História Meu primeiro (e único) amor - Passe direto!

Pov Sasuke 

Outro dia de labuta, as aulas começaram a pouco tempo- um dia.- mas já quero descansar. Ficar o dia todo deitado não seria uma má ideia. 

Acordei já tem alguns minutos- novamente mais cedo do que o necessário.- e fiquei conversando com os meus amigos, mas eles levantaram e foram se arrumar para ir para a escola. Eu deveria fazer o mesmo, mas estou com sono. Acho melhor dormir mais um pouco...

Mas parece que o Itachi estava adivinhando que eu iria fazer isso, então ele veio me acordar. Não teve outro jeito, tive que levantar e começar a me arrumar. Ainda bem que falta alguns meses para concluir tudo isso.

•••

- Está pronto Sasuke? 

- Sim. Você vai me levar na escola de novo?

- O Shisui não quer mais levar o carro, ele disse que é melhor para mim ir e voltar de carro, porque de acordo com ele: "É mais seguro".- Ele diz fazendo aspas com os dedos.- Mas a partir de amanhã isso vai mudar. Ele sai do trabalho mais tarde do que eu e embora ele trabalhe na polícia, ainda assim é perigoso.- ele diz e eu concordo, afinal, ele está certo.- Então, vamos?

- Vamos, mas não está muito cedo ainda?

- Eu quero passar em uma lojinha aqui perto. Preciso saber se o tapete que eu encomendei já chegou. O caminho fica para o lado oposto da escola e da faculdade.

- Mas mesmo assim, ainda não é muito cedo para ir? Falta uma hora ainda.

- O dono da loja é um senhorzinho bem velhinho. Ele tem a ajuda dos netos nos finais de semana, mas ainda assim é solitário, então ele gosta de conversar bastante. Ele se sente bem sozinho no meio da semana. Então vamos logo, ou você irá se atrasar, assim como eu.

Entrei no carro e esperei o Itachi terminar de trancar a casa. Espero que o senhorzinho esteja feliz e não converse tanto como o Itachi disse.

☆

E ele conversou e como conversou. Em poucos minutos eu escutei sobre toda a vida dele e a do seus netos. Impressionante. 

Ainda bem que o Itachi deu um jeito para nos tirar dessa situação, mas foi com muita paciência que ele teve que explicar que estávamos atrasados e que hoje era dia de prova- as aulas voltaram a um dia, obviamente não teríamos provas.- só assim conseguimos sair.

O tapete ficará pronto daqui a dois dias, seus netos o advertiram sobre pegar pesado no trabalho. De acordo com ele, se fosse a vinte anos atrás, em três dias o tapete já estaria pronto e na nossa casa, mas as coisas não são mais as mesmas e a velhice chega para todos.

Nos despedimos dele e fomos refazer todo o caminho novamente, já que a lojinha fica ao lado oposto do nosso destino.

- Você estava certo Itachi.- Ele me olha, mas logo volta a atenção para o caminho.- Ele realmente conversa bastante.

- Eu disse. Não o culpo, deve ser solitário passar a semana toda, praticamente, sozinho e só ter companhia nos fins de semana.

- E a esposa dele?

- Infelizmente ela faleceu no ano passado, teve câncer de mama e não conseguiu resistir. Ela já tinha alguns outros problemas de saúde e isso ajudou a agravar a sua situação.

- Que triste.

- Sim, era ela que fazia companhia para ele, mas ele disse que não se sente triste por isso. Claro, é solitário, mas ela está em um lugar melhor, ela estava sofrendo muito e consequentemente fazia os outros a sua volta sofrerem também. Acho que foi melhor assim.

- Sim...

Perder a pessoa que você mais amou/ama no mundo é difícil. É como se uma parte significativa fosse tirada de você e no lugar dela não restasse nada se não o vazio e a angústia. 

Penso nos meus pais todos os dias. Penso em como a minha vida era feliz e divertida, literalmente não tinha dias ruins, raramente brigavamos sério- Embora eu fugisse bastante. Eram apenas discussões bestas que eu não conseguia lidar.

Lembro que a minha mãe me deixava todos os dias na escola- meu pai acordava bem cedo pra ir trabalhar.

Minha mãe ia de um lado, do outro o Itachi e eu no meio segurando a mão dos dois. Era divertido. A mamãe voltava para nos buscar, então ficávamos esperando na frente da escola. O Itachi sempre comprava algum doce para mim enquanto esperávamos.

Um ano depois a mamãe foi promovida, então não teve mais tempo para nos deixar- e nem buscar- na escola. Foi nesse tempo que o Shisui se encarregou de fazer isso, então era ele que nos deixava e buscava.- Ele se achava um máximo por isso, por ser o mais velho do grupo.- Na época eu tinha apenas seis anos, o Itachi nove e o Shisui doze anos.

Éramos vizinhos, morávamos apenas cinco casas de distância e morávamos na parte de Konoha onde ficava- E ainda fica.- o Clã Uchiha. 

No próximo ano aconteceu o acidente e eu perdi quase tudo. Meus pais, a minha casa, a minha família- que eu pensava que tinha.- e minha alegria- Que só consegui recuperar alguns anos depois.- Só me restou o Itachi e mais ninguém. Eu estava completamente sozinho.

- Ali é o Naruto?

- Hm? Onde?- Sou tirado dos meus devaneios.

- Ali.- Ele desacelera o carro e aponta... É claramente o Naruto.

O uniforme todo bagunçado e a gravata na cabeça. Ele está procurando alguma coisa no chão ou ele está ficando doido mesmo, ainda mais porque ele está conversando sozinho e até gesticulando algo.

- Quer oferecer uma caro-

- Passe direto!

- Não seja assim Sasuke.

- Por favor, só passe direto.

•••

- Então... O que você estava procurando no chão Naruto?- O Itachi tenta quebrar o silêncio que se instalou no carro.

Eu não acredito que ele está aqui. Depois do que eu disse o Itachi parou o carro e convidou ele para entrar. Agora está eu e o Itachi no banco da frente e o Naruto sozinho no banco de trás. Ele está todo feliz, falta apenas as orelhinhas de cachorro surgirem. Mas agora, depois dessa pergunta ele parece ficar um pouco constrangido.

- Bem... Eu estava procurando o meu sapinho...

- Você perdeu novamente a sua carteira?- Me admiro que ele durou tanto tempo com essa bolsinha.

- Não é bem assim. Lembra daquele sapinho de ontem?- Espero que não seja o que eu estou pensando.- Então... É ele. Eu não sei como isso aconteceu, ele estava na minha mão.- Ele pretendia levar o sapo para a escola?- Eu até o batizei de Gamakichi...

- Sapinho de ontem?- Esqueci que não disse ao Itachi sobre ter ficado um tempo com o Naruto.

- Depois te explico melhor e eu não acredito que você ia levar o sapo pra escola! Mas isso não explica a roupa bagunçada e a gravata na cabeça.

- Eu acordei tarde hoje e a blusa estava no cesto de roupas, eu tive que me virar para passar. A gravata é que... Eu não sei colocar.

- Depois de tantos anos, você ainda não consegue colocar uma gravata? Quantos anos você tem mesmo, Naruto?

- Como assim? Gravata é algo bem difícil de se colocar e nem vem bancar o veterano aqui só porque você é alguns meses mais velho do que eu. Você não cresceu o suficiente para isso!- vejo o Itachi segurar a risada.

- Não ouse rir. Você é apenas dois ou três centímetros mais alto do que eu Naruto, o que te faz pensar que é tão alto assim?- Ele iria rebater, mas graças a deus não deu tempo.

- Chegamos.

- Finalmente!Obrigado Itachi, você é demais!- Ele faz um joinha na mão e desce do carro, ainda com a gravata na cabeça.

- Aah!- suspiro.- Ele não muda e isso é impressionante, se passaram tanto tempo, mas ele ainda é mesmo.- desço do carro.- Obrigado Nii-san, te mando uma mensagem assim que chegar em casa.

- Boa aula para vocês.

- Obrigado.- falamos juntos e começamos a andar.

- Você não pretende entrar na escola assim, não é?

- Assim como?- Lerdo.

- Com essa gravata na cabeça.

- Verdade! Como eu pude esquecer? Ainda bem que nenhum professor viu isso, ou melhor, ainda bem que meu pai não viu isso.- Ele começa a tentar por de todo jeito a gravata no pescoço. Já podemos brincar de forca! Porém isso está começando a me irritar.

- Como pode ser um desastre em algo tão simples? Me da isso aqui!- arranco a gravata do pescoço dele.

- Não é tão simples assim...- Ele faz um biquinho e termino de ajeitar a gravata em seu pescoço.

- Pronto! Tenho certeza de que se você se esforçar um pouco irá conseguir fazer.

- Oooh, ficou ótimo! Obrigado Sasuke!- Eu não consigo resistir a esse sorriso lindo, mas Deus me ajuda se não vou acabar sorrindo também.

- Não foi nada e... Espera um minuto. Você por acaso lavou a mão depois que perdeu o sapo?

- Não, por quê?- Eu não acredito.

- Você não fez isso comigo Naruto! Agora as minhas mãos estão sujas também e espero que você pegue uma alergia bem feia por estar com uma gravata toda suja de sapo no pescoço! Agora vamos lavar as mãos.

- Era só por isso? Que besteira.

- Nem começa e vamos logo.

- Não vou, obrigado.

Que menino idiota, ainda bem que o pão que ele me deu ontem estava embalado e não foi ele que fez, mas ainda tive que desinfetar a embalagem. 

Pelo visto não vai ter outro jeito. Pego no pulso dele e começo a arrastar ele até ao banheiro. Vai ser melhor do que pegar na orelha e obviamente na mão. Sem contar que chama menos atenção...

Era o que eu pensava.

- ME SOLTA, EU NÃO VOU LAVAR A MÃO!

- PARA DE SER INFANTIL, QUANTOS ANOS VOCÊ TEM? E PARA DE GRITAR!

- VOCÊ TAMBÉM ESTÁ GRITANDO!

- CHEGA!- Respira Sasuke, respira.- Só vamos Naruto e para de escândalo, tá todo mundo olhando.

Ele olha em volta e faz um biquinho-tá dando ranço esse bico.- e começa a rir. Deus! Estou lidando com uma criança. A cada dia que passa eu me questiono mais o porque de eu ter me apaixonado por ele, mas a cada sorriso que ele dá, eu lembro mais um pouco.

- Não ria!

- Não estou rindo.- Não respondo, apenas suspiro e sigo andando. 

Paciência senhor.