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História Múnus Sigiloso - Prólogo - História escrita por myglossie - Spirit Fanfics e Histórias
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História Múnus Sigiloso - Prólogo


Escrita por: myglossie

Notas do Autor


Hey, hey! Não sou nova na plataforma, mas decidi criar um novo perfil para postar minhas histórias. Inclusive, Múnus Sigiloso é uma releitura de uma criação minha de... 2016, talvez? Enfim, uma versão mais atualizada e que encaixa melhor a quem sou hoje. Não sei se teremos muita views aqui, mas se você chegou até aqui do nada, espero que goste!

Capítulo 1 - Prólogo


Fanfic / Fanfiction Múnus Sigiloso - Prólogo

PRÓLOGO

   

26 de outubro de 2000

As ruas de Seoul refletiam as poucas estrelas do céu, devido a sequência de luzes e às poças que a chuvisca de quarenta minutos causara no fim da tarde. Era o famoso horário de pico, a correria dos escravos de escritório para que chegassem logo em casa, outros mais rebeldes que aproveitavam a deixa para uma pequena reunião pós estresse com direito a tteokbokki e soju; os mais jovens tomavam seus lugares em grupos pelas esquinas e alguns estabelecimentos fechavam seus portões de aço devido à baixa demanda.

Nenhum mero mortal em qualquer uma dessas alternativas sequer imaginaria que um dos becos próximos era preenchido por gritos agonizantes em reflexo da lâmina afiada da adaga de Lee.

Um dos traficantes da Gangnam Mercenária, – um pobre coitado que visivelmente era um novato e não duraria quinze minutos na mão da mais velha – se encontrava preso por um cabide velho entortado, os cadarços dos Adidas fuleiros amarrados entre si e um filete de sangue derramando pela lateral da testa, corte inevitável devido à tentativa de fuga do rapaz.

Lee, após usar mais um de seus disfarces como bibliotecária do café da rua de cima, seduziu-o com certa facilidade e dotes tão conhecidos pela academia, e conseguiu apreender todos os pacotes de cocaína, escondidos nas caixas de gameboys, transportadas para “estoque da loja ao lado”, como escutou do moleque. Seu trabalho, após mais algumas poucas ameaças que deixavam as pernas do outro bambas, foi finalizado com maestria.

Mais um dia comum. Mais uma vitória para seu currículo.

Com a mercadoria falsa em mãos, Lee iniciou seu caminho até o ponto de encontro em que seu guia a esperava para que pudessem ir embora. Aproveitou a deixa para que pudesse arrumar o rabo de cavalo e as mangas da jaqueta bomber, desengonçada após ter de continuar com seus golpes e acabar perdendo o fecho de seu zíper – o que definitivamente a atrapalhou em não acabar com a missão mais cedo.

A mulher, com seus recém 30 anos completados, se sentia em seu ápice da carreira, como se já tivesse conquistado o suprassumo de seus sonhos e agora só precisaria seguir com sua vida, trabalhando no ramo da espionagem, talvez se casar com um colega de longa data ao se apaixonar nos dez anos seguintes, e se aposentar com um possível cargo de professora na Spy Academy, onde viveu toda a sua infância, adolescência e juventude. Onde se tornou a pessoa que é hoje.

Mas mal sabia ela... Em dez minutos, todo seu planejamento teria uma reviravolta.

A reviravolta que traria a maior felicidade de toda a sua vida.

Há cinco metros do local combinado, na última viela a frente do último beco daquela rua, Lee detectou seu sexto sentido apitando como nunca, o que a fez desviar um pouco dos pensamentos utópicos e dos sons das buzinas do trânsito mais a frente. Era um local escuro, sem qualquer significado, apenas com algumas lixeiras enfileiradas e gatos de rua tentando encontrar algum osso de porco para lamber e saciar a fome. Mais ao fundo, e com uma maior atenção, era possível enxergar a alça de palha amassada com pequenas rosas brancas de plástico alinhadas e presas ao centro, e um detalhe específico que a ótima audição de Lee detectou.

O choro de uma criança. O choro de um indefeso bebê.

A mulher esguia não pensou duas vezes antes de adentrar a escuridão do beco, com um certo anseio de ver a pequena criatura machucada, de que o choro fosse um pedido de socorro. Ao chegar mais perto, sentiu o calor do peito, a sensação de hipnose em uma das primeiras aulas de ilusionismos que teve.

A primeira coisa que focou de toda a imagem foram os cabelos, cachos castanhos mais soltos de fios finos, levemente bagunçados devido ao vento, talvez até despenteados. A pontinha do nariz um pouco avermelhada, escorrendo o líquido transparente que se misturava com as lágrimas, e a pequena mãozinha delicada que esfregava uma das bochechas rosadas em um certo desespero. Os lábios entreabertos, o suficiente para que pudesse ver as gengivas com falta da arcada dentária e a pequena língua, com o manhoso chorinho de birra.

Era paixão à primeira vista... Em outro sentido, mas ainda paixão.

Lee ergueu a cesta com cuidado, a criança rapidamente fez um biquinho e cessou o choro, levando o olhar até a mulher estranha que agora a analisava com curiosidade. Os olhos, em desenho amendoado e tom acinzentado, pegou a mais velha de surpresa ao ver os traços ocidentais. Como uma pequenina daquela foi parar do outro lado do mundo?

─ O que você está fazendo aqui... Hum...? – Lee prendeu a atenção na pulseira dourada do pulso gordinho, tentando enxergar o detalhe do pequeno pingente. – B...? B de... Hm? – Sorriu levemente, analisando tudo o que pudesse na cesta, até encontrar um paninho de boca, com borboletas bordadas em rosa, e identificou o nome da pequena. – Belle! – Sorriu largamente, o rostinho da boneca tombou um pouco, parecia sem entender o que a moça dizia, mas estava curiosa. – Prazer, Belle. Sou Yumi, e... – Hesitou um pouco.

Será que seria uma ideia absurda? Um tiro no escuro, uma tentativa falha, uma aposta que não valia tanto à pena assim?

Antes que pudesse pensar e se questionar, o bocejo preguiçoso com um agudo baixo ao final a fez desviar de tudo. O coração amoleceu mais ainda. Não conseguiu se conter e, com menos de dez palavras, mudou sua vida que vinha de uma crescente sem muitas coisas diferentes. Talvez aquele seria o passo para conhecer algo diferente... Mudar o destino.

─ Prazer, Belle. Sou Yumi, sua família.

   

07 de fevereiro de 2005

─ Belle? Tomou seu café da manhã? Nada de sair sem se alimentar.

A filha de coração da mais velha, com os dois rabos de cavalo saltitantes e em ondas de tom canela, corria por toda a casa devido à animação de seu primeiro dia na academia, aquela que a mãe tanto falava, seu primeiro dia como parte da equipe de espionagem – na realidade, como estudante da arte da espionagem, mas para a pequena Belle seu cinturão de equipamentos e a roupa de látex já estavam garantidos.

─ Mamãe, por acaso eu já vou usar facas? Ou, ou, ou... Uma... Como chama mesmo? – O olhar de perdida deixava Lee encantada, porém tinha de segurar a risada. – A... Adega? É, isso, ADEGA! Quero a minha com um dos ursinhos carinhosos, não pode ser adulta demais, nem infantil demais. – Ela ergueu um dos indicadores, apontando para o teto, e ajeitou a postura. – Agora não sou mais bebê, então preciso me comportar como uma menina, m-e-n-i-n-a.

─ A senhorita menina é muito forte e capaz, mas ainda é perigoso, então nada de adAgas, hm? – A ênfase no A fez Belle dar um leve tapinha em sua testa, como se estivesse se culpando por falar errado. – Vai ser tranquilo, ok? Quando for mais velha, vai mexer com todas as coisas que a mamãe usa. Só quando virar uma mulher, hm? Vai de menina, depois para mocinha, e por fim mulher. Uma bem forte para usar as facas e adagas. – Acariciou as bochechas da mais novas e beijou sua testa.

─ Mas... Eu queria aprender a girar no ar igual a você, mamãe. – O bico nos lábios foi o suficiente para amolecer a mãe, que a abraçou apertado.

─ Quando chegar a hora, tenho certeza de que será a melhor de toda a sua geração! – Apertou ainda mais o abraço e logo segurou uma das mãos da menor, que segurou um dos indicadores da mais velha com uma única mão. – Agora vamos, antes que se atrase.

   

31 de maio de 2010

Belle chegou em casa, andava bufando até a entrada e escancarou a porta, para após jogar a mochila com certeza indelicadeza no sofá. A mãe se assustou, optou por apenas observar sua filha e escutar suas reclamações que saiam em cochichos.

─ Você precisa melhorar, você precisa treinar mais... – A morena sussurrava para si, entredentes. Fora motivo suficiente para que sua mãe se preocupasse automaticamente, chegou mais perto de sua filha e acariciou seus ombros para acalmá-la.

─ O que aconteceu, Belle? – A menor arregalou os olhos para a mãe e segurou as lágrimas, as contendo assim que sentiu os olhos começando a lacrimejar. Não podia ser fraca, deveria ser forte como sua mãe.

─ Eu perdi... Perdi no teste de luta. – Seus punhos estavam cerrados, contendo a ira da menina. Para uma criança de dez anos, Belle era bem competitiva e não suportava perder para as mesmas pessoas de sempre. – Já tinha perdido na Maratona, além de ter perdido semana passada no Teste Cego... – Ela cruza os braços e se joga no sofá. A mãe a acompanhou, se sentando ao seu lado, e já voltou à carícia de seus ombros.

─ Perdeu para... Eles? – A ênfase já era mais que o suficiente para que a garota suspirasse e afirmasse com a cabeça. – Belle, você sabe muito bem, sempre batem na tecla durante suas aulas. Perder faz parte do processo, e...

─ Perder faz parte, mas não para eles.

Belle corta a mãe de súbito, desviando o olhar para a parede de quadros. Se sentia envergonhada em frente dela, tudo o que queria era ser como ela, mas sentia que estava cada vez mais longe de seu objetivo.

─ Belle, vocês são parte da mesma geração, mas eles são mais avançados que você e...

─ Por isso mesmo, mãe. – Repetiu o corte, porém voltou com o olhar ao da mais velha. – Eu odeio quando eles sentem e agem como superiores a todos na academia. Eu preciso ser melhor que eles, mostrar que eles estão totalmente errados. Eles não são melhores que ninguém.

A fala sem pauses e em tom direto e reto chocou a mãe, principalmente pelo olhar destemido e frio de Belle. Os olhos acinzentados escureceram. Aquilo fora um gatilho para plantar uma sementinha de preocupação com sua filha.

─ Qual deles te derrotou? – Pergunta, com certa cautela.

─ Os três mais novos da equipe. – Revirou os olhos, imaginando apenas a face de cada um era o suficiente para a tirar do sério. – Justo os que mais se acham. Justo nos pontos mais fortes que tenho. Quer dizer, os que fraquejei hoje, tsc. – Cruzou os braços novamente, agora encarando seus próprios pés.

─ Vai ver... Eles são apenas realmente bons. – A pequena rapidamente lançou um olhar tenebroso para a mãe, a assustando. Nem parecia o pequeno anjo pelo qual se apaixonou na pequena cesta.

─ Eles não são realmente bons. – O canto de um dos lábios subiu rapidamente, num meio sorriso de repúdio. – Tenho certeza de que eles trapaceiam em tudo. Devem usar escutas, ter preferência pelos professores, toda e qualquer alternativa que os leve ao primeiro lugar do pódio. Não é possível que eles sejam perfeitos em tudo. – A garota se levanta, indo diretamente ao quarto, sua mãe estremeceu ao ouvir o baque da porta se batendo violentamente.

O que estava acontecendo com seu pequeno anjinho?


Notas Finais


Não posso prometer datas, mas... Assim que puder e sentir que o capítulo está perfeito, irei atualizar!


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