"Será que o orgulho já não fez demais por nós?"
Fazia quase duas semanas desde a minha discussão com Marco, nós não trocamos nenhuma palavra desde então, apenas alguns olhares discretos. Hummels não estava mais na casa, ele foi viajar com sua mulher, Cathy. Erik quis saber a minha opinião sobre ela esses dias, o que eu respondi foi que não posso tirar conclusões precipitadas sobre uma pessoa, acrescentei que na minha opinião ela era como Carolin: Calada. Por falar em Erik, devo dizer que ficamos bem próximos depois dessa confusão, eu já não tinha a amizade de Marco e, embora gostasse de ficar sozinha na maioria do tempo, não seria uma boa ficar sem uma companhia em uma cidade dessas. Descobri que ele era um menino incrível e maduro – na maioria das vezes – apesar da sua carinha de bebê. Ele simplesmente detesta quando eu digo isso, fica emburrado e todo vermelho igual uma criança, o que é muito engraçado. Eu e Carolin evoluímos um pouco, nós conversamos ás vezes, mas ainda evito sair sozinha com ela. Sei que não posso continuar com isso por muito tempo, pois logo chegará a hora de fazer as primeiras provas do vestido, mas é só enquanto nós não temos muita... Intimidade. É, é essa a palavra. Intimidade é o que nos falta. Bom, pelo menos o clima na casa está melhor, eu não me sinto mais tão intrusa quanto antes, pelo contrário, posso dizer que estou bem “confortável” aqui.
Agora estamos eu e Erik na sala, nós estamos procurando um filme decente para a “sessão cinema” desta noite. Ele está virando as estantes a procura de um bom filme, mas tudo que encontra é um romance meloso.
— Não acredito que Marco tem esse filme na sua estante — ele me mostra a capa do DVD onde está estampado “A culpa é das estrelas”. — Fala sério, eu não sabia que ele é o tipo de gente que perde o tempo assistindo histórias sobre câncer, eles nem ficam juntos no final e ainda tem aquela besteira do sempre.
— Se sabe de tudo isso é porque já assistiu, não é? — solto uma leve risadinha. Erik dá língua e volta a examinar o filme. — E eles não ficam juntos porque não existem finais felizes, Erik. Quanto ao “sempre” eu acho até bonitinho, dizem que alguns casais até usam por ai.
Ele quase engasga quando digo minha opinião sobre o sempre, mas logo começa a rir. Pego uma das almofadas do sofá que eu estava e jogo nele.
— Ai — resmunga. — Quer dizer que você acha bonitinho o filme?
— Não idiota, o filme é ridículo. — reviro os olhos. — Eu disse que o sempre é até bonitinho. — dou ênfase no até.
— Então quer dizer que acha isso romântico? — Erik continua seu mini interrogatório.
— Quem acha o que romântico? — Marco aparece na escada, Carolin está ao seu lado.
— A Olívia acha o A culpa é das estrelas romântico. — responde. Idiota, a conversa era entre nós dois.
— Isso é verdade Olívia? — Marco dirige sua palavra a mim pela primeira vez depois da nossa discussão.
— Não — dou de ombros. Tento ser breve sem parecer rude, não estou com raiva dele, mas também não esqueci de suas palavras duras que me fizeram chorar de raiva e tristeza durante dias.
Os noivos descem e se responsabilizam pelo filme. Faço Erik subir para buscar cobertas, enquanto isso observo Marco e Carolin. Os dois parecem felizes, eles brincam e fazem carinhos um no outro o tempo inteiro, eu sei que deveria estar mal por ver o cara que amo com outra, mas fico feliz de ver como ela o completa. Nesse pequeno tempo percebo que Marco está me encarando, é impossível não encará-lo de volta. Ele sorrir antes de voltar a procurar um filme, me deixando totalmente perdida.
A pipoca já está na mesinha do centro, o filme já está pronto – que por sinal seria Amizade Colorida – e os cobertores já estão no sofá. Sento-me no meio, Erik fica ao meu lado esquerdo e Marco e Carolin no direito, sendo que Marco fica ao meu lado. Por fim, o filme começa.
Durante todo o filme fui cutucada por Erik, tendo de me contorcer e consequentemente tocar em Marco, mas para minha sorte Erik tem cócegas na barriga. Enquanto o casal ao meu lado estava concentrado no filme, eu e Erik passamos o tempo todo brincando um com o outro, ele só parava e se concentrava no filme nas partes mais ousadas. De vez em quando eu sentia os olhares de Marco sob mim, as vezes até sorria.
Assim que o filme acabou e as luzes foram acesas, dei um tapa no braço de Erik. Ele me olhou assustado e depois passou a mão pelo local.
— Ai — gemeu de dor.
— Isso é por você me cutucar durante todo o filme e só prestar atenção nas cenas de sexo.
Ele começa a rir descontroladamente no sofá, fazendo Marco e Carolin rirem junto. Eu me pergunto o que há de tão engraçado para que todos estejam rindo.
— Ai gente — Carolin pôs a mão na barriga, que provavelmente estaria doendo depois dessa crise de risos. — Devemos fazer mais sessões de cinemas com casais, amor. — ela fala, fazendo Marco arregalar os olhos. Erik para de rir, e ficamos todos em silêncio. Que situação constrangedora.
— Casal? — Marco nos pergunta. Percebo seu olhar perdido, no momento ninguém parece confortável com o que Carolin diz.
— Não somos um casal, Marco. — Erik responde.
Carolin pede desculpas, e depois desse momento desconfortável ficamos conversando um pouco na sala. Marco parece quieto, coisa que ele não é. Olho no relógio e vejo que já está tarde, peço licença para me retirar, mas antes Marco me pede algo:
— Posso passar no seu quarto para conversar?
— Tudo bem, mas não vá muito tarde pois estou com sono.
E subo para meu quarto.
Depois de tomar um banho e vestir meu pijama, sento-me na cama com o violão que eu havia trago. Eu fiz aula de música quando era pequena e toco até hoje, as vezes me arrisco a cantar, mas não passa de alguns versos. Começo a tocar uma música que eu gosto muito, mas infelizmente não termino a música, pois alguém bate sem parar na porta. Lembro-me de que Marco vinha aqui para conversar, então deduzo ser ele. Corro imediatamente para guardar meu violão, ele iria querer que eu tocasse se visse ele.
— Pode entrar. — grito. Sento novamente na cama, ficando na posição de índio.
Marco entra e depois fecha a porta novamente. Ele está vestindo uma camiseta e uma calça de moletom, seus cabelos estavam arrumados como sempre. Dou dois tapas na cama, pedindo para que ele sente ao meu lado, e assim faz. Encaro meu melhor amigo por um tempo, ele estava tão perto de mim e eu sinto tanto a sua falta.
— Quanto tempo, hum? — pergunta.
— Que tal pularmos essa parte, hum? — digo. Marco sorrir, ele olha para baixo e passa as mãos pelo cabelo. — Eu sei porque quer conversar comigo, e eu também quero falar sobre isso com você. — ele concorda. — Eu vou ser sincera, Marco, fiquei bastante furiosa com você. Você foi duro com suas palavras e isso me machucou. Na verdade, eu não sei o que doeu mais: Suas palavras ou a sua desconfiança.
— Eu fiquei cego de ciúmes, Olívia. — admite. — Mats é casado, eu não suportaria a ideia de ver você se envolver com um homem comprometido.
— E não poderia me escutar antes de insinuar qualquer coisa ou me ofender?
Marco abaixa a cabeça diante da minha pergunta.
— Me perdoa?
— Pedir perdão é muito fácil, não? — pergunto meio ríspida.
— Porra, eu só quero que volte a ser minha velha Olívia. Aquela menina incrível que não gosta de sair e que não volta para casa tarde da noite, a menina calma que eu amo tanto... — pausa. — É pedir muito?
Olho para minhas mãos procurando uma resposta, eu sempre faço isso quando não sei o que falar. Marco permanece calado, apenas me olhando.
— Você não faz ideia do que responder, não é? — pergunta. Balanço minha cabeça confirmando sua teoria. — Então só fala que vai voltar a ser minha melhor amiga e que me perdoa, isso já é o bastante para mim.
Eu sei que Marco me magoou, eu sei que tudo o que foi dito doeu em mim, mas ele está praticamente implorando meu perdão.
— Eu vou voltar a ser sua melhor amiga e você está perdoado. — abro meus braços, e Marco voa em cima de mim me enchendo de beijos no rosto. — Ai, para, isso é ridículo Marco.
— Você que pediu um abraço, não reclama. — sai de cima de mim e se deita na minha cama, Marco me puxa para deitar em seu peito. Estar ali, em seus braços, já me deixava melhor.
— Senti sua falta durante essas duas semanas. — beija o topo da minha cabeça. — Você sentiu a minha?
— Não — respondo, recebendo um olhar indignado em seguida. — Eu tinha o Erik, não tinha como sentir sua falta.
— Erik, Erik, Erik... — revira os olhos. — O que Erik tem que eu não tenho?
— Humor, ele é bem humorado e isso me contagia. — pisco. — E outras coisas também.
— Admiro que tenha feito um amigo, mas não se esqueça de mim, ok? — ele pergunta me fazendo rir. Concordo com a cabeça, logo depois vejo um sorriso vitorioso em seus lábios. — Eu te amo, Olívia.
— Eu também te amo, Marco.
“Pena não compartilharmos o mesmo tipo de amor”, penso antes de adormecer em seus braços.
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