História Moments Euleta - Euleta e o consolo

Eugênio estava completamente atordoado, fora de si. Embora as circunstâncias não fossem nada favoráveis no seu casamento forçado, o fato dele sempre ter tido o desejo de ser pai, fez com que durante esses quinze dias cuidasse incansavelmente de seu filho.

Descobrir que passou duas semanas amando e zelando um bebê que não era de fato seu foi um choque, e ele se viu sem rumo. 

Estava no sofá de casa, com o rosto apoiado nas mãos, enquanto olhava para baixo. Violeta o observou de longe algum tempo, até que se aproximou devagar, era um momento delicado, e não sabia exatamente como reagir.

Sentando ao lado, ela puxou a cabeça dele em sua direção e apoiou em seus seios, acolhendo em um abraço na tentativa de acalmá-lo.

Não demorou muito para que ela sentisse algumas lágrimas em sua camisa, e seu coração ficou ainda menor. Úrsula teve a capacidade de machucar simultaneamente duas das pessoas que ela mais amava no mundo. E Violeta sentia que bateria ainda mais na víbora se tivesse outra oportunidade.

Ela fazia um cafuné pelos cabelos do amado, e começou a sussurrar uma música perto do ouvido dele, o sentindo apertar mais ainda os braços em volta de si.

Após um tempo, sentindo que ele se acalmava, ela o trouxe para deitar em seu colo. Ele se manteve de lado, a cabeça apoiada nas coxas dela enquanto sentia o leve roçar dos dedos pelo seu rosto e cabelos.

- Como alguém pode ser tão má, minha flor? Eu dei tudo para Úrsula e ela só me fez mal. Não só me enganou, como machucou alguém da nossa família. Heloísa sofrendo esses dias todos achando que havia perdido o filho. É muita crueldade.

Violeta já havia ficado feliz em escutar ele finalmente colocando para fora seus sentimentos, mas ao ouvir da boca do amado "nossa família", as borboletas no estômago foram inevitáveis. 

Era certo que tinham meses que eles estavam juntos e assumidos entre si, mas colocar assim a trazia uma esperança de que logo eles poderiam realmente ser uma família.

- Eu não sei explicar como alguém pode ser tão sórdido. Principalmente com alguém que tem um coração tão bom e puro como o seu, meu amor. Mas pelo menos o neném, sendo de Heloísa, é meu sobrinho e seu também. Ao menos poderá estar sempre perto dele.

- "Nosso sobrinho", gosto do som disso. Fico realmente feliz que terei a chance de acompanhar o crescimento dele. Mas agora me sinto ainda mais incompleto. Antes eu tinha apenas o desejo, mas viver a experiência, mesmo que por só alguns dias, mudou tudo.

Violeta já estava lacrimejando, a dor dele se estendendo a ela. E ele virou em sua direção finalmente a encarando nos olhos.

- Você sabe que meu maior sonho é estar contigo livremente, e nada no mundo me fará mais feliz, mas uma parte minha ficou balançada com tudo isso.

Ele dizia tudo enquanto mexia com os dedos dela que repousavam sobre sua barriga.

- Eugênio… Nós podemos adotar!

- Oi?

- Sim, você sabe que eu não posso ter mais filhos, mas isso não nos impede de construirmos uma família. Se ser pai é seu desejo, pode ter certeza que vou amar ser a mãe de um filho nosso. 

O sorriso foi crescendo aos poucos no rosto de ambos e os olhos brilhavam.

- Você está falando sério, Violeta?

- Nunca falei tão sério na minha vida. As circunstâncias ainda não permitem, mas eu quero planejar toda essa experiência ao seu lado.

- Então é filha.

- Como assim?

- Você vai amar ser mãe de uma filha nossa. Eu quero que seja uma menina.

- Uma menina? Eugênio Barbosa, estou começando a desconfiar que você gosta da ideia de ser mandado por mulheres, só assim para querer uma mini Violetinha te tirando do sério.

- Você não sabe o quanto.

Ele riu, e o coração dela não poderia ficar mais aquecido por estar proporcionando aquela felicidade para o amado, e lhe arrancando aquele som que ela tanto apreciava ouvir.

Eles selaram aquele momento com um beijo lento e calmo, e as mãos entrelaçadas. 

Depois passaram longos minutos cogitando o futuro que tanto desejavam poder viver lado a lado.