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História Meu Nome é Uzumaki Naruto - Capítulo Único - História escrita por NaruSasuProject - Spirit Fanfics e Histórias
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História Meu Nome é Uzumaki Naruto - Capítulo Único


Escrita por: NaruSasuProject e uttart

Notas do Autor


Olá, olha quem debutou!
Primeira fanfic para um projeto, confesso que estou nervoso, mas como recebi uns elogios estou mais tranquilo.
Bem, escolhi um tema um pouca sensível, um olhar diferente, o foco é o Naruto, ele é um garoto trans, irei citar algumas dificuldades de aceitação, medo e inauguração e deixar um pouco claro de como nesse momentos é necessário apoio e acolher. Escrever assim ainda é um pouco novo pra mim já que geralmente eu escrevo pwp então me perdoem se desenvolvi de maneira extrapolada, eu tentei.
Escrevi com muito carinho e nada disso estaria aqui se não fosse grande empurrão da @whalebae, a betagem está perfeita assim como a capa, cara anjinhos talentosos. Eu espero que gostem, boa leitura!

Capítulo 1 - Capítulo Único


O sol entrou no quarto, iluminando todo cômodo. Aquilo sinalizava que era hora de acordar e se preparar para mais um longo dia. Porém, como havia passado a noite em claro, não precisou do sol para despertar. Devido à preocupação que estava sentindo relacionada a Naruto, fazia dias que Sasuke não sabia o que era uma boa noite de sono.

Levantou-se vagarosamente, pegando o celular na esperança de ter alguma mensagem, uma ligação, algo que provasse que aquele que tanto amava estava bem. O coração apertava ao imaginar seu menino triste, chorando, sem alimentar-se direito ou ao menos sair do quarto.

Já fazia duas semanas que ele não via o namorado, então se levantava da cama diariamente com o coração na mão. Em seguida, pegava o celular na esperança de ter algum sinal, por menor fosse, de que ele estava bem.

Sasuke tomava banho na tentativa de aliviar a tensão de seu corpo e escovava os dentes sem conseguir olhar seu reflexo no espelho. Vestia-se e pegava a mochila. Cumprimentava a família e saía em silêncio, sem comer nada. Sua cabeça estava cheia e carregava consigo um enorme sentimento de culpa nas costas.

No caminho do colégio, parava em frente ao portão da casa do loiro. Chamava-o na esperança de vê-lo, abraçá-lo e confortá-lo. Estava sendo difícil viver daquela maneira, pois passava horas rolando na cama, aflito com a situação do outro. 

Imaginava o quão difícil deveria ter sido para ele passar por tudo aquilo sozinho, sem apoio. Havia  juntado até o último pingo de coragem para se assumir ser um garoto transexual na frente de todos, esperando acolhimento e respeito dos colegas. Contudo, o que recebeu foram apenas apelidos e brincadeiras de mal gosto, fora as agressões físicas e verbais.

Infelizmente, Sasuke estava em uma viagem de família quando tudo aconteceu. Havia fotos do outro pelo colégio inteiro, repletas de frases obscenas e podres. Se culpava o tempo inteiro por não estar lá para acolher e proteger seu garoto. Viajar com sua família, pais, irmão, cunhado e sobrinho, com o único propósito de desligar-se do mundo e dedicar-se somente a eles, eram momentos raros. Por isso, havia deixado o celular dentro do quarto, na casa de praia. Quando viu as ligações do rapaz, já era noite e não conseguiu retorná-lo, deixando como última alternativa às mensagens.

Sei que assim não é o jeito certo. Eu também não queria te falar isso agora, enquanto está em seu momento em família, porque não quero ser responsável por estragar algo tão especial.” 

“Quero terminar.”

“Os boatos sobre o que há entre nós estão por todos os lados. Não quero te prejudicar ou manchar a sua imagem, porque sei que essas pessoas são podres e podem te fazer mal também. O que eu menos quero é isso.”

“Por favor, não venha me procurar. Eu ficarei bem.”

Querendo ou não, o Uchiha possuía uma imagem espalhada pelo colégio. Havia diversos troféus em seu nome, relacionados aos esportes e as disciplinas escolares. Esse acabou sendo um dos  argumentos de Naruto também, mas quem se importava? Afinal, eles tinham o direito de amar, assim como os outros. Por esse motivo, namoravam escondido e o mais velho insistia nos pedidos ao Uzumaki para assumir o namoro. Ele estava cansado, por todas as vezes que alguém aparecia, levando o outro a esconder-se ou sair correndo. O Uchiha o amava e queria dizer aquilo em voz alta, para que não restasse dúvida para mais ninguém. Gostaria de pegar em sua mão, sem medo de alguém aparecer e o momento se quebrar, o questionamento sobre os dois pairando entre eles.

Mesmo se ligasse diversas vezes, ou mandasse diversas mensagens, ainda não tinha a sua atenção. Também não adiantava ir à casa dele, definitivamente. Contudo, naquele dia já estava decidido: ele iria falar com Naruto de qualquer maneira. 

Durante os intervalos de aula, planejou-se bem. Pensou sobre desde onde o levaria até como faria para tirá-lo de casa. Quando o sinal tocou, Sasuke saiu correndo como se não houvesse amanhã, sem olhar para trás ou dar ouvidos a quem o chamava.

Parou em frente ao portão, confiante. Depois de tocar a campainha, esperou um pouco até que o seu sogro o atendesse. O homem estava cabisbaixo, coisa que não era do seu habitual, mas Sasuke conseguia entendê-lo. Não era nada fácil ver o filho mal saindo do quarto, sendo que antes vivia sorridente e cheio de energia. Aquilo deixaria qualquer um com o coração na mão, além de aflito. 

O homem abriu o portão e forçou um sorriso para o rapaz.

— Olá, querido. Como você está? — disse, dando-lhe um breve abraço. 

 — Olá, senhor Umino. Acredito que posso dizer que estou bem na medida do possível. Não tenho dormido direito esses dias, por estar preocupado com Naru — falou a verdade, já que não tinha o que esconder. — E o senhor, como está? — perguntou, seguindo o mais velho para dentro da casa. 

— Sabe que não precisa me chamar assim, né? — sorriu ladino — Estou péssimo, porque ver meu o bebê desse jeito está me matando gradualmente. Se não fosse Kakashi, eu não sei o que seria de mim — respondeu.

— Pelo menos ele está comendo algo? — questionou, vendo Iruka negar em seguida. 

— Infelizmente não, nem ramen. Eu nunca quis tanto que ele comesse esse troço — sentou-se no sofá enquanto massageava as têmporas.

O barulho de passos descendo as escadas ecoaram pela sala, atraindo olhares. Porém, era apenas Kakashi, que voltava com mais uma refeição. 

— Ele não quis nada, mas deixei água e algumas rosquinhas — avisou, indo até à mesa e deixando o prato lá. — Ah! Olá, Sasuke, quanto tempo. — o Hatake o cumprimentou com aceno.

— Olá. Eu teria vindo mais vezes, mas parece que ele não quer me ver — ficou evidente em seu tom a preocupação e o quão triste estava com isso. — Bem, eu posso subir? Não custa tentar, não é mesmo? — indagou. 

— Claro, claro. Pode subir e eu ficarei aqui, torcendo por você — concordou Iruka. O moreno se curvou e saiu dali.

Subiu as escadas em passos lentos, encaminhando-se até a última porta, a qual ficava no final do corredor, e bateu.

— Amor, sou eu, o Sasuke — disse, um pouco baixo. — Sei que está sendo difícil para você e que me pediu para não vir, mas foi impossível. Você sabe disso melhor que ninguém. Por favor, saia um pouquinho e deixe eu te ver. Essa saudade está me matando e o dia está lindo lá fora. Vamos dar uma volta juntos... — sem obter respostas, ou ao menos um mero sinal que fosse, decidiu lembrá-lo sobre uma de suas promessas — lembra que você me prometeu que iríamos em um piquenique quando eu voltasse? — perguntou, sabendo que Naruto odiava quebrar promessas. — Você prometeu… — manhou em frente à porta. 

Demorou um tempo até que Sasuke ouvisse o barulho da porta sendo destrancada e, enfim, aberta. Pôde ver o rapaz de pijama, com o rosto inchado e olhos avermelhados. Também tinha um bico nos lábios e parecia segurar o choro. Sasuke abriu os braços e o olhou com carinho, antes de o loiro pular em seus braços, afundando o rosto no peito do mais alto começando a chorar. O Uchiha o apertou em seu corpo, enquanto pedia desculpas e tentava confortá-lo com palavras.

— Não vim aqui para te ver chorar, hum? — soltou o garoto do abraço para limpar as lágrimas dele. — Vá, troque de roupa, quero te levar a um lugar. — falou vendo-o desviar o olhar. 

— Não quero sair, Suke. Estou com medo, porque eles me disseram coisas horríveis e fizeram coisas horríveis. Não quero vê-los, não estou pronto para isso ainda, não estou pronto para enfrentar isso sozinho — falou, cabisbaixo.

— Quem disse que você está sozinho? Vou estar contigo. Você irá sair comigo e voltar comigo, então pode ficar tranquilo. Será apenas nós dois, caso esse não seja o caso da sua preocupação. — Deu uma pausa para segurar a mão do Uzumaki. —  Não deixarei ninguém te fazer mal, irei protegê-lo. — acariciou a bochecha do mais baixo a mão livre lhe dando um sorriso de lado.

Naruto respirou fundo e confiou nele, pediu que esperasse, já que aproveitaria para tomar um banho antes.

Depois de um tempo, a porta se abriu novamente e o garoto saiu em passos lentos. Parecia bem inseguro, pois apertava a barra da camisa larga que vestia e sua cabeça estava baixa.

— Você está lindo! — elogiou Sasuke, indo até ele devagar. Naruto levantou o rosto e olhou para o namorado, que sorriu e deixou um beijo em sua testa. — Vem, melhor irmos logo porque é um pouco longe. — segurou sua mão, guiando-o para o andar de baixo.

— Meu filho! — Iruka exclamou, dando um pulo do sofá e correndo até o menor, abraçando-o com força. — Você está com fome? Quer que faça algo para você? Está sentindo alguma dor? Quer algum remédio? — encheu o garoto de perguntas assim que o largou.

— Não pai, está tudo bem. — respondeu de maneira curta, não deixando-o mais convencido do que disse.

— Não se preocupe, senhor Umino. Irei levá-lo para dar uma volta, mas comprarei uns lanches no caminho — esclareceu para que o homem não ficasse preocupado.

— Certo, tente comer mesmo que seja um pouco, hum? — acariciou a bochecha do loiro e ele concordou. — Se cuidem e qualquer coisa me liguem. O celular estará por perto. — avisou e os mais novos acenaram positivamente antes de se despedirem.

Do caminho da casa Uzumaki à loja de convivência não faltaram assuntos. O moreno segurava firme sua mão, enquanto falavam sobre a paisagem da vizinhança. Nunca havia visto o namorado tão falante, até contou algumas piadas. Quando chegaram, pararam em frente à porta da loja e se entreolharam.

— Quer entrar comigo? É rápido — perguntou, acariciando a mão do mais novo.

— Não, vou te esperar aqui. Já que vai ser rápido, prometo te esperar aqui quietinho. — sorriu para o Uchiha, falando como se fosse uma promessa.

— Tudo bem. Promete que qualquer coisa dá um grito? — apenas maneou a cabeça positivamente. — Certo, já volto. — deixou um beijo em sua testa antes de entrar.

Passaram-se alguns minutos  desde que o mais alto havia entrado e Naruto tinha ficado meio avoado com a vista. Contudo, ouviu algumas risadas que atraíram sua atenção. No fim da rua, viu um grupo de adolescentes do colégio que estudava se aproximar, enquanto brincavam entre si de soquinho e chutes.

Seu corpo acabou paralisando, ficou trêmulo e não conseguia formular uma palavra sequer. Seu coração acelerou e começou a suar frio, bem como sua respiração começou a ficar pesada a cada vez que os via chegar mais perto.

O que deveria fazer? Deveria esperar por Sasuke? Deveria correr? Se corresse Sasuke iria se culpar por deixá-lo sozinho?

Bastante afobado, preso em seus próprios pensamentos, mal percebeu a presença do Uchiha, que havia acabado de voltar. Ele passou o braço livre em volta de seu pescoço, virando seu corpo na direção oposta do grupo que se aproximava.

— Não tenha medo, não lhe disse que estaria aqui com você? — perguntou, em sussurro. — Vamos embora daqui, porque tem um lugar lindo esperando por nós — incentivou vendo o namorado se recuperar gradualmente e começar a andar em passos lentos.

Depois de uma longa caminhada, repleta de resmungos da parte Naruto por causa de dores no corpo e por não ter comido quase nada naqueles dias, finalmente chegaram a uma enorme rampa, a qual daria acesso à vista inteira da cidade junto ao pôr do sol.

— Não dá, Suke. Meus pés estão me matando e provavelmente vou acabar desmaiando — resmungou, dramaticamente. Estava ofegante e visivelmente cansado. — Vamos embora, sim? Podemos vir outro dia — sugeriu.

— Nada disso estaria acontecendo se o mocinho não tivesse se recusado a se alimentar. Está ciente disso, não está? — encarou-o.

— Estou, estou! Por que não comemos por aqui mesmo? Outro dia podemos vir de novo — repetiu a sugestão.

— Nem pensar. Já deu bastante trabalho te trazer até aqui — negou-se. — Sobe nas minhas costas, eu te levo — ofereceu, abaixando um pouco. O loiro não recusou, porque, se fosse carregado até o destino, não tinha motivo para reclamar. Deu os ombros e subiu, passando os braços em volta dos ombros do mais velho e envolvendo as pernas em sua cintura. — E lá vamos nós! — disse, confiante.

Depois de algumas pausas para Sasuke se recompor, finalmente chegaram.

— Você merecia um prêmio de melhor namorado do mundo. — disse Naruto, sorrindo. Ele ajudava  o outro rapaz a estender a toalha vermelha do gramado.

— É tão bom te ver sorrindo de novo. — O Uchiha sentiu seu coração aquecer e aquele peso todo ir embora devagar. — Deveria ter comprado comida de verdade ao invés dessas porcarias — murmurou. — Promete que vai jantar direitinho hoje? — estendeu o mindinho ouvindo a gargalhada do mais novo, mas logo tendo o dedo do Uzumaki se unindo ao seu.

— Prometo! Mas neste momento só irei devorar tudo que está aqui. — respondeu antes de atacar as sacolas com os lanches.

Não demorou para que estivessem dividindo a comida e desfrutando da presença um do outro. Quando terminaram, limparam a sujeira e voltaram aos lugares de antes para assistir o pôr-do-sol. Naruto deitou sobre o colo de Sasuke, recebendo um cafuné.

— Esses dias foram bem difíceis. Acredito que você deva voltar — sugeriu.

— Ainda não estou pronto. Foi péssimo e provavelmente vou mudar de colégio, ou até mesmo de cidade — disse, em resposta, baixo.

— Sabe, nem tudo é fácil e muito menos como queremos. Imagino o quão deve ter sido isso, ainda mais sozinho, mas mudar de escola e fingir que nada aconteceu é querer se apagar, Naru — acrescentou.

— Então o que você acha? Que eu deveria voltar, bater de frente e passar por todo aquele inferno de novo? — questionou.

— Sabe mais que ninguém que não é isso que quis dizer. — disse.

— Mas é o que parece — rebateu, rude.

 — Não é como se você estivesse sozinho dessa vez, Naruto — falou, mantendo o tom calmo. — Tente entender que nada vai se resolver se você fugir. Ninguém vai te respeitar ou te ver, caso você continuar se reprimindo assim — explicou.

— O que quer que eu faça? Que eu grite meu nome e que os faça engolir quem eu sou? — perguntou nervoso, levantando-se.

— Seria mil vezes melhor. Mostre para eles quem é, imponha sua voz e seu lugar, seu nome e seus pronomes. Se continuar assim vão continuar te oprimindo e apagando quem você é! — complementou, um pouco exaltado. Não queria que o namorado escondesse quem era, por mais que fosse algo difícil. Ele não deveria se esconder e fingir que nada aconteceu. — Não é assim que o Naruto que eu conheço faria — completou um pouco desapontado.

O Naruto que Sasuke conhecia estava se apagando gradualmente, deixando que os outros o julgassem, esquecendo quem era de verdade.

— Não é bem assim — respondeu. 

— Então como é? Você não está sozinho, Naruto. Quem te ama ainda continua aqui e vai permanecer, porque é amor. O que seu pai te disse? Ele te apoiou certo? — indagou.

— Ele chorou muito esses dias, mas foi por eu ter me assumido. Contar para ele foi mais fácil do que eu esperava, porque fui acolhido, fui abraçado e meu pai chorou comigo. Foi totalmente diferente do eu estava imaginando. Ele vive se rebaixado por não ser meu pai de verdade e eu vivo tentando colocar na cabeça dele que pai é quem cria e dá amor. É isso que ele faz desde que me adotou. — O loiro limpou as lágrimas antes de continuar. — Até me levou para cortar o cabelo e comprar roupas novas. Lembro até de quando ele chegou no meu quarto, com uma caixa cheia de binders de diversos tipos, dizendo que se eu precisasse de algo, era só falar. O meu pai passou a noite inteira pesquisando e vendo vídeos sobre diversas coisas que deveriam mudar para que eu me sentisse confortável — soluçou. Sasuke o trouxe para perto e o abraçou com força.

— Por causa de pessoas como seu pai que você não deve sentir vergonha de quem você é, se mostrar e se afirmar. Seu pai tem orgulho de você e te ama muito, assim como eu. Estaremos com você para sempre. Não sairemos do seu lado nem que o mundo esteja caindo — falou. — Não se esconda mais, não tenha medo, você é lindo. Independente do que os outros dizem, você é quem você é e só você mesmo pode se julgar. Fora isso, viva, viva como quiser e como te deixa feliz. — deixou um beijo em sua testa.

Naruto se aconchegou nos braços do namorado, recebendo uns beijos e carinhos. Eles ficaram ali, desfrutando da linda vista e da presença um do outro.

O céu foi se escurecendo gradualmente. Como o Uzumaki estava cansado, o Uchiha ligou para seu sogro, dizendo-lhe a localização e perguntando se poderia ir buscá-los. Claro que Iruka não negou, chegando em pouco tempo. O caminho de volta foi extremamente tranquilo, pois Naruto acabou cochilando e o Umino deixou o moreno em casa, agradecendo-lhe por tudo.

Agora, mais tranquilo, Sasuke tomou um banho e mandou algumas mensagens para Naruto, antes de enfim ir dormir. Há muito tempo não tinha uma noite decente de sono, mas finalmente poderia dormir tranquilo.

(...)

No dia seguinte, Naruto resolveu levar as falas do namorado em consideração, percebendo que ele estava mais que certo. Estava ansioso, inseguro e sem conseguir esconder o nervosismo, mas mesmo assim passou do portão do colégio. Lá estava ele, a todo custo tentando manter a cabeça erguida e a postura de alguém confiante.

Contudo, isso não durou muito tempo, e teve que correr para banho masculino para se refugiar. Porém, foi expulso de lá pelo inspetor, tendo que recorrer ao banheiro feminino. Trancou-se na cabine e começou a chorar. Sasuke disse que estaria ali ao seu lado, então onde ele estava?

Ouviu o barulho da porta do banheiro ser aberta, seguida de vozes misturadas e algumas risadas.

— Ainda não acredito que ela teve coragem de voltar. — O tom estridente ecoou pelo lugar. — Ela não passa de uma pervertida e aposto que só está fazendo isso para ver os meninos no banheiro. — Sentia um embrulho no estômago todas às vezes que se referiam a si daquela maneira.

— O pior disso é que parece que ela conseguiu fisgar o Sasuke com aquele jeito sonso. Mas ele é pior do que aquela garota, porque só sendo idiota para aceitar ficar com aquela aberração. — uma das garotas debochou, antes de começar a rir, acompanhada das outras.

— Vamos logo. O sinal já vai bater e nós temos que estar na sala, ou estamos encrencadas de novo. — uma delas chamou a atenção das outras. O garoto na cabine ouviu o barulho delas saindo juntas, aos murmúrios.

Naruto estalou a língua no céu da boca. Ele aceitava de tudo, menos que maldissessem do seu namorado e seu pai. Respirou fundo, segurando a raiva que estava sentindo e saiu da cabine atrás das garotas. Encontrou-as na metade do corredor.

 — Ei, vocês aí! — falou alto para que pudessem ouvir, atraindo não só o olhar delas como das outras pessoas que estavam ali. 

 — Então você estava esse tempo todo escondida no banheiro? Que piada — debochou uma delas, batendo de leve no ombro das colegas e começando a rir. 

 — Piada mesmo aqui são vocês! — retrucou, estressado, cansado daquele teatro. Elas pareciam crianças daqueles filmes irritantes de colegial americano. — Estou cansado de ouvir calado suas piadinhas sujas sobre mim — engoliu seco pegando até seu último fio de coragem para olhá-las nos olhos.

— É mesmo? Vai fazer o que então? — o tom sarcástico era bem evidente. A garota de cabelo curto foi se aproximando, tentando o intimidar.

— Faça o que quiser, mas dessa vez não irei me calar. — Não abaixou a cabeça, vendo o olhar da mais baixa mudar. Parecia estar um pouco chocada com sua atitude e irritada também por estar sendo passada para trás na frente de todos.

 — Ora, sua pirralhada! — Ela levantou a mão, pronta para acertar seu rosto, mas desta vez Naruto segurou seu braço, impedindo que o tocasse.

— Não ouse tocar essas mãos sujas em mim — soltou o braço da morena, dando um passo para trás. — Tem uma coisa que parece que não deixei muito claro para você. — olhou ao redor — Na verdade, para todos vocês que estão aqui: Meu nome é Uzumaki Naruto, eu sou um garoto transgênero e os meus pronomes são ele, dele — berrou para que todos pudessem ouvir. — Então, eu não sou uma garota. Por gentileza, enquanto estou procurando ainda ser paciente com todos, não usem "ela, dela" como se eu fosse uma garota. Caso contrário, irei atrás dos meus direitos e garanto que não vai pegar bem para família de ninguém um escândalo de transfobia e agressão física e psicológica nos históricos de vocês.

— Isso é uma ameaça? — uma das garotas perguntou, inconformada com seu tom.

 — É um aviso, mas podem levar como ameaça, pois não serei bonzinho ao ponto de explicar de novo. — riu soprado, vendo os olhares chocados em sua direção. — Antes de eu ir, quero deixar claro que todos aqui podem ficar à vontade para falar bem e elogiar meu namorado o quanto for. Mas, caso for o contrário, nem abram a boca. — percebeu os olhares confusos. — Se a dúvida de vocês é sobre eu e Uchiha Sasuke termos um caso, eu posso responder agora mesmo, alto e claro: SIM! — gritou vendo o rebuliço começar. — Pois bem! Estamos juntos e continuaremos juntos, independente da opinião de pessoas como vocês. — Se referiu a todos ali. — Ele me ama e eu o amo. Sendo assim, ficaremos juntos até que não haja mais esse sentimento. Não é assim que o amor funciona? — questionou. — Se me dão licença, a aula já vai começar. — A pitada de sarcasmo em seu tom fez as garotas resmungarem entre si.

Em meio àquela aglomeração de adolescentes, lá estava ele no meio do caminho. Foi então que a timidez o atingiu de vez, quando lembrou-se de suas palavras. O questionamento sobre ter sido uma boa ter contado a todos sobre o namoro sem ter dito nada Sasuke, rondava a sua mente.

Andou até o Uchiha de cabeça baixa, sem conseguir olhar em seus olhos. Sentiu uma mão dele em seus fios e um rápido carinho foi feito ali. Naruto piscou repetidas vezes, antes de finalmente olhá-lo. Ele tinha um sorriso acolhedor em seus lábios e as orbes ônix estavam focadas no loiro.

— Estou tão orgulhoso de você, Naru — confessou, deixando um beijo em sua testa. Foi impossível conter o sorriso e abraçá-lo com força.

A multidão de estudantes, muitos de boca aberta ou fofocando sobre algo, não foi suficiente para intimidar o casal. Sasuke segurou a mão de Naruto, guiando-o para a sala de aula sem se importar com os olhares.

Naruto estava feliz, estava leve. Era como se tivesse tirado um peso das costas. Não se importava se alguém o odiava ou qualquer outra coisa, pois quem ele queria estava ao seu lado, segurando sua mão e sorrindo. Aquilo bastava, já que ele estaria ali mesmo se o mundo estivesse caindo.


Notas Finais


Então, gostaram? Odiaram? Me contem tudo!
Eu tentei mostrar os dois lados do amor e do acolhimento (o do relacionamento e família), lembrem amor pode ser desmostrado de diversas formas, só tomem cuidado, amor deve te fazer sentir confortável e acolhido não o contrário.
Bem, até a próxima, espero não ter decepcionado vocês.
Se alimentem, se hidratem e descansem, tomem cuidado, se saírem usem máscara e passem álcool em gel.


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