História Meu problema é você - Imagine Jeon Jungkook (EM REVISÃO) - 18; Set me free PT.2

YOUR POINT OF VIEW 

22:00hrs PM

29 de abril, 9 dias depois.

Sábado, 2 dias depois.

Está tocando Love Me do Lil Wayne, ecoando freneticamente em cada canto sufocado do lugar enquanto Hoseok gritava alguma coisa para mim e Yoongi. Eu não o ouvia de jeito nenhum, não só pelo grave da música surrando meus ouvidos, mas também porque não consigo prestar atenção em mais nada desde que vi Taehyung do outro lado da balada, bebendo no balcão enquanto me fuzila a cada suspiro que dou.

Ele está bebendo. De novo. E por minha causa.

Há dias não falo com ele e muito menos com Alice. E mesmo que já faça alguns diss, eu ainda não consigo ignorar tudo que aconteceu e fingir que está tudo bem. Não consigo ser justa e entender todas as pessoas que se afastaram de mim por isso, não vejo nada além do que me causou essa dor e como me machucou.

Eu vi Alice durante toda a semana na faculdade, sentada no fundo da sala e me ignorando completamente como se antes não fossemos as pessoas mais grudadas daquela sala de aula. E foi tudo muito pior quando o Jimin notou nosso afastamento e me perguntou o que havia acontecido. Foi péssimo ter que verbalizar que eu e minha melhor amiga brigamos e não nos falamos mais. 

Aliás, Jimin tem sido meu amigo, além dos meninos, claro. Não foi mais um idiota e sequer fez menção de me olhar pelos corredores da clínica como fez algumas outras vezes antes de nos aproximarmos.

Confesso que ainda estou com um pé atrás. Eu já aprendi de todas as formas que confiança é algo que você não deposita em qualquer pessoa de uma hora para outra. Mas posso jurar que conheci outra pessoa, e não aquele cafajeste egocêntrico da sala de aula.

De qualquer forma, vou precisar de muito mais tempo para superar as perdas e para confiar em qualquer pessoa. Tenho de lidar com tudo e não me deixar tão agitada quando encontrar com Taehyung ou com Alice.

— Aqui seu energético, gatinha...— um sussurro me arrancou dos pensamentos. Me ergui com o arrepio que tive e me virei, dando de cara com Jungkook que está colado a mim com a expressão mais atraente possível.

Há alguns minutos ele havia perguntado se eu queria alguma coisa para beber. Ele sabe que não sou a maior fã de álcool, então apenas concordou quando pedi apenas energético.

— Quase não consigo, na verdade. Aqui não tem uma grande variedade de bebidas não alcoólicas. — disse me entregando a taça decorada. Eu recebi e sorri, dando um gole generoso enquanto o encarei.

— Obrigada, amor.

— De nada. — sussurrou em meus lábios, deixando em seguida um selinho que me arrancou um calafrio gostoso. Então sua mão segurou meu queixo, o erguendo para que eu o olhasse. — Eu sei que você tá com essa carinha por causa do Taehyung que tá olhando pra cá igual um psicopata.

Um sorriso nervoso me escapou e eu olhei em seus olhos, preocupada, tentando vagamente ignorar a existência de quem está olhando para nós como se fosse cometer um crime. 

— Desculpa, é que isso tudo ainda me deixa inquieta...

Jungkook colocou o dedão em meus lábios e o deslizou sobre eles enquanto encarou-os com desejo. Me calando de um jeito que eu gostei até demais.

— Eu sei...e foda-se. Foda-se ele e qualquer um que se incomodar com o fato de estarmos juntos. — ele agarrou minha cintura, colando o corpo sobre o meu sem vergonha nenhuma. — Eu vou continuar sendo seu, todo seu. Não importa o quanto as pessoas olhem, porque eu vou continuar sendo louco por você, vou continuar te querendo cada dia mais....

Então eu o beijei. Urgente, sentindo meu corpo queimar a cada vez que suas mãos me tocam. E em segundos eu esqueci de tudo ao redor, caindo em seus braços sem qualquer medo ou preocupação.

Só até o momento em que senti Jungkook ser literalmente arrancado de mim. E a primeira coisa que vi logo em seguida foi Taehyung o segurando pela gola da camisa. 

— Você faz isso de propósito, não é?! Seu idiota!! 

— Porra, Taehyung! Qual o seu problema?! 

— Você é a porra do problema! 

 A segunda coisa que vi foi Taehyung socar o rosto de Jungkook de forma que o deixou desnorteado por segundos agoniantes. Em seguida Jungkook sequer se recuperou, acertando Taehyung igualmente. 

Nos primeiros instantes fiquei sem reação nenhuma. O mundo passava em câmera lenta diante de meus olhos. E a primeira coisa que notei assim que recuperei o fôlego foi o quanto meu coração batia rápido e o quanto minhas mãos tremiam.

Antes que Taehyung se preparasse para outro golpe, eu me enfiei entre eles com o resto de força e coragem que ainda tinha em mim.

— Eu não sei qual é merda que vocês têm na cabeça....— puxei o ar com força e encarei um de cada vez, sentindo meu corpo fraquejar e meus olhos embaçarem. E ainda assim, continuei. Mesmo sem saber se conseguiria. — Mas...se vocês querem continuar com essa idiotice...ao menos façam isso longe daqui pra que eu não tenha que presenciar e acabar passando ainda mais vergonha que vocês. 

Meu peito estava ardendo, então a única coisa que tive vontade de fazer foi sair imediatamente dali.

 E assim fiz. 

Caminhei rapidamente para fora da boate, me segurando para eu mesma não acabar socando alguém também.

Porque diferente deles, eu sei me controlar.

Me encostei nas paredes da entrada da boate, suspirei e fechei os olhos. Meu peito não descansa, arde e dói como se eu tivesse corrido uma maratona inteira. 

Não sei exatamente como tudo aconteceu. Aposto como duraram apenas 30 segundos, mas para mim foram horas, que ainda se estendem em minha mente como um loop infinito.

Por quê? Por que Taehyung fez isso? Por que ele não pode simplesmente se conformar? Por que não entende que só porque não aconteceu como ele queria, não significa que pode agir dessa forma?

Homens são assim. Eles nunca estão conformados enquanto o ego estiver insatisfeito. Eles sempre lutam pelo que querem, mas sempre fazem isso por benéfico próprio. Por eles e por eles. Eles nunca pensam em como nós mulheres nos sentimos. Não entendem que quanto mais insistem, mais machucam quem só quer viver sua vida sem lembrar das merdas do passado.

— Te achei...

Ouvi Jungkook chegar correndo até mim. E quando parou em minha frente, sequer tive motivação para encará-lo. 

— Desculpa, amor. Me desculpa por isso, eu não deveria ter retribuído, eu devia ter...

— Para, por favor. — o interrompi com a voz baixa e rouca. E finalmente o olhei. Está sangrando pela boca, com a roupa amarrotada e a respiração ofegante. Seus olhos estão enormes, cheios de preocupação e culpa. Então segurei em seu queixo e sorri de forma triste.— Não foi sua culpa.

Seus olhos brilharam, um aperto me surgiu quando encarei seu rosto alvo e assustado.

— Eu sei. Mas poderia ter sido apenas um soco, não é? — suspirou, então se encostou na parede ao meu lado, colocou as mãos no bolso da calça e encarou o céu acima de nós. — Quase tinha esquecido do porquê nós nos escondemos esse tempo todo.

Suas palavras reverberaram pelo vento frio da noite, por quase um minuto até eu finalmente responder: 

— Não. Não foi por isso. A gente se escondeu porque era o caminho mais fácil. E quase sempre o mais fácil é o mais errado. Quanto mais fácil, menos certo é.

— É assim que você pensa?

— É assim que as coisas são. — então o encarei. — Acabei de perceber isso, na verdade. Se tivéssemos sido transparentes desde o início, talvez fosse diferente. Eu não teria brigado com Alice e consequentemente não teria acontecido tudo que aconteceu.

— Você não pode culpar a gente pelas atitudes alheias, ______.

— Não, porque nesse caso eu não estou fazendo isso. Estou apenas assumindo meu erro.

— Então tudo isso foi um erro?

— Não é meio óbvio...? 

Jungkook me encarou irritado, sem acreditar no que ouviu. Até que me dei conta do que eu havia dito.

— Não, não foi isso que eu quis dizer... — me ergui e tentei me aproximar dele, mas vi seu corpo recuar e me olhar ainda mais incrédulo.

Merda.

— Mas foi o que você disse. Aliás, você acabou de agir ainda agora como se eu também fosse culpado pelo o que aconteceu ali. Como se eu também tivesse começado a briga. Você diz que deveríamos ter sido transparentes, mas você não parece querer se esforçar para que as coisas sejam transparentes agora.

Ai.

Que porra? De onde ele tirou isso?

Sorri incrédula, encarando o céu enquanto suspirei por um segundo. Voltei a lhe olhar nos olhos e então lamentei, porque uma noite tão boa está se esvaindo da pior forma possível.

— Pra você é muito mais fácil. 

— Aaah! Não diga!!! — ele estava começando a ficar alterado. — Você já foi menos goísta, ______. Você sabe muito bem que ambos nós tínhamos motivos suficientes para não assumir nosso relacionamento. Também vai admitir que fez isso por puro orgulho? Porque eu sei que foi por isso. Você não tinha motivos para esconder nada da Alice. Mas mesmo assim fez. 

— Você tá dizendo isso pra se sentir melhor? Porque se for, não vai adiantar. Nada tira a culpa de cima de nós. Não vai adiantar que a gente fique aqui apontando quem tem mais problemas ou não. Eu errei, você errou, e não tem nada que a gente possa fazer para reverter o passado. 

— Ainda mais quando se tem um mimado que não sabe lidar com a vida. Taehyung é um idiota, literalmente me socou sem mais nem menos e é comigo que você briga?

— Viu só? É por isso que vocês se parecem tanto. Eu não estou falando dessa mania idiota que vocês têm de brigar feito gato de rua, embora ela seja igualmente ridícula, mas não é esse o ponto. A questão é que nós passamos tanto tempo escondendo isso, que tudo acabou piorando. Se você fosse alguém com o temperamento mais calmo, isso não teria virado de cabeça para baixo.

— Temperamento? Tá dizendo que eu levar um soco de graça foi culpa minha??

— Não. Claro que não. Mas se você não tivesse feito isso primeiro...

— Do que você tá falando? 

— Não haja como se não soubesse.

— Você....

— Não diga nada, eu sei que foi você aquele dia. Taehyung estava quase sem respirar de tão machucado. Vocês nunca disseram nada sobre aquilo, mas eu sei que foi você.

Jungkook me encarou por segundos com aquele olhar de arrependimento e cheio de culpa, então virou de costas para mim e suspirou várias vezes.

— Você não sabe de nada, ______.

— É, eu sei disso também. — cruzei os braços e encarei seu corpo que ainda está de costas para mim. — Também é disso que estou falando quando digo que nós não fomos transparentes no nosso relacionamento.

— Eu só não quero te perder...— a voz saiu arrastada, quase mais baixa que um sussurro.

Ele estava ofegante de novo, então me aproximei, abraçando seu corpo e pousando o queixo em seu ombro. Tenho certeza de que ele está sentindo meu coração acelerado, assim como eu sinto seu corpo tremer e sua respiração alterar através de nosso contato.

— Você não vai me perder, entendeu? — sussurrei. Deixei um selar na pele de seu pescoço e o apertei com mais força. — E desculpa por isso tudo. Não faz sentido brigarmos por isso.

Jungkook virou novamente para mim e envolveu os braços em volta de minha cintura, encarou meu rosto intensamente por longos segundos e então repousou a testa sobre a minha.

— Tá desculpada. — sussurrou com um sorrisinho convencido.

— Seu arrogante. — sussurrei de volta com mais humor.

— Sua rabujenta. 

— Ah, o que mais?? — apoiei as mãos em seu peito, e sorri. Me sentindo minimamente melhor.

— E linda. — deixou um selinho em meus lábios entreabertos, então me olhou sério. — E me desculpa também. Eu fui um idiota.

— É, foi mesmo.

Sorri e então eu quem o roubei um selinho, acariciando logo em seguida com o dedão o cantinho de sua boca que ainda sangrava. 

Nos abraçamos novamente e ficamos assim por pelo menos sete minutos, em completo silêncio. Mas não de forma desconfortável. Há sim uma conversa aqui. Aliás, assim como ouvimos um ao outro em conversas e discussões, também ouvimos o silêncio do outro e o apreciamos. Sabemos o valor de cada sentimento e valorizamos igualmente.

E mais um tempo se passou até ele quebrar o silêncio agradável no qual estávamos.

— Acho que já deu de socializar hoje. Já podemos voltar pra sua casa e passar a noite agarradinhos assim...— ele me abraçou mais ainda e encheu meu pescoço de beijinhos. Me arrepiou toda e automaticamente me fez esquecer de nosso breve conflito.

— É tudo que eu mais quero...

— Ótimo. Vamos só avisar o Hobi e o Yoon que estamos indo nessa. Eles estão esperando no estacionamento...

***

Assim que adentrei meu apartamento, joguei minha bolsa no sofá e fui direto para meu quarto. Jungkook ficou para trás pois precisava achar uma vaga para estacionar o carro.

Eu aproveitei para tomar banho enquanto ele não chegava.

O banho tem sido meu maior hobby ultimamente. Passo quase que horas organizando meus pensamentos enquanto limpo cada cantinho de meu corpo minuciosamente. Além do sentimento de purificação. Como se cada problema pudesse se esvair na água e descesse pelo ralo. Me livro de cada problema, aliviando meu corpo e minha alma.

E hoje especificamente foi um dia que me fez refletir muito de baixo do chuveiro.

Pensei mais um pouco na discussão que tive com Jungkook, a briga dele com Taehyung....tudo isso ainda martela cada extremidade de meu cérebro.

No fim, chego a conclusão de que não vale a pena gastar meu tempo pensando em como resolver algo que está fora de meu alcance. Não posso controlar essa situação e muito menos tentar tomar a frente para reverter algo que não depende só de mim.

Eu amo o Jungkook, e se alguém não se conforma com isso, eu não posso fazer nada.

No final, Jimin tem total razão.

Eu preciso aproveitar cada momento com quem amo, independente das circunstâncias.

Aliás, Jimin havia mandado algumas mensagens questionando se eu estava bem durante quase todos os dias, sempre me cumprimentava com um sorriso gentil quando nos víamos na faculdade e era o menos invasivo possível. Por isso ele foi outro que alugou um triplex na minha cabeça depois daquele dia e virou pauta de meus pensamentos no banho. Não em um mal sentido, mas toda a situação em que passamos naquela praça foi estranhamente confortável para mim. 

Toda a sua história e seu passado me deixou curiosa, aguçada a lhe conhecer mais e entender suas ações, entender porque foi tão gentil comigo mesmo depois de anos sendo um completo babaca em sala de aula.

Talvez esteve apenas se aproveitado de um momento em que eu estava sendo vulnerável. Onde supostamente seria mais fácil me enganar, como já fez com outras.

Park Jimin é definitivamente um enigma.

Quando saí do banho, decidi que me daria o luxo de ficar mais apresentável. Essa semana foi cansativa e na sua maioria tediante. E nada mais poderia melhorar a atmosfera se não minha vontade de relaxar nos braços de quem me atrai de todas as formas possíveis.

Então estou completamente disposta a concertar as coisas do meu jeito. E sei exatamente como fazer isso. Mesmo que Jungkook já tenha dito que adora quando estou despojada e sem preocupação com minha aparência, também não quer dizer que o fato de eu estar "arrumada" não seja igualmente agradável. 

Não exagerei em nada, quero que independente de tudo, nossa noite termine de maneira leve e agradável. Assim, evitei as roupas íntimas e coloquei apenas o vestido vermelho simples de alça. Passei meus cremes hidratantes e me admirei no espelho enquanto finalnente ouvia o barulho de passos cansados pela casa.

— Amor, foi um saco tentar achar uma vaga perto daqui! Acho que é por conta daqueles adolescentes na piscina....— sua voz estava longe e abafada.

Até que a porta se moveu, sendo aberta calmamente e revelando quem eu tanto desejei. Finalmente encarei os olhos nada inocentes de Jungkook pelo reflexo do espelho. Seu sorriso nasceu quase que imediatamente quando notou minha aparência. 

— Amor, você tomou banho sem mim? — pareceu desapontado, mais ainda sorria e encarava minha silhueta, passando os olhos por todo meu corpo. 

— Você demorou, achei que não tivesse problema se eu fosse sem você....

— Sei...— ele se aproximou ainda mais. Envolveu as mãos por minha cintura e arrastou a ponta do nariz em meu pescoço, todo sorridente e malicioso. — Vou fingir que acredito e que na verdade você não está me provocando e fazendo isso de propósito...

Houve um calafrio em meu corpo e eu logo arrepiei.

Ele acertou em cheio.

— Que calúnia. — sorri e então fechei os olhos quando senti suas mãos massagearem minha cintura. 

— De qualquer forma, eu gostei. Você tá incrível, fica ainda mais perfeita a cada dia...— agora foram seus lábios que deslizaram por meu ombro direito e suas mãos desceram pelo início de minha virilha. 

— Obrigada, amor. — sorri então me afastei dele. Virei para olhá-lo e quase cai na risada com sua cara de confuso. — Agora vá tomar banho pra gente ir dormir, estou morrendo de sono. — disse, cortando o clima.

— Ah não, de novo isso??! 

Ele se abraçou a mim feito uma criança birrenta e fez recusa ao meu pedido.

— Sim! Não pode ficar me abraçando assim sem ter tomado banho! Vai, amor, eu estou morrendo de sono...

Pedi e o afastei novamente. Então alisei as mãos em meu vestido e fingi um bocejo.

— Como você é má. — ergueu-se desapontado e então me puxou novamente pela cintura, colando a boca em meu ouvido. — Já é o segundo banho que você me deve. Não reclama quando eu começar a dar o troco...— disse baixinho, apertando minha bunda logo em seguida.

Meu corpo todo reagiu. Vulnerável e implorando por ele.

Mas me fiz de durona e fui mais forte que a carne.

— Mal posso esperar, querido. — sussurrei de volta, deixando uma mordida em seu lábio inferior. Então corri para fora do quarto antes que ele mudasse de ideia e tentasse revidar.

Mesmo em cômodos diferentes, me sinto afetada em como Jungkook consegue me agitar sem fazer muitos esforços. Me deixando afoita enquanto imagino o quão bom seria estar de baixo do chuveiro agora, juntinha dele e sentindo suas mãos em cada extremidade de meu corpo.

Suspirei e fui diretamente para a cozinha. Então a geladeira, convicta em pegar a garrafa de vinho que comprei há alguns dias atrás.

Sem esquecer de Jungkook, enchi uma taça com o tinto e bebi sem pausa alguma.

Mesmo com a pouca afinidade que tenho com o álcool, ainda gosto muito de como o vinho age em meu corpo, igualmente como gosto de como Jungkook me faz reagir. Ambos tem sua pitada de nocividade, mas me deliciam com suas características singelas e únicas.

Coloquei a taça vazia sobre a pia e me dirigi até o balcão, onde me debrucei e respirei fundo algumas vezes.

Estou bem. Não preciso mais de amigos que não acreditam em mim, não preciso de mais nada. — mentalizei.

Por mais difícil que seja, não vou paralisar minha vida. Vou seguir exatamente o conselho de Jimin. Pois sei que ele tem razão. Por que vou me importar tanto com quem já nem está mais na minha vida? Devo sim, na verdade, dar importância pra quem está nela. Para quem fez questão de estar ao meu lado.

Que seja.

Busquei a taça novamente e mais uma vez a enchi com vinho. Bebi entre goles calmos e relaxantes, sentindo o álcool arder entre meu esôfago, mas me deixando exatamente como eu quero. 

Esquecida de problemas e com o foco de apenas curtir o resto da noite com o homem que eu amo.

Entre meus pensamentos, fiquei totalmente entorpecida. Fechei os olhos por vários minutos, sentindo a brisa fria da noite passear entre a cozinha e por meu corpo fresco, me relaxando ainda mais por um longo tempo.

E só me dei conta da realidade quando senti braços me prenderem contra o mármore do balcão. Então a respiração quente contra meu pescoço.

Mordi os lábios e sorri ainda mais satisfeita, amando cada arrepio e espasmo de meu corpo. 

Amo estar em casa.

Amo ainda mais criar esses joguinhos idiotas com Jungkook. 

É óbvio que eu estou doida para cair em seus braços. Mas nada é mais avassalador do que dificultar as coisas e ver até onde ele vai com minhas provocações.

— Ah, meu deus, você não tá pra brincadeira hoje, hein? — eu disse, toda soltinha em seus braços, sorrindo e ficando sem ar a medida que senti seu corpo me pressionar contra o balcão. 

— Quem disse? — arrastou a ponta do nariz por trás de meu ouvido até meu pescoço, onde deixou um chupão que provavelmente ficaria muito bem marcado. — Tô louco pra brincar com você hoje.

Porra, assim ele estraga meu jogo...

— Vai precisar mais que isso se quiser me convencer... — suspirei, deitei a cabeça em seu ombro e fechei os olhos. 

— Te convencer?? — sobrepôs minha voz todo convicto. Então suas mãos foram até minha cintura, a apertando lentamente. — Você acha que me engana? 

Ele está começando a tirar vantagem de mim. 

As suas mãos grandes deslizaram em meu corpo, ainda por cima do tecido do vestido, alternando entre minha cintura e minhas coxas.

— Fala que tá com sono...toma banho sem mim....mas no final coloca esse vestido e fica me olhando com essa carinha de safada...eu tô te sacando há horas, gatinha...já já eu acabo com esse seu joguinho.

Seus dentes cravaram na alça direita de meu vestido, e a arrastou até que caísse. Foi quando ele começou a chupar a extensão de meu ombro até meu pescoço. 

— Você tem ideia da tortura que foi tomar banho sozinho enquanto te imaginava lá comigo? 

— Poxa, amor...o que você imaginou? — minha voz saiu quase como um sussurro. Estou amando suas reações. Sinal de que consegui provoca-lo direitinho.

— Ah, você quer saber?? — suspirou com os lábios colados ao meu ouvido, em seguida arrastou a ponta da língua pelo lóbulo de minha orelha. —...me imaginei tirando cada peça de roupa sua, admirando minuciosamente cada cantinho do seu corpo...vendo a água escorrer por ele inteiro enquanto minhas mãos o apertam, exatamente assim...— subiu as mãos até a altura de meus seios, então os apertou ainda por cima do vestido. Mas posso jurar que senti o seu toque na pele, de tão intenso que foi.

Arfei sem controle, fechando os olhos com mais força e tentando amenizar o barulho de minha respiração descontrolada. Meu útero está quase revirando, e eu sentia um calor inexplicável subir em nós. A cada aperto, sentia meus mamilos sensíveis, piorando ainda mais quando ele os massageou com a ponta dos dedos.

— Como você é baixo, Jeon Jungkook...— minha voz foi menor que um sussurro. Minha mente quase convencida a cair em suas tentações.

— Eu disse pra não reclamar quando recebesse o troco, querida. — sussurrou rouco em meu ouvido, me arrepiando inteira. E agora enfiou as mãos por baixo de meu vestido, alisando minha barriga até as laterais externas de minhas coxas. — Porra, gatinha....você tá sem calcinha...? — ofegou em meu ouvido e deixou um aperto gostoso em minha bunda. — Assim fica difícil de acreditar que você não tá doida pra que eu te foda hoje.

Puta que pariu. Esse homem vai me enlouquecer.

— Desgraçado...— sorri, e por segundos tentei voltar a mim mesma, tentando fugir de seu feitiço nocivo.

— Você sabe que me excita ainda mais quando me xinga, não sabe? 

— Sei. Sei muito bem...— consegui finalmente virar de frente a ele, só então notando que ele estava apenas de toalha. E por isso, quase me deixei levar. Mas me mantive firme, então encarei seus olhos com confiança. — Você tá achando que vai ser fácil assim? 

— Claro que não. Você sequer deixou eu te beijar depois que cheguei, me recusou um banho pela segunda vez....mas pode continuar. Amo quando você dificulta as coisas. — aproximou a boca a minha e encarou meus olhos. — É mais gostoso assim. Você me deixa vidrado, obcecado enquanto acabo com essa sua postura. 

— Maldita hora que me apaixonei por um convencido igual você...

Jungkook sorriu e me pegou de surpresa, me erguendo com destreza para que eu me assente sobre o balcão. Em seguida, apoiou as mãos em minhas coxas e massageou a parte interna delas com um dedão de cada mão.

— Tarde demais, amor...— suas mãos adentraram por baixo de meu vestido, deslizando lentamente. — Aliás, eu estou louco pra sentir o gosto desse vinho...

Jungkook mordeu meu lábio inferior e apertou minhas coxas. Imediatamente meu corpo me denunciou em um calafrio que me fez faltar o fôlego.

— Deixa eu provar, vai...— disse baixinho enquanto roçou nossos lábios. — Eu tô sentindo seu corpo tremer de tesão...— novamente colocou a mão por baixo de meu vestido e subiu-a de minha barriga até meu seio direito. O mesmo que ele massageou lentamente enquanto passava a língua pelos próprios lábios. — Minha mão faz um ótimo trabalho, não é? — disse ao passo que intensificou o movimento de sua mão. — Mas eu sei que você gosta ainda mais do que minha boca faz...

Meu corpo está totalmente entregue. Minha mente quase vencida enquanto se rende ao desejo que, sinceramente, quanto mais reprimido agora, mais gostoso fica quando Jungkook acerta minhas fraquezas.

Olhar para ele é quase insuportável, pois o seu físico é ainda mais irresistível. Seu corpo é o suficiente para aguçar qualquer desejo escondido em meu inconsciente. Por isso não me senti culpada quando acabei deslizando as mãos por seus ombros e braços. 

As pontas de meus dedos queimando enquanto as arrasto pela pele morna do seu corpo entorpecente.

— Você fica um puto de um gostoso a cada dia...— disse descendo as mãos por sua coluna grande e nua. — Assim não dá pra jogar limpo.

— Como se você jogasse limpo, né? — rebateu, agora descendo a mão até minha virilha, a apertando lentamente enquanto eu soltei um arfar pesado. — Sua safada.

— Cala boca...— disse sem ar. — Você já sabe que venceu mesmo...— vencida, finalmente o beijei. 

Fui com vontade. Fundi nossos lábios e não tive cautela ao enfiar minha língua contra a sua. Busquei descontar todo meu tesão ali, com auxílio de minhas mãos que puxaram os fios de cabelo da nuca dele.

Delirei com prazer naquele beijo.

Mas durou só até meus ouvidos captarem o barulho de vidro sendo quebrado.

O barulho foi dentro de minha casa. Tenho certeza.

— Jungkook...— o chamei entre o beijo. — Você ouviu?

— Ouvi...— me beijou mais um pouco. — Deve ser lá em baixo amor, você sabe como são adolescentes...

— Jungkook.— então separei de vez nossos lábios e o olhei preocupada. — Esse barulho foi aqui.

Ele suspirou e abriu a boca para dizer algo, mas antes que ele o fizesse ouve outro barulho, o mesmo de antes, só que mais alto.

O suficiente para notarmos que havia vindo de minha sala.

Nós nos entreolhamos assustados. 

Há mil coisas passando em minha mente, mas eu estou principalmente irritada por ter sido interrompida.

— Eu vou olhar.

Jungkook fez menção de sair, mas eu o segurei.

— Vamos juntos.

Desci do balcão e o olhei firme.

A casa é minha. Qualquer coisa que tenha sido, desde um simples vaso que possa ter caído acidentalmente até algo pior, eu tenho que saber. Sou eu quem preciso tomar a frente como responsável.

Então caminhamos devagar até a sala. 

Nada está fora do lugar, mas foi impossível não notar o estrago nas janelas da varanda.

— Merda! 

Me irritei ainda mais quando vi o prejuízo diante de meus olhos. Que provavelmente foi causado por algum idiota inconsequente, obviamente por aqueles adolescentes bêbados que estavam com a baderna no prédio.

— Amor...— Jungkook estava de olhos arregalados, diferente de mim que estou com fogo nos olhos.

— Deve ter sido aqueles idiotas que estão na piscina...— disse já indo até o interfone para denunciar aquela pouca vergonha.

Mas antes de ter coragem para isso, vi Jungkook erguer algo que reluziu nas suas mãos, algo que antes estava enrolado entre as cortinas.

— Que merda é essa...?

Não.

Eu não estou louca.

É a porra de uma bala.