POV-Izzy
—Você está bem? — perguntei á Slash assim que o encontrei em uma sala de pronto atendimento.
Sua mão estava com alguns pontos e agora estava sendo enfaixada por uma enfermeira.
—Sim, estou. — ele respondeu sério. —Só irritado mesmo.
—Eu entendo. — falei.
A enfermeira terminou o serviço, Slash agradeceu e saímos dali.
—Não entendo como Stephanie tem esse poder sobre Renée, Izzy. — disse ele e suspirou. —Digo, será que Renée não percebe que Seymour é ruim para ela?
—Renée é quase um Axl, Slash. — falei. —Está cega de “amor” por aquela mulher.
—É, e isso me preocupa. — disse ele e passou as mãos pelo rosto, soltando um gemido de dor. —Droga, Allan vai me matar, mas tudo bem. Enfim, eu vou ter que ir ao hotel para pegar algumas roupas, pode ficar com ela por enquanto?
—Claro, vai lá. — falei e sorri fraco.
POV-Scar
Duff havia me levado até uma Book Coffe, o que me fez ficar boquiaberta. O lugar ficava próximo ao centro de Londres e estava um pouco movimentado. O prédio era simples e sua fachada era pintada da cor azul escura, havendo também algumas mesas de cor branca do lado de fora, as quais estavam vazia por conta do frio.
Lá dentro estava bem quente, silencioso e com cheiro de café com canela, o que eu adorei. Havia um enorme salão, onde só havia mesas com cadeiras, e no centro havia duas enormes escadas em espiral que levavam até o andar de cima, onde ficavam as estantes cheias de livros, dos maios novos até os mais antigos.
—Podemos nos sentar ali? — ele perguntou apontando com a cabeça para uma mesa um pouco afastada.
Eu concordei com a cabeça e caminhamos até lá, sendo acompanhados por alguns olhares curiosos. Tiramos nossos casacos e os colocamos nas cadeiras, só então sentamos.
—Nunca imaginei que você conheceria um lugar assim. — falei e soltei um risinho.
Ele riu levemente.
—É uma longa história, mas, em resumo, Slash é apaixonado por café e costumava vir aqui com a mãe. — ele respondeu. —Anos atrás, durante uma estadia nossa aqui em Londres, ele me trouxe aqui. Bem, não foi o melhor lugar que ele me levou na vida, mas também não foi o pior.
Eu acabei rindo novamente.
—Achei que você iria gostar mais de um lugar assim do que de um clube de stripper. — Duff disse e sorriu de canto.
Eu senti meu rosto quente Ele falava aquilo com tanta naturalidade que eu me assustava e ficava envergonhada.
—Não precisa ter vergonha, Scar. — ele disse. —Só estou brincando com você. Os clubes só abrem depois das oito mesmo.
—Tonto. — falei e rimos juntos. —Acho que eu nunca entraria em um clube desse gênero.
—Sei. — disse ele.
—É sério. — falei rindo, mas logo parei. —Mas, brincadeira á parte, o que te deu para me convidar assim, McKagan?
—Ah, não sei. — disse ele e olhou para o enfeite da mesa, que era uma xícara de café com uma flor de jornal. —É que você parece ser boa para conselhos.
—Que tipo de conselhos? — perguntei erguendo as sobrancelhas.
—Amorosos...? — a resposta dele saiu mais como uma pergunta.
—Não, não sou a melhor pessoa para esse tipo de conselho, mas posso tentar te ajudar. — falei e sorri sincera.
—Bem, é uma longa história... — disse ele e suspirou, agora me encarando.
—Então... acho melhor pedirmos antes de você começar. — falei e pisquei para ele enquanto acenava para a garçonete.
Duff sorriu.
POV-Slash
Voltei ao hotel quase congelando, pois o frio de Londres naquela época era terrível. Assim que entrei na recepção, acabei encontrando Steven e... Adriana? Espera, era Adriana mesmo?
—Slash!!! — disse a morena enquanto pulava em cima de mim. —Que saudades.
—Adriana? — perguntei surpreso.
Adriana tinha traído Steven com Axl e depois disso desaparecido completamente do mapa. O que diabos ela estava fazendo por ali?
—Sim, a própria, amor. — disse ela e piscou para mim, em seguida voltou a abraçar Stee, que sorria.
—O que faz por aqui? — perguntei curioso.
—Eu moro em Londres agora, bobinho. — disse ela e mordeu a bochecha de Stee.
—Okay... — falei sem entender merda nenhuma.
—Vou levá-la até o apartamento dela. — disse o loiro e sorriu. —E Allan disse... o que houve com sua mão?
—Ah, eu me machuquei. — falei e soltei um sorriso fraco. —E Allan disse...?
—Ele disse para avisar aos outros que vamos embora depois de amanhã. — o loirinho respondeu. —Pode fazer isso por mim...? Eu vou estar meio ocupado.
—Claro, Stee, claro. — falei e suspirei. —Boa sorte para os dois.
—Vamos precisar. — disse Adriana e piscou, em seguida os dois riram e saíram.
Eu apenas balancei a cabeça e segui para o elevador. Minutos depois eu estava entrando no meu quarto e indo direto para o banheiro. Tomei outro banho, agora mais quente ainda, e saí. Vesti uma roupa rapidamente e preparei uma pequena mochila com coisas para Renée, já que provavelmente ela teria que permanecer no hospital.
Quando eu estava saindo do quarto, logo após trancar a porta, Chelle se aproximou.
—Oi. — disse a loira com uma expressão de preocupação.
—Oi, Chelle. — falei e suspirei. —O que deseja?
—Eu queria saber se você viu o Duff por aí. — disse ela e então me encarou preocupada. —O que houve com a mão?
—Eu machuquei. — respondi rapidamente. —Enfim, Duff não voltou?
—Voltou de onde?
—Ele estava no hospital comigo. Renée passou mal e precisou ir para lá. — respondi.
—Ela está bem? — Chelle perguntou, por incrível que pareça, preocupada.
—Sim, mas acho que ela vai ficar em observação. — respondi. —Eu vou passar a noite com ela e provavelmente vou ter que ficar uns dias a mais também.
—Entendo. — disse ela e forçou um sorriso. —Bem, então acho melhor você ir.
—É, eu também. — falei e sorri, depois dei de ombros e comecei a caminhar.
Caminhei alguns passos em direção ao elevador até que ouvi Chelle chamar por mim e me virei.
—Sei que não é o melhor momento. — disse ela com uma expressão séria.—Mas sobre ontem... bem, quero que encare como uma despedida.
Eu soltei um suspiro. No fundo, bem lá no fundo, ambos sabíamos que realmente era uma despedida, pois Chelle estava cansada de magoar Duff, assim como eu estava cansado de machucar Renée.
—Eu sei. — falei e a encarei. —Foi bom enquanto durou.
—Sim, muito bom. —ela sorriu. —Enfim... apenas amigos?
—Apenas amigos. — concordei e forcei um sorriso.
A encarei por alguns segundos até que dei de ombros e fui para o elevador, que por sorte já estava ali. A última coisa que vi antes das portas se fecharem foi Michelle deixar uma única lágrima cair e dar de ombros, indo para seu quarto.
Então aquele era o fim de algo que havia começado na minha adolescência. Estava sendo doloroso, mas era assim que tinha que ser. Nós dois precisávamos seguir nossos caminhos.
Balancei a cabeça, afastando alguns pensamentos, e saí do hotel, mas não fui direto para o hospital. Decidi que era hora de me redimir com Renée, então fui até uma floricultura e comprei algumas tulipas, as flores preferidas dela, além de alguns chocolates — sem açúcar obviamente.
Só então eu peguei outro táxi e fui para o hospital. Já era um pouco tarde quando cheguei lá, então fui direto para o quarto de Renée, onde a encontrei dormindo e Izzy sentado em um sofá vendo uma revista de guitarras.
—Parece que alguém vai se redimir. — disse ele enquanto se levantava.
—Vou tentar pelo menos. — respondi enquanto colocava as flores e os chocolates na mesinha ao lado da cama. —Pode ir se quiser. Eu vou passar a noite com ela.
—Okay... — disse ele e suspirou. —Qualquer coisa ligue.
—Tudo bem. — falei e acenei com a cabeça. —Ah, só para avisar, Allan mandou avisar que vamos embora depois de manhã. Pode avisar os outros?
—Claro. — disse ele e nos cumprimentamos com as mãos. —Se cuida.
—Você também.
Ele apenas concordou e saiu do quarto, deixando apenas nós dois ali.
POV-Duff
—Então você acha que ela não vai esquecê-lo? — Scar perguntou depois de eu contar o que havia ocorrido entre Michelle e Slash.
—Ela não faz nenhum esforço pra isso. — falei e suspirei, terminando meu segundo café. —Digo, ela parece gostar de sofrer por ele.
—Ora, Duff, dê tempo á ela. — disse Scar. —Digo, pelo que você me contou, o que eles tiveram foi forte demais e não acabou de maneira correta. Os dois estão confusos.
—Mesmo assim, Scar. — falei. —Ela simplesmente se prendeu ao Slash como se precisasse dele para viver.
—Eu entendi o que você quis dizer. — disse Scar e bebeu seu café. —Mas... bem, é como um vicio, entende? Ela não vai conseguir largá-lo de um dia para o outro. Ela precisa de mais tempo.
—Mas quanto tempo? — perguntei encarando um ponto fixo na mesa.
—Mais tempo do que você imagina. Relacionamentos são complicados. — disse a loira. —Michelle está confusa com tudo isso. Você precisa ir com mais calma. Mais calma do que já tem.
Eu soltei um suspiro e concordei com a cabeça.
—Tudo bem. — falei, dando-me por vencido. —Vou dar mais uma chance para tudo isso.
—Ótimo, desde que isso te faça feliz. — disse Scar e sorriu mais uma vez. —Seja paciente e sincero com ela. Converse como um homem e não como um rockstar.
Eu acabei rindo levemente.
—Você está certa. — falei. —Vou conversar com ela, tentar entender o outro lado.
—Perfeito. — disse a loira e piscou. —Mais alguma coisa, senhor McKagan?
—Você disse que não era boa com conselhos amorosos, mas me ajudou muito. — falei piscando.
—Fico feliz. — ela riu. —Mas agora já está tarde... será que podemos ir?
—Sim, mas... você não quer ver alguns livros? — perguntei olhando para o andar de cima.
Scar soltou um resmungo.
—Quer ficar a noite toda aqui, Duff? — ela perguntou divertida.
—Eu não me importo com o tempo, Scar. — falei e me levantei. —Vamos, faço questão de comprar um presente para você.
—Não precisa, Duff. Sério.
—Precisa sim e eu quero fazer isso. Você não vai querer discutir com um anarquista, vai? — perguntei sério e estendi a mão para ela.
—Nem em sonho. — disse ela e pegou minha mão, levantando em seguida.
Apenas rimos e subimos para ver os livros, o que fez os olhos verdes de Scar brilhar.
*****
—Não acredito que você me comprou tudo isso. — disse Scar com o rosto vermelho enquanto entravamos no táxi.
Já estava quase anoitecendo e o frio só aumentava. Havíamos ficado várias horas na Book Coffe e, por mais louco que pareça, eu havia realmente me divertido e me acalmado.
—Esses livros foram uma pechincha perto do que gasto com strippers. — falei rindo.
Scar balançou a cabeça em negação enquanto eu indicava o endereço para o motorista.
—Ual. — disse ela. —Isso que os rockstares chamam de dinheiro bem “gasto”, né?
—Depende da stripper. — falei e ri. —Mas tudo bem. Cada um com sua prioridade.
—Concordo. — disse ela.
Depois de alguns minutos já estávamos no hotel. Eu paguei o táxi e ajudei Scar com as sacolas até chegarmos ao elevador.
—Adorei passar o dia com você, Scar. — falei enquanto esperávamos o elevador. —Izzy estava certo quando disse que você era diferente das outras garotas.
Ela corou ao ouvir isso, o que fez com que eu me lembrasse de uma coisa.
—Aliás, sobre Izzy... — falei baixo. —Você e ele estão... ficando?
—Ah, eu não sei. — disse ela e sorriu de lado. —Digo, ainda é cedo sabe. É algo meio novo para mim.
—Entendo. — falei e dei fim ao assunto, já que ela parecia incomodada.
Ficamos ali em silêncio até que o elevador chegou. Apertei os botões dos andares e minutos depois Scar se despediu e desceu em um andar abaixo do meu, logo após isso foi a minha vez de descer e ir até meu quarto.
Respirei fundo e girei a maçaneta.
O quarto estava todo escuro, exceto pela luz fraca que emanava do banheiro, a qual era de velas. O único barulho era o de água se movendo, como se alguém estivesse tomando banho lentamente, o que eu julguei como sendo da banheira.
Tirei minha jaqueta e minhas botas, já que ali estava quente, e caminhei lentamente até o banheiro, onde encontrei Michelle na banheira. O lugar estava cheio de velhas vermelhas e a loira estava de cabelos presos enquanto passava a água quente pelo corpo, que era coberto por espuma.
A observei por alguns segundos até que ela me percebeu ali e fez uma expressão de susto enquanto colocava a mão no peito.
—Eu não te vi aí. — disse ela.
Eu dei um passo para frente, adentrando o lugar por completo.
—Acabei de chegar. — falei me aproximando ainda mais.
—Ah... por onde esteve? — ela perguntou com um olhar curioso.
—Passei o dia todo em uma cafeteria com Scar. —respondi e me sentei ao lado da banheira. —Ela estava me dando alguns conselhos.
—Conselhos sobre o quê? — perguntou e se apoiou na beirada da banheira.
—Sobre relacionamentos. — respondi. —Ela meio que sabe a parte racional das relações.
—É, ela tem cara de ser racional nesse sentido. — disse Chelle e forçou um sorriso. —E o que você concluiu?
—Que eu preciso ser mais paciente. — respondi e ri levemente. —Tenho que dar tempo ao tempo.
Michelle me encarou sem entender.
—Não entendi. — disse ela.
Eu apenas ri e sujei o nariz dela com espuma, fazendo-a sorrir.
—Isso quer dizer que eu estou sendo muito exigente com você, entende? Digo, sei que não é fácil esquecer alguém de um dia para o outro. — expliquei. —Acho que tenho que dar uma segunda chance para nós, isto é... se você quiser.
Ela sorriu sincera.
—É o que eu mais quero agora, Michael. — disse ela. —Outro recomeço, mas dessa vez de verdade.
—Ótimo. — falei e sorri.
Ela mordeu o lábio e me puxou para o beijo, que dali evoluiu para algo dentro d’água.
POV-Axl
Já se passavam das duas da tarde e eu não havia saído do quarto para nada, tanto que pedi que entregassem minhas refeições para que eu não tivesse motivo algum para me retirar.
Bem, por um lado eu realmente queria sair dali e nunca mais voltar, mas, por outro, eu queria ficar e esperar Scar. Sim, você não leu errado, eu realmente queria esperar Scarlett voltar.
Eu estava com raiva de mim pelo episodio da noite passada, mas eu precisava ver a reação dela quando me visse. Ou melhor, eu precisava pelo menos vê-la para saber se ela iria lembrar-se ou não.
Permaneci no quarto por horas e mais horas até escurecer. Eu já estava um pouco preocupado, pois Scarlett não havia dado sinal de vida.
Será que ela tinha se suicidado? Ou fugido?
Refleti um pouco sobre o que poderia ter ocorrido até que levantei da cama, vesti uma roupa e decidi ir atrás dela.
Porém, quando eu estava quase abrindo a porta, ela se abriu e a loira entrou com um sorriso no rosto, que obviamente desapareceu assim que ela me viu.
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POV-Emily Smith
Eu simplesmente não estava acreditando no que eu estava vivendo. Naquele exato momento eu estava me deliciando com a maravilhosa visão de Los Angeles vista da sacada de um apartamento em um prédio na Sunset, o qual foi presente dos meus pais.
Finalmente, depois de mais de duas décadas da minha vida, eu tinha realizado meu sonho de sair da casa dos meus pais em Seattle e me mudar para Los Angeles. E, melhor ainda, eu tinha conseguido minha transferência para o curso de direito na UCLA, a faculdade dos meus sonhos.
Eu estava vivendo um sonho americano do qual eu nunca mais queria acordar.
Fiquei perdida em meus pensamentos e na vista maravilhosa até que senti uma pequena dorzinha no meu pé e soltei um resmungo.
—Milk! — falei olhando meu bebê, um filhote de gato siamês de três meses.
Agachei e o peguei no colo.
—Garoto malvado. — falei enquanto o levava para dentro.
Joguei-me no sofá junto com meu pequeno e fiquei brincando com ele enquanto ouvia um show do Guns N’ Roses na TV.
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