O dia seguinte chegou antes que Sanji desejasse. Assim que o relógio marcou às 6 da manhã, ele ficou de pé e cuidou em realizar seus afazeres diários como se nada diferente estivesse acontecendo.
Aquele seria um "grande" dia. Mas ninguém poderia desconfiar de nada.
Como de costume, preparou o café da manhã e chamou seus companheiros assim que o relógio marcou às 8 horas. Todos estavam como sempre, até mesmo Nami estava um pouquinho mais comunicativa com ele, aparentemente a poeira estava começando a baixar.
E ele não sabia se ficava feliz ou triste com tal fato.
Feliz: Por quê obviamente aquilo significava que o clima entre os dois finalmente estava voltando ao normal.
Triste: Por conta da situação que o mesmo se encontrava. Era difícil imaginar que dali a algumas horas ele teria que sair do navio e voltar ao lugar em que foi atacado. Aquilo lhe dava arrepios. Provavelmente se alguém desconfiasse o que ele estava prestes a fazer o impediria, ou até mesmo no caso de alguém como Luffy, que poderia ir junto com ele pra tirar algum tipo de satisfação.
Mas Sanji não era e nunca seria esse tipo de pessoa. Se o problema envolvia só ele, o mesmo insistiria em querer resolver sozinho, sem colocar ninguém no meio da história e sem envolver ninguém a riscos desnecessários. Mesmo sem ter a certeza de que voltaria daquilo tudo inteiro.
Era um cara protetor por natureza, e assim seria sempre. Protegeria a vida da sua Mellorine com unhas e dentes, mesmo que isso significasse perder a dele.
Claro, Sanji era otimista, pensava que as coisas não chegariam a tal ponto, mas considerando o que aconteceu na última vez que os viu, não poderia descartar tal possibilidade.
Teria que levar tudo em conta, incluindo as piores consequências.
Aqueles pensamentos ficaram se remoendo em sua cabeça por muito tempo. Tanto que pra uma pessoa mais atenta era possível notar que algo estava diferente com ele, mas felizmente não foi o que aconteceu. Ele não poderia arriscar nada. Se não iria tudo por água a baixo. Tudo seria em vão.
Felizmente a refeição acabou e cada um seguiu seu caminho sem que nada saísse do seu controle. Incluindo Nami, que após se despedir de forma um pouco mais carinhosa saiu da cozinha e o deixou sozinho. Sanji encarou aquilo como mais um "tiro" à queima roupa.
Como ela iria ficar quando percebesse que ele havia ido embora?
Será que ele iria voltar?
O que eles queriam dele?
Mas acima de tudo isso havia uma coisa que ele julgava como a mais importante.
Sanji pediu aos céus, pra que ninguém fosse atrás dele quando descobrisse.
Ficaria arrasado se algo acontecesse a qualquer um deles, incluindo até mesmo o insuportável e idiota espadachim. Mas no fundo conhecia bem demais o bando que tinha se metido...
Principalmente o próprio capitão hiperativo e sem um único pingo de juízo.
Era certo o que iriam fazer assim que descobrissem em quê ele tinha se metido.
E o pior é que não havia nenhuma forma de impedí-los. Ele só poderia contar com a sorte. Talvez quando (e se) eles fossem atrás do mesmo, tudo já estivesse sido resolvido, era só o que ele queria.
Mas aparentemente até a sua própria sorte estava um tanto escassa....
É Sanji... você está numa enrascada das grandes agora...
••••
As horas passaram voando, e quando ele menos esperava, já era noite.
Era irônico como as coisas funcionavam. Sanji sempre achava engraçado o modo como todos eles dormiam cedo demais. Mas como naquele dia ele dependia exatamente de tal fato pra que seu plano ocorresse de forma tranquila e perfeita, parecia mais que todos estavam tomados pela mais forte insônia. Seria um grande problema se aquilo continuasse por muito tempo.
As palavras do inimigo ecoavam em seus pensamentos a medida em que o tempo passava. Ele não poderia colocar Nami e os outros em risco, tinha que resolver aquilo o mais rápido possível.
Tudo agora dependia do tempo.
Estaria ainda mais enrascado se o Den Den Mushi tocasse agora que os seus amigos estavam acordados, e também estaria em apuros se o Going Merry se afastasse demais da ilha, pois ficaria cada vez mais difícil dele refazer o caminho.
Cada minuto valia ouro...
Cerca de 2 horas depois os deuses finalmente pareciam ter ouvido suas preces. Todos, incluindo a ruiva, se recolheram em seus aposentos e enfim adormeceram.
Ele agora teria que agir rápido.
Não pegou nada do quarto dos homens pra não arriscar acordá-los ou levantar suspeitas. Também não arriscou olhar a ruiva uma última vez.
Tudo que fez foi descer um pequeno bote até a água, que naquela hora parecia mais um veneno negro e intimidador. Por sorte tinha conseguido criar coragem com o passar dos anos.
A todo momento que antecedia sua partida ele pensava consigo mesmo se estava fazendo o que era certo. Não queria deixá-la, ainda mais depois de tanto trabalho de tê-la pra si. Mas a balança sempre pendia pro lado da segurança, e ele sabia que se quisesse mantê-la à salvo, teria que partir naquele exato momento.
Era isso.
Não havia mais tempo.
Ele poderia ser descoberto a qualquer hora e aquilo acabaria com todo o plano.
E apesar de sentir o coração doer, ele desceu pela borda do barco em silêncio, o vento forte agitando seus cabelos tão bem alinhados.
Não havia mais tempo pra voltar atrás.
Sanji entrara no bote. E apesar de não querer, ousou olhar pra trás uma última vez, e tudo que viu foi a única luz que ficava acesa no navio.
Uma lágrima escorreu pelo canto do seu olho. Aquilo tinha que ser resolvido logo.
Sanji: " Gomen... meu amor..."
Continua
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