História Meu vizinho Chanyeol - Vinte e dois - Status: namorando?

Depois de sair correndo feito um louco com Kyungsoo debaixo da chuva, cheguei em casa. Estava ensopado, sozinho, mas na plena paz de Jah. Enfiei a mão no bolso e puxei as chaves, quando fui destrancar a porta...  

- O Chan dormiu com você.  

Eu não sabia se havia me assustado e batido a cara na porta por causa da frase ou pela da voz da pessoa. Talvez os dois. Virei lentamente, dando de cara com Park Sunny e seus braços cruzados. A blusa branca que usava já havia sido tomada pela chuva que nos cobria e olha, se eu estivesse na seca poderia dizer que era meu dia de sorte, a blusa dela era bem fina e estava molhada. Agora o detalhe: Sunny não usava sutiã. 

- Por que você acha isso? 

- Chan esqueceu em casa — ela tirou o celular dele do bolso, ficou jogando para cima e aparando com aquela cara de porta, lembrava um pouco o Sehun. — Além do mais, ele me disse que dormiria com você. — deu de ombros. Eu já deveria estar estirado no chão de tanta vergonha - Eu não acreditei no início mas, menino, teu santo é bom pra pegar homem. Até o celular ele largou! 

Sunny era uma pessoa estranha. O que ela me transmitiu de palhaça uma vez, ela transmitia de ameaçadora nas outras. Eu só não tinha medo de verdade porque ela era um ou dois centímetros menor do que eu, adoro ser mais alto. Dentro da casa Sunny era louca. fora, era de uma forma diferente, talvez meio psicopata. Muito, para ser sincero. 

Imaginei que ela me faria alguma ameaça, então virei a chave e a maçaneta sem qualquer movimento brusco. 

- Ele dormiu aqui sim. Mas isso não... 

- E como foi? — me cortou. 

- O quê? 

- A segunda vez de vocês, sozinhos! 

Sunny esfregava uma mão na outra, parecia realmente empolgada em descobrir o que havíamos feito, isso era um pouco assustador. Talvez o tarado sexual da história seja a Sunny... 

- Eu não sei do que você esta falando. 

- Hahaha, ok — ela riu sarcástica, passou a ponta do indicador sobre o lábio inferior — Talvez seus pais saibam então, será que eu conto pra eles? hm... 

Meu sangue congelou nas veias. Respirei fundo e fingi não me afetar com aquilo. Afinal, meus pais mal conheciam os Park, não havia a mínima chance de falar com eles, e muito menos ainda de acreditarem em qualquer babaquice dita por uma garota de vinte anos com os seios maiores que o cérebro. 

- Você não pode falar com eles. — me vangloriei. Afinal, qual  era a chance de ela conseguir contatá-los? Nem eu, sendo o filho, não conseguia. 

- Eles ligaram pro Chan hoje e eu atendi. Já esqueceu que foi ele quem te prendeu aqui? — ela colocou as mãos na cintura e riu alto, então parou do nada e fez uma expressão seria — Mas só porque foi inconveniente, não te conto o que disseram! 

Tentei argumentar, mas ela virou e saiu correndo para o outro lado da rua quando a chuva começou a ficar forte novamente.  E para mim? Só restou respirar fundo e entrar em casa, já tinha coisas demais para resolver.  

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Não senti um pinguinho de fome, foi a coisa mais esquisita da minha vida. Deixei minha toalha ensopada sobre a cabeça e comecei a digitar no celular, meus dedos estavam enrugados e eu tremia um pouco de frio, mas falar com Kyungsoo era parte do cotidiano. 

"Baeeeeek." 

"Soooo. " 

"Nossas conversas são estranhas" 

"Eu sou estranho" 

"Eu também" 

"Talvez por isso eu goste de você " 

"Por quê sou estranho? " 

"Porque nós somos estranhos" 

"Nossa" 

"Que estranho" 

"Aff kkkkkkkk" 

Entrei no quarto e joguei a toalha molhada em cima da cama, olhei para a cortina de vidro, a chuva estava muito forte, perfeito para dormir. Sentei na cama e deitei com os cabelos ainda pingando. Geralmente Kyungsoo não mantinha diálogos longos comigo, mas daquela vez ele sustentou a conversa. 

"Baek, preciso te contar algo." 

É aquele tipo de momento em que você pensa em todas as possíveis merdas que possa ter cometido, mas não consegue pensar em nada e fica bem triste. A amizade tá ok, conversamos, não temos segredos, voltamos juntos do Colégio,  disse que ele era lindo e recebi uma proposta de mordida na cara. Nada errado, tudo certo, pode mandar o tapa.  

"Vai terminar comigo? (Emoji desesperado)" 

"Deixa de ser palhaço. É sério. " 

Bom, se ele ainda não havia me atacado até aí, então eu iria sobreviver.  

"Sou todo áudios" 

Ao invés do nosso tradicional áudio, Kyungsoo me enviou uma foto, uma captura de ecrã, na verdade. Era da conversa com Jongin, uma conversa normal por parte de Kyungsoo, mas quando vi as últimas mensagens de Kai quase cai no chão. 

"Kyung, me desculpa voltar nisso" 

"Eu sei que não sou tudo que você merece, mas..." 

" me da uma chance. " 

" nunca te pedi nada." 

GRITOGRITOGRITOGRITOGRITOGRITOGRITOGRITOGRITOGRITO 

"Ai, meu Deus! O que você respondeu???? " — enviei e larguei o celular em cima da cama enquanto tirava minha roupa. 

Então corri para o banheiro do quarto e joguei tudo dentro do cesto de roupas. Tá, eu sei que não é nada higiênico deixar as roupas encharcadas de agua e lama jogadas por aí e acho que pela toalha molhada em cima da cama vocês perceberam que eu não sou um limpinho da vida, fazer o quê? É o clichê masculino quando se está sem ninguém por perto.   

Enfim, eu estava pelado, corri e me joguei na cama, pegando o celular e o esperando responder. 

"Eu aceitei né, não sou burro" 

"Mas estou estranhando." 

"Estranhando o quê? " 

"Eu aceitei dar uma chance." 

"Estamos namorando? " 

Tive vontade de rir. Kyungsoo era atrapalhado com a própria vida. 

"Vocês estão ficando, tecnicamente. O namoro tá nas suas mãos decidir se sai ou não. " 

Dessa vez, a mensagem dele não demorou. 

"Queromorre" 

"Morre diabo " 

"Mas antes me envia aquela música que você usa como toque de chamada"