História My Best Friend's Brother - MBF'sB

Uma das coisas sobre a vida que todos deveriam saber, é que ela pode mudar de um dia para o outro e tudo pode dar errado, ou tudo certo. 

Vai depender de sua sorte.

Wooseok jamais esqueceria a sensação de ter seu próprio apartamento e poder fazer o que quisesse nela. Dormiria até tarde e gritaria na hora que quisesse, mesmo que isso não seja algo que ele faça. Não teria uma casa tão colorida como sua mãe ama, não teria uma casa cheia de pessoas para jantares de negócio como seu pai sempre fazia todo sábado. 

Aquele lugar era somente seu, e ele decoraria da forma que quisess e não receberia visitas. Wooseok odiava visitas indesejadas e do jeito que era, apenas uma era bem vinda ali em seu apartamento, mas ele não precisava saber disso.

Seungyoun se aproveitaria, sabia disso.

Para a sua infelicidade, há quatro dias atrás seu sonho foi para o lixo depois de dois anos morando sozinho. 

Era óbvio que o Kim agradecia por ainda estar vivo e que nada tenha acontecido consigo. O fogo ainda não tinha chegado tanto até seu apartamento e ele conseguiu pegar algumas roupas e o dinheiro que tinha guardado lá.

Sempre achou seu vizinho um desgraçado irresponsável, mas não imaginava que era até esse ponto. Entretanto, para sua felicidade, tinha Han Seungyoun em sua vida e o mesmo o ajudou quando soube o que tinha acontecido com seu apartamento. O melhor amigo propôs que ele ficasse em seu apartamento com ele, e o Kim logo ficou feliz, pois poderia guardar aquele dinheiro sem precisar pagar um lugar para ficar.

Porém, seu amigo só esqueceu de avisar que o apartamento não era realmente dele.

— Por que você decidiu que seu amigo iria ficar aqui sem me avisar? Acha que minha casa é algum tipo de abrigo?! – Seungwoo falava enquanto os dois mantinham suas cabeças baixas. 

— Eu não achei que você fosse chegar tão cedo de viagem, então chamei o Seok para ficar aqui comigo cuidando de seu apartamento enquanto o dele não é restaurado, ou enquanto ele não acha outro. – Seungyoun falava ainda de cabeça baixa, Wooseok queria bater no amigo. — Eu não poderia deixar ele sem casa para morar, irmão! 

— E os pais dele já souberam do ocorrido? – Seungwoo queria ser convencido. Apesar de tudo, sentiu pena daquele garoto, ainda o conhecia desde que era criança.

— Você lembra que eles se mudaram por causa do trabalho do pai do Wooseok, e ele não pode ir morar lá por causa de sua faculdade. E  também não quero que ele vá – viu o momento que seu irmão levantou a sobrancelha –, e nem ele. – O Kim escutava aquilo tudo calado, o irmão de seu amigo sempre o deixou meio intimidado, mesmo sem querer. Não acreditava no que Seungyoun tinha o metido. Naquele momento, ele não ligaria nenhum pouco em gastar seu dinheiro .

— Entendo. – o menor sentia o olhar do mais velho em si. — Bem, você sabe que teria que voltar para casa quando eu voltasse de viagem e mesmo assim o chamou para cá? – o mais novo dos irmãos assentiu. — Posso deixar você ficar aqui por enquanto, sei que não vai me incomodar igual o meu irmão. – Seungyoun fez careta para o seu irmão. — Eu voltarei para o meu quarto e ele vai dormir no sofá. – falou olhando para Wooseok que ainda estava com a cabeça baixa. – Tudo bem para você, Kim?

— Tudo sim! Não me importo de dormir no sofá. – é bem melhor que dormir na cama com o Seungyoun, pensou. – Prometo que vou arrumar um novo apartamento o mais rápido possível. – o maior apenas assentiu.

— Então fique a vontade. Eu estou indo dormir, estou cansado pela viagem. – o Han mais velho saíra da sala e fora até seu quarto sem ligar para alguma resposta.

— Eu disse que meu irmão deixaria você ficar aqui! – Seungyoun disse alegre para o seu amigo.

— Você nunca me disse que esse apartamento era do seu irmão, cara! – Wooseok tentara não gritar.

— Esse é apenas um pequeno detalhe, amigo! – o Kim não estava surpreso pela cara de pau do outro, já estava acostumado com tudo aquilo.

— E se ele tivesse me chutado daqui?! Você não pensa nas consequências? Eu já teria encontrado um hotel ou um lugarzinho para ficar até achar um apartamento para comprar. Não quero voltar para aquele prédio nunca mais.

— Ah, se eu for considerar que você é o único dos meus amigos que meu irmão não falou mal e que minha família gosta de você, então acho que ele nunca faria isso. – pegou no ombro do menor. – Meu irmão gosta do fato de você ser o cabeça da nossa relação. – Wooseok riu ao ouvir aquilo.

— Relação o cacete, cara. – riram — Mesmo assim, obrigado. Espero que eu ache um novo lugar para morar o mais rápido possível, mas até agora não tem nenhum que esteja em um bom lugar perto da faculdade.

— Calma! Meu irmão não vai te expulsar nem nada, tenha o tempo que precisar. – sorriu para o mais novo e apertou suas bochechas, mas teve suas mãos afastadas logo. Wooseok não gostava que tocassem nelas e Seungyoun sabia, mas amava irritar o melhor amigo. – Bem, agora deixa eu arrumar minhas coisas para levar para a casa dos meus pais, faz um mês que eu não vejo meu quarto. – sorriu novamente para o Kim – Descanse, ok? Você não dorme direito desde o acontecido.

— Quem dormiria bem com você ao lado?

— Qualquer um ficaria feliz ao estar ao meu lado. 

— É sempre bom saber que não sou todo mundo. – e os dois riram, mas baixinho para não perturbar o mais velho. 

Para Wooseok, sempre foi bom ter Seungyoun ao seu lado. Eram diferentes e isso era tão nítido, mas não importava, pois era assim que tudo era mais divertido entre os dois. As vezes acontecia uma briguinha ou outra, mas em alguns minutos já estavam se falando como se nada tivesse acontecido.

Os dois se conheceram quando eram muito novos e desde então seguiram como amigos, sempre foram o protetor um do outro e não importava se Seungyoun era mais forte desde sempre.

Pareciam mais irmãos entre si do que com seus próprios irmãos, Wooseok tinha uma irmã mais velha, assim como Seungyoun tinha Seungwoo. Os dois até chegaram a namorar por um curto tempo, até sua irmã decidir ir para os estados unidos para estudar. Lembra de seu amigo dizendo o quão triste estava seu irmão desde que a mais velha fora embora, ela tinha sido o primeiro amor dele, afinal.

Agora com 20 anos, os dois sabem que são bem mais que melhores amigos mesmo, que nada os faria acabar tudo aquilo, principalmente porque confiavam cada detalhe de suas vidas de um para o outro.

O Han mais novo havia assumido para o seu amigo que assim como mulheres, os homens também os atraíam e achou que ele fosse ser contra isso, mas no fim, Wooseok nem deu atenção. Para ele, era a mesma coisa no fim, não se importava com o que seu amigo gostava, aquilo não acrescentaria nada em sua amizade com ele, sua orientação sexual era apenas da sua conta. Aquela era sua forma de dizer que gostava de seu amigo independente de qualquer coisa.

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Já era bem cedo quando o Kim acordou e decidiu que prepararia algo para ele e Seungwoo comer. Queria ser gentil e não ser um peso para o mais velho e sentia que precisava ajudar nas tarefas de casa, então arrumou algumas coisas que estavam bagunçadas para depois ir se arrumar para ir para a faculdade.

Foi para o banheiro com as roupas que vestiria, o único quarto dali estava ocupado e ele não teria coragem de trocar-se na sala. Assim que terminou seu banho e arrumou-se, logo abriu a porta do banheiro, mas acabou esbarrando no mais alto.

— Oh, me desculpe! – Seungwoo falou assim que viu o mais novo esfregando sua cabeça por causa do impacto. – Eu ainda não estou acostumado com alguém morando comigo e estou meio sonolento.

— Tudo bem, eu que saí muito rápido. – o menor saiu da frente do banheiro e logo olhou para a mesa. – Eu fiz comida para você comer quando acordasse, espero que goste.

— Obrigado, Wooseok. Meu irmão deveria aprender isso com você, sempre que deixo ele na minha casa, ele bagunça tudo e tenho que arrumar.  

— Eu estou acostumado a cuidar sozinho de uma casa, é só costume mesmo. – sorriu – Bem, eu vou indo para a faculdade.

— Vai tão cedo? – o maior disse antes de Wooseok virar-se por completo.

— Ah, é que eu vou de ônibus e demora um pouco para chegar, por isso tenho que sair antes das sete.

— Espera um pouco, eu vou tomar banho e depois vou te levar, é bem mais rápido.

— Não, não. Eu posso ir sozinho, não precisa se incomodar.

— Você faz a mesma faculdade que meu irmão e meus pais moram por lá, eu vou visitar eles. Não é incômodo nenhum.

— Mas e a comida? – olhou para mesa.

— Eu vou comer mais tarde, não se preocupe. – sorriu.

— Obrigado. – sorriu de volta.

Wooseok esperou poucos minutos para Seungwoo terminar de se arrumar e foram direto para a faculdade do menor. Para sua sorte o Han trabalhava em casa na maior parte do tempo e não atrapalharia seu tempo, odiava sentir que estava incomodando.

Apesar de tudo, Seungwoo tinha um certo carinho pelo mais novo, ele ajudou seu irmão em vários quesitos e se ele tem um mínimo de juízo, é por causa do Kim. A família dos dois sempre foram próximas e aquele garoto sempre foi dessa maneira mesmo quando criança. Parecia maduro demais para sua idade.

Assim que chegaram em frente a faculdade, o menor logo agradeceu por talvez a quinta vez no dia. O maior quis lembrar de fazer ele parar, mesmo gostando do quão educado aquele garoto conseguia ser.

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Seungwoo passara a tarde inteira no computador por conta de seu trabalho, agora lembrava o motivo de gostar mais quando tinha que viajar e fazer algo além do trabalho em casa, era melhor quando não ficava a tarde toda digitando algo, suas mãos doíam mais. Sentia saudades de sair e trabalhar com seus pais, mas aquilo seria fácil demais para alguém que queria mudar e começou fazendo tudo por conta própria.

Ouviu a porta sendo aberta, o relógio marcava cinco e trinta e sete quando Wooseok chegara em casa. O menor amava estudar, mas aquilo ainda o deixava quase morto desde que começou a ficar no bairro onde o mais velho morava. Estava há uma semana e cinco dias na casa do Han e era impossível não sentir saudades de morar quase em frente a sua faculdade, só precisava cruzar a rua e andar um pouco para chegar no prédio em que morava. Sua privacidade também era a melhor coisa, não precisava sentir dores nas costas por dormir em um sofá, mas não poderia reclamar aquilo em voz alta.

— Oh, você já chegou. – se assustou ao ouvir a voz de Seungwoo. – Sua faculdade é um pouco longe, deve ser chato, não é? – o menor assentiu.

— Eu daria tudo para ter um carro, sério. – sentou-se no sofá ao lado do Han e jogou sua cabeça para trás.

— E o que te impede?

— Acho que você não sabe, mas quando meus pais decidiram se mudar para os estados unidos, eles queriam me levar a todo custo, principalmente minha mãe. Eu disse que poderia me cuidar, não seria um problema. Então, acho que pedir um carro seria demais, eles já pagam minha faculdade e eu tenho o dinheiro que juntei esses anos todos, mas não dá para comprar um carro, não sobraria nada para o meu apartamento.

— Eu tenho certeza que seus pais te dariam um, você sempre foi o bebê deles. – Wooseok arregalou os olhos ao ouvir aquilo.

— O que te faz pensar isso?

— Sua irmã sempre reclamava do quanto seus pais te davam atenção como se ainda fosse um bebê, e as vezes quando nos falamos, ela ainda diz que eles vivem reclamando e dizendo que estão com saudades de você. – apesar de tudo que Seungwoo dusse, o Kim prestara muito atenção sobre ele falar que ainda conversa com sua irmã, vendo que, ele achou que os dois se odiassem.

— Eu já tenho 20 anos, não tem como eles me tratarem como bebê. – riu.

— Mas você ainda parece um bebê! – Seungwoo disse rindo.

— Claro que não! – ainda estava rindo quando o mais velho segurou suas duas bochechas, aquilo o deixou surpreso e nervoso.

— Os seus olhos carregam muita fofura, sua boca rosa e essas bochechas fofas. – Wooseok não sabia o que sentir ao ouvir aquilo, principalmente pelo Han estar tão próximo de si. — Sua irmã sempre disse você deveria ter nascido com as expressões maduras dela e ela com a sua fofa. – seu nervosismo logo passou ao ouvir aquilo, já era a segunda vez que ele falava de sua irmã. Talvez Seungwoo ainda gostasse dela.

— Não aperte minhas bochechas. – tirou a mão do mais velho de seu rosto, já não bastava Seungyoun fazendo aquilo. – Você já comeu alguma coisa? – tentou disfarçar qualquer impressão que o maior teve.

— Já sim. Aliás, obrigado por sempre cuidar da casa, mesmo trabalhando aqui, eu ainda tenho pouco tempo e depois de terminar eu fico muito cansado.

— Não precisa me agradecer, já te disse que é costume. – Wooseok levantou-se e esticou seu corpo, suas costas estavam doendo há três dias.

— Está sentindo dores nas costas? – Seungwoo logo percebeu.

— É só um pouco, eu não tenho costume de dormir em lugares tão duros. – a dor não era pouca, mas ele de jeito algum queria reclamar.

— Olha, você pode dormir no meu quarto comigo, minha cama é grande e eu nem me mexo ou ocupo espaço nela. – ouvir aquilo deixara o menor sem reação.

— V-você não precisa se preocupar, eu posso aguentar. – disse nervoso.

— Claro que não! Você pode ir dormir lá, eu não vou me incomodar, se é esse seu medo. – Wooseok não sabia como reagir, ele já sabia o motivo de sempre estar evitando fazer coisas que o atrapalhe, como chegar tarde ou atender chamadas dentro de casa.

— Tudo bem. Eu poderia recusar de novo, mas eu não aguento mais sentir dores ao me sentar. – riu, o mais velho o acompanhou.

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Já era tarde da noite e ambos já estavam deitados na cama do Han, este mexia em seu notebook, enquanto Wooseok conversava com alguém de seu curso. Os dois estavam cada vez mais próximos, mesmo em pouco tempo, mas aquilo não era impedimento para eles, afinal, Seungwoo nunca havia gostado tanto da presença de alguém como gostava da do outro. Era estranho querer tanto o ver chegando logo em casa, de querer sempre chama-lo para ver filme consigo, mas não é como se ligasse.

Seungwoo amava ler e o Kim não era diferente, isso fazia com que não faltasse assunto entre os dois quando iam dormir ou não tinham nada para fazer. A maneira de Wooseok falar ou levar a vida, de como ele encarava as circunstâncias era deveras interessante. O mais velho também costumava olhar para cada expressão que o menor fazia, como estava fazendo agora ao perceber que o outro não parava de sorrir com a conversa que estava tendo em seu celular.

— Eu gosto do seu sorriso. – o mais velho soltara do nada, o que pegou o Kim de surpresa.

— O-O que você disse? – ele tinha entendido, mas foi preciso perguntar novamente para ver se realmente não tinha ouvido errado.

— Eu disse que gosto do seu sorriso, Seok. Eu já te disse que você é muito fofo, não é? Não canso de dizer. – sorriu. – Ninguém nunca te disse que seu sorriso dá uma certa paz?

— Ninguém nunca me disse isso, seria estranho. Também não tenho tanto costume de sorrir na frente de outras pessoas.

— É estranho eu te dizer isso? – colocou seu notebook na mesinha que ficava ao lado da cama e deitou-se de frente para o Kim.

— É estranho ouvir isso, geralmente para as pessoas eu sou o sem graça e...– fora cortado.

— As pessoas te acham estranho por você querer algo na vida e não perder seu tempo fazendo coisas insignificantes? – o mais velho dissera aquilo tão sério que Wooseok não soube como iria responder a essa pergunta.

— Eu não sei qual é o tipo de coisa insignificante para você – sorriu forçado –, mas eles sempre dizem que tenho que me divertir mais e curtir mais a vida, que eu já sou inteligente e estudar mais vai fazer minha cabeça explodir.

— E o que pensa sobre isso? – o Kim ficou calado, não sabia o que responder. – Quando eu era mais novo, eu também pensava que merecia curtir a vida, que ela era realmente curta e eu tinha que aproveita-la, mas depois de um tempo meu bolso foi ficando vazio, porque meu pai disse que não deixaria que eu vivesse minha vida assim achando que seria tudo fácil. Também foi por um desses motivos que sua irmã não quis continuar comigo e ir para os estados unidos, ela queria algo na vida. – e mais uma vez sua irmã estava ali, Wooseok pensou.

— A que ponto quer chegar mesmo? – na verdade, como a conversa chegou nisso? Pensou.

— Que você pode sim ser concentrado em seus estudos, que pode se dedicar 100%, mas no seu tempo livre você pode sair com seus amigos e pode ir ajudar o meu irmão a fazer menos besteira. Felizmente não estava tarde para mim quando eu decidi mudar um pouco, por isso eu comprei esse apartamento com meu próprio dinheiro e também me sustento com ele. As vezes eu ainda saio com meus amigos, é só saber controlar sua vida, entende?

— Sim, eu entendi.

— Que bom. Agora vai dormir que amanhã você acorda cedo. – o mais velho sacudiu o cabelo do menor.

— Antes de dormir, eu queria te fazer uma pergunta e espero que você não fique com raiva ou que me ache intrometido, eu apenas preciso saber disso. – falou rápido.

— Hey, calma! Você pode me perguntar. – disse sorrindo.

— Você ainda gosta dá minha irmã? – falou rápido para que não se arrependesse de fazer a pergunta. Seungwoo arregalou os olhos por um segundo, estava surpreso pela pergunta do Kim.

— Óbvio que ainda gosto dela, mas apenas como amiga. Foi difícil me acostumar sem ela, mas no fundo aquilo me deu forças para ser quem sou hoje. Eu agradeço muito pela força que sua irmã me deu depois, continuar como amigos foi bem melhor. 

— Ohh, entendo. Bem, então agora vou dormir. – tentou fugir de alguma pergunta que viria a seguir.

— Antes me responda, por que quis saber disso? – mas não adiantou.

— Eu só estava curioso mesmo, eu ainda lembro como vocês dois eram próximos.

— Ainda sou próximo dela, mas agora também sou próximo de você. Sua companhia tem sido muito boa nos últimos dias, ainda me pergunto porquê não me aproximei de você antes.

— Acho que a culpa foi um pouco minha, achei que não gostasse de mim, assim como os amigos do Seungyoun.

— Tá de brincadeira? Eu jamais iria falar mal de você, sério. Se não fosse por você, meu irmão não teria nem 1% de juízo. Eu amo o fato de vocês dois serem amigos, até me perguntei como duas pessoas tão diferentes são tão próximas.

— Até eu me pergunto. – sorriu.

— Quando descobri que meu irmão gostava de homens, até pensei que vocês dois tinham alguma coisa. – Wooseok arregalou os olhos.

— Credo! Ser melhor amigo dele já é um grande peso. – “eu nem gosto de homens" pensou em dizer aquilo, mas não conseguiu.

— Eu sei, por isso já saiu da minha cabeça. – riu – Uma hora dessas eu já que estaria dormindo por não ter nada para fazer, era tão entediante morar sozinho.

— Por que nunca chamou o Seungyoun então?

— Ficou louco? Essa casa iria pelo ar se ele morasse comigo. – ambos sorriam e segundos depois Seungwoo parou para encarar o menor que agora estava deitado de frente para si. – Mas agora é hora de você ir dormir, amanhã acorda cedo.

— Boa noite, Han. – O mais novo dissera para espantar o nervosismo que sentia no momento.

– Boa noite, Kim. – sorriu mais uma vez ao olhar para aquele pequeno rostinho.

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— Wooseok, você quer que eu vá te deixar hoje? – o mais velho falou enquanto comia junto ao menor.

— Você por acaso vai sair para fazer alguma coisa?

— Não, mas não quero que você chegue cansado como sempre diz que chega. Por favor, não recuse, ok? Você sabe que de carro é mais rápido e não é trabalho algum para mim.

— Mas eu não quero sentir que você está gastando seu tempo me levando para a faculdade.

— Olha, não precisa se preocupar, eu não me importo. Seus olhos estão pesados por você ter acordado tão cedo e não quero que ainda fique cansado por causa do ônibus e ainda tem a possibilidade de você ser assaltado! – Seungwoo falou aquilo tão rápido que o mais novo começara a rir da expressão que ele fez no final.

— Fica calmo, ok? Eu vou aceitar sua carona. – sorriu, o que fez o maior sorrir também.

Já fazia três semanas que Wooseok estava na casa do Han e já se sentia a vontade nela. Porém, ainda não se comportava como em seu antigo apartamento, afinal, o Kim adorava andar com pouca roupa dentro de sua casa, mas agora era diferente. Sabia que o outro era homem e não tinha que sentir vergonha, mas era inevitável para si, porém, Seungwoo sempre ficava apenas de short dentro de casa e ele se controlava para não olhar.

Aquilo nunca havia acontecido consigo, desde que se conhece por gente, ele apenas sentiu atração por mulheres e nunca passou por sua cabeça observar daquela forma o corpo de outro homem. Estavam dormindo na mesma cama e ele sempre dormia para o outro lado com medo de acordar perto do outro, agradecia pela cama não ser pequena.

Precisava urgentemente que alguém decidisse vender algum apartamento perto de sua faculdade, não precisava nem ser na mesma região como antes.

— Ei, Wooseok! Tá me ouvindo? – saiu de seus devaneios ao ouvir a voz de Seungwoo.

— Ah, desculpa. Eu me distraí um pouco. – sorriu, mesmo que o ato carregasse nervosismo.

— Viu? É por isso que não quero você acordando tão cedo. Já te disse que eu sei cozinhar e que não preciso que faça a comida para mim. Você disse que preparava a sua antes de ir dormir, volte a fazer isso, ok?

— Você me trata igual um bebê indefeso.

— Você parece um bebê mesmo, mas jamais um indefeso. – sorriu ao ouvir aquilo, mesmo que não gostasse de ser chamado de bebê. – gosto de ser legal com pessoas que gosto, já que isso é bem raro.

— Não vejo você tratando o Seungyoun assim. – acompanhou o mais velho até a porta e a trancou.

— É diferente – quis sorrir ao ouvir aquilo –, o meu irmão é chato, bem chato mesmo. Não dá para tratar ele tão bem e sei que você entende. – mas não poderia se iludir, então apenas riu do que o mais velho havia dito.

Depois que fora morar com o Han, o mesmo havia saído apenas 2 vezes com seus amigos e sempre chegava tarde, ainda era um homem e precisava aproveitar a vida, afinal. Mas na última vez, algo fez seu coração ficar mexido quando ligou para o mais velho para avisar que iria ao mercado e uma mulher atendeu, apenas disse para ela lembrar de avisar a ele que caso ele não tenha levado sua chave, que pegasse a sua que ficou dentro do jarrinho de flores em frente a porta.

Isso já fazia 4 dias e desde lá tentava mais ainda achar um lugar para morar, tinha medo do que tudo aquilo dentro de si significava.

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— Pronto, você está entregue. – Seungwoo disse ao parar em frente a faculdade.

— Não me acostume a ser tratado como criança, ok? Vai me fazer sentir falta disso tudo quando eu for embora. – o maior logo parou de sorrir ao ouvir aquilo.

— Não está contente morando comigo? – falara com uma voz séria.

— É claro que eu estou! Mas o acordo era que eu ficasse por pouco tempo até achar um bom lugar para eu morar.

— Morar comigo já não é bom? Eu sei que você quer seu próprio quarto, então eu posso desocupar meu escritório e pode ficar lá.

— Não é isso, Seungwoo! Eu só não quero mais te atrapalhar, entende? Eu quero um lugar para morar sozinho e me sentir 100% a vontade para fazer o que eu quiser.

— Você pode se sentir 100% a vontade lá em casa, Wooseok. – o Kim queria entender porquê o maior tinha ficado tão estranho do nada.

— O que deu em você? Estava todo sorridente e agora está falando assim comigo como se eu procurar um lugar para eu morar fosse o fim do mundo.

— Olha, você está certo, é o fim do mundo. – ficou surpreso ao ouvir aquilo. – Eu me acostumei com a sua companhia e você indo embora vai fazer eu me sentir sozinho, e também tem o fato de eu gostar de conversar com você e finalmente entendi porquê meu irmão gosta tanto de ficar ao seu lado mesmo que você seja totalmente diferente de todos os amigos dele. – deu uma pausa —Pode por favor pensar na possibilidade de morar comigo?

— E-Eu vou pensar. – abriu a porta do carro – agora e preciso ir, essa conversa quase me atrasou, Seungwoo.

O maior ficara olhando Wooseok ate que ele sumisse de seu campo de vista. Ficou parado dentro do carro pensando na merda que tinha feito.  “precisava ser tão idiota assim?” era o que se passava por sua cabeça.

Ele não queria que o Kim fosse embora, não agora que sabia o que se passava por sua cabeça sempre que estava com ele. Era quase inevitável não querer estar ao lado de Wooseok, aquele garoto era incrível para si e agora mais do que nunca, não queria que ele fosse embora.

Sabia que não deveria ter dito tantas coisas de uma vez, o menor acharia que ele só o que queria em seu apartamento para fazer companhia e não por sua companhia em si.

Se perguntava como havia chegado àquele estado, um dia Wooseok era só o melhor amigo de seu irmão e no outro era uma das pessoas mais especiais de sua vida e alguém que finalmente conseguiu despertar algum sentimento daquela forma em si.

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— Por que você está tão quieto hoje, Seok? – Seungyoun perguntara enquanto os dois comiam no jardim da faculdade. – quer dizer, você sempre é, mas hoje é de uma forma diferente.

— Como assim? Estou normal.

— Normal? Eu sou seu melhor amigo, cara. Acha que eu não sei quando você está estranho? – sentou-se de frente para menor. – Me diz o que aconteceu.

— Não aconteceu nada. – Wooseok viu que seu amigo não desistiria. – Ok, só estava pensando em achar logo um lugar para morar, eu não estou me sentindo bem morando com o seu irmão.

— Ele está sendo chato ou não tá te tratando bem?

— É totalmente o contrário, ele tá me tratando bem demais e isso tá confundindo minha cabeça, cara! - disse meio alterado e apertou o sanduíche que estava em suas mãos.

— Não me diga que....

— Eu estou dizendo que acho que estou gostando do seu irmão.

— Wow. – Seungyoun abriu sua boca, sabia que seu amigo gostava de ser 100% sincero consigo, mas não que ele falaria aquilo na cara dura. – Você sempre admirou meu irmão por causa das notas dele e ficava jogando na minha cara que eu deveria ser como ele. Porém, eu nunca imaginaria que você chegaria ao ponto de gostar dele dessa maneira. Ou talvez sempre gostou......

— Eu nunca gostei ou senti isso por qualquer homem, então ainda estou nervoso. – deu uma mordida no sanduíche. – Tirando que ele é seu irmão e com certeza ele é hétero, talvez ainda goste da minha irmã, mesmo que não admita.

— E dai que ele é meu irmão? Sabe que eu queria beijar sua irmã desde que eu era criança e se você tivesse um irmão eu iria querer beijar ele também, a genética da sua família é muito boa. – levou um leve tapa na cabeça.

— Cala a boca, cara. – riu.

— Olha, meu irmão não é de tratar bem uma pessoa que convive em tão pouco tempo, sério. Não estou dizendo que ele possa retribuir, mas existe uma possibilidade.

— É porque eu estou morando com ele. - Wooseok era a pessoa mais negativa que Seungyoun havia conhecido.

— Tenho certeza que não, por acaso ele disse isso?

— Ele disse que era porque gostava de mim e da minha companhia.

— Viu! Nunca que meu irmão diria isso para qualquer pessoa, cara. Nem pra mim ele diz essas coisas. – sorriu de lado.

— Para de ficar enchendo minha cabeça, Seung.

— Você que sabe. Eu estou apenas tentando te ajudar. – pegou a mão do Kim — Agora vamos entrar, quero comprar mais comida.

— Você acabou de comer dois sanduíches.

— Minha fome nunca é saciada, nenhuma delas. – Sorriu de lado, Wooseok havia entendido o que ele queria dizer com aquilo e não aguentou e começou a rir.

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Seungwoo imaginava que aquele era seu sexto copo de whisky. O mesmo saiu para beber com os seus amigos e também para aliviar sua mente que estava uma bagunça pela conversa que teve cedo com o Kim, havia sido idiota com ele e não saberia como encara-lo. Não deveria ter feito aquilo e também não deveria ter bebido, afinal, ele era a pessoa mais fraca para bebida que conhecia.

Já sentia seu corpo leve como se fosse cair, mesmo que estivesse sentado, mas logo ele levantou-se e avisou aos seus amigos que iria para casa, não queria chegar num estado pior, não era aquela impressão que gostaria de passar para Wooseok.

Nunca pensou que um dia fosse se preocupar com o que outra pessoa pensaria de si, nem quando namorava com a irmã e Wooseok. Ela tinha sido sua primeira e única namorada e a primeira pessoa para quem ele demonstrou afeição, mas agora era diferente, porque sentia que queria ser mais com o menor, que queria cuidar dele muito mais e dar mais amor a ele, aquele garoto havia conquistado seu coração com tão pouco. Pensou no que diria para ele quando chegasse em casa.

Wooseok apenas pensava se ele estaria com alguém agora, se divertindo e levando a vida como faria quando fosse embora, isso o fazia pensar o quanto ele estava incomodando pois o Han poderia levar as pessoas com quem saia para sua casa. O mesmo já estava na porta de seu apartamento e viu que sua chave não estava em seu bolso, com certeza tinha deixado dentro do carro, mas não queria ir buscar, então bateu na porta duas vezes, até que ela foi aberta pelo mais novo que estava com cara de sono, como se ele estivesse dormindo há pouco tempo atrás e se odiou por aquilo, sabia o quanto ele chegava cansado em casa e pela primeira vez ele tinha dormido ao chegar.

— Você estava dormindo? – fora a primeira coisa que pensou em dizer ao entrar em casa.

— Não vi sua chave na casinha de chaves e imaginei que tivesse levado, então eu fui dormir.

— Me desculpa por ter atrapalhado seu sono, eu esqueci ela no carro e não estava muito bem para ir buscar. – sentou-se no sofá, estava morto e parecia que sua cabeça iria explodir.

— Não se preocupe. Você quer comer alguma coisa? – os dois pensavam como o clima parecia estranho.

— Eu não estou com fome. Sou meio fraco para bebida, então comi antes de sair para evitar ficar pior do que já estou.

— Bem, eu... – fora cortado.

— Eu fui beber porque estava pensando em uma maneira de como esquecer que você vai sair desse apartamento e que não vou mais ter sua presença aqui. – parou por uns segundos – É difícil saber que você vai embora depois de eu ter me acostumado em dormir com alguém na mesma cama que eu, de comer com essa pessoa todas as manhãs e cuidar dela, assim como ela de mim. – Wooseok não estava entendo o que ele queria dizer com tudo aquilo, mas ainda sim estava nervoso.

— E-Eu também estou acostumado a ficar aqui, mas eu já disse que não quero mais te atrapalhar ou...

— Você nunca poderia me atrapalhar quando o que mais quero é você aqui, Seok. – encarou mais ainda o mais novo – Eu não sei o que está acontecendo comigo, mas eu necessito de você e da sua voz todos os dias.

— É melhor você ir dormir, Seungwoo. Podemos ter essa conversa depois.

— Acha que eu vou conseguir dormir depois de uma segunda conversa inacabada?

— Por que você quer tanto que eu fique aqui? – já estava perdendo sua paciência.

— Eu já não te disse?

— Agora eu quero que você seja mais claro em relação ao que você quer, Han.

— Quer mesmo saber o que eu quero? – Levantou-se e ficou em pé em frente o menor. – Eu quero você, entende? – foi andando para frente enquanto o Kim para trás, até bater suas costas de leve na parede. – Eu quero poder beijar a sua boca. – Wooseok apenas observa o rosto do Han enquanto ele falava. – Eu posso beija-lá? – o mais novo não conseguia falar nada, apenas continuou estático olhando para o rosto do maior. – Vou levar o seu silêncio como um sim.

Seungwoo beijou a boca do menor e o pegou de surpresa, mesmo que no fundo ele esperasse por aquilo. Com o impacto do beijo os dois fecharam os olhos no mesmo instante, ainda era apenas um selar demorado, até que Seungwoo decidiu mover seus lábios entre os do mais novo. Não demorou muito para que ele começasse a usar sua língua e Wooseok não pensou duas vezes em fazer o mesmo.

Os dois desejavam tanto aquilo, o que fez ficar tudo mais intenso a cada segundo, mesmo quando separaram o beijo pela falta de ar. O mais velho não aguentou muito e logo o beijou de novo, dessa vez suas mãos foram parar na cintura do Kim, este ficara arrepiado pela ação do outro, mas logo levou suas mãos até os cabelos escuros do maior e os puxou com pouca força. Nenhum dos dois pensava em outra coisa além de aproveitar aquele beijo.

Seungwoo logo foi separando aos poucos aquele beijo, mas antes de fazer isso por completo, mordeu o lábio inferior do menor enquanto o olhava em seus olhos. A respiração de ambos estavam pesadas, as mãos do Kim ainda estavam em seu cabelo e as suas na cintura dele. Aquele sem duvidas havia sido o melhor beijo para ambos, porque os deixou com vontade de nunca termina-lo.

— Você entendeu agora o que eu quero, Wooseok?