Acordar já na correria não é fácil. Passei quase a noite toda acordado com medo desse almoço acabar dando errado, só espero que meus sentidos estejam errados. Estava terminando de arrumar a mesa, enquanto Yesung andava de um lado para o outro, possivelmente estava nervoso.
-Esta me deixando nervoso. Pare de andar para lá e para cá.
-Desculpe. Não estou confiante com esse almoço.
-E nem eu. Aquele loiro.
-O problema não é o Hyuk, é a Victória. –se sentou no sofá cruzando as pernas e olhando o celular.
-Essa dai a gente resolve.
-Não é tão fácil assim Kyu. –respirou fundo. Logo a campainha tocou e ele deu um pulo do sofá assustado.
-Calma homem. –disse indo em direção a porta.
Abri a mesma dando de cara com um ser lindo. Cabelos castanhos caído sum pouco de lado, ou era uma franja, não sei. Estava vestindo uma camisa azul marinho com mangas curtas, dava para ver perfeitamente seus músculos, senhor se eu não tivesse um namorado.
-Posso ajudar? –perguntei.
-Ahn... Hyuk é aqui? –perguntou olhando para o elevador. Estendi o rosto para fora e vi o loiro, que já não era mais loiro, pegando uma sacola.
-É sim. –respondeu se aproximando. –Esperava que o Yesung nos recebesse.
-Eu moro aqui. –respondi grosseiramente.
-Uh, você é... Kyuhyun? –perguntou o outro, ele é realmente muito lindo.
-Sim. E você?
-O namorado. –respondeu sorrindo. Senhor, como uma coisa ridícula dessa Hyukjae pode ficar com uma coisa tão linda como esse homem. –Donghae.
-Prazer.
-É o Hyuk? –perguntou Yesung, arreganhando a porta. –Bem vindos.
-Olá Yesung.
-Não vai me apresentar?
-Ah claro. Yesung, este é o meu namorado. Lee Donghae. –entrelaçou os braços ao redor da cintura do outro. O mesmo sorriu.
-Que lindo. –que? Yesung, seja discreto.
-Vão ficar ai parado? Tudo bem, por mim. –entrei deixando eles na porta. Ouvi Yesung dizer algo como “Ignore”.
Me joguei no sofá esperando que alguém fizesse algo ou reclamasse por eu ser mal educado, mas o que eu ouvi apenas foi um “Ele é sempre assim?”, claro, vindo de Donghae. Liguei a tv e fiquei assistindo ao um programa muito chato que passava.
-Eu não vejo graça nesse programa. –disse Donghae, analisando a tv.
-Então somos dois. –olhei para o mesmo que estava em pé. –Não é porque não gosto do seu namorado que irei de tratar mal, então, por favor, sente-se.
-Obrigado. –se sentou ao meu lado. –Porque não gosta dele?
-Bobagem. Há quanto tempo se conhecem?
-Desde que ele foi para a França e começamos a estudar juntos.
-O que estão estudando?
-Já nos formamos. É... Arquitetura. –respondeu sorridente.
-Ah, parabéns pela a conclusão. E é uma área muito boa mesmo.
-Obrigado. E você, em que trabalha? –de verdade, ele é muito lindo, pena que me parece muito inocente. Eu poderia me aproveitar dele se o meu querido namorado não fosse ciumento, possessivo e muito gostoso. Esta bem, o corpo de Donghae é muito mais atraente.
-Advogado.
-Nossa. –ficou surpreso. –Isso explica o apartamento e... Não parece gostar do que faz.
-Não gosto. E o apartamento, é de família. Não é qualquer advogado que é rico. –falei em um tom brincalhão. Porem é a verdade.
-Deve estar orgulhoso do Yesung conseguir montar sua galeria.
-Estou sim. –depois disso ficamos no maior silencio por cinco minutos. Que saco. –Desculpe perguntar, mas... O que viu no Hyuk-jae?
-Eunhyuk? Eu não sei. –olhou para a tv. – No começo foi apenas amizade, ai começamos a passar mais tempo juntos e quando me dei conta, eu gostava de sua companhia, sua voz, o modo como cuidava de mim, eu gostava de tudo nele. Ai resolvemos tentar e... Estamos juntos a quase um ano.
-Um ano? Isso que é amor em. –brinquei.
-E você e Yesung?
-Longa história. Só sei que o começo foi em um vagão do trem, nisso saímos no dia seguinte, “não foi um encontro”, mesmo que ele tenha me beijado, depois saímos por mais dois dias, e no quarto dia...
-Foram para a cama. –rimos.
-Isso ai.
Ficamos conversando por mais um bom tempo. Ao contrario do namorado, Donghae era um amor, ria por tudo, realmente inocente. Porem esse rostinho dele não esconde algumas manias safadas que todos tem, e com um namorado como Hyuk-jae, com certeza, Donghae deve ter muitas.
A conversa estava tão boa e cheia de assunto que mal notamos a falta da presença dos outros dois, espero que não estejam se pegando, e se for isso... Ah Yesung, você vai se ver comigo seu traste.
-Onde eles estão? –perguntou Donghae olhando para os lados.
-Sei não. Só espero que... –fui interrompido pela a campainha. Ainda bem, já virão a merda que eu ia falar para Donghae? Pois é. –Vou atender.
Abri a porta dando de cara com uma Sulli sorridente e uma Victória de mal humor. As mesmas estavam super fofas. Não posso negar a minha alegria ao ver minha autora favorita na minha casa, imaginem se fossem com vocês, é uma sensação incrível.
-Olá Kyuhyun. –disse.
-Olá, entrem por favor.
-Porque viemos aqui? –perguntou Victória.
-Eu queria oferecer um almoço a todos. –respondi.
-Sei... Espero que não demore, eu quero ir para casa. Não suporto ter que olhar para a cara do Jongwoon.
-Não se preocupe Victória, não terá que me aturar nunca mais. –Yesung vinha do corredor, ao seu lado estava Eunhyuk com algum tipo de caixa nas mãos.
-O que é isso? –perguntou Donghae se aproximando do loiro.
-Uma câmera.
-E para que?
-Ele me pediu para comprar uma para ele. –Yesung respondeu. –Podemos almoçar então, Kyu?
-Claro. Podem se sentar. –falei enquanto ia para a cozinha pegar algumas coisinhas.
Passamos o almoço conversando sobre algumas coisas que o Eunhyuk pretendia fazer com aquela câmera, falamos sobre o jogo, as noticias da tv, a comida, os melhores restaurantes da Coreia, e Victória ficou quieta o tempo todo.
Quando Sulli começou a me explicar sobre o livro, eu fiquei feliz, até porque ouvir os planos dela eram bem legais. Porem Yesung e Victória estavam incomodados. Estamos todos reunidos na sala, tomando um café enquanto Sulli termina de explicar como pensou na história do livro.
-Ahn... Eu preciso contar uma coisa. –Yesung a interrompeu.
-O que?
-Tenho muitas coisas a dizer, e quero contar desde o inicio. Antes de começar, Donghae, quero que saiba que não há mais nada entre eu e Hyukjae, apenas um amizade de anos, e espero que entenda. Sulli, Victória... Me desculpem, mas vocês precisam saber de tudo.
-Tudo o que?
-Deixem ele explicar. –falei.
Yesung começou a explicar tudo em pequenos detalhes, de como conheceu Hyukjae, dos seus momentos juntos, de como se apaixonou, de como as coisas passaram a ficar fora de controle, de como ele acabou por ir morar com a Victória, o porque de trai-la, e quando chegou a parte do acidente, as coisas saíram fora de controle.
Durante toda a explicação das coisas anteriores, Yesung chorava durante a explicação, Hyukjae se segurava abraçado em Donghae, Sulli e eu estávamos normais, porem a mesma estava surpresa e Victória...Essa estava indignada.
-No carro estavam um casal... Infelizmente eles morreram na hora.
-O que? –gritou Donghae. –V-Você... Como?
-Hae, o que foi? –perguntou o loiro se levantando ao ver o desespero do namorado.
-Repete, você... Quem era o casal? Em que estrada foi isso? Quando foi isso? –gritava.
-Em... Julho de... Eu não me lembro da data... Estávamos no ultimo ano do colegial. –Yesung respondeu sem entender o desespero do outro. –O acidente foi no centro de Seoul.
-O que foi? Porque perguntou Hae? –Eunhyuk tentava acalmar ao outro, que agora andava de um lado para o outro na sala.
-Todos esses anos, eu sofri, eu chorei todas as noite, eu jurei que encontraria quem fez isso e que me vingaria... E agora estou aqui, frente a frente, na casa do assassino dos meus pais.
-O que?! –gritamos todos. Olhei para Yesung e o mesmo estava com os olhos encharcados de lagrimas.
-Hae... Mas, e a diretora?
-Ela é minha tia Hyuk... E você... –se afastou do outro. –Você estava no carro, vocês... Mataram os meus pais.
-Não... Donghae. –me levantei tentando acalmar o outro. O loiro estava com as mãos na cabeça, sem acreditar no que ouvira.
-Como não, Kyuhyun? Meus pais morreram em um acidente de carro, na estrada de Seoul, a mais ou menos doze anos eu não me lembro ao certo, o motorista estava bêbado, os outros que estavam no carro com ele, apenas dois sobreviveram.
-Donghae, isso foi um acidente, tente entender.
-Não. –gritou. –Você não tem noção do quanto eu sofri todos esses anos.
-Donghae, eu posso explicar... –Yesung se levantou e tentou se aproximar do mesmo.
-Fique longe. –gritou.
-Eunhyuk, trate de acalmar o seu namorado.
-Como, a culpa disso tudo foram de vocês, porque tinham que tocar nesse assunto?
-A culpa é minha? Você levou o Yesung para aquele lugar, se não tivesse enchido a cara, nada disso teria ocorrido. –comecei.
-Você acha que o seu namorado é um santo? Ele já lhe contou tudo?
-Eu sei toda a história.
-Yesung venha aqui. –Sulli se levantou e puxou Yesung para se sentar. Enquanto Victória estava paralisada no mesmo lugar.
-Sabe, certeza? Ele te contou que nesses últimos dias ele o estava te traíndo? –gritou abraçado com Donghae.
-O que? Isso é mentira.
-Claro que não.
-Você não sabe do que esta falando.
-Eu dormi com ele, como eu não saberia? Essa câmera foi apenas uma desculpa para me aproximar mais do Yesung.
-Cala a boca! Kyuhyun... –gritou Yesung.
-Isso... É verdade? –me virei para Yesung.
-Do que esta falando Hyukjae? –Donghae se afastando do namorado.
Donghae... Não.
-Yesung, me explique? –gritei.
-Ele esta mentindo, ele fez isso para protefer o Donghae? –se levantou.
-Como ele protegeria o Donghae com esse tipo de mentira? –eu estava me alterando. Nessa hora a minha vontade era de pular em seu pescoço. –Os encontros, chegando tarde em casa... Como pode usar a galeria para encobrir isso?
-Eu não fiz nada, Kyu... Acredite em mim. –se aproximava.
-Fica longe. –gritei.
-Donghae? –o loiro correu atrás do outro, o mesmo havia saído do apartamento.
-Ele já fez isso uma vez, não seria novidade se fizesse de novo.
-Cala boca! –gritaram Sulli e Yesung para Victória.
-Me diz, me explica. O que ele disse é ou não verdade?
-E se fosse? Você me traiu e eu não fiz nada. –o que?
-Não, eu não o trai. Eu nunca fui para a cama com o Sungmin depois de tudo o que aconteceu entre nós.
-Acha que eu não sei que o seu carro esta com ele? Acha que eu esqueci o beijo? –como ele pode dizer sobre isso agora? Eu não o trai.
-Aish, não mude de assunto. Estou falando de você e Hyukjae, e não sobre mim e um amigo.
-Amigo? Amigo Kyuhyun?
-Venha Victória. –ignorei Sulli e Victória saindo.
-Ele me beijou. Mas você... Você e o Hyukjae, eu sabia que não deveria confiar. Aquele dia que ele te levou ao hospital... Estava com ele, estavam juntos? Me responda?
-Sim, estava. Mas não é o que esta pensando. –se aproximou mais.
-Não se aproxime, eu tenho nojo de você Jongwoon, nojo. -dei as costas para ele. Estava tentando ignorar tudo que estava acontecendo, tudo aquilo que escutei. Meu coração estava doendo.
-Kyuhyun, eu não dormi com ele. Eu não te trai. Eu nunca faria isso. –senti suas mãos em minha cintura.
-Victória esta certa.
-O que?
-Não posso confiar em você... Já a traiu varias vezes com o Hyukjae.
-Há uma diferença, eu não há amava. Mas eu amo você Kyuhyun, esses dias foram os melhores da minha vida.
-Eu não posso mais confiar em você. Traição é terrível... Mesmo que não aja amor, nunca deve trair. –Yesung debruçou sua cabeça em meu ombro.
-Kyu... –estava chorando, notei ao sentir meu ombro umedecer. –Eu te amo!
-Se fosse verdade, nunca teria feito aquilo. –afastei sua mão de minha cintura e me afastei. –Eu vou voltar para casa.
-Não Kyu, espera.
-Chega Yesung, não há mais motivos para eu continuar aqui. –sai andando para o quarto. Segurei firme para esconder minhas lagrimas.
-Me deixe explicar, por favor?
-Acabamos. Eu deveria confiar em minha mãe, tudo o que vem fácil, vai fácil.
Entrei no quarto, peguei uma mala e arrumei minhas coisas. Senti Yesung entrar no quarto e se sentar na cama, senti seu olhar em mim, apenas ignorei e terminei de colocar algumas coisas na mala.
-Pego o restante das coisas depois.
-Para onde vai?
-Ainda tenho o meu apartamento. –me virei para ele e o mesmo estava olhando para o chão. –Adeus Yesung.
Sai de seu apartamento correndo, mesmo com uma enorme dor no peito, entrei no taxi e deixei aquele lugar sem olhar para trás. Foi estranho voltar ao meu apartamento depois de duas semanas morando com ele, estava começando a me acostumar.
Entrei no meu apartamento, o mesmo estava limpo e bem iluminado. Vejo que Yang tem vindo manter esse lugar limpo, deve ter pedido a alguém que abrisse as janelas e fechassem todos os dias.
Deixei a mala em qualquer canto, sai fechando todas as janelas e cortinas até chegar em meu quarto, fechei as janelas do mesmo e me joguei na cama. Eu não estava aguentando mais aquela dor, antes mesmo deu perceber, já estava ensopando meu travesseiro.
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