Nós dois andávamos com os ombros e braços encostados, tentando nos manter dentro do espaço sem chuva que o pequeno guarda-chuva do J-Hope permitia. Depois daquela minha cena vergonhosa quando chorei na frente dele, J-Hope, após um tempo, me desprendeu do abraço de consolo e passou um braço pelos meus ombros, fazendo com que eu começasse a andar, em direção à estação. Eu apenas o seguia, já que não sabia para onde ele estava me levando. Nesse tempo de caminhada, J-Hope não abriu a boca, eu tampouco. Não queria que ele me perguntasse o motivo daquela ceninha.
Quando adentramos a estação, Hope fechou o guarda-chuva e passamos pela catraca, descendo em direção ao embarque. Na plataforma, havia alguns bancos para os passageiros mais cansados se sentarem, mas estavam praticamente todos desocupados. Hobi segurou meu braço e me levou até um dos bancos, para que eu me sentasse e fez o mesmo, sentando ao meu lado.
– O que aconteceu, TaeTae? – Ele olhava para mim, eu conseguia vê-lo com o canto do olho, mas eu encarava o vão dos trilhos a minha frente. Ele esperou que eu respondesse, mas eu simplesmente não sabia o que falar. Então ele continuou. – Você pode me dizer, somos amigos, certo?
Sim, parecíamos ser amigos. Ele já havia falado que éramos isso algumas vezes e na última vez que nos encontramos, Suga disse que poderíamos ser uma família e Hope concordou. Eu não havia entendido essa história de família, mas me senti feliz, sentia que, agora, eu fazia parte da vida dele. No entanto, eu não podia dizer o motivo do meu choro, nem eu mesmo sabia o porquê, simplesmente me senti triste e enciumado, mas eu nunca, NUNCA, admitiria isso em voz alta. Ainda mais para ele.
– Não aconteceu nada – Agora eu encarava minhas mãos, pousadas no meu colo. Acho que já estava na hora de tirar minhas cutículas. Elas já estavam grandes e feias, gostava dos meus dedos mais delicados e aquela pele morta não estava contribuindo. Enquanto as encarava, vi uma das mãos de dedos longos do Hope repousar sobre as minhas, apertando-as carinhosamente. A mão dele estava quente em comparação às minhas. Esse toque me fez lembrar da noite no Karaokê, em que ele, timidamente, tentava me consolar com o meu coração partido por causa do Jin. E eu fui um idiota em rejeitá-las por me sentir envergonhado. Dessa vez apenas aproveitei aquele carinho. Sorri fraco.
– É algo relacionado ao SeokJin? Você gosta dele, certo? – Virei de olhos arregalados para encará-lo – Você ainda não superou? Ele namora, Tae. Namora com um amigo meu e parecem felizes juntos – Não sabia como reagir, queria falar que Jin não tinha nada a ver com isso, mas o tom de voz dele era carinhoso, não ríspido como costumava falar, e eu me perdi em pensamentos, constatando o quanto ele estava sendo fofo comigo. – Eles foram me visitar depois daquela noite no Karaokê e realmente você não tem chances com o Kim, ele é apaixonado pelo meu amigo. Desculpa te falar isso, mas é a realidade, é o melhor pra você, tem que saber disso para desistir...
Naquele momento eu queria muito rir. Ele estava supondo que tudo aquilo estava envolvido com a minha ex-paixonite pelo meu chefe e estava tentando criar formas de me consolar, a primeira forma foi o choque de realidade. Portanto, não gargalhei na cara dele, queria saber o que mais ele falaria, como ele conduziria aquela conversa. Apenas balancei a cabeça, fazendo uma expressão triste (eu já mencionei o quanto era bom nas aulas de teatro?).
– Sabe, não quero dizer que o namorado dele, meu amigo NamJoon, seja melhor que você – ele continuou, tentando reparar o que pensou ter me feito triste novamente – mas, o que quero dizer... é que... Aish, sei lá... – ele coçou a nuca – quero dizer que você não teria chances agora, porque Nam apareceu primeiro, mas se fosse antes, SeokJin se interessaria por você...
Enquanto isso, vários trens da frota paravam e partiram, e nós continuávamos sentados. Eu estava querendo explodir em risadas com o modo sem jeito que ele despejava tudo aquilo. Mas eu queria ainda mais.
– Se interessaria? – Perguntei fazendo um bico.
– Claro que sim!
– Por que? – Busquei manter contato visual – por que ele se interessaria por mim? – Sim, eu estava querendo vê-lo encurralado, então aprofundei a expressão de tristeza em meu rosto.
– Hmmm, bem... sei lá! – Esbocei um bico mimado – hmmm, okay... bem... é... você é divertido... – quase sorri, mas mantive meu olhar sobre ele, esperando que continuasse – é atencioso... inteligente... ama os livros... cozinha super mal, mas pelo menos tenta para deixar as pessoas mais alegres no aniversário – nesse ponto eu não aguentei, soltei uma risada contida, mas ele não notou, porque não olhava mais para mim, encarava o próprio colo – é bo...
Bondoso? Bobo? Bonito? Nunca irei saber. Ele parou de falar no meio da palavra porque o maldito do celular dele começou a tocar. Me frustrei porque justo agora ele decide atender! Ele nunca atende essa droga! Por que logo agora?
– Oi, Suga – Ele falou com o aparelho no ouvido. Preciso me lembrar de ainda matar o YoonGi. – Sim, já estou com ele, nos atrasamos um pouco, mas já estamos a caminho, isso é... se ele quiser ir, ele parece não estar se sentindo bem hoje... – Franzi a testa. Para onde Hope e Suga queriam me levar? É claro que eu queria ir! – Vou ver com ele, até mais. – Hope desligou e olhou para mim, mas não esperei que falasse.
– Eu estou bem, sim! Eu não estou nem triste! Eu chorei porque estava um pouco sensível, mas não tem nada a ver com SeokJin – Ele me fulminou com os olhos quando eu disse a última parte – você estava falando de mim com o Suga, né? Para onde vamos? Eu quero ir.
– Ei-ei-ei, calma, respire para falar – ele riu, se levantando do banco e eu o acompanhei – Não vai ser nada divertido, pelo contrário... – eu o olhei e seu rosto se tornou triste – é aniversário de morte do meu avô, eu e Suga iremos visitar o memorial dele... queria que fosse conosco...
– Claro que vou – eu não sabia o porquê de ele querer que eu fosse em algo que fosse tão íntimo, mas como ele mesmo disse, Hope me considera um amigo e se ele quer que eu vá, eu vou. Talvez ele quisesse consolo e apoio.
– Que bom – ele sorriu fofo – Então vamos! – Ele virou e apressou os passos em direção à porta aberta do vagão do metrô que estava prestes a partir. Corri atrás dele e me agarrei ao seu braço, para não ficar para trás. A porta se fechou no instante em que entramos, ofegantes. Alguns passageiros nos olhavam com expressões confusas e só então notei que era por causa dos nossos braços entrelaçados. Hope pareceu notar também, porque logo se soltou e se afastou um pouco, aparentemente constrangido. Fiquei levemente magoado, mas não poderia julgá-lo, fiz a mesma coisa com a mão dele no dia do karaokê. Além do mais, eu já estava acostumado com esses olhares, já que andava assim com o Kookie em qualquer lugar que íamos, mas Hobi não parecia ser do tipo que sai agarrado com alguém, ainda mais com um homem, aliás, ele nem é do tipo que sai.
– Aish, nem se pode mais demostrar afeto entre hyungs e dongseangs que as pessoas já olham torto! – falei exaltado – pessoas mais chatas de mente pequena, eu hein!
– Quer calar a boca? – Hope sussurrou apreensivo – você está falando alto demais! – Flexionei a boca para baixo em um sorriso debochado e me aproximei do ouvido dele.
– Era a intenção – murmurei, acatando sua reclamação. Ai-ai, o cheirinho do shampoo... – Meu hyung é tão cheiroso – falei em um tom mais alto novamente, propositalmente.
Hobi ficou vermelho instantaneamente e olhava para as pessoas à nossa volta. Algumas delas, depois de me ouvir reclamando sobre elas, fingiram não perceber, porém outras ainda nos encaravam torto.
J-Hope estava visivelmente constrangido e parecia estar bravo comigo por ter chamado toda aquela atenção para nós dois. Ele me olhou feio e sentou-se em um assento que acabara de vagar um pouco longe, me deixando ali em pé. Me desesperei um pouco. Não queria que ele se sentisse assim, só estava brincando, pensei que ele embarcaria na brincadeira e não que se sentisse ofendido. Esperava que ele fosse mais mente aberta do que aquelas pessoas ao nosso redor.
Será que era isso? Ele não queria que as pessoas pensassem que ele era gay? Mas ele era gay, afinal? Na maioria das vezes que eu me perguntava sobre isso – geralmente antes do sono me abater – eu achava que sim. Quer dizer, ele não parecia muito hétero apreciando o sorriso do JiMin. Mas isso não quer dizer nada também. No fim ele pode muito bem ser hétero, e até mesmo homofóbico depois dessa reação que teve com a minha brincadeirinha.
Não, homofóbico não. Hope não era assim. Eu estava exagerando. Ele não me trataria do jeito fofo que me tratou hoje se ele fosse preconceituoso. Ele sabia da minha sexualidade e sabia também das segundas intenções do Park com ele e, ainda assim, não o afastava. Talvez se fosse JiMin agora no meu lugar, ele nem se importaria e entraria na brincadeira, porque eles dariam um belo casal.
AISH!!! Quem eu quero enganar? Estou morrendo de ciúme por algo que eu acabei de supor!
Voltei a olhar para onde ele estava sentado, Hobi olhava para a janela, da qual passavam algumas manchas de luzes por causa da velocidade do metrô. O banco ao seu lado agora estava vazio, mas eu nem ousei me aproximar. No entanto, ele virou a atenção para mim, dando umas três batidinhas no assento vago, indicando que eu me sentasse ao seu lado. Não hesitei, corri e me joguei naquele banco. Acho que ele não estava mais chateado comigo.
– Desculpa – murmurei para ele ouvir e ele pareceu confuso – por ter te constrangido...
– Já havia me esquecido – ele sorriu e uma sensação de alívio tomou conta do meu corpo – minha reação foi um pouco exagerada também... é que eu não gosto muito de chamar a atenção sobre mim, não me sinto confortável com os olhares das pessoas...
– Me desculpa mesmo, eu desconfiava que você era assim, mas fiz ainda assim...
– Tudo bem, TaeTae. Não é a primeira vez que você faz esse tipo de coisa comigo mesmo – ele falou fingindo não ter importância e eu lhe dirigi um olhar intrigado, o fazendo soltar um risinho baixo. Como assim não era a primeira vez? – Acho que estou me acostumando com essa sua personalidade – eu ainda permanecia com a expressão de desentendimento e ele notou – sabe, no sábado no karaokê, que você deu um show...
– Aaaah, é mesmo – apertei os olhos em uma careta – sinto muito mesmo...
– Já falei que está tudo bem! – Falou impaciente e se levantou – Vamos, desceremos na próxima estação.
***
Suga nos esperava na saída da estação. Ele batia um dos pés no chão inquieto e mexia no celular. Só levantou a cabeça quando notou nossa aproximação.
– Ah, oi, Hope! Oi, gatinho! – Falou sorrindo. Eu respondi e sorri. – Se atrasaram, JiWoo já está me dando uma bronca por mensagens. Que bom que veio, Tae!
JiWoo? Eu me lembro de ter ouvido esse nome em algum lugar... ia perguntar exatamente isso quando Suga agarrou meu braço e depois o do J-Hope e começou a correr nos arrastando para fora do metrô.
Andamos/corremos por precisamente treze minutos (sim, eu contei, minhas pernas sedentárias já não aguentavam mais) até chegarmos ao cemitério, um lugar um tanto afastado do centro urbano. Andamos mais um pouco até chegar no memorial do avô do Hobi. Era um altar simplório, que parecia não condizer com a posição social que a família Jung ocupava. Uma moça de costas se encontrava olhando em silêncio para o memorial.
– Da-Da! – Suga falou e a moça se virou de repente para nós.
– Bebê Suga! – Falou olhando para ele e depois se voltou para Hobi – Bebê Hope! – Vi que os olhos dela marejaram quando focou no último mencionado – Que saudade de vocês dois! – Ela correu com os braços abertos para eles e os puxou para um abraço apertado. Eu fiquei alguns passos atrás, observando aquela cena comovente.
Quando YoonGi a chamou de Da-Da, lembrei que esse era o nome assinado nas rosas que Hobi recebeu no dia do aniversário. Quando pensei que era presente de uma namorada dele, mas era, na verdade, da prima. Olhando bem para ela, algumas feições da moça eram muito parecidas com a do J-Hope, como os olhos, o nariz e a testa.
Quando se desprenderam do abraço. A moça pareceu notar minha presença ali. Olhou para mim com a testa franzida.
– Quem é esse aqui? – Perguntou se aproximando e analisando profundamente meu rosto – seu rosto me parece familiar, de alguma forma – falou pensativa – é um dos seus casos antigos, Suga? – Meu queixo caiu.
– Não, Da-Da, esse é Kim TaeHyung e ele não é nada familiar para você, okay? – Hope se apressou em responder pelo Min – é meu amigo... – ele suspirou para falar o restante da frase, parecia não querer dizer – e meu editor.
JiWoo arregalou os olhos em surpresa.
– Editor? Não acredito nisso, Hope! Você aceitou ser publicado pela Jung Edições? – A expressão no rosto dela parecia ser de descontentamento – Você disse que nunca aceitaria! Você me prometeu!
Hope pareceu ficar triste, percebi quando ele deixou de encará-la para apreciar o chão sob nossos pés. Que mulher chata! Ela não deveria estar feliz pelo primo?
– Da-Da, não fica assim! – Suga se interpôs entre o amigo – Sei que você não queria isso, tampouco o Hope. Mas essa perseguição tinha que acabar uma hora, ele estava sendo muito importunado pela editora. E afinal, ele é um autor! Ele quer ser publicado, era o sonho dele! É claro que não nessas condições, mas ainda assim ele precisa ser lido, você sabe disso! Eu mesmo o incentivei, não é o fim do mundo!
Eu não estava entendendo nada. Como assim “nessas condições”? O que a editora estava impondo sobre ele? Pela reação da prima, não parecia ser nada legal.
– Eu sei que parece que eu estou compactuando com o meu pai – Hope, enfim, abriu a boca, mas a voz dele era baixa e estava rouca – mas você me conhece tão bem quanto o Suga e sabe que não é isso. Eu não quero a editora, muito menos quero que fique com o meu pai ou com o seu. Vovô queria que eu fosse um autor importante e sempre sonhou que eu publicasse um livro na editora que ele mesmo fundou com tanto sacrifício. Mas eu cansei de tudo isso. Se a editora não ficar com o meu pai, ficará com o seu, o que dará no mesmo, os dois não prestam, então tanto faz.
– E se nenhum dos irmãos ganhar, essa rixa entre a família de vocês dois vai continuar para sempre – Suga voltou a falar – Se tanto faz com qual dos dois a empresa vai ficar, não é mais fácil acabar com tudo isso, Da-Da? Não tem outra saída, você não vai encontrar uma solução agora, já que não encontrou há anos!
Eu realmente estava boiando no assunto. Pelo o que eu entendi, o pai do Hope e o pai da JiWoo eram irmãos, ambos não prestavam, pois os próprios filhos se referiram a eles desse modo, e os dois mantinham um rixa pelo poder da editora que era do avô dos dois aqui presentes. Era isso? O que o fato de J-Hope publicar a obra com a editora tem a ver com essa guerra entre irmãos?
JiWoo suspirou longa e profundamente, fechando os olhos por alguns segundos para depois encarar os dois.
– Vocês têm razão... me desculpem. Vamos acabar com tudo logo. Não vamos salvar a editora da mão daqueles dois, é impossível. Depois de oito anos, um deles vai herdar, e será seu pai, Hope, já que você aceitou... – ela suspirou mais uma vez – você está bem com isso?
– Sim – ele respondeu – não tem o que fazer...
– É, não tem... – JiWoo ainda parecia frustrada, mas agora ela tinha um olhar compadecido direcionado ao Hope – Bem, viemos aqui para ver o vovô, não é?
Suga balançou a cabeça concordando e os três se voltaram para o memorial, os dois garotos se postaram ao lado de JiWoo, um de cada lado, com os braços sobre o ombro dela. Eu me mantive afastado enquanto eles permaneciam em silêncio por longos minutos observando o pequeno altar dedicado ao avô deles. Nesse tempo eu ficava tentando organizar meus pensamentos sobre o que eu acabara de escutar, tentando criar lógicas para a ligação entre a obra do J-Hope e a editora. Até que olhei Min YoonGi e constatei que ele não era apenas amigo do Hobi, era da família também, senão, estaria ali comigo enquanto os dois primos sentiam por mais um ano sem o avô. Percebi que eu não sabia nada sobre o meu autor... nem o nome dele eu sabia.
– TaeTae – me voltei para o Hobi, que estava com a cabeça virada para mim e acenava com a mão para que eu me aproximasse. Fui relutante até eles, sentia que estava me intrometendo no momento dos três, mas ele que me chamara. Me posicionei ao seu lado e ele apontou para a foto do avô – Acho que você já ouviu falar do Jung ChunHo, nosso avô, né? – Ele riu com a pergunta óbvia.
Eu balancei a cabeça. Jung ChunHo era apenas o fundador da editora que eu trabalhava, uma das empresas de comunicação mais notórias do país, como já bem disse.
– Ele era uma ótima pessoa – Suga se pronunciou.
– Só errou em não saber educar direito os próprios filhos – JiWoo falou um tanto amargurada.
– Mas ele soube nos criar muito bem, olha que pessoas ótimas nós somos hoje – YoonGi continuou e fez os outros dois sorrirem – Não somos, Tae?
– São sim! – Eu sorri quadrado e JiWoo me encarou por longos segundos. Me senti mal com os olhos dela sobre mim, até que ela se voltou para Hope e franziu a testa. No entanto, ela voltou a me olhar. Até que falou.
– Eu tenho certeza que você é familiar para mim... te conheço de algum lugar...
– Desculpe, mas eu não me lembro de te conhecer... – eu falei, nunca havia visto a prima do Hope, nem em fotos. Já estava incomodado com a insistência dela.
– Vê se não enche, Da-Da – Hobi se pronunciou – você deve estar se confundindo, tenho certeza.
Ela ainda me olhava e, de repente, seus olhos abriram e ela estalou os dedos, parecia ter se lembrado de algo.
– Você! Eu conheço você – ela olhou para Hope ao seu lado e riu descrente, depois se voltou para mim novamente – Você frequentava uma livraria no bairro de HongDae, não é?!
– Humm – Sim, eu costumava ir algumas vezes lá quando era adolescente para ler os lançamentos que eu não podia comprar – É, eu frequentava sim... – Ela me conhecia de lá? Sério isso? Que mundo pequeno.
Ela bateu palmas entusiasmada e ia falar alguma coisa, mas foi interrompida por J-Hope.
– Nossa, que incrível! Você conhecia mesmo ele! – Ele riu, mas parecia nervoso e JiWoo apertou os ombros dele, ainda rindo.
– Ah, sabe, eu fui algumas vezes nessa livraria e te vi por lá! – Ela voltou a falar – Você tinha um cabelo incrível! Impossível não reparar em você, era muito fofo! – Sorri tímido, me lembrando da época em que eu platinei meus cabelos. Lembro que meu pai quase me matou por isso. – Hope ia muito lá também, não é Hope? – Ela o cutucou com o cotovelo e ele pigarreou alto.
– Ah, agora que você me lembrou, eu ia sim, mas não me lembro de ninguém com cabelo incrível por lá...
– Ah, claro que não – JiWoo respondeu – sabe, Hope ia todos os dias para ler, ia somente para isso, imagina que ele ia reparar em alguém, não é mesmo? Longe dele se distrair com algo que não fossem os livros – ela gargalhou e voltou a bater palmas.
– Me desculpe, mas eu não me lembro de você por lá – falei para moça entusiasmada à minha frente.
– Nem, tudo bem! Eu só reparei em você por causa do seu cabelo! Na verdade, TODOS reparavam em você – franzi o cenho, essa mulher era exagerada.
– Aish, já chega – YoonGi que até agora estava calado sem entender nada se manifestou – vamos embora. Vamos conversar em outro lugar...
– Não posso ficar mais, meu voo sai daqui uma hora, já tenho que ir – JiWoo se explicou – minha filha me aguarda – ela sorriu e olhou para Hope, que também sorria largo – Venha nos visitar um dia, Hope, conhecer sua priminha, ela é a coisa mais fofa do mundo – depois olhou para o Min – e você também, Suga!
– Nós iremos, Da-Da, quero muito conhecê-la, mas você mora do outro lado do mundo, também não ajuda! – Hope falou e riu.
– Prazer em te conhecer, ou melhor, prazer em revê-lo – ela fez uma leve reverência para mim e sorriu, fiz o mesmo para ela.
JiWoo abraçou os outros dois fortemente e se despediram. Em meio a isso, fiquei sabendo que ela morava nos Estados Unidos.
Ela andou até um carro de luxo estacionado próximo ao templo do memorial e, antes de entrar, acenou e gritou:
– Estou esperando vocês dois me visitarem! E, Hope, pode levar a sua paixãozinha também – ela piscou sapeca para ele e gargalhou, entrou no carro, logo dando partida e saindo.
Olhei para Hobi e ele fitava estático para onde o carro se encontrava antes de partir.
– Que história é essa de paixãozinha? – Suga inqueriu confuso, parecia perdido. Ainda bem que ele perguntou, porque era exatamente o que eu queria saber.
– Ela é louca, Suga! Até parece que você não sabe – Hope disse e depois olhou para mim – Não liga, ela é doida, TaeTae.
– Pfff, você não me deve satisfações. Você mesmo diz isso toda hora, não é? Além do mais, eu não estou ligando mesmo – Ah, mas eu ligava. Ligava muito! E eu queria me matar por ligar tanto para essa história de Hope levar a “paixãozinha” dele para visitar a prima.
Ele me encarava confuso e Suga segurava uma gargalhada idiota, então apenas virei e segui pelo caminho que nós viemos, logo ouvindo os passos dos outros dois me seguindo.
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