Ume estava à brincar alegremente junto de Nagisa. Ela corria atrás dele na praia, a todo momento ele olhava para ela e esboçava um grande sorriso, sem contar as gargalhadas que dava que era contagiantes.
- O está fazendo, Ume?- Indagou-lhe uma voz muito familiar cuja fez sumir tudo ali presente, exceto Kurumi que ficou em meio a escuridão.
- O-onde estou?- Pergunto Ume olhando para todos os lados.
- Não é óbvio? Estás em sua mente, é claro.- Retrucou a voz surgindo da obscuridade e revelando sua verdadeira forma e para a surpresa de Kurumi, era ela mesma, porém um pouco mais jovem com duas longas tranças laterais.- Não respondeu a minha pergunta. O que faz brincando assim com uma pessoa, sendo que há outra na qual fizeram uma promessa um para o outro?
- E-está falando de Rin? Mas nós somos amigos e...
- NÃO, ESTÁ ERRADA! Rin é quem realmente amamos, quem realmente nos conhece e fez de tudo para nos alegrar na pior fase de nossas vidas! Ou será que não está lembrada das coisas que disseram de nós?
" Só ando com ela para ficar mais perto dos meninos"
" Ela é tão egoísta, já tem um namorado e ainda por cima todos os garotos à querem"
" Ela não é nossa amiga, é apenas uma ponte entre nós e os meninos!"
Silhuetas surgiram em volta de Kurumi, falando diversas coisas. A menina, não aguentando mais ajoelhou-se tampando os ouvidos, na tentativa de não ouvir o que diziam, mas era impossível,pois as vozes ficavam cada vez mais altas.
- Viu? Esse tal de Nagisa não te fez esquecer todas as coisas que nos fizeram. Rin, por outro lado conhece nossa história. Você é a parte mais fraca de mim.- dizia a Kurumi mais jovem observando a situação da outra- Que patética...- exprimiu ela estalando os dedos fazendo surgir correntes negras nos braços e pernas da Kurumi mais velha.- Fique aqui e me deixe tomar conta deste corpo para resolver as burradas que você fez.
Dito isso tudo se desfez e voltamos para a Ume levantando rapidamente e olhando a foto em sua cômoda.
- Rin...- Mumurou ela iniciando uma risada baixa.- Enfim sou eu quem comando este corpo!
Sem demora, a jovem trocou seu pijama por uma roupa casual, constituída por uma calça jeans e um moletom escuro.
Cautelosamente passou por todos os quartos a fim de não fazer um barulho sequer que poderia acordar alguém da casa, até chegar na porta, por onde saiu.
Correu esbaforida pelas ruas que se encontravam desertas, até acercar-se de uma casa na qual logo foi tocando a campainha da mesma.
As luzes acendiam até iluminar o cômodo onde ficava a porta de entrada da casa, lentamente a porta foi sendo aberta e para o alívio de Ume, era quem esperava ser.
- K-Kurumi?!- Indagou Rin espantado. O jovem vestia um moletom cinza, desprovido de quaisquer vestimentas na parte superior.
- Rin...- A menina pulou em seus braços suspirando.
- V-você est...- O mesmo foi interrompido no meio de sua pergunta por um súbito beijo da menor que tremia suas delicadas mãos ao apoiar-se no peito do ruivo.
Rapidamente o beijo foi cessado, em seguida Rin pegou delicadamente no pulso de Ume a puxando para dentro até chegar em seu quarto. Sua expressão ainda era de espanto, o coração ritmava em descompasso, as mãos trêmulas fechavam a porta do cômodo com dificuldade. Feito isso, o Matsuoka mais velho virou-se para Ume levando suas mãos até os ombros da menor.
- Ume, o que está fazendo?! Está muito tarde e além disso... Que história é essa de me beijar?! Você namora o Nagisa!!
- Do que está falando, Rin? Eu te esperei por tanto tempo para que fiquemos juntos e agora que, finalmente, voltou podemos trilhar nosso caminho lado a lado.- Sussurrou Kurumi aconchegando-se no peito de Matsuoka.- Nē... Você ainda me ama?- Indagou ela no mesmo tom.
Rin pegou Ume pelos pulsos a jogando em sua cama, em seguida ficou por cima dela apoiando seus braços perto da cabeça da mesma. Seu olhar era trêmulo e marejado, era possível ver aqueles olhos rúbeos brilharem como uma fogueira ardente.
- Está de brincadeira...?- indagou ele com a voz falha.- Você é uma das pessoas que mais me importo... Mas... Por que está fazendo isso, Ume? Não lembra do Nagisa?? Vocês se amam! Formam um belo casal... Eu... Eu...- O ruivo começou a se enrolar assim que suas lágrimas começaram a minar de seus lumes, caindo nas bochechas da garota que o olhava ternamente.
- Rin...- Murmurou Ume o trazendo para deitar em seu peito. Feito isso deixou-o chorar silenciosamente enquanto acariciava seus cabelos avermelhados.
Ambos permaneceram assim até pegarem no sono.
No mesmo momento, na casa dos Tachibana, Gou estaria no quarto de Makoto após jantar com a família do rapaz.
O mesmo teria deixado-a no cômodo enquanto se encontrava no banheiro tomando um banho quente. A ruiva vagava seus olhos acarejados pelo cômodo sendo cada vez mais embalada pelo perfume de seu namorado que manava no quarto.
- Então é aqui que Makoto dormiu toda sua infância e adolescência...- Murmurou ela alisando a colcha azul claro da cama onde estava sentada.
- Nē Gou-chan, Você ama o Nii-chan?- Indagou Ran coçando os olhos enquanto adentrava no quarto.
- Com certeza! De todo o meu coração eu o amo.- Respondeu Matsuoka envolvendo a menina que se aconchegava nela com o braço direito.
- Nē nē, Gou-chan. Como vocês começaram a namorar?- Indagou Ren que entrou no cômodo e logo deitou no colo de Gou soltando um bocejo.
- Ahá, então estão todos aqui!- Exclamou o Tachibana mais velho com uma toalha em um de seus ombros.- Ren, Ran, venham, vou levar vocês para seus quartos... Estão caindo de sono.- Disse Makoto com uma voz doce enquanto acariciava a cabeça de seus dois irmãos menores.
- É uma pena, adoraria passar a noite junto deles...- Sussurrou Gou abraçando calorosamente os gêmeos.
- Vou Levar o Ren, pode levar a Ran?- Indagou Makoto pegando seu irmão nos braços.
- Claro, só não garanto que ela terá o mesmo conforto no meu colo, já que sou menor.- Riu a ruiva baixinho pegando Ran da mesma forma que Makoto.
Feito isso, cada um levou um dos gêmeos a seus respectivos quartos. Os ajeitaram na cama e deram-lhes um doce beijo na testa.
Em seguida, Gou e Makoto se encontravam sozinhos no quarto do rapaz. A Matsuoka olhava para o maior com um doce sorriso enquanto acariciava carinhosamente os cabelos esverdeados de Tachibana.
- Sempre me pergunto o motivo deste sorriso tão bonito que faz quando me olha.- Exprimiu Makoto docemente passando as pontas de seus dedos nos lábios de Gou.
- Não é óbvio? Cada dia que passa percebo o quão maravilhoso você é. A maneira como age com seus irmãos ou qualquer outra criança é tão bonito, natural... Fico imaginando quando você for pai, com certeza será o melhor de todos.
- E espero eu que esse filho seja com você...- Disse o maior deitando a ruiva na cama iniciando um calmo beijo que aos poucos ganhou mais intensidade.
O clima caloroso envolvia ambos os jovens que aos poucos almejavam um ao outro, entretanto o mesmo fora quebrado com o toque insistente do celular de Gou, que recebia uma chamada.
- Onii-chan?! O-o que houve?
- É sobre a Ume...
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2 semanas depois: Quarta-feira - 15h30
- Ryugazaki-senpai, por onde anda nosso capitão?- Indagou Hana que se encontrava sentada na beira da piscina, vestida com seu maiô, enquanto observava o veterano nadar.
- Pelo que me lembre, ele me disse uma vez que teria uma viagem com a família num dia próximo às férias... Mas não fazia ideia que ia pegar tantos dias...- Respondeu Rei retirando seus óculos e a touca.
- Oh, vocês voltaram a se falar? Que ótimo!- Exclamou a rosada com um gentil sorriso.
- Pelo contrário, por conta dos ocorridos achei oportuno me aproximar, até porque era uma situação muito complicada. Porém, ainda tenho de me resolver.- Explicou ele apoiando os braços na borda a fim de sair da piscina.
- Resolver? Está com problemas?- Indagou Hasegawa entregando-lhe a toalha.- Vejo que anda treinando duramente esses dias...- Completou.
- Nada demais.- Riu ele deixando a toalha sobre os ombros- Afinal... Eu gosto de nadar.- Finalizou ele com um sorriso dissimulado, tal qual não convenceu a menor que apenas fingiu acreditar.- Daqui a pouco estarão chegando, é melhor se alongar!- Propôs Rei ajudando a mesma a se levantar.
- S-sim...
- Ah, vocês já estão aqui!!- Exclamou uma voz que lhes era muito familiar, era Gou que se aproximava junto de Makoto.
- Makoto-senpai, ainda por aqui?- Indagou Rei cumprimentando ambos.
- É, eu já devia ter voltado, mas por conta do acidente com a Kurumi-chan acabei por estender um pouco...
- Ah claro, como está a Kurumi-san? Não tivemos notícias desde o dia que saiu do hospital e nosso treinador também não anda aparecendo por aqui... Então estamos bem por fora.- Continuou Ryugazaki.
- Bom, a Kurumi-chan... Ela está passando por um dilema dentro da cabeça dela neste momento...- Explicou o maior envolvendo a ruiva que tinha um olhar tristonho.
- Nagisa-kun está sabendo disso?- Perguntou Rei que fora respondido com um balançar negativo do esverdeado.
- Não acho que será uma boa ele presenciar a situação... Apesar de que se isso persistir, não duvido que ele irá sofrer...-Comentou Makoto causando certo espanto nós dois desavisados.
- Pobre Nagisa...- Lamentou Hana balançando a cabeça tristemente.
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***
- E então, Como está sendo seus dias rodeada por escuridão e tudo aquilo que mais a aflige?- Indagou uma voz aveludada, finalizando com um riso infantil, era a antiga Ume que se aproximava da outra que se encontrava a fraquejar ainda presa.
- Estou cansada desta luta, não só eu, mas todos aqueles que me conhecem. Isso é horrível!- Exclamou Ume com o resto de força que lhe sobrava.
- Não percebes que apenas estou ajeitando as coisas? Veja bem, o Rin está contente em ter nosso amor novamente e é assim que as coisas devem ser!- Exclamou a mais nova apertando mais os braços da mais velha.- Noites prazerosas como àquela... Me anima muito saber que o veremos daquela maneira tão íntima novamente... Não concorda? Só preciso ajeitar mais uma coisinha... Dar uma belo de um fora naquele loirinho alvoroçado.- Ria ela aos montes.
- N-nem pense em fazer isso! Rin não está feliz de verdade, ele e todos sabem que isso não passa de um mal entendido! Sabem que eu amo o Nagisa!- Interviu Kurumi se levantando com muita dificuldade, ficando centímetros da sua "eu" do passado.
- Do que está falando, Kurumi? Você não o ama! Julga ama-lo para enganar-lhe e depois despedaçar seu coração. Sempre soubemos quem é nosso verdadeiro amor. É Rin, ninguém além dele... Nem mesmo Kazehaya supera seu lugar em nosso coração! Acredite, sei tudo... Pois EU sou você!- Dizia agora a antiga Kurumi com uma aura tenebrosa.- Você não passa de um peso morto nesta mente... É fraca e logo irá desaparecer de vez. Em breve você não será Mais uma preocupação... Passar bem "Ume-chan".- Dizia ela num tom de chacota o apelido dado por Nagisa, indo para outra direção, deixando Kurumi no mesmo estado.
- Nagisa... Por favor, me perdoe...- Lamuriava a menina.
***
Sexta-feira - 09h00
A casa da família Hazuki que até então encontrava-se vazia, logo ganhou vida novamente. A família acabava de estacionar o carro em frente a casa.
Era possível ver nos olhos fúcsia do jovem Hazuki a ansiedade para ver sua namorada. A viagem foi um tanto inesperada, consequentemente não conseguiu se despedir de forma adequada, entretanto estava disposto a fazer-lhe uma surpresa.
- Nagisa, ajude seu pai com as malas maiores!- Exclamou a mãe entrando com algumas malas menores.
- Ok!- Respondeu o loiro eufórico.
- Wow, quanta energia, mal parece que acabou de chegar de viagem!- Comentou o pai do mesmo afagando a cabeça do filho.- Esse energético por um acaso se chama Ume?
- Com certeza! Quero surpreende-la hoje!
- Então, faça o seguinte: leve essas malas que está segurando para dentro, assim que terminar compre flores para ela.- ordenou o pai dando uma pequena quantia para o garoto que o fito com um olhar reluzente.
- Pode deixar!
Dito isso, Nagisa fez o que seu pai mandou e saiu às pressas até uma floricultura mais próxima.
Na loja procurou por flores diferentes das habituais que as garotas são presenteadas. Optou por hortências cor azul pastel.
A passos largos foi até a casa dos Kurumizawa. Já muito ofegante bateu na porta levemente, enquanto tentava recuperar o fôlego perdido na correria.
- Oh, Nagisa-kun. Que bom te ver!- Exclamou a voz melódica de Eiko.
- Ei-chan... P-poderia Chamar a... Ume... Ume-chan?- Indagou o loiro arfando.
- A-amh... Sim, claro...- A mulher parecia hesitante de início, mas resolveu chamar sua filha depois de um pequeno dilema em sua cabeça.- Ume, visita para você.
A garota andou calmamente até a porta de entrada e logo encontrou-se frente a frente com Nagisa, enquanto esboçava uma expressão indiferente.
- Ume-chan, eu voltei!!- Exclamou ele esticando o braço na intenção de entregar as belas flores.
Kurumi por sua vez mirou as flores, em seguida focou seu olhar no alegre rapaz que a olhava com uma expressão amável.
- Oh... Nagisa, certo? Rin mencionou seu nome mesmo...
- Rin-chan...?
- Não sei o que houve antes, mas quero que saiba que tudo o que supostamente passamos juntos... Acabou. Olha, tome aqui isto que me deu.- Dizia ela entregando-lhe o colar que o mesmo a presenteara no natal em que passaram juntos.
Sem dizer mais nada a mesma fechou a porta friamente, nem sequer olhou para o garoto que estaria incrédulo com os olhos marejados.
As mãos de Nagisa tremiam frenéticamente tentando assimilar o que havia acabado de acontecer.
- Ume-chan...- Murmurou o loiro com os lábios trêmulos deixando que pérolas quentes molhassem suas bochechas que apresentava uma palidez mórbida.
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