas. O nível de estresse de Rachel se elevou e inconscientemente a morena asiática segurou com mais força na grade da quadra.
- Eu não aguento essas putas, elas fazem de propósito! É insuportável. - Falou Rachel com a mandíbula travada, demonstrando seu estado de irritação.
- Calma amiga, é só não cair nesse papinho de vagabunda, afinal de contas não foi a primeira vez e com certeza não vai ser a última.
- Pouco tempo atrás eu não ligava mesmo, mas a questão é que agora eu fico puta porque é com o meu... - Percebendo que iria falar algo que ainda não tinha certeza sobre, resolveu então não completar a frase, arrancando risadinhas da amiga.
- Hmm então ele já é seu? - Lara tinha um sorriso sugestivo no rosto. - Achei que a senhorita estava insegura. - A japonesa também deu uma risadinha, porém esse sorriso não durou muito pois a jovem percebeu que as putas de plantão estavam de papinho com Dante e Alex que tinham acabado de sair de dentro da quadra.
- Ai mas eu não acredito nisso!
Lara virou-se para trás após o comentário de sua amiga e seu queixo caiu, não acreditando no que estava vendo diante de seus olhos, tamanha cara de pau. Uma das assanhadas já tinha saído de cena, só a ruiva havia restado e estava logo se engraçando pra cima do seu irmão. O sangue de Lara ferveu, mas hesitou em ir acabar com aquela pouca vergonha, afinal, ela tinha o direito de intervir naquilo? Mandou para o espaço todos esses pensamentos, não se aguentou e foi de encontro aos dois para enxotar a piranha para o quinto dos infernos. Deixou Rachel para trás - que logo a acompanhou - e andou a passos rápidos em direção ao rapaz e a garota, quando chegou atrás dos dois empurrou a oferecida para o lado sem nenhum pudor, logo enlaçando com os dois braços o pescoço de seu irmão.
- Maninho!.
Dante nem havia visto ela se aproximar, então se assustou brevemente com a aparição brusca e com o movimento de igual intensidade feito pela sua irmã mais nova, ficando sem entender nada quando de repente ela se pendurou em seu pescoço. Praticamente ao mesmo instante Rachel ficou ao lado de Alex e o mesmo passou o braço direito em volta da garota, repousando sua mão na cintura dela, abraçando-a de lado. Ela ficou contente, e logo retribuiu o gesto também abraçando o loiro com ambos os braços em volta de sua cintura.
- Qual o seu problema, garota!? - Exclamou a ruiva com os cabelos desgrenhados.
- Me desculpe - Lara usou de um tom manhoso para debochar da cara da outra, olhando para ela como quem não quer nada - é que o Dante costuma dispensar vagabunda pra falar com a irmã.
O melhor amigo de Dante estava logo ao lado, quieto, só observando a cena enquanto permanecia coladinho com Rachel, mas como tinha o riso solto acabou que não aguentou o que Lara disse e começou a rir, tentando se controlar, mas não obtendo muito sucesso.
- O que foi que você disse sua p-
- Ana! - Esbravejou Dante, fazendo a garota calar-se - Depois a gente conversa.
- Dan- Tentou insistir, porém em vão.
- Depois a gente conversa. - Disse em tom firme, reforçando que a conversa tinha acabado.
Por fim, Ana acabou contrariada e resolveu deixar aquilo por isso mesmo, por enquanto. Além da situação em si ser um pouco constrangedora, ainda tinha que aguentar Alex de espectador rindo de sua cara, o que deixou-a visivelmente constrangida, então logo deu as costas e saiu pisando duro, descendo os poucos degraus que levavam para o portão que dava para a área interna, o pátio.
- Depois?!
A irmã mais nova olhou para Dante com cara de poucos amigos e o mais velho se sentiu deveras intimidado.
- Foi uma maneira de dispensar a vagabunda, o que foi isso, hein?
- Vai defender aquela puta?
- O que queria que eu fizesse?
- Mandasse ela para o quinto dos infernos! - Dante riu.
- Vai me dizer o motivo dessa irritação toda? Não vá me dizer que está com ciúmes? - Dante gostava de cutucar onça com vara curta.
Olhou brevemente para o lado, percebendo que seu amigo e a asiática ainda estavam por perto, porém, já caminhavam em direção à escada para seguirem para o pátio, juntos, sendo assim, ainda não poderia descuidar de seus comentários.
- Sou sua irmã, só estou querendo te proteger de más companhias.
- Ah é? - Aumentou a pressão feita por suas mãos que estavam na cintura de sua irmã - Contando com essa, já é a segunda vez que você me afasta de garotas assim, sem mais nem menos; a primeira foi lá na praia, agora aqui.. E não é ciúmes? - Falava em um tom brincalhão.
- Não.
- Acho melhor você me contar a verdade, mocinha. Senão eu não vou te dar o que você quer. - Lara deu uma risadinha.
- Mas eu não tô querendo nada.. - Disse sarcástica.
O pouco tempo que estavam conversando foi o suficiente para que sobrasse somente os dois irmãos ali, ao lado externo do pátio. Aproveitando a situação, Dante resolveu provocar um pouquinho sua querida irmã mais nova.
- Vamos.. me diga, o que você quer, irmãzinha? - Falou bem próximo do ouvido da jovem, descendo uma de suas mãos para a bunda da garota e a repousando ali em cima, sem apertá-la, fazendo Lara se agoniar, implorando internamente para que ele a apalpasse - Não acho que você vá aguentar esse joguinho por muito tempo - Deu uma leve beliscada em seu pescoço com os dentes.
- Vem comigo.
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