As futuras estagiarias saíram do elevador como se nada tivesse acontecido, no salto normalmente e Yuka ainda teve a cara de pau, de voltar para a recepcionista e deixar o endereço de cobrança para Ayame, ela queria ter o prazer de receber a conta da loja ou tinturaria, para levá-la nas mãos do Kouga para que ele pagasse.
- Quero que ele tenha consciência de que me deve um favor! – Disse entrando no carro, e colocando os óculos escuros.
Assistiram às aulas da tarde, fizeram um lanche e depois foram embora.
.................
- Então você já está em um novo relacionamento?! – Ayame estava furiosa, com uma mancha enorme no vestido branco.
- Você sabe que sim, e eu não vejo motivo para que faça escândalo aqui. – Respondeu entendendo o que a garota quis dizer com “levar uma chifrada”.
- Não acredito... Responda-me você já chegou a sentir alguma coisa por mim? – Olhou-o amargurada, foi de cortar o coração do youkai, que desviou os olhos.
- Claro que senti, mas quero que entenda Ayame... o que eu sinto por ela, não poderia dar a você, perdoe-me. – Disse em pé próximo à janela, olhando os carros na pista.
A ruiva aspirou o ar com força, e só então percebeu um cheiro diferente misturado ao de Kouga, um cheiro bem familiar na verdade, mas não conseguia distinguir direito pois o cheiro do café em seu vestido a tirava do foco, e ele estava longe. Ficou irada ao pensar que se a imbecil da garota, não tivesse derrubado café em seu vestido, poderia tê-los surpreendido juntos. Levantou-se caminhando até a porta, saindo e fechando-a em seguida, não poderia fazer nada contra uma inimiga invisível. Primeiro descobriria quem era a concorrente, depois pensaria em uma maneira de tira-la na jogada.
.................
Kagome ficou em casa, entrando e subindo diretamente para seu quarto, onde tomou um banho relaxante vestiu uma camisola jogando-se na cama, incomodou-se com o cheiro de cigarro que vinha da janela, levantou e ao olhar para baixo estava lá, Inuyasha fumando um cigarro sentado na lateral da casa.
- Ei! Por que veio fumar aqui? – Perguntou aborrecida.
- Não quer saber porque eu vim? – Respondeu olhando para cima, dando mais uma tragada no cigarro.
- Isso não me interessa, agora meu quarto vai ficar fedendo a fumo!!! Você sabe que eu durmo com a janela aberta.
Ele jogou o cigarro no chão, apagando-o pisando sobre ele, e num movimento rápido já estava sentado na janela, entrando em seguida e sentando na cadeira que puxou próximo a cama, ficou ao contrário apoiando as mãos no encosto.
- Eu queria falar com você. – O hanyou começou a dizer, estava com um lenço verde na cabeça e os cabelos estavam em um rabo de cavalo baixo, com uma bermuda jeans estilo skatista e uma camisa cinza de manga curta no estilo na bermuda, usava tênis daqueles mais largos também.
- Que coisa interessante eu não, mas eu ainda sou curiosa. – Sentou na cama, atraindo os olhos âmbares para suas pernas, mas não se importou pois ali não tinha nenhum segredo pra ele.
- Por que foi embora? – Ele perguntou tirando um pirulito do bolso, abrindo-o e colocando na boca da Miko, era de uva.
- Eu não estava preparada pra ser uma dona de casa, sacerdotisa e mãe dos seus filhos. – Respondeu pondo o pirulito de um lado da boca. – E você era imaturo. Eu ainda acho que é na verdade.
- Eu senti muito a sua falta, mas não consegui mais voltar eu queria saber se você lacrou o poço... – Questionou tirando o pirulito da boca dela, colocando-o na própria em seguida.
- Eu não lacrei nada... e eu esperei que viesse me buscar por um tempo, depois me conformei seguindo a minha vida, aqui passaram apenas 2 anos desde que eu voltei.
- E em dois anos me esqueceu? – Colocou novamente o pirulito na boca dela, recebendo uma careta.
- Não pensei nisso.
- Eu, estou há meio século pensando em você, e você me diz que não pensou nisso?
- Sim eu digo, não pensei nisso. - Cruzou as pernas, e inclinou-se para trás apoiando-se com as duas mãos na cama.
Ele olhou-a com interesse e parecia sentido, suspirou algumas vezes como se estivesse reunindo coragem para falar alguma coisa.
- Você o encontrou por um acaso, ou o procurou?
- Kouga? – Ela perguntou e ele assentiu. – Não, foi coincidência.
- E já estão juntos... Sesshoumaru me contou que ele tinha um relacionamento com Ayame, ainda na semana passada.
- Isso não me interessa. – Inclinou a cabeça, virando-a de lado. – E eu duvido que você esteja ligando pra ela.
- É doutora... que legal...
- Você precisa parar de usar drogas Inu. – Falou inclinando-se para frente, enquanto os olhos do hanyou desciam para seus seios, que estavam quase expostos.
- Eu já não uso há 500 anos... mas fico louco quando a vejo. – Disse, enquanto a Miko se afastava voltando à posição anterior.
- Pena não ter mais dessa erva, tchau. Konbanwa! – Levantou-se da cama, fazendo-o levantar e o acompanhando até a janela. – Entrou por aqui, sai por aqui.
- Droga Kagome! Não sente mais nada por mim? – Segurou-se nos batentes da janela.
- Eu sentia! Mas você tanto foi transar com a defunta, que eu sei lá broxei. – Sorriu enquanto o dava um leve empurrão para forçá-lo a sair.
- Ei vamos ali fumar um cigarro junto comigo, daí você volta a dormir. – Pediu com voz baixa.
- Eu não fumo e nem pretendo.
O hanyou não quis nem saber, impulsivo como sempre pegou-a nos braços e pulou a janela, carregando-a até a árvore sagrada. Era golpe baixo, foi o lugar onde se conheceram e mexia com ela tê-lo por perto, naquele lugar tão relevante para ambos. Colocou-a no chão abraçando-a por trás, aspirando o cheiro do seu pescoço, pousando o queixo em seu ombro em seguida.
- Olhe essa árvore, há 500 anos você rompeu o lacre sagrado em meu peito, e eu não me recuperei disso até hoje. – Sussurrou fazendo-a arrepiar.
- Tenho que dizer que vocês não aproveitam em nada a vida de vocês, quer que eu acredite que ficou todo esse tempo sem sexo? – Falou irônica.
- A gente acredita no quer acreditar, mas eu digo que nenhuma delas fez como você, que se entregava de corpo e alma. – Estreitou o abraço. Ela sentiu-se desconfortável, se ele imaginasse que ela já escapulia com Kouga pela floresta, quando ele saia atrás de Kikyou. Mas “chumbo trocado não dói”, então foda-se ele.
- Me solta! Se queria fazer diferente deveria ter feito, tudo bem eu voltei pra casa e o poço, sei lá quebrou, mas não é minha culpa. – soltou-se dele encarando-o. – O que nos levou a brigar e eu tomar essa atitude, foram as suas criancices e falta de tolerância.
- Kéh!
- E esse maldito Kéh! Por favor vá embora da minha casa, e não tente voltar para a minha vida, não tem mais espaço pra você aqui. – Falou apontando para o próprio coração com o dedo indicador.
Ela virou as costas e começou a caminhar na direção da casa, lágrimas escorreram pelos seus olhos, tanta mágoa acumulada, tantas decisões para se arrepender, e agora a dor de lidar com tudo isso outra vez.
- Eu sinto muito. – O hanyou falou, parecia magoado. Ela parou de andar, ficou assim por um tempo.
- Eu também. – E continuou seu caminho, não virou nem para dizer adeus. Pegou a chave e abriu a porta trancando-a em seguida, subiu as escadas correndo e ao entrar no quarto travou a janela, cerrando as cortinas em seguida. Sentou no chão, escorregando pela parede à que estava encostada, o choro correu livre lavando a alma ferida.
- Não posso fazer isso. – Murmurava batendo a cabeça contra a parede em meio às lamentações. – Não posso passar por cima disso, eu não tenho força pra isso...
Uma luz lilás transparecendo pelas frestas do guarda-roupa chamou sua atenção, fazendo-a gatinhar até lá, abrindo-o em seguida. Seu arco brilhava intensamente e o poder que emanava dele, fez seus cabeços esvoaçarem. Ela tinha força, muita força só havia esquecido disso.
...............
O despertador tocou fazendo sua cabeça latejar, abriu os olhos que estavam inchados como se tivesse chorado a noite toda, o que realmente aconteceu. O corpo dolorido ergueu-se do chão com dificuldade, desligando o despertador e jogando-o em uma gaveta. Tomou um banho demorado, lavando os cabelos e fazendo hidratação, hoje não teriam aula pela manhã como em toda a quinta-feira, que era um dia que a Universidade dedicava ao bem estar dos estudantes, e era o dia em Yuka e Kagome iam ao clube. Faziam aula de dança, as vezes academia, ou jogavam tênis, almoçavam por lá e iam direto para a faculdade.
Abriu a mochila e colocou roupas de ginástica, um short preto e uma regata branca, calcinha, soutien, tênis, tudo de marca, sua mãe não poupava em comprar coisas boas depois que ganharam o processo, contra a empresa que o pai dela trabalhava, visto que ele faleceu a caminho do serviço. Pegou uma nécessaire e colocou os cosméticos para a sua higiene, maquiagem, perfume. Tirou o celular do carregador e começou a se vestir. Escolheu um vestido amarelo na altura dos joelhos, e com mangas curtas que eram de renda, arrumou os cabelos colocando um arco preto e fino na cabeça e calçou um par de sapatilhas pretas. Ficou uma graça parecendo mais jovem do que era. Desceu as escadas e encontrou Souta terminando de preparar a mesa para o café, onde fizeram o desjejum que estava “básico”.
- Então, como vai seu rolo com a pervertida? – A Miko perguntou comendo uma torrada.
- Ah, faz dias que não nos vemos, só ontem conversei com ela um pouco no Whats.
- Hum... entendo.
Ele sorriu para a irmã, erguendo uma sobrancelha quando de repente Yuka abriu a porta tirando os óculos escuros e sorrindo.
- Ohayou Gozaimasu família! Gimai. – Beijou Kagome no rosto. – Meu homem hahaha. – Disse sentando no colo de Souta, beijando-o na boca de um jeito que fez a Miko revirar os olhos.
- Gente, que a polícia não saiba disso...
- Falta dois anos para atingir a maioridade, até lá faço uso no sigilo. – Yuka respondeu colocando o dedo indicador sobre os lábios. – Vamos boneca? – Chamou a Miko, pegando a torada da mão dela e comendo.
Saíram da casa com o irmão e a amiga trocando beijos pelo trajeto, cozinha carro, o que foi torturante para a Miko, que só sabia chama-los pois pararam diversas vezes agarrados. Entraram no carro e Yuka ainda jogava beijos para o rapaz, fazendo o movimento para que ele ligasse mais tarde.
- Você é uma tarada, pobre Souta...
- Hahaha se você soubesse o que ele gosta de fazer... saberia que sou a Anastácia nas mãos do Dr. Gray... – Piscou um olho para a Miko. – Faremos o que hoje? - A Miko abriu a boca para responder, mas Yuka a interrompeu. – Não interessa, porque eu quero dançar, hoje serão movimentos sensuais e também quero jogar tênis e como você é a minha amiga, vai fazer o que eu quero.
- Por que? – Kagome questionou rindo.
- Porque eu quero! – Disse em um gritinho.
Chegaram ao clube indo direto para o vestiário colocando roupas de ginástica, a Miko colocou um short curtíssimo preto, os tênis e a regata. Já Yuka vestiu uma legging verde com baby look preta, que tinha uma boquinha estampada, com tênis pink.
- Você está bem discreta... com certeza. – A Miko provocou-a sem sucesso.
- Droga! Então vou ficar com os peitos de fora, sou tudo menos discreta.
A aula de dança foi cansativa, porém deliciosa. Foram coreografias de músicas protagonizadas por artistas famosas.
Music 1 Play*
Demoraram mais que as outras meninas para aprender a dançar, mas depois que pegaram a coreografia, que é uma das mais difíceis de se aprender por ser muito rápida, e cheia de movimentos teatrais, elas acabaram ficando por último para dançarem sozinhas mostrando “como faz”, e totalmente suadas, porém “divando”, elas se prepararam para dançar mais uma vez, atraindo alguns olhares curiosos, mas estavam às suas costas, e não tinham tempo para reparar, ainda mais por um espelho. Rebolaram como se o mundo dependesse daquilo para acabar, eram amigas, mas também eram competitivas então uma queria “abafar” a outra, mas sem brigar ou causar mágoas e desconfortos. Simplesmente perfeccionistas, ficou melhor do que o clipe oficial.
Quando terminaram abraçando-se molhadas de suor, ouviram diversos “gostosas” dos rapazes que estavam parados olhando-as dançar, e dentre eles o meio sorriso irônico do “Edward Cullen versão dog”, que continuou a andar assim que foi notado. A Miko corou virando-se de costas.
- Mostra os peitos pra ele. – Yuka falou, pegando as mochilas e indo em direção do vestiário.
- Sua louca!
- Ah não fica com vergonha desse babaca, você acha que eu não vi você vermelha? Ele olha desprezando pra te provocar, acha que vai te comer assim.
A Miko balançou a cabeça, começou a rir com a franqueza de sua amiga, que sempre tinha o poder de livrá-la das situações desagradáveis. Tomaram uma ducha rápida e vestiram graciosas roupas de tênis, camisetas baby look e minúsculas short-saias brancas. Foram lindas para a quadra, quando Kagome percebeu o par de safiras fitando-a, sentado em uma mesinha ao lado de Ginta, Hagaku, Sesshoumaru e outros Inu-Youkais.
- Hum... praticando esportes. – Kouga levantou-se depositando um beijo nos lábios da Miko.
- Sim, sempre. – A Miko respondeu meio sem graça com a demonstração de intimidade. Yuka revirou os olhos com a timidez da amiga.
- Ohayou Gozaimasu cavalheiros! – A amiga cumprimentou a todos, pousando a mão no ombro de Kagome. – Com licença, mas temos uma partida de tênis para começar.
- Nós também. – O Sr. Thaishou respondeu, fazendo Yuka estreitar os olhos.
- Que maravilha! Vão nos acompanhar? Seria um imenso prazer! – Respondeu mudando de expressão bruscamente, sorrindo e sendo simpática. Kagome pensou como aquela mulher era um bicho estranho, e ninguém poderia encurralar a ela, nem mesmo o Lorde Sesshoumaru.
- Se não formos atrapalha-las? – Kouga perguntou olhando para a amiga da Miko.
- De maneira alguma. – Ela respondeu se enlaçando ao braço da Miko, puxando-a para irem na frente. – Prepare-se psicologicamente minha amiga, será exaustivo.
Foram caminhando sem pressa em direção da quadra, pegando as raquetes se aquecendo e fazendo alongamentos que chamaram a atenção deles. Ergueram os braços, baixando-os em seguida até encostar as palmas das mãos no chão mantendo os joelhos retos, uma ajudou a outra a erguer uma perna de cada vez, chegando próxima ao rosto, segurando-as como dançarinas, soltaram os quadris movendo-os para os lados sob os olhares masculinos. Fizeram alguns movimentos com os braços, e estavam prontas para jogar.
- Como vamos nos organizar? – Kouga perguntou enquanto se aproximavam delas.
- Poderíamos deixar o casal junto, mas não seria justo, visto que não conseguiria se concentrar olhando para sua parceira. – Yuka começou. – Então Kagome joga com o... desculpe? – Olhou para Sesshoumaru.
- Sesshoumaru Thaishou. – Respondeu estreitando os olhos, ela apenas sorriu satisfeita em irritá-lo.
- Sim obrigada. Senhor Thaishou e Kagome, O Senhor e eu, assim ficará concentrado no outro lado da quadra. – Recebeu um sorriso de Kouga. – Lembrem-se que somos frágeis mulheres, então por favor tomem cuidado, é só um jogo. – Terminou entre risos moderados. Piscando para a Miko, que entendeu que ela disse na verdade para eles se matarem, mas que não as envolvesse.
Posicionaram-se na quadra preparando-se para jogar, o lado de Kouga e Yuka começaria com o saque. O youkai-lobo sentia-se irritado com o jeito que Sesshoumaru olhava para as pernas da Miko, visto que as garotas ficariam próximas à rede e eles mais atrás delas.
- Senhor Otsuka. – Yuka olhou para trás e apenas moveu os lábios, sem emitir som algum, mas o youkai entendeu perfeitamente. Finja que não liga e ele ficará aturdido. Piscando um olho e recebendo um sorriso dele em seguida.
Começaram o jogo, Kouga sacou com força fazendo com que a bola fizesse barulho com a resistência do ar, e iniciaram-se sequências de passes, os dois lados eram equilibrados, e as mulheres jogavam muito melhor do que eles imaginavam e ninguém queria perder. Ficavam sempre em empates e não conseguiam decidir, Kagome estava visivelmente cansada, o suor escorria pelo pescoço molhando a baby look branca, e Yuka tinha os cabelos colados às costas, com o rosto vermelho. A última ergueu a mãos pedindo para que parassem.
- Uh! Chega homens! – Pulou a rede abraçando a Miko pelos ombros, e as duas os largaram para trás indo diretamente tomar um ducha.
Chegaram no vestiário entrando no chuveiro e tomando o jato de água gelada no rosto e corpos exaustos.
- Obrigada. – A Miko começou a falar enquanto passava shampoo nos cabelos. – Eu não a via a hora para que acabasse.
- Nem fale! Eles devem estar lá disputando você até agora. – Yuka falou chamando a atenção da Miko.
- Não faz sentido o que você disse!
- Como não? Um querendo desestabilizar o outro, mas eu torço pro Sr. Otsuka. – Falou com um risinho. – Não deixe aquele idiota de cabelo branco tirar seu foco, ele é terrível eu já percebi mas é só entrar no joguinho dele.
- Meu Kami... Como percebeu isso?
- Observando-o.
Depois de tomarem o banho sentiam-se renovadas, então vestiram-se novamente com as roupas que vieram para assistir às aulas, levaram as mochilas para o carro da Yuka, voltando em seguida para almoçarem por lá e por sorte Sesshoumaru tinha ido embora, e elas encontraram Kouga, Ginta e Hagaku no restaurante do clube. Sentaram com eles. Kouga olhou a Miko dos pés à cabeça, sorrindo em aprovação para o visual juvenil que ela adotara. Almoçaram sem muitas interações, a Miko parecia triste e chateada o que causou ansiedade no youkai-lobo.
- Você está bem? – Ele perguntou tomando as mãos pequenas entre as suas, igual fazia quando se viam na Era Feudal
-Sim, só não dormi direito. – Omitiu alguns fatos.
Almoçaram naquele clima meio tenso, que piorou muito depois que Yuka levantou atender uma ligação e voltou desolada, mas não compartilhara o assunto. Despediram-se dos youkais-lobo, friamente por assim dizer, e foram para a aula em silêncio, e foi assim que ficaram durante toda a tarde até quando Kagome foi deixada em casa, ambas trocaram um olhar tristonho e se despediram com um sorriso forçado.
................
Yuka acordou sem ânimo para sua sexta-feira, ontem na hora do almoço havia levado um fora de Souta, que dizia ter arranjado uma namorada no Colégio e que queria dar certo com ela. Sentiu-se triste não podia evitar, apesar de ter 20 anos e ele 16, apreciava a companhia e carinhos do jovem irmão da sua amiga. Em seu coração sentia-se rejeitada, mas decidiu não ser uma “corna mansa”, levaria de boa e teria que enfrentar caso os visse juntos, não perderia sua amizade com a Miko por nada no mundo, só evitaria ir a casa deles por um tempo.
Tomou um banho frio às 5:00 AM, prendeu os cabelos cacheados em um rabo de cavalo, vestiu legging preta com uma regata azul clara, calçou um par tênis da cor da regatinha e colocou um boné preto, pôs o celular no suporte para corrida atando-o ao braço, colocou música bem alto e saiu correr no parque.
Music 2 Play*
Correu como quem fugia da polícia sem se importar com nada, tinha que pôr para fora de seu coração a mágoa e a tristeza que sentia, jamais mostraria que sofreu por isso, já sabia que o relacionamento não teria futuro, mas não pensou que seria tão cedo. Seu corpo suava e ela fazia um esforço enorme mas não pararia de correr, estava extravasando tudo e a hora que chegasse em casa tomaria uma ducha bem demorada, depois descansaria até a hora de ir para a aula, almoçaria com sua melhor amiga e talvez contaria sobre o “rompimento” com Souta, se conseguisse superá-lo até lá, queria desmaiar de correr. Yuka lidava com os sentimentos de um jeito mais agressivo os exorcizando intensamente, e o esporte era seu aliado, seu coração batia no ritmo da música que ouvia.
Ao passar por uma das curvas do parque, olhou para um passarinho vermelho e verde que passou sobrevoando por ela, o que a distraiu tempo suficiente para esbarrar com força em um rapaz, caindo sentada.
- Ai caralho! Me desculpa moço... – Levantou sem olhar para cima, limpando as pernas e batendo a sujeira do bumbum.
- Você está bem? – Quando ela ergueu os olhos para ver o dono da voz jovial, quase desmaiou. Era um pedaço de mau caminho, ruivo, sarado e com um sorriso magnifico com dentes incrivelmente brancos, e achou interessante que ele tinha os caninos salientes, e quando fitou os olhos perdeu a cabeça. Um par de esmeraldas brilhantes, com toque travesso.
- Eu estou bem sim. – Sorriu fazendo um charme com a voz.
- Hum, não tenho certeza vamos ali beber um suco e então se realmente estiver bem eu a deixo ir embora. – O ruivo disse já a conduzindo para um quiosque, puxando uma cadeira para ela e sentando em seguida. – Parecia que estava fugindo, tem alguém atrás de você?
- Ah! Não, fique tranquilo, se é por isso pode relaxar eu já vou indo. – Respondeu levantando-se, quando o rapaz puxou-a pelo pulso delicadamente.
- Não, eu só fiquei preocupado e na verdade eu vou adorar sua companhia, conhecer você melhor. – Respondeu a ela e em seguida pediu dois sucos de abacaxi para o garçom. – Então se não estava fugindo, o que estava fazendo tão... desesperada?
- Como sabe que eu estava desesperada? – Riu com a astucia dele.
- Digamos que tenha uma percepção aguçada. Mas o que você faz da vida?
- Eu só estudo por enquanto.
- Hum... mas não responda assim. – Sorriu de um jeito matreiro. – Não quero invadir sua vida, mas diga-me o que estuda. - Ela sorriu de volta, estavam em lugar público, ok. Ele parecia conhecer o rapaz do quiosque, então tudo bem, estava próxima de sua casa então se tivesse que correr e pular o muro da casa do primo, tudo bem também. Não parecia ser um maníaco, mas de qualquer maneira pensou em uma rota de fuga.
- Faço Direito na Universidade de Tóquio. E qual a sua ocupação? – Estreitou os olhos, fazendo-o rir.
- Eu sou fotógrafo, tenho minha própria empresa e trabalho com alguns sócios. – Contou enquanto serviam os sucos, pegando o seu sugando o canudinho. – É a minha paixão.
- Interessante. – Completou apenas, estudando o sujeito nos detalhes dele.
- Mas diga-me, gosta de dançar? – Os olhos dela brilharam com a pergunta.
- Claro! – Falou de um jeito tão natural, que ele sorriu.
- Meu amigo tem uma boate sensacional, o que você acha de ir comigo? – Deu uma piscada sexy.
- Eu ficaria mais à vontade se fossemos com um casal de amigos, e lhe encontrasse lá... – Disse enrolando um cachinho dos cabelos nos dedos.
- Tudo bem. – Um sorriso lindo, com os dentes de propaganda de creme dental. Ele tirou o celular do bolso, entregando-o para ela. – Anote seu número. – Mais um sorriso.
Ela tomou o aparelho nas mãos e anotou seu telefone, no nome do contato colocou Yuka amor, rindo quando o entregou o aparelho, ele olhou a tela e riu junto com ela.
- Eu não pretendo mudar isso... Yuka, amor. - Levantou aproveitando para depositar um beijo na bochecha dela antes de sair. Pagou a conta e já estava indo quando a ouviu chama-lo por “psiu”.
- Qual seu nome?
- É Shippou, amor. – Jogou-lhe um beijo, entrando em uma BMW vermelha.
É, definitivamente Kami me ama.
Sorriu de um jeito radiante levantando, indo para casa para tomar um banho e preparar-se para ir à aula, aproveitando para contar tudo sobre o novo “boy” para a amiga.
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