POV-Scarlett
A limusine se movia lentamente pelas ruas de Los Angeles, parando e andando conforme os semáforos fechavam e abriam. Eu estava observando a cidade pela janela, enquanto o resto estava rindo de alguma piada de Duff e bebendo.
Além dos meninos, exceto Axl e Slash, Michelle e mais três garotas estavam presentes. As garotas riam e bebiam das garrafas que os eles seguravam, na verdade, acho que eram eles que induziam elas a beberem. Eu me perguntava o porquê de elas estarem ali, afinal, elas mal os conheciam. Duff tinha escolhido uma loira, uma morena e uma ruiva — que estavam no backstage depois do show — para acompanhá-los até o Rainbow.
Estávamos indo para minha casa, já que Izzy prometeu que me daria uma carona, mas confesso que, depois de dez minutos dentro daquele carro, eu já estava arrependida.
A garota ruiva estava no colo de Stee, beijando-o sem pudor algum enquanto ele tocava seus seios. A morena estava com Izzy, bebendo da cerveja dele enquanto o mesmo sussurrava coisas no ouvido dela, fazendo-a rir, e, por fim, a ruiva estava com Duff, movendo-se no colo dele.
A única desacompanhada ali era Michelle, que estava sentada ao meu lado e observava a cena enquanto tomava um líquido transparente de um copo, eu só não sabia se era água ou alguma bebida.
Foram mais longos e agonizantes minutos, ouvindo risos e gritos á cada gole longo das garotas, até que a limusine parou, indicando que eu já estava em frente a minha casa.
—Ah, chegamos. — falei e sorri aliviada. —Obrigada, meninos.
—Ah, você tem certeza que não quer ir conosco? — Duff perguntou com um sorriso malicioso cheio de segundas intenções.
—Não, obrigada. — respondi rapidamente e abri a porta para sair. —Nos vemos amanhã.
Acenei para eles e pulei para fora do carro rapidamente, logo em seguida o mesmo partiu, fazendo com que eu respirasse aliviada. Eu sentia minhas pernas doloridas por conta do meu salto e meus pulmões agora agradeciam por respirar um ar puro ao invés do ar repleto de um cheiro terrível de álcool e perfume barato misturado a gloss labial de morango e spray para cabelo das garotas. Aquilo era terrível.
Procurei minha chave dentro da bolsa e rapidamente adentrei em casa. O lugar estava escuro e única luz era a que vinha do corredor do andar de cima, o que fez com que sentisse o ar pesar.
Olhei ao redor, entre a sala e a cozinha, para ter certeza de que não havia ninguém, até por que já eram quase duas e meia da manhã e provavelmente minha mãe e John já estavam dormindo.
Subi as escadas lentamente e suspirei aliviada ao conseguir ver a porta do meu quarto, porém, meu alivio durou pouco. Quando eu estava quase adentrando meu quarto, senti uma mão me puxar e me prensar contra a parede ao lado da porta.
Era John.
E seus olhos queimavam de ódio.
POV-Izzy
Quando chegamos ao Rainbow fomos recebidos por diversas pessoas, que foram contidas pelos seguranças do lugar, adentramos o bar e, como sempre, fomos para a nossa mesa preferida, que ficava entre o bar e o palco principal, onde sempre havia a melhor garota dançando.
Para nossa surpresa — ou nem tanto — Axl já estava lá e, pelo jeito, já havia bebido bastante, pois havia um sorriso malicioso em seu rosto enquanto uma loira dançava para ele em cima da mesa. Esse era um dos motivos agradáveis do Rainbow: todas as mesas tinha um pole, algumas eram tão grandes que tinham dois.
—Hey, dude. — Duff disse enquanto se jogava ao seu lado na poltrona de couro vermelho. —Pensei que tivesse ido para casa.
Axl sorriu e jogou algumas notas para a loira, que sorriu em agradecimento e se retirou da mesa. Todos nós, inclusive as garotas que vieram conosco do show, nos sentamos na poltrona e pedimos nossas bebidas.
—E perder toda a diversão da noite? — Axl perguntou enquanto bebida um gole de sua vodka. —Não mesmo.
—Só quero ver se Stephanie descobrir. — disse Michelle enquanto ria. —Você sabe que ela é ciumenta.
—Ela sabe que eu não sou santo. — o ruivo se defendeu e riu. —Além disso, esse lugar inteiro me recorda ela.
—Oh, claro. — disse Duff, rindo. —Foi aqui, nessa mesma mesa, que você pediu ela em casamento.
—Sim, exato. — disse Michelle, rindo enquanto abria vodka. —E foi aqui também que ele pediu a mão da Erin e a da Jennifer.
Todos nós rimos da situação. Axl era extremamente casamenteiro, mas claro que seus casamentos não duravam tanto, por exemplo, o da Jennifer nem chegou á acontecer e o da Erin mal durou.
—Ora, comecem a encher a cara e me deixem em paz. — o ruivo disse rindo.
—Não precisa pedir duas vezes. — disse Duff e ergueu sua garrafa.
Nossas noites eram quase todas iguais. Bebíamos, nos drogávamos e depois acabávamos na cama com duas ou mais mulheres. Não que eu estivesse cansado e que eu não gostasse, bem ao contrario disso, mas é que naquela noite havia algo estranho comigo... como se faltasse algo.
POV-Scarlett
—Ora, ora, o que temos aqui. — disse John. Ele estava sóbrio, mas isso não o impedia de fazer o que quisesse. —Eu estava te esperando, Scarlett.
—Solte-me. — ordenei enquanto virava meu rosto, tentando afastar-me de John.
—Eu soube... hm... que aquele merdinha do seu tio voltou para Los Angeles. — disse ele com um tom de desgosto na voz. —Soube que ele te trouxe um carro e também te deu um emprego.
—Eu mandei você me soltar. — falei um pouco mais alto.
John riu e segurou meu queixo, forçando-me a encará-lo.
—Eu não gostei nadinha disso. — ele disse irritado.
—Você não tem que gostar de nada que diz respeito á mim, John. — rosnei para ele e coloquei a mão em seu peito, tentado empurrá-lo. —A vida é minha e eu faço o que eu bem desejar.
—Não enquanto estiver debaixo do meu teto, vadiazinha.
Antes que eu pudesse me defender, ele agarrou meus pulsos com uma mão e tapou minha boca com outra. Percebi o que iria acontecer e tentei me libertar, mas foi em vão. Senti um nó se formar em minha garganta e tentei gritar, mas o som saiu abafado por conta da mão de John.
—Você vai sofrer por ser tão desobediente, Scarlett. — disse ele.
Quando percebi, eu já estava sendo arrastada para dentro do meu quarto enquanto tentava desesperadamente me soltar, o que não consegui. John me jogou contra a cama e trancou a porta. Eu não gritei, mas esquivei meu corpo até chegar á cabeceira da cama, enquanto observava John abrir seu cinto e sorrir de forma nojenta.
Novamente o pesadelo estava se repetindo.
POV-Michelle
Milhões de pensamentos rondavam minha cabeça enquanto eu observava a cena que se repetia todas as noites. Os meninos já estavam altos e já não se importavam com mais nada, nem com o mundo ao seu redor e nem com a ressaca e a dor no dia seguinte.
As garotas dançavam e se esfregavam neles como se fossem os últimos homens do mundo. Eu já estava acostumada com aquilo, porém já não participava como antes. Agora eu tinha o que e a quem zelar e por isso já não bebia como antes e muito menos se drogava.
Já iria completar um ano desde que decidi mudar completamente minha vida depois de receber uma simples notícia que mudou tudo, até mesmo o meu relacionamento com Slash, que mal sabia dos meus segredos.
—Hey Michelle, não vai beber mais nada? — Axl perguntou enquanto ri e alisava a cintura de uma stripper.
Ergui meu copo com vodka e o balancei no ar.
—Ah, isso não é nada. — disse o ruivo e revirou os olhos. —Eu estou falando beber de verdade.
—Acho que vou ficar só com isso hoje, Axl. — falei rindo. —Não estou a fim de ter uma ressaca como a de vocês.
Axl apenas revirou os olhos e retirou sua atenção de mim. Esperei mais alguns minutos até que notei serem quase quatro e meia da manhã, só então decidi que já era hora de voltar para casa.
*****
POV-Scarlett
Acordei com meu corpo completamente dolorido e machucado, tudo por conta de mais uma noite de pesadelos. John havia me forçado novamente e dessa vez tinha sido ainda pior. Minha consciente e meu corpo estavam em um estado deplorável de dor e tristeza. Olhei no relógio e notei serem nove da manhã, então permaneci deitada na minha cama, tentando dormir novamente, até que o telefone tocou e eu tive que atendê-lo.
—Alô? — atendi com uma voz falha por conta do sono.
—Bom dia, querida sobrinha. — disse tio Allan. —Espero que eu não tenha te acordado.
—Não. — respondi sem ânimo. —Em que posso ajudar?
—Eu preciso que você vá até a casa do Rose. — disse ele ainda animado. —Tenho uma incrível novidade que recebi essa manhã.
—Tudo bem. Estou indo para lá.
Esperei ele se despedir e desliguei o telefone. Suspirei diversas vezes e decidi levantar, lutando contra a dor entre minhas pernas e me amaldiçoando por ter que ir para a casa de Axl.
***
Respirei fundo mais uma vez e olhei meu reflexo no espelho do carro, tentando achar alguma marca aparente ou coisa do tipo, mas nada encontrei além de uma bela maquiagem. Eu já estava em frente a mansão Rose e tentava criar coragem para entrar.
Finalmente — depois de minutos ali — desci do carro com minha bolsa e caminhei até as portas da mansão, toquei a campanhinha algumas vezes e demorou até que Cloe abriu a porta.
—Olá, senhorita Scar. — disse ela com um sorriso. —Entre, por favor.
—Só Scar, por favor. — argumentei enquanto adentrava a casa. —Meu tio pediu para que eu viesse.
—Sim, ele ligou avisando e pediu para que eu lhe avisasse que ele irá se atrasar um pouco. — disse ela.
Bufei mentalmente e mantive o sorriso no rosto.
—Gostaria de algo? — Cloe perguntou com simpatia.
Ela parecia gostar de mim.
—Acho que vou aceitar um chá. — respondi. —Se não for incomodar, é claro.
—Ora, claro que não, Scar. — disse Cloe e pegou minha mão, me puxando para a cozinha. —Os meninos ainda estão dormindo e provavelmente irão permanecer assim até depois do almoço.
—Eu imagino. — argumentei. —Eles realmente trocam o dia pela noite.
—Mas é claro! Só o que bebem e o quanto de droga que usam já faz com que desmaiem. — disse ela enquanto preparava o chá. —E para piorar eles só dormem quando o sol nasce então é de se esperar uma coisa dessas.
—Com toda certeza.
Cloe preparou duas xícaras de chá e nos serviu enquanto conversávamos sobre coisas aleatórias. Cloe me perguntou um pouco sobre minha vida e eu respondi tudo com a maior sinceridade, pois ela parecia ser de confiança.
—Então você faz faculdade de jornalismo? —ela perguntou animada e eu concordei com a cabeça. —Isso é incrível.
—Bem, eu tenho que concordar.
Cloe acabou rindo e me lançou um olhar diferente, um olhar encantado.
—É impressionante, sabia? Eu nunca imaginei que uma garota como você fosse colocar os pés nessa casa. — ela disse com um sorriso amarelo.
—Uma garota como eu? — perguntei sem entender.
—Sim. — respondeu e acenou com a cabeça. —Normalmente as garotas que aparecem por aqui são cheias de manias irritantes e só sabem reclamar de tudo. Por Deus, a maioria só sabe comer salada e falar sobre dinheiro e marcas famosas.
Acabei rindo da forma em que ela falou das garotas, como se não gostasse nadinha delas. Mas eu não tirava a razão de Cloe, pois todas deveriam ter algum problema, já que eram namoradas de Axl. Simples assim.
—Erin só sabia falar de dinheiro e de como se sentia especial por ter uma música, acho que é por isso que Axl acabou se irritando á ponto de jogá-la com mala e tudo para fora dessa casa. — Cloe continuou e riu. —Jennifer por céus, só sabia falar de como tinha que manter seu corpo escultural, ah, mas cá entre nós? — ela disse baixinho. —Ela tinha mais celulite do que eu e você juntas.
Acabei rindo e abafei com a mão.
Axl já era problemático e para piorar só arrumava garotas mais problemáticas que ele. Realmente aquele ruivo estava me surpreendendo. Mas foi então que Cloe tomou uma expressão mais séria e suspirou.
—Porém, queria que ele tivesse parado na Jennifer e não conseguido a Seymour. — disse ela com um tom sério.
—Seymour? — perguntei levantando as sobrancelhas.
—Sim, Stephanie Seymour. — respondeu Cloe enquanto servia mais chá. —Uma mulher que ele conheceu quando foi para Paris há uns dois anos atrás. Ela é modelo e possuí um corpo e uma beleza extraordinária, então Axl se encantou rapidamente por ela. Foi questão de dias até que as revistas já estavam anunciando o namoro dos dois.
—Ual. — falei surpresa.
Eu não estava surpresa pela história, mas sim pelo jeito em que Cloe a contou, ela parecia realmente ter aversão a Seymour, o que foi surpreendente para mim.
—Percebo que ela não te agrada muito, Cloe. — falei enquanto a encarava.
—Axl mudou muito desde que começou á namorar aquela... moça. — ela respondeu com o olhar triste. —Agora ele quase nunca para em casa e está sempre fazendo as vontades dela. Ano passado ele passou o próprio aniversário com ela, o que até então fazia comigo e com os meninos.
—Nossa, sinto muito. — falei tentando confortá-la.
Cloe suspirou e recolheu nossas xícaras, uma vez que já tínhamos terminado o chá conforme a conversa fluía.
—Eu também sinto, querida. — disse ela e se curvou no balcão, ficando bem próxima a mim como se quisesse contar um segredo. —Seymour só quer o dinheiro de Axl. O problema é que ele está tão apaixonado que não percebeu isso.
—Por que acha isso dela, Cloe? — perguntei ainda mais curiosa.
—Ora essa, criança. Seymour só sabe arrastar Axl para lojas e mais lojas, além de obrigá-lo a fazer tudo que ele manda. — ela respondeu enquanto revirava os olhos. —Bem, claro que tudo isso tem um preço para ela.
—Que seria?
—Garotas como Seymour só sabem pagar suas dividas de uma só forma. — respondeu Cloe. —Com o corpo.
Aquela resposta fez com que eu ficasse em silêncio. Eu nunca poderia imaginar que Axl possuía alguém que o controlasse assim, de forma tão... suja. Era nojento, isso eu tinha que admitir. Afinal, a mulher se rebaixava a vender o corpo para um rockstar em troca de roupas e sapatos.
—Ah, e para piorar toda a situação. — Cloe continuou como se tivesse se lembrado de algo. —Axl a pediu em...
Antes que Cloe pudesse terminar, duas mulheres invadiram a cozinha. Uma era bem magra e alta e possuía cabelos lisos compridos, vestia um vestido preto bem curto e saltos da mesma cor. Já a outra, que era um pouco mais baixa, tinha o mesmo tipo corporal, mas vestia um terninho azul com saltos pretos, além de que seu cabelo era volumoso e todo cacheado.
—Então Renée, eu disse á ele que nunca em milhões de anos desfilaria para uma marca inferior á Chanel. — disse a de cabelos lisos com um tom sério, mas parou e sorriu quando nos viu ali. —Olá, Cloe e... hm, desculpe, e você? É quem?
—Sou Scarlett Miller. — respondi com um sorriso.
—Ah, sim. — disse ela e estendeu sua mão enquanto sorria de forma extremamente falsa. —Sou Stephanie Seymour, ou melhor, Stephanie Rose.
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