POV-Scar
—Você está bem? — tio Allan perguntou enquanto parava seu carro em frente á minha casa.
—Sim, só cansada da viagem. — falei e bocejei. —Obrigada por tudo, tio.
—Não agradeça, corujinha. — disse ele e piscou. —Ah, aliás... pode entregar isso para sua mãe? Eu queria dar pessoalmente, mas... você sabe... John não iria gostar.
Ele tirou uma pequena caixinha de veludo preto do bolso e me entregou. Eu a abri e vi que era um pingente de balança, o que me fez sorrir.
—Claro. — falei e dei um beijo na bochecha dele. —Até mais, tio.
Peguei minhas malas e desci do carro, indo em direção á porta. Tio Allan esperou que eu entrasse para então ir embora. Respirei fundo e agradeci por serem apenas cinco da manhã, o que indicava que minha mãe e John deveriam estar dormindo.
Soltei um suspiro aliviado e subi lentamente para o meu quarto, tomando cuidado para não fazer barulho. Assim que cheguei ao cômodo, eu apenas deixei minhas malas em qualquer canto, tirei meus saltos e me joguei na cama.
Eu estava exausta.
*******
—Bela adormecida... hora de acordar... — dizia a voz conhecida.
Acabei sorrindo e só depois abri os olhos. Mamãe estava sentada ao meu lado na cama e me encarava com um sorriso no rosto. Eu acabei rindo e me sentei na cama para abraça-la.
—Como foi de viagem, meu amor? — ela perguntou me apertando forte.
—Ah mãe... — suspirei. —Foi incrível. Perfeito. Maravilhoso.
—Eu imagino, querida. — disse ela e me soltou. —Você está radiante.
—Você também. — falei ao perceber algo diferente nela.
Ela tinha seu cabelo preso em um coque e, por incrível que pareça, usava roupas mais folgadas e nem parecia querer se esconder.
—O que aconteceu? — perguntei curiosa.
—Esse é o efeito “John teve que ir fazer o treinamento de elite e só vai voltar daqui muito tempo”. —ela respondeu e rimos.
—Sério? — perguntei feliz.
—Sim. Ele foi chamado um dia depois que você saiu, então eu nem tive que explicar onde você foi. — ela respondeu. —Ele vai ficar fora por um bom tempo. Parece que o treinamento dessa vez é no Brasil.
Os bombeiros são chamados para um treinamento de elite a cada sete anos, sei disso por que era o mesmo com meu pai. Eles costumam ficarem várias semanas fora para esse treinamento, então significava que eu me livraria de John por um tempo.
—Isso é ótimo, mãe. — falei e sorri animada. —Aliás, comprei um monte de presente para a senhora. Estão na minha mala.
—Então vamos ver... — disse ela e se levantou, indo pegar minhas malas.
Ela as colocou na cama e começou a desfazê-las. Conforme ela pegava as peças novas, eu falava o porquê de ter comprado e quais eram para ela e quais eram para mim. Era o típico momento “mãe e filha”. Eu adorava ver minha mãe sorrindo, pois ela tinha o sorriso mais lindo do mundo, e isso me fazia sorrir também.
Porém, foi quando ela tirou algo da mala que fez meu sorriso desaparecer por completo.
—Desde quando você gosta de bandanas, filha? — ela perguntou divertida enquanto mostrava o pano vermelho, o qual eu conhecia muito bem. —Por acaso os rockstares já estão te influenciando?
—Isso... não é meu. — falei pegando o pano da mão dela e me levantei. —Não é possível.
—O que foi, querida? Algum problema? —ela perguntou.
Eu a encarei seriamente e com certa raiva. Aquela bandana era do Rose, mas por que diabos estava na minha mala? Quem deu permissão para ele colocá-la lá? Por acaso era algum tipo de brincadeira de mau gosto?
—Isso é do meu chefe e eu tenho que devolver. — falei séria. —Vou até a casa dele.
—Não. — disse ela, séria. —Ainda é cedo, não é nem meio-dia. Vamos fazer o almoço e mais tarde você vai para lá, ok?
Eu soltei um suspiro.
—Tudo bem, mas só por que estava morrendo de saudades da senhora. — falei e sorri fraco. Foi então que me lembrei de algo. —Ah, aliás, tem mais um presente.
—Hum... o que será? — ela perguntou e eu acabei rindo.
—Bem... — comecei enquanto pegava a caixinha de veludo preto no bolso do meu casado. —Tio Allan é o responsável, então eu também não faço ideia do que seja.
Entreguei a caixinha para ela, fazendo-a sorrir sincera. Ela analisou a caixinha e logo a abriu, revelando o pequeno cordão com o pingente da balança em dourado.
—Que lindo... — disse ela e então ficou séria. —Mas... eu não posso aceitar.
—Ah, mãe, qual é?! Tio Allan tem dinheiro, isso não vai ser incomodo algum para ele.
Ela me encarou pensativa, mas por fim suspirou e concordou com a cabeça.
—Tudo bem. Depois aproveito e vou agradecer pessoalmente á ele. — disse ela. —Será que ele ainda gosta de torta de maça?
—Pode ter certeza que sim. — falei, lembrando que tio Allan era viciado em torta de maça. —Agora que tal descermos e fazermos o almoço?
—Vamos nessa! — disse ela animada e rimos, saindo do quarto em seguida.
POV-Izzy
Já se passavam da três da tarde quando eu saí do quarto. Eu havia dormido como um anjo depois que chegamos do aeroporto e só levantei mesmo por que estava faminto. Desci até a cozinha e encontrei Stee comendo um sanduíche de queijo.
—E aí! — falei enquanto abri a geladeira e pegava leite e whisky.
—Hey, Izzy. — disse ele e sorriu. —Dormiu bem?
—Sim e você? Como está o braço? — perguntei enquanto servia um copo de leite para mim, misturando o whisky em seguida.
—Ah, estou bem.O braço já está quase bom. — disse ele, ainda sorrindo. —Aliás, eu estava pensando em...
Nesse momento, fomos interrompidos por um grito vindo da sala. Eu apenas suspirei enquanto Stee arregalou os olhos. O grito era de Axl. Peguei meu copo de leite e saí da cozinha com Stee ao meu lado. Axl estava na sala, andando de um lado para o outro e puxando seus próprios cabelos enquanto segurava um lenço preto e era observado por uma Cloe preocupada.
—QUEM ELA PENSA QUE É?! — o ruivo estava durtando. —Quem ela acha que é para mexer nas minhas coisas?! QUEM? QUEM?
—O que foi, Rose? — perguntei tomando meu leite com whisky.
Axl parou no meio da sala e me encarou.
—Aquela vadiazinha da sua amiga loira. — disse ele e ergueu o lenço. —Ela colocou isso na minha mala!
Eu fiquei surpreso, confesso. Por que Scarlett faria aquilo? Axl voltou a surtar, enquanto eu refletia sobre o que estava acontecendo. Minha cabeça já estava ficando quente quando eu acabei ouvindo um risinho ao meu lado.
Era Stee. E eu conhecia bem aquele risinho. Era o risinho típico que ele dava quando sabia de algo. Lancei um olhar para ele, indicando que ele tinha que ir para cozinha, o que ele fez sem reclamar e eu fui atrás.
—Desembucha. — falei assim que entramos.
Ele ainda ria.
—Axl é meio burro, sabia? — disse ele enquanto passava as mãos pela barriga.
—Por que acha isso?
—Por que Scarlett nunca faria aquilo. — disse ele e parou de rir, mas continuou sorrindo. —Fui eu quem fez.
—Você o que...?!? — perguntei surpreso.
—Eu quem coloquei o lenço da Scar na mala do ruivo, assim como coloquei a bandana preferida dele na mala dela. — ele respondeu. —É um plano meu e da Drika.
—Adler, se explique! Pelo amor de Richards! — pedi enquanto suspirava.
—Simples, Izzy, eu quero Axl e Scar juntos. — ele disse simplesmente.
Eu fiquei boquiaberto. O que aquele loiro tinha na cabeça? Sério, por acaso ele caiu do berço quando era criança?
—E por que diabos quer isso? — perguntei assustado.
—Simples, de novo. — ele respondeu. —Scarlett é a única capaz de competir com a Seymour. Digo, ela é tão bonita, até mais que a Seymour, e Stephanie se sente... ameaçada por Scar.
—Ameaçada? — perguntei
—Claro, Izzy. — disse ele. —Você não percebeu que a Seymour faz de tudo para que Axl não fique perto de Scar? Lembra-se do aniversário de Shannon? Lembra-se de como a Seymour ficou com raiva quando todos ficaram caidinhos por Scar?
—Steven, isso é loucura. — falei ainda sem acreditar.
Axl e Scar se odiavam. Claro que o ruivo não colaborava com nada, mas isso nunca se tornaria algo maior do que uma simples “amizade”. Não, claro que não.
—Sei que é estranho. — disse ele e suspirou. —Mas... ela é a única á altura da Seymour e talvez isso possa dar certo. Digo, não estamos em um filme, mas isso pode realmente dar certo!
Eu encarei curioso. Desde quando Stee era tão esperto? Desde quando ele sabia arquitetar um plano?
—Eu não sei, Stee... — falei receoso.
Ele me encarou sério.
—Izzy, você gosta da Scar? Digo, gosta dela além do que uma simples amiga? — perguntou.
Eu soltei um suspiro. Na verdade, eu não gostava tanto assim de Scar. Digo, ela era uma garota incrível, culta, linda e muito interessante, porém... eu sentia falta da ação. Talvez se ela fosse um pouco mais... safada.
—Não. Eu não gosto dela dessa maneira. — respondi, enfim. —Achei que talvez eu gostasse, mas falta algo nela.
—Então pronto!— disse ele e sorriu. —Eu vou juntar Scar e Axl. Você verá!
Eu apenas suspirei receoso. Quais as chances disso dar certo? Foi então que ouvimos a campanhinha tocar e logo uma voz conhecida ecoou pela casa.
Oh shit...
POV-Scar
Depois do almoço, mamãe e eu saímos. Eu iria para a mansão enquanto ela iria pegar uma carona até a casa do tio Allan. Depois de deixá-la no prédio dele, eu fui para mansão. Eu tentava entender o porquê do ruivo ter feito aquilo.
Ele queria me provocar? Queria acabar com meu emprego? Bem, eu não sabia.
Cheguei à mansão por volta das três e pouco da tarde, estacionei meu carro perto do chafariz na entrada e desci, indo até campanhinha. Eu segurava a bandana dele na mão e tudo que eu queria agora eram belas explicações do ruivo.
Toquei a campanhinha e fui atendida rapidamente por Cloe, que mal teve tempo de abrir a boca e foi interrompida por um Axl bem nervoso.
—Aí está você, vadiazinha. — disse ele enquanto apontava o dedo para mim.
Aquilo me irritou ainda mais, tanto que eu acabei entrando sem nem ao menos pedir licença.
—Aí está você, seu ignorante. — falei enquanto caminhava até ficar próxima á ele no centro da sala. —O que estava pensando com essa brincadeira?
—Do que está falando? — ele perguntou irritado.
—Disso, seu idiota. — falei enquanto mostrava o pano para ele, fazendo-o me encarar surpreso.
—Onde conseguiu isso??! — perguntou surpreso.
—Estava na minha mala. — falei e ri meio óbvia. —Já que você colocou lá.
—Não diga besteiras. — ele disse e revirou os olhos. —Afinal, você é a culpada disso tudo.
Ele então mostrou um lenço preto, o qual eu reconhecia muito bem. Era meu lenço preferido, o qual foi presente da minha mãe.
—Onde achou isso? Você pegou da minha mala? — perguntei chocada.
—Ora, não diga bobagens! — disse ele. —Isso estava na MINHA mala!
—Impossível. — falei e tentei pegar o lenço, mas ele recuou. —Devolva-me!
—Nana, nina, não! — disse ele e riu provocante. —Eu só irei devolver quando você admitir que é a culpada disso tudo.
—Então isso será nunca, querido! — falei e revirei os olhos. —Pois eu não sou a culpada.
—Então você ficará sem o seu lenço, queridinha. — disse ele e sorriu como uma naja.
—Não seja por isso. — falei e ri. —Pois você também vai ficar sem o seu pedaçinho de pano.
—Que assim seja. — disse ele e deu de ombros, indo para as escadas e logo subindo.
—Argh, maldito! — falei e me joguei no sofá.
Foi então que acabei percebendo que Izzy, Stee e Cloe presenciaram toda a discussão, o que fez meu rosto esquentar.
—Desculpem... — falei e suspirei.—Não quis ser rude.
—Não se preocupe, querida. — disse Cloe, enquanto me encarava meio receosa. —Deseja alguma coisa para... se acalmar?
—Poderia fazer um daqueles seus chás maravilhosos, Cloe? — perguntei e sorri de canto.
—Claro, eu já volto. — disse ela e foi para a cozinha.
—Você está bem, Scarzinha?! — Stee perguntou sorrindo.
—Estou, Stee. É só que... Axl me fez perder a cabeça. — respondi e bufei. —Ruivo idiota!
—Ah, isso ele faz com todo mundo, exceto com o Izzy. — disse Stee. —Né, Izzy?
—É, quase isso. — disse o moreno e suspirou. —Você sabe que ele não vei te devolver o lenço, né?
—Então ele não terá a bandana dele de volta. — falei com firmeza. —Pois eu não vou admitir algo que não é minha culpa.
—Tem certeza disso, Scar? — Izzy perguntou sério.
—Absoluta, Izzy. Absoluta certeza. — falei e suspirei novamente.
Maldito chefe!
**************
A mulher de cabelos escuros estava um pouco nervosa enquanto aguardava dentro do elevador em movimento, pois a muito não sabia o que era visitar a casa de um antigo amigo. Bem, é claro que Allan era bem mais que um amigo, era parte da família, mas, mesmo assim, ela permanecia nervosa.
O elevador parou no andar do apartamento do empresário e a mulher caminhou em direção ao apartamento certo. Tocou a campanhinha e respirou fundo ao ouvir as trancas serem destravadas, logo a porta foi aberta e Allan sorriu ao ver sua ex-cunhada parada em sua porta.
—Oi. — disse Marry e sorriu. —Desculpe vir sem avisar.
—Ora, é uma honra recebê-la, Marry. — disse Allan. —Entre, por favor.
Allan deu espaço e a mulher adentrou o lugar.
—Bem, eu trouxe para você... — disse ela e estendeu a fôrma que segurava.
—Isso é o que eu estou pensando? — ele perguntou erguendo as sobrancelhas.
—Acabou de sair do forno! — ela respondeu e piscou. —Sua preferida, creio eu.
—Você não existe, Marry. — disse Allan e pegou a torta de maça, fazendo sinal para que Marry o acompanhasse até a cozinha. —Deseja algo? Um café, um suco, uma taça de vinho?
—Eu acho que... aceito a taça de vinho. — a mulher respondeu enquanto se sentava em um banquinho próximo ao balcão. —Há décadas que não sei o que é vinho.
—Então se prepare. — disse Allan enquanto colocava a torta em cima do balcão e pegava uma garrafa de vinho. —Pois esse é um dos melhores.
******
POV-Izzy
Depois da discussão de Scar e Axl, eu simplesmente subi até meu quarto e me tranquei lá. Passei por um bom tempo pensando no plano de Stee e por fim acabei afastando meus pensamentos e tentei compor um pouco. Eu adorava compor, principalmente por que isso aliviada todo o meu ser. Aliviava todo o peso que eu carregava nas costas por ser um rockstar.
Eu estava cansado. Cansado de tudo, principalmente... da solidão. Bem, eu tinha os garotos comigo, mas faltava algo, ou melhor, alguém. As garotas eram fáceis demais e todas eram e agiam da mesma forma.
Tão escandalosas e falsificadas.
Eu precisava de algo novo. Precisava de alguém original, com personalidade e com algo a mais para me oferecer. Algo a mais do que um sexo barato, cabelos descoloridos e lábios de colágeno. Eu simplesmente precisava de alguém para afastar a dor que eu sentia, alguém que pudesse me dar uma paz de espírito.
Fiquei um bom tempo escrevendo e compondo algumas coisas até que acabei pegando no sono.
******
Acordei um pouco tarde, ou pelo menos, era o que parecia, pois já havia anoitecido. Olhei no relógio e percebi que eram quase oito da noite. Soltei um suspiro e levantei da cama, indo até o banheiro. Tomei um banho gelado e demorado, depois saí e vesti uma roupa.
Eu estava um pouco entediado, então optei por pegar minha carteira, meus cigarros e sair de casa. Desci até a sala e acabei encontrando Cloe e Scar conversando.
—Boa noite, Izzy. — disse Cloe e ergueu as sobrancelhas. —Vai sair?
—Vou ao Rainbow. — respondi desanimado. —Onde estão os outros?
—Axl ainda está no quarto, Michelle e Duff foram embora depois do almoço e Stee também saiu. — ela respondeu e sorriu.
—Ótimo. — falei e suspirei. —Bem, eu vou indo. Alguma das duas quer ir?
—Não, Izzy, obrigada. — disse Scar e sorriu. —Acho que o Rainbow ainda é meio traumatizante para mim.
Eu acabei sorrindo de lado.
—Pode ter certeza que é traumatizante até para mim. — falei. —Enfim, até mais, garotas.
—Até. — elas disseram juntas e voltaram a conversar enquanto tomavam mais chá.
Desci até a garagem e peguei um dos meus carros, um Mustang Boss vermelho, o qual eu adorava. Demorei um pouco mais de meia hora para chegar ao Rainbow, já que o trânsito estava horrível. Estacionei meu carro e, como quase sempre, foi um sacrifício para que eu conseguisse adentrar o lugar, pois várias fãs me cercaram á procura de autógrafos ou de algo mais.
Consegui atender ao pedido de algumas, mas elas pareciam bem dispostas a acabar comigo ali mesmo, então os seguranças do Rainbow foram obrigados a entrar em ação. Eram naqueles momentos que eu agradecia por ser VIP em um lugar como aquele.
Lá dentro, como sempre, estava lotado.
Black Dog, do Led Zeppelin, tocava ao máximo. A maioria das pessoas, apesar de ainda ser um pouco cedo, se encontrava bem animada. Havia muita bebida, drogas e, principalmente, strippers. O Rainbow era um lugar completamente regado de muita luxúria e pecados, o que nós, rockstares, adorávamos.
Soltei um suspiro e caminhei até o bar, onde me sentei em um banco ligado ao balcão. Pedi um Martini sem gelo e observei um pouco o movimento ao meu redor. Ninguém ali pensava direito, a maioria provavelmente nem lembrava o próprio nome, e ainda nem eram dez da noite.
Logo, meu Martini chegou e eu bebi um longo gole.
—Ora, ora, quem temos aqui! — disse uma voz ao meu lado.
Virei o rosto e deparei-me com uma garota, provavelmente bem jovem, de cabelos castanhos escuros, pele bem branca e olhos cor de mel. Ela usava um vestido preto colado, saltos da mesma cor e seu rosto estava marcado por uma maquiagem que realçava seus lábios.
Ela chamou minha atenção, confesso.
—Você deve ser Duff Hudson, o vocalista do Guns N’ Roses? — ela perguntou.
Eu a encarei com um olhar de “Wtf?”, o que a fez rir.
—Okay, estou brincando. Você deve ser Izzy Stradlin, certo? Guitarrista do Guns N’ Roses? — perguntou ainda rindo levemente.
—Agora está certo. — falei e bebi um pouco mais do meu Martini. —E você é...?
—Sou Emily Smith, muito prazer. — disse estendendo sua mão, a qual eu apertei.
—O prazer é todo meu. — falei sorrindo. —Senhorita Smith!
Ela tinha um olhar bem chamativo. Tão chamativo que algo dentro de mim despertou. Algo que eu nunca havia sentido antes.
******
Não sei quantas doses tomamos de Martini, whisky e vodka. Não sei quantos foram os cigarros que dividimos e nem quais foram os assuntos que conversamos. A única coisa que eu sei é que estávamos em um prédio, o qual eu conhecia muito bem.
—Você mora aqui? — perguntei enquanto adentrávamos o elevador.
Era uma coincidência.
Já eram mais do que três da manhã e ambos estávamos chapados demais. Emily apenas concordou com a cabeça, lançando um sorrisinho sacana para mim enquanto apertava o botão do seu andar.
O clima estava quente e nós éramos a fonte de calor. Minhas mãos agarraram sua cintura, juntando nossos corpos, assim como nossos lábios. Sua boca era deliciosamente maravilhosa. Nossas línguas batalhavam por espaço, enquanto ela esfregava seu corpo contra o meu, tornando tudo ainda melhor.
Suas mãos subiram pelas minhas costas até minha nuca, onde ela arranhou com certa força, fazendo com que eu sorrisse entre o beijo. Um pequeno barulho indicou que havíamos chego ao andar dela. Ela mordeu meu lábio com força, fazendo com que eu resmungasse, e me puxou para fora do elevador.
Ela ria e rebolava o quadril enquanto me puxava pelo braço. Eu sorria malicioso. Chegamos até sua porta — a de número 222 — e eu a prensei contra a porta, fazendo suas nádegas chocarem contra meu membro já um pouco desperto.
—Oh... Izzy... — ela gemeu manhosa.
Modéstia parte eu era muito bem dotado.
Ela se esforçou para abrir a porta, enquanto eu beijava seu pescoço, e, depois que adentramos o apartamento, ela me puxou até o quarto dela. Minha cabeça de cima já não pensava tanto, pelo menos não enquanto a de baixo estava muito bem acordada.
Emily me jogou na cama com brutalidade, o que eu adorei, e ficou de pé, encarando-me.
—O que eu vou fazer com você, senhor Stradlin? — perguntou enquanto abaixava o zíper lateral do seu vestido, deixando com que a peça caísse e revelasse seu corpo coberto por uma lingerie de renda preta. —Hm?
Eu mordi meu lábio e balancei a cabeça em força de falsa negação.
—Vamos ver do que você é capaz. — disse ela e subiu na cama, vindo até mim.
Emily subiu em meu colo, ficando com uma perna em cada lado do meu corpo, e se curvou para me beijar. Senti minha jaqueta deslizar por meus ombros e logo ser arremessada para o lado da cama, em seguida foi a vez do meu camisete e da minha boina. Minhas mãos percorreram as costas dela até chegarem ao feixe do sutiã, abrindo-o e tirando a peça, fazendo com que separássemos nossos lábios.
Seus seios eram simplesmente perfeitos e muito chamativos.
—Marque-os, querido. Mostre quem manda aqui! — disse ela e mordeu o próprio lábio.
Ela parecia ser louca. Parecia ser o tipo de garota que eu gostava, bem agressiva e que gostava de um pouco de dor. Eu agarrei sua cintura e inverti as posições, ficando sobre ela. Ela gemeu ao sentir meu membro pressionar sua intimidade.
—Gosta disso, hm? — perguntei malicioso enquanto me pressionava ainda mais contra ela.
—Isso... ah... — ela gemeu arrastado enquanto curvava seu corpo a procura de contato.
Sorri com a visão e levei minha boca até seus mamilos rígidos por conta da excitação. Mordi, chupei e mamei com vontade, alternando entre as duas mamas e as deixando bem marcadas. Emily se remexia e gemia enquanto esfregava seu corpo ao meu. Naquela altura eu já estava bem mais do que simplesmente duro, eu estava praticamente morrendo de tesão. Eu precisava urgentemente aliviar toda aquela tensão que se escondia embaixo da minha calça.
Tirei minha boca do seu mamilo direito e o prendi entre os meus dedos, puxando-o com força e fazendo a garota gemer alto.
—Isso, Stradlin... assim que eu gosto... — disse ela enquanto se contorcia.
Então ela gostava de dor? Que interessante...
—Eu quero você... agora... — ela disse meio desesperada enquanto arranhava minhas costas.
A tensão ali era muito grande e confesso que, mesmo chapado, eu nunca tinha sentido algo tão forte por alguma garota. Nunca as preliminares haviam me excitado tanto quanto naquele momento. Eu precisava muito me aliviar, mas torturá-la parecia tão mais... delicioso, que eu acabei estendendo o jogo.
Levei minha mão direita até sua calcinha e me surpreendi com quão molhada ela estava, ou melhor, quão encharcada a garota estava. Aquilo fez uma onda elétrica percorrer meu corpo. Segurei-me para não gozar só por sentir sua intimidade pulsante entre meus dedos.
—Quantos orgasmos será que eu posso te dar, hm? — perguntei enquanto observava suas reações.
Seus olhos estavam fechados e sua boca entreaberta por conta da respiração ofegante, suas mãos agarravam o lençol com força e havia um pouco de suor em sua testa.
—Oh céus...! —ela gemeu alto quando comecei a esfregar sua intimidade com força. —Oh... eu vou... ah...
Continuei a estimulá-la com uma mão, fazendo Emily gemer cada vez mais alto. Seus gemidos ecoavam meu quarto e foi possível ouvir um grito quando ela chegou ao seu orgasmo em minha mão. Sorri com a cena e permaneci com dois dos meus dedos em seu clitóris, alisando-o levemente.
Juro que eu estava um pouco... surpreso. Nenhuma garota tinha me deixado tão louco com tão pouco. Nunca fui o tipo de cara que acreditou em conexões pessoais, mas, naquele misero momento, eu senti que tinha uma forte conexão com aquela menina. Aquela desconhecida parecia... não, ainda era cedo demais para dizer algo e eu estava chapado.
Talvez fosse só a bebida...
—Emily... — falei e levei minha mão livre até seu pescoço.
Apertei um pouco seu pescoço, fazendo-a soltar um gemidinho baixo, em seguida deslizei a mesma mão até seu queixo e coloquei dois dedos em sua boca. Ela os chupou. Os chupou com uma vontade maravilhosa. Chupo-os como uma criança chupa um sorvete.
—Isso, garota... assim mesmo... — falei enquanto mordia meu lábio. —Gosta de colocar coisas na boca, hm?
Ela concordou com a cabeça, enquanto continuava a chupar meus dedos de uma forma bem erótica e prazerosa. Minha calça estava úmida e apertada demais, meu membro agonizava debaixo de tanto pano e, para minha sorte, Emily percebeu isso.
—Minha vez... — disse ela ao tirar meus dedos da sua boca.
Ela voltou a inverter as posições e tratou de retirar minha calça, minha box e também sua calcinha, a última peça que ela usava. Meu membro estava rígido como uma rocha.
Eu nunca havia me sentido tão... vivo...
Emily deu um sorriso ao ver meu estado e se curvou até a gaveta do criado-mudo ao lado da cama, pegando o pacotinho prateado — a camisinha. Ela rasgou o pacotinho com os dentes e vestiu a proteção em mim, em seguida voltou a subir em meu colo, dessa vez se encaixando em mim.
Ambos suspiramos quando eu a invadi por completo. Tínhamos um encaixe perfeito, uma sincronia perfeita, ou pelo menos foi o que pareceu quando ela começou a cavalgar em meu colo.
Nossos gemidos ecoavam pelo quarto e eu nunca havia me sentido tão... completo.
**********
Acordei com o barulho da chuva ecoando pelo quarto. Tentei voltar á dormir, mas foi em vão, então acabei abrindo os olhos. Os pingos grossos da chuva batiam contra a porta de vidro da varanda do quarto. Eu fiquei ali deitado por um bom tempo, refletindo sobre a noite passada, e só segundos mais tarde notei que estava sozinho.
Acabei rindo levemente.
O jogo parecia ter virado, pois normalmente sou eu quem não estou na cama de manhã.
Olhei para o criado mudo e percebi um bilhete, peguei-o.
“Precisei sair para ir até a faculdade. Prometo não demorar. Beijos, Emily.”
Acabei sorrindo e voltei a me deitar.
Cinco. Cinco orgasmos ocorreram na noite anterior. Três dela e dois meus, e um melhor que o outro. Juro que nunca me senti tão bem com uma garota e confesso que isso estava me assustando um pouco.
Eu mal a conhecia, certo? Quais as chances de isso ser mais do que sexo? Eu sou um rockstar, isso DEVERIA ser apenas sexo. Soltei um suspiro e me levantei, indo até o banheiro do quarto. Percebi que o lugar tinha uma decoração meio rock clássico e era um pouco bagunçado, principalmente por haver várias roupas jogadas pelo chão.
Fiz minhas necessidades e passei uma água no rosto, em seguida voltei para o quarto e comecei a vestir minhas roupas. Eu estava terminando de abotoar meu camisete quando ouvi um barulho vindo da entrada do apartamento. Soltei um suspiro e saí do quarto, dando de cara com Emily.
Ela vestia uma saia rodada branca, uma blusa de moletom preta e tênis all star. Seus cabelos estavam soltos e um pouco molhados por conta da chuva, seu rosto estava marcado por uma leve maquiagem e pelo que percebi ela fazia de tudo para esconder o pescoço.
—Oi. — disse ela e sorriu. —Te acordei?
—Não, eu já havia acordado. — respondi e sorri de canto. —Eu já estava de saída...
—Sério? Eu comprei as coisas para o café... — disse ela e ergueu algumas sacolas que estavam em seu braço. —Seria uma honra se você tomasse café comigo.
—Tem certeza? — perguntei surpreso enquanto erguia as sobrancelhas.
—Claro. — disse ela e piscou, indo em direção a cozinha que era separada da sala por um balcão. —Só não ligue para a bagunça. Eu acabei de me mudar para cá e mal tive tempo de abrir as caixas.
Olhei ao redor sutilmente e percebi que haviam pouco móveis no lugar e muitas caixas, algumas abertas e outras fechadas. Emily tirou as compras da sacola e começou a preparar o café enquanto eu apenas a observava.
—Você fez faculdade? — perguntei curioso.
—Sim. — ela respondeu de costas para mim. —Eu estudava em Seattle, mas consegui a transferência para a UCLA por conta das minhas notas.
—UCLA? — perguntei surpreso. —O que você faz lá?
—Eu faço direito. — ela respondeu enquanto preparada waffles. —Na verdade, eu vou fazer. Hoje tive que ir terminar a matrícula.
—Que interessante. — falei a observando. —Eu tenho uma amiga que faz jornalismo lá.
—Sério? — ela perguntou ainda prestando atenção no que fazia. —Qual o nome dela?
—Scarlett. — respondi enquanto me apoiava no balcão. —Scarlett Miller.
Emily parou o que fazia e se virou para mim com os olhos um pouco arregalados.
—Você conhece Scarlett Miller?!?
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.