faculdade, 12:35
carta do gilbert
- acabei de ler a sua carta, estou escrevendo isso há um tempo, não consigo encontrar as palavras certas. simplesmente não consigo, anne. eu sinto muito, sei o quanto você gosta dela e o quanto ela significa pra você, e realmente sinto muito pelo o que aconteceu com ela.
com amor, gilbert.
anne estava em seu quarto, sentada em sua cadeira, lendo a carta que o namorado havia lhe mandado. ela não sabia o que pensar, como uma de suas melhores amigas de infância morreria tão jovem com apenas 17 anos. como alguém poderia ser tão cruel a esse ponto? ruby foi embora já há 2 meses e continuava a ser a única coisa que ela pensava.
diana se distraia um pouco lendo seu livro do frankstein, mas ainda não era o bastante. assim como anne, a única coisa que a mesma pensava era a amiga.
- o que ele respondeu, anne? - perguntou diana olhando para a ruiva.
- nada de mais, que sentia muito pelo que aconteceu com ela. - respondia anne colocando a carta em sua escrivaninha e em seguida, olhando pra diana.
o silêncio no lugar permanece por alguns segundos, nenhuma tem muita vontade de falar, nem de sequer levantar da cama, até que diana quebra o silêncio.
- quanto tempo você acha que ela tem, anne? digo, é uma doença progressiva e que avança muito rápido. - perguntou diana. - você não está pensando em ir visitar ela, né? é arriscado ficar com ela, já que a doença se espalha pelo ar, então—-
- diana, dá pra calar a boca por um segundo? - respondia agressiva. - eu não sei quanto tempo ela tem, eu espero que muito, que no fim tudo seja um pesadelo e que acordemos na nossa cama de madrugada assustadas com o que aconteceu no sonho.
diana nada responde, apenas volta a ler seu livro, calada, pensando em como foi idiota em dizer isso, mesmo que fosse pela segurança de sua melhor amiga. em sua cabeça, já era ruim o bastante uma de suas amigas ter seu destino cortado no meio por uma doença.
casa da ruby, ao mesmo tempo.
ela estava em sua cama, estava de dia, a mesma estava terminando seu livro em paz. era algo sobre um pistoleiro do oeste, arthur, um pistoleiro que apesar de todos os erros que fez na vida, buscou redenção no final das contas. ruby adorava histórias de velho oeste, era o seu gênero preferido de histórias, e ler essa história, que considerou uma das melhores histórias já contadas, era um prato cheio.
arthur era de uma gangue, van der linde, tinha sido praticamente todo criado lá. sua mãe morreu quando ainda era novo demais, já seu pai, bem, ele durou tempo demais. arthur assistiu vé-lo morrer.
após isso, ele encontrou dois amigos pro resto da vida, suas duas figuras paternas, hosea e dutch. os dois o ensinaram a ler, escrever, e bem, roubar bancos.
um dia, o mesmo foi praticamente forçado a ir atrás de uma dívida que um homem devia para o contador da gangue, o mesmo já estava muito mal, aparentemente estava doente, e acidentalmente tossiu na cara do pistoleiro.
arthur havia pegado tuberculose, a mesma doença de ruby. o mesmo começou a se questionar e começar a fazer bons atos, começar a ser um bom homem.
quando um rato que estava há meses na gangue traiu e manipulou a mesma foi descoberto, arthur voltou até onde eles estavam e tentou alertar dutch, não por raiva, vingança nem nada do tipo, por lealdade. mas o líder (dutch) já havia se perdido há um tempos, não havia mais nada do homem que antes admirava e considerava um pai.
ele ajudou john, um irmão de consideração, a fugir e a finalmente ficar com sua família. logo depois disso, arthur morreu pela doença, logo após enfrentar contra o traidor, mas pro mesmo isso não importava, ele tinha acabado de salvar john a ir pra sua família, e pra ele, o mesmo havia ganhado.
arthur morreu olhando para o sol nascer, estava em paz consigo mesmo, finalmente estava. tinha percebido que, apesar de tudo, ele era um bom homem.
ruby se identificou com arthur, mas ao mesmo tempo sua história a assustava, a forma como ele morreu, não por uma bala, mas pela doença que estava matando ela já há vários meses. ela não queria morrer, porém, a mesma já tinha aceitado isso.
ruby, após terminar a última página da história, leu a parte que dizia o nome do autor, um tal de jack. a menina então o agradeceu, embora a doença a assustasse, graças a ele pôde perceber que poderia morrer em paz também se pelo menos um pingo de sorte estivesse ao seu lado.
20:30
o frio da noite começava a ficar perceptível para a mesma em seu quarto, era um dos únicos momentos do dia em que sentia medo genuíno, sentia como se a morte estivesse do seu lado prestes a levá-la para o outro mundo.
ruby, então, enrolou sua cabeça e ficou sentada dentro do lençol com uma lanterna ligada ao seu lado. ela lembrou da sua amiga, talvez a melhor delas, que no começo achou um tanto...estranha?
ela riu ao se lembrar dela, lembrar de todos os momentos que as duas tiveram tranquilizou um pouco ela, o que a motivou a escrever uma carta para a mesma.
2 semanas depois, 15:30
carta da ruby
- anne, eu não sei por que estou escrevendo essa carta, eu tinha me lembrado de você e daí surgiu a vontade de mandar isso, mas... eu não sei, eu sei que talvez você não queira e isso seja o motivo de você não querer vir aqui, mas eu me sinto um pouco sozinha, eu queria que fosse viesse aqui me visitar, um dia só. talvez contar histórias da cordelia (já fez mais algumas?) e se divertir discutindo sobre livros e em quem seria a melhor professora, ou talvez discutir como serão os seus filhos com o gilbert, quem sabe?
por favor, se puder, venha.
- com amor, ruby.
- anne? anne? tá aí? - perguntou diana estralando os dedos para chamar atenção.
- eu vou visitar a ruby, diana. - dizia anne histérica logo após terminar de ler a carta.
- o quê?! - respondeu diana.
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