Capítulo 3 — O estrago é demasiadamente enorme para ser consertado
O silêncio pode ser algo agradável desde quando sua mente e o corpo esteja em harmonia. Todavia, o ser que amava o silêncio e não fazia questão de romper esse laço, agora só fazia gritar aos quatro cantos do planeta o quanto aquela miúda humana que a sua fera fez o favor de escolher, mente descaradamente sem nenhum remorso em sua voz.
Ele já esteve em várias batalhas e era dificilmente ferido e quando acontecia não se importava, pois o seu corpo cicatrizava. Porém, ali, debaixo da árvore sob o céu noturno do bairro onde a humana morava, Sesshoumaru retirou as mãos do bolso e apoiou sobre o tronco, desacreditado e sentindo humilhado por ouvir Rin dizer a sua avó tantas mentiras.
Enfiando as garras no tronco e puxando um pedaço do caule, o Youkai deixou o tom avermelhado cobrir toda a retina e sibilou roucamente.
— Quero só ver até onde levará essa mentira. — Dito isso, Sesshoumaru afastou daquele bairro. Não tinha mais nada para fazer ali, sua cota de humilhação foi demais.
Enquanto isso, em casa, Rin sob olhar da avó, tentava não gaguejar na hora de continuar a omissão de seus atos sexuais com o homem desconhecido.
— Sim, vovó! Deixei claro para ele que não queria compromisso. Só fiquei assustada com a abordagem, mas acabei lembrando que Kagome e dona Izayoi relatou-me que os youkais detém desses comportamentos a respeito de buscar uma fêmea.
Kaede avaliou a neta demoradamente, não tinha motivos para desconfiar dela, pois era uma ótima menina.
— Tudo bem! Mas é estranho ver o Sesshoumaru atrás de uma mulher. Sabemos que sua vida pessoal não é exposta. Você podia reconsiderar o pedido.
Rin suspirou e largou o corpo no sofá. A face ficou virada e o coração acelerado.
— Acho estranho a maneira deles em procurar uma esposa! Ao invés de tentar conquistar, chama logo a mulher para acasalar! Essa abordagem invasiva soa horripilante.
Kaede esboçou um sorriso ladino e curvou-se mais um pouco a fitando a neta.
— E não te passou pela cabeça que essa proposta não é a cereja do bolo? Um youkai do porte dele tenho certeza que leva a mulher do inferno ao paraíso só com o olhar.
Quando Kaede terminou a observação, Rin estava com a olhar arregalado e a boca aberta.
— Qual o problema? Achou que na minha época era assim? Você deveria era agradecer, ao menos tem a liberdade de conhecer a cereja, e nós, tínhamos que aceitar o bolo e orar para a cereja ser maravilhosa.
— Vovó! A repreensão veio baixo por uma Rin tão vermelha que Kaede franziu o cenho dando de ombro e voltou a relembrar as peripécias de sua mocidade.
[…]
Inu no Taisho segurava o copo com uísque enquanto avaliava o seu filho mais velho sentado na poltrona com olhar perdido em direção a tela do computador. Como pai, sabia que o primogênito era calado, mas como criatura sobrenatural, sentia o descontrole emocional dele pela áurea demoníaca alterada.
Sesshoumaru digitalizava o preenchimento da planilha, mas seu eu interior ardia e queimava pelas palavras ouvida da jovem. Passaram-se mais alguns dias e o daiyoukai não esqueceu. Aquelas palavras, feriu-lhe demasiadamente a ponto de voltar a negação e ficar com raiva da espécie humana.
Custou-lhe aceitar a espécie e quando finalmente teve aquele voto de confiança, vem uma e destrói.
Maldita!
Mentalmente xingou a humana e clicou em imprimir uma lista.
— Sesshoumaru! — Inu chamou o filho que já estava modificando a mandíbula.
Sesshoumaru piscou aquelas esferas douradas cobertas pelo vermelho carmim e fitou o pai já de pé.
— Acalme-se, filho! Diga-me o que está acontecendo?
Quando Sesshoumaru voltou a se concentrar, percebeu que sua fera estava mais agitada e essa agitação tinha motivo. Ele não queria revelar o pai que foi rejeitado, principalmente pela raça que outrora odiava. Seria motivo de chacota.
— Sei que tem envolvimento com a Rin! Ouvir Inuyasha conversando com a namorada.
Dessa vez, Sesshoumaru soltou um rosnado de alerta para Inu, contudo o seu pai não se importou e teve a audácia de aproximar e repousar a mão no ombro do filho.
— Quando a minha fera descontrolou por Izayoi, não consegui seguir corretamente os preceitos em separar de sua mãe primeiro. Mas como sei que é a primeira vez a te acontecer, aconselho a sair, conheça outras fêmeas te garanto que ficará mais calmo.
Era tudo que Sesshoumaru não queria fazer, a única coisa que precisava era tê-la em seus braços, amando-a e ouvindo gemer no pé de seu ouvido ao chegar o clímax.
Ainda sob olhar de Inu, o daiyoukai tencionou mais os músculos, pois não queria se deitar com outra mulher. Não agora que conheceu o que era fazer amor!
— Não! Este Sesshoumaru vai tê-la por bem ou por mal.
— Sesshoumaru, não é dessa maneira que vai fazê-la te amar.
— Que seja! Agora deixe-me sozinho.
Inu no Taisho sabia que Sesshoumaru não desistiria, ainda mais por ser recusado.
[…]
Rin estava sorridente, havia recebido a nota máxima em seu trabalho. Ela havia despedido de Kagome e seguiu para a biblioteca devolver os livros. Agradeceu a bibliotecária e saiu. O percurso feito era o mesmo. Atravessou o pátio, conversou com alguns colegas que ali estava e seguiu para o ponto.
Antes de subir no ônibus, ouviu o toque do celular, imediatamente pegou e conferiu o nome de Sango. Rin sabia que era mais uma comemoração a ser feitas.
Confirmou pela agitação no tom da voz.
Tentou cancelar, mas assim que ouviu a amiga informar que Kaede havia permitido e de sobra dormiria na casa dela, aceitou.
Rin estranhou o taxista parar bem de frente ao barzinho que frequentava, mas alargou o seu sorriso assim que Sango aguardava.
— Quanto é a corrida?
— Já foi paga, senhorita!
O taxista avisa e Rin agradece por saber.
Ela estava usando blusa de algodão, gola alta e manga curta e saia envelope até o meio das coxas e calçava sandália de salto médio. Pegando a mochila, atravessou a rua e seguiu até Sango.
— Como estou? — Rin ajeita os fios negros da franja e sorri para amiga, que pegou a mochila dela e puxou-a pela mão.
— Como sei que gosta da festa apenas para curtir e beber, a vestimenta está muito bem! Exceto se essa saia marcando seu traseiro seja o atributo para encontrar uma paquera.
Rin gargalhou e acompanhou a amiga.
— Inuyasha e Kagome estão ali, te encontro assim que guardar tua mochila.
Sango seguiu para o balcão pedir a Mukutsu para guardar o pertences de Rin.
Rin acenou alegremente para Eri que servia uma mesa e mirou o olhar na outra direção. Ela assustou-se, após dias seu olhar encontrou o dourado de quem tanta desejava esquecer.
Não era só isso, Sesshoumaru estava sentado no sofá, com a camisa social aberta, revelando seu peitoral trincado, como se fosse o dono, acompanhado de duas belas mulheres. Elas tocavam e deslizavam as falanges pelo peitoral do youkai.
Aquela cena causou uma ânsia em Rin que sentiu tontura. Levando a mão na testa, Rin inspirou e expirou o ar. Sentia seu coração acelerado e não sabia o motivo. Ela não nutria sentimentos pelo homem e tampouco eram íntimos. Puxando o fôlego, Rin ajustou a postura e decidiu curtir a sua noite, não queria impecilho.
Sesshoumaru sentiu o amargo na boca quando notou que a humana não havia se comportado de maneira ciumenta como os casais discutiam. Dessa forma, ele ignorou as companheiras arranjadas para causar ciúmes e saiu atrás da humana. Só não contava que fosse interceptado por Inuyasha.
— O que quer, Inuyasha?
Inuyasha olhou para o canto do bar, próximo à entrada do banheiro feminino e observou Rin e Kagome papeando. Puxou o fôlego e fitou a face de poucos do meio-irmão.
— Desencana, a Rin não te quer… — O movimento de Sesshoumaru foi tão rápido que Inuyasha não consegui desvencilhar das garras afiadas e seu corpo chocando contra a mesa. Com o barulho as pessoas correram assustadas, mesmo com o som alto.
— Ficou maluco, Sesshoumaru?
Inuyasha após ter o seu corpo jogado sobre a mesa, fitou o irmão descontrolado.
— Este Sesshoumaru não se meteu em seu caminho quando estava no cio pela humana e tampouco quando foi preso por tentar sequestrá-la...— Sesshoumaru parou a fala e seu cérebro logo concluiu poder ter Rin para sempre ao seu lado.
Ele não importou da aglomeração formada e as reclamações de Kagome que apareceu toda agitada para acudir o namorado. Simplesmente fitou a doce humana que o encarava chocada e sorriu diabolicamente.
— Você é minha esposa. — Dito isso, virou-se e caminhou em direção a saída do bar.
Rin sentiu um choque percorrer a coluna vertebral e logo seus tímpanos ouviram os murmúrios das pessoas comentando e acusando de ser a culpada pela briga.
— Não liga para os comentários, Rin! — Kagome abraçou a jovem que chorava. Elas decidiram ir embora, não tinha mais clima para continuar.
— Quando Sesshoumaru perceber que tu não quer ele para com esses chiliques.
— Verdade, Rin! — Agora foi Sango a falar e depois completar.
— titio Mushi disse que esse querer logo passa e geralmente youkais ficavam mais violentos se tiverem a união carnal. Esse é o grau mais alto de possessão por uma fêmea. Sabiam que aconteceu um caso desses e acabou em tragédia? Mas como sabemos que você não ultrapassou essa barreira, podemos ter paciência.
Um calafrio instaurou por todas as fibras do corpo de Rin. O desespero tomou conta, fazendo-a caminhar até a janela e encarar o céu noturno.
— Oh! Rin, tudo se resolve.
Sango levanta e se junta a ela.
Elas estavam no quarto, vestidas de pijama quando Rin rompe o silêncio e confessa.
— Peço que me perdoem, mas não suporto guardar somente para mim. Sesshoumaru e eu rompemos todas as barreiras e não me culpe…
— O quê?
Gritaram as amigas em uníssono.
Rin deixou os olhos umedecerem e abaixou a cabeça totalmente envergonhada.
— Foi no dia do aniversário de Miroku e não lembro de muito coisa, apenas que fui a culpada.
Sango trocou olhar com Kagome e depois fitaram Rin.
— Aconselho a conversar com ele.
Rin limpou as lágrimas que desciam pela face.
— Estou vivendo um pesadelo! Céus! Eu não o amo! Como é possível que ele insiste nessa loucura.
— O estrago está feito, resta procurar uma solução! Sesshoumaru não vai te deixar em paz! Hoje foi com Inuyasha, amanhã pode ser pior! Imaginou se fosse com um humano? Você iria carregar para sempre a culpa.
Rin voltou a sentir vertigem! Caminhou até a cama improvisada e deitou.
Repousando a cabeça no travesseiro, ela engoliu o choro.
— Amanhã tento conversar com ele. Nunca pensei que uniria a minha vida com um ser que não nutro sentimentos.
[…]
Amanheceu deveras refrescante, fazendo Sesshoumaru resolver fazer uma caminhada antes de ir para o trabalho. Ele usava o cabelo preso num rabo de cavalo, vestia camiseta e calça moletom e calçava tênis.
Após duas volta no quarteirão, Sesshoumaru se afastou e seguiu a avenida. Seria uma corrida calma e tranquila para aliviar o estresse, mas toda a agitação de sua fera prevaleceu, no exato momento que um táxi parou de frente a sua casa e a humana desceu.
Era ela. A humana que o recusou.
Ainda parados, percebeu que ela ajustou a bolsa ao corpo e ergueu a mão para tocar a campainha.
Toda a cena dela em sua cama veio a toma. Umedecendo os lábios, Sesshoumaru salivou. Decidiu encurtar a distância.
Rin ainda receosa, repensava mentalmente o que falar com Sesshoumaru. Estava de frente a casa dele, precisava conversar civilizadamente. Ao tocar a campainha olha para o lado e seu coração acelera ao vê-lo.
Simplesmente maravilhoso naqueles trajes. Com os cabelos presos acentuou mais o rosto e a marca facial de nascença. Ela efetuou uma análise lentamente, pelo rosto, tórax, abdômen e membro inferiores. Queria sugar as positividades que o casamento daria.
Bom, um homem bonito, rico e poderoso, nada era mal para uma jovem que precisava parar com essa dissabor.
— Bom dia, senhor Sesshoumaru… — foi interrompida.
— Apesar de minha fera desejá-la, irei fazer o possível para não a querer! Este Sesshoumaru não vai se humilhar por um filhote humano ingrato que tinha tudo para ter uma boa vida. Mas em prol a toda a humilhação vivida, te garanto que enquanto viver tu não ficará com nenhum macho.
Pegue o caminho de tua casa e esqueci-me.
Rin franziu o cenho pelas palavras ouvidas. Doeu em seu peito. Estava ali para conversar com ele, não desejava brigar.
— Eu… Eu quero...
Sesshoumaru digitava a senha do portão quando se voltou para Rin. Sua fera a amava, desejava e gritava por ela, mas o orgulho de um amor não correspondido a moeda para troca era o ódio.
— Não perca o seu tempo tentando justificar. Aliás, perdi o interesse, na verdade, odiei a noite que passamos juntos.
O barulho ecoou na calçada. Rin marcou a face de Sesshoumaru com tudo e dessa vez estava furiosa. Como ele ousava falar da intimidade que tiveram dessa maneira.
— Você é um monstro! — Com olhar marejado, ela proferiu.
— Percebeu agora! — ele falou secamente.
— Eu não busquei por essa situação, não mereço ser humilhada por um homem que se aproveitou de mim.
Rin soltou um grito, seu corpo foi puxado de encontro a parede de músculos. Movendo o olhar para cima, encontrou o de Sesshoumaru.
— Não pinte este Sesshoumaru como um aproveitador. Você veio a mim na festa, você que me pediu para te fazer mulher e este Sesshoumaru é monstro suficiente para assumir a responsabilidade, mas você é uma humana ingrata, egoísta que não se prestou a dar uma chance para mim.
Ele a soltou e abriu o portão, encarando para Rin, notou o quanto tentava e não conseguia odiar plenamente. Tinha certeza se ela o chamasse ali, ele iria até ela.
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