Ouvir os uivos dos lobos próximo ao território sem dono me fez ponderar sobre a possibilidade de me juntar a eles, mas algo me impediu, aqueles uivos não eram direcionados a mim e muito menos para mim e eu sabia disso muito bem, ao longe pude ver dois lobos - uma fêmea e um macho - o macho era o dobro do tamanho dela mas, ele parecia ter tanto cuidado com ela a seu lado e aquilo me fez sentir falta de alguém, alguém que ainda não conheci.
- Ele é o alfa - Uma voz surgiu a meu lado, Gajeel, um dos poucos desgarrados que falavam comigo e me explicava alguma coisa, ele era uma pessoa legal mas tinha essa mania de querer deixar todos assustados a sua volta e isso afastava as pessoas, acho que ele só falou comigo por que sabia que eu iria ficar louca como os outros caso continuasse sozinha - E aquela é a Luna dele, estão comemorando sua entrada na alcateia.
- Aquela é minha amiga não é? A Lucy... - Perguntei a ele e levantei minha cabeça.
- Sim... Vamos sair daqui, ele já deve ter nos notado - Ele começa a andar e eu o sigo de cabeça baixa, era tão estranho estar presa naquela forma por uma noite inteira.
- Não entendo por que me querem tanto aqui Gajeel! - Acabei soltando um rosnado baixo, este que foi ignorado pelo metaleiro a meu lado.
- Eles já te falaram isso não é? Eles querem usar você para chegarem a sua amiga e se chegarem a sua amiga eles chegam ao alfa - Ele disse e colocou as mãos nos bolsos da jeans preta que usava, Gajeel costumava usar roupas pretas, segundo boatos até mesmo o lobo dele era preto, mas ninguém viu para ter certeza disso.
- Mas por que!? - Perguntei novamente.
- Por que é o que fazemos, é o que nos doutrinaram a fazer - Ele diz e para de andar, eu paro a seu lado - Tem algumas roupas ali pra você, fique perto assim nenhum dos outros lobos vai vir aqui te ver nua enquanto se troca.
- Obrigada Gajeel...
- Não se preocupe Juvia, isso tudo vai acabar em breve - Por algum motivo, eu soube que aquilo era mentira e que nada acabaria tão cedo quanto eu esperava ou o quanto todos esperavam.
Me deitei próximo a árvore onde as roupas haviam sido colocadas para mim, minhas orelhas viravam de um lado para o outro enquanto eu tentava controlar meu coração que pulsava de medo por qualquer coisa, especialmente caso aquele alfa me encontrasse. Que Deus me ajude, por que eu estou começando a perder minhas esperanças e começando a aceitar meu destino inevitável.
Quando senti meu corpo tremer eu soube que estava na hora de voltar a minha forma humana, deixei todo o doloroso processo tomar conta do meu corpo e, osso por osso, músculo por músculo foi mudando aos poucos e segurei o grito de dor em meu corpo e senti minha garganta vibrar com um gemido alto de pura dor. Meus dedos tocaram a terra e senti meu cabelo em meus ombros, finalmente eu estava normal mais uma vez. Minha respiração estava ofegante e meu coração batia rápido, me tirei a força do transe de meu corpo e peguei as roupas que Gajeel havia deixado para mim e as coloquei o mais rápido que pude, eu não poderia deixar que qualquer pessoa me visse nua.
- 🌕 -
Acabei percebendo a presença dos lobos de Natsu nos últimos dois dias, e isso me deixou um pouco mais calma, mas... Eu ainda me sentia vazia por dentro. Passei a quarta com a minha mãe e já que Levy havia ido trabalhar e avisou que iria ficar na casa dela, não pensei sobre lobos, alcatéia ou sobre eu ser a Luna nesses últimos dois dias e foi um alívio poder me livrar desses pensamentos todo esse tempo. Mas, eu não consegui parar de pensar em Natsu uma única vez se quer, eu me lembrava vagamente de como usar nossa ligação - algo que ainda não entendi muito bem - e mesmo assim não me comuniquei com ele nem nada do tipo, eu me sentia ansiosa e até mesmo minha mãe notou e me entupiu de calmantes, e nenhum deles funcionou ou se quer fez cócegas nos meus sintomas, por isso tive que fingir que todos eles funcionaram.
Nesses últimos dois dias, não cozinhei, não toquei em meu celular, não tive muitos contatos com minha mãe e não sai de casa, não por medo, mas por conta de um copo que acabei por quebrar não sabendo controlar minha força direito ainda, e aquilo me assustava, não saber quando vou machucar alguém por conta da minha força sobrenatural. Mas meu tempo de evitar o mundo havia chegado a seu fim e eu tive que voltar ao trabalho hoje, quinta-feira.
Tudo ainda parecia estar do mesmo jeito, as macas, a calmaria, os últimos pacientes do acidente da ponte deixavam o hospital hoje e eu estava extremamente feliz por eles terem conseguido sobreviver a um acidente tão desastroso e assustador como aquele.
- É bom te você aqui de volta Lucy - Levy diz logo que saio do vestiário feminino.
- É bom estar de volta - Dou um breve e rápido abraço em minha amiga, tentando provocar nela o minimo de força possível - Mas então, o que temos para hoje? - Quebro nosso abraço.
- Um maluco do hospício perfurou o abdômen com uma caneta, não sei muito sobre o caso na verdade mas basicamente foi isso.
- Sabe o nome dele ou como ele foi parar lá?
- Ah... O nome é Igor Petrovich, e não, não sei por que ele foi parar lá... Quero dizer existem boatos como em qualquer outro lugar, mas o mais comum é que ele via vampiros, louco não é? - Ela riu consigo mesma. Para falar a verdade desde que eu descobri sobre os lobisomens eu literalmente estou acreditando em qualquer história que me contem ultimamente - Ele até mesmo tinha sequestrado uma moça e dito que ela era uma vampira, quero dizer, segundo os jornais e as fofocas.
- Esse cara com certeza é um maluco! - Nem tanto, ou sim... Provavelmente não, mas talvez.
- De qualquer forma ele só vai chegar umas duas horas, temos quase sete horas livres até lá - Ela sorriu para mim de uma forma curiosa - Agora me diz mais sobre seu amigo detetive.
Putz. Ela vai me infernizar com isso, eu deveria ter inventado uma história mais centralizada sobre isso, não sei, mas o que eu iria dizer afinal de contas? Ah sim eu passei dois dias com um maluco que diz ser meu companheiro, fui mordida por um lobisomem e agora sou um deles. Nenhuma das duas acreditaria em mim e eu provavelmente terminaria como o Igor Petrovich, em um hospício pelo resto da minha vida. De qualquer forma, seria um longo dia.
- 🌕 -
Erza, Mirajane e eu havíamos acabado de sair da casa de Natsu, o cara estava um pé no saco desde que a loira havia saído daqui na terça de manhã. Alguns lobos estavam com a gente enquanto patrulhávamos o território sem dono, ou melhor dizendo, o território dos desgarrados, mas, não íamos muito a dentro poderiam nos atacar e estávamos em um números muito menor, mesmo tendo Erza e eu deste lado. Um cheiro de canela extremamente forte invadiu meus sentidos e fiquei brevemente atordoado por ele.
- Gray? - Erza chamou por meu nome e sai de meu breve transe, mas eu sabia que a pessoa a quem aquele cheiro pertencia ainda estava por ali e eu ficaria ainda mais atento a isso, mesmo que agora não fosse o momento - Vamos continuar?
- Sim, mas com o dobro de cuidado, está quieto demais aqui - Digo continuando a andar e eles se juntam a mim. Ah esse cheiro continua a me deixar embriagado, e esse meu lobo que não fica quieto por um segundo me deixa ainda mais desconcentrado, graças a deusa da lua que Mira e Erza estão comigo nesse momento, se estivéssemos somente eu os gamas com certeza já estariamos mortos por conta da minha mente distraída.
- Desgarrados! - Mira avisa, deixando a todos nós em alerta máximo, a nossa frente um grupo grande com cerca de vinte desgarrados nos observava em silêncio.
- Eles estão muito próximos, temos que avisar aos mestres e aos alfas das alcatéias vizinhas - Digo a elas que concordam de imediato.
- Vamos andando - Erza diz em seu tom autoritário de sempre, os gamas começam a segui-la assim como Mira, mas, eu me sinto estático em meu lugar, não consigo me mover, ali a minha frente estava ela, a dona do cheiro mais gostoso que eu já havia sentido em toda a minha existência como lobo, cabelos azuis ondulados que desciam até o meio de suas costas, um corpo sensual e... Olhos tão tristes e vazios. Um rosnado foi solto por meu lobo e mais uma vez em tão pouco tempo eu fui tirado do transe em que aquela jovem loba havia me deixado e um sussurro alto foi solto em minha mente. Minha. Foi tudo o que meu lobo e eu dissemos em uníssono. Quero tira-la daqui e leva-la para minha alcatéia o mais rápido possível, quero dar a ela tudo o que lhe foi tirado e tudo o que ela merece, mas, não posso mover um único dedo aqui com esses lobos em sua volta. Rosnei alto o suficiente para que aqueles lobos desgarrados ouvissem e andei para próximo a albina e a ruiva.
- Gray o que foi aquilo? Você pareceu sem reação ali no meio - Mirajane é a primeira a dizer algo sobre o ocorrido, os gamas permanecem em silêncio absoluto, isso com certeza ia dar o que falar dentro da alcatéia.
- Vocês viram a garota de cabelos azuis no meio daqueles desgarrados? - Perguntei a ambas em uma voz baixa, mesmo sabendo que não adiantaria de nada.
- Sim, foi impossível não ver na verdade - A albina disse.
- Ela é minha companheira Mira, e eu não faço ideia do que eu vou fazer - Digo a ele e passo umas das mãos pelo cabelo.
- Deveria falar com o Natsu, talvez ele te ajude nisso - Desta vez quem se pronunciou foi Erza, sempre a que mais pensa em nosso pequeno grupo, sim eu fui irônico.
- Erza, ela é uma dos desgarrados e você sabe muito bem como Natsu odeia os desgarrados, ele provavelmente a mataria na primeira oportunidade que tivesse - Dou de ombros. O passado de Natsu com os desgarrados não era nada bom, a última vez que vi ele colocar as mãos em um, ele explodiu a cabeça do maldito com uma das mãos, e eu sinceramente não queria que aquilo acontecesse com minha companheira.
- Gray, Natsu é mais do que nosso alfa - A ruiva prosseguiu - Ele é nosso amigo e nos considera como a família dele, ele ficaria feliz por você e pediria para que a trouxesse para cá.
- Ah eu não sei não Erza... É do Natsu contra desgarrados que estamos falando - Digo.
- E é do Natsu nosso amigo que também estamos falando ora, fale com ele, pelo menos toque no assunto com ele - Mirajane disse. Só deus sabe como eu amo e odeio essas duas, elas conseguem motivar as pessoas de uma forma incrível não vou mentir.
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