Já sentiu como se tentasse fazer o certo, agradar as pessoas a sua volta mas sempre acaba estragando tudo? Archie se sente assim, desde sempre seu pai cobrava muito dele, talvez por ser o único filho homem. No colégio tinha a melhor nota da turma toda unidade, bom em esportes, em tudo. Mas sua paixão mesmo era a música, conseguiu um emprego numa loja de instrumentos da cidade, o dono quase não aparecia e quando aparecia era apenas para reclamar com o pobre garoto.
— Posso saber de onde você roubou? — Clifford perguntou.
— Roubei o que? — Archie franziu o cenho confuso.
— Essa camisa, é de marca, não temos dinheiro pra isso.
— Lydia me deu, presente de aniversário.
— E onde ela arranjou esse dinheiro?
— Ela está trabalhando, ué, você falou tanto que ela acabou arranjando um emprego.
— Ah é? E que emprego é esse?
— Por que não pergunta a ela? Preciso ir. — pegou a mochila e foi saindo.
— Vai pra aquela loja de merda? Você precisa arranjar um emprego melhor... Archie não me deixe falando sozinho. — e assim o garoto fez, continuou andando, seu pai vivia falando que ele não tem futuro com a música, isso irritava o garoto, mas não estava afim de briga.
A loja estava com pouco movimento, como sempre, pelo menos Archie conseguia escrever suas músicas em paz.
— Não tem o que fazer não? — o dono chegou de surpresa.
— Senhor... E-eu estava só...
— Volte ao trabalho, não tem poeira pra tirar? Não te pago pra ficar tocando violão por aí.
— Sim, senhor. — deixou o violão de lado e pegou a vassoura, o dono saiu da loja falando ao telefone.
No meio da tarde Archie recebeu uma mensagem de sua irmã: “ Hoje vamos jantar fora, por minha conta. Me encontre no Taki's Diner as oito, venha com Cheryl e Clary. Beijos, te amo 🖤 ”. Achou estranho, claro, Lydia tinha acabado de entrar no novo emprego e já estava gastando tanto dinheiro com presentes e agora jantar em restaurante chique?! Isso é loucura.
Foi para casa no final do expediente, avisou a Cheryl e Clary que jantaram fora, se arrumaram com as roupas que ainda tinham da época que não estavam na miséria e foram pro restaurante.
— Estão atrasados. — Lydia brincou sorrindo — Vamos, sentem.
— Pode explicar o que está acontecendo?
— Um jantar entre irmãos, ué.
— Lyd, até um dia desses mal tínhamos dinheiro pra comprar uma marmita — Cheryl comentou.
— Relaxem. Eles me pagam direitinho no emprego, vai ficar tudo bem, a gente pode se dar esse privilégio.
— Tem certeza disso? — Clary perguntou.
— Absoluta. — pediram tudo que tinham direito, tiraram a barriga da miséria — Vou chamar um táxi pra vocês.
— Você não vai pra casa com a gente? — Archie estava começando a desconfiar, não sabia de quê mas sabia que era algo grave, Lydia costumava contar tudo para ele e se ela não estava contando como um simples emprego de telemarketing estava te dando tanto dinheiro era porque tinha coisa a mais nisso aí.
— Não, vou passar na casa de uma amiga antes.
— Mas já são dez horas, não pode ver sua amiga amanhã?
— Não dá, é um pouco urgente, mas não se preocupem, vou ficar bem. — os irmãos apesar de desconfiados concordaram, Lydia era adulta e sabia se cuidar, pegaram o táxi de volta pra casa.
As meninas se deitaram para dormir, no dia seguinte teriam que acordar cedo para ir ao colégio, Cheryl estava no último ano e Clary no penúltimo. Archie também se deitou mas não conseguiu dormir, sua cabeça estava cheia, seu pai, o chefe, e agora Lydia, não fazia ideia do que estava acontecendo é isso o deixava angustiado. Viu a irmã chegar de madrugada e não aguentou, se levantou e foi até a irmã na cozinha, apesar de certinho e retraído, Archie não era nenhum idiota.
— Lydia, você vai me contar a real ou não?
— Do que está falando? — se fez de desentendida.
— Você diz que arranjou emprego de telemarketing mas está pagando roupas caras e jantar caro, aliás você tem uma semana no emprego, e já está recebendo?
— Eu pedi um adiantamento. — deu de ombros.
— Lydia, eu não sou idiota, você não está chegando de madrugada todos os dias, fala a verdade pra mim.
— Eu já falei, tô trabalhando em horário extra, pedi um adiantamento.
— Para com isso... Sou eu Lyd, o Archie, seu irmão... Eu te conheço como a palma da minha mão, talvez até mais. Sei que está me escondendo algo.
— Da pra você confiar em mim? Eu tô bem. A gente vai ficar bem assim que sair dessa casa, relaxa. — beijou a bochecha do irmão — Vá dormir, eu vou tomar um banho e já vou também.
— Eu ainda não engoli essa história. — Archie avisou e voltou pro quarto.
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