— Desculpe..?
Hazel deu um pequeno sorriso nervoso, a mãe dos Miyas estava o olhando como se fosse um fantasma. O loiro a olhou tão desconfiado quanto o pequeno anjo, Atsumu tomou frente, chamando a atenção da mãe para tentar entender o que estava acontecendo naquela cozinha. Sua mente já estava uma bagunça pelo que viu a pouco naquele parque, pelo que achou e jurava ter visto naquele parque.
— Mãe, conhece Hazel?
— Hazel? é seu sobrenome? —Ela perguntou já se aproximando do pequeno que deu um passo para trás, as asas não visíveis pelos humanos, tremeram. Ele concordou com a cabeça, tímido demais para falar.— É filho de Sayaka Miya e Tom Hazel?
— Como sabe o nome de meus pais?
— Céus, querido! venha cá!— Ela o puxou pelos braços e o abraçou, Atsumu abriu a boca e a fechou, logo resmungando feito uma criança enciumada de ver sua mãe abraçar outra.
— Tem como a senhora me explicar o que está acontecendo???!!!
— Atsumu, ele é seu primo! É o filho de minha irmã, como que se conheceram? pensei que Sayaka tinha saído da cidade a anos!Se mudado para outro Estado!
— Primos?!
Ambos se questionaram em choque, se olhando tentando achar semelhanças, mesmo que primos não fossem tão parecidos como irmãos deveriam supostamente parecer.
Tudo foi explicado na sala, ambos sentados enquanto a mãe de Miya dizia sobre a relação que tinha com a irmã com mais clareza, uma explicação que Atsumu não sabia muito. Crescer sem questionar da tia se tornou comum depois de ver como a mãe parecia desconfortável com o assunto.
— Sayaka e eu éramos muito ligadas uma a outra, mas nos afastamos com o tempo, objetivos diferentes. Escolhas e sonhos que não batiam, ela queria sair pelo mundo e viver, enquanto eu queria o caseiro de permanecer aqui e construir uma família. Alguns anos depois que casei, descobri por uma amiga em comum, que minha querida irmã iria casar com um homem que ela conheceu e por algum milagre, aquela mulher exigente se apaixonou. Também descobri que estava gravida de uma garota que iria se chamar Aurora. Mas ela não me chamou para o casamento, não me deu noticia de nada. Tudo que eu sei é por meio dessa amiga nossa.
— Mãe, eu só não consigo entender como você reconheceu o Hazel, se você só ouvia falar por meio dessa amiga, como sabia como ele era? o reconheceu só de olhar!
Ela fez um sinal com a mão, pedindo para que o filho e o sobrinho aguardassem onde estavam. Se levantou e voltou minutos depois, trazendo consigo uma caixa vermelha que ao abrir, tirou cartas e junto um pequeno pacote com fotos. Ela tirou algumas que eram de duas crianças com um homem que Hazel reconheceu como o pai dele, depois uma onde Hazel parecia ser apenas dois ou três anos mais novo. Ao lado dos pais, irmã e uma mulher, era o aniversário da última mencionada.
— É a madrinha da mãe! Então é ela que te manda os recados esse tempo todo?!
— Exatamente, quando o vi na cozinha tinha certeza que era o garoto da foto, não mudou nada além da cor do cabelo.
— E você por acaso já ouviu sobre mim e meu irmão? Aurora talvez? ela é a mais velha...—Atsumu também achava incomum que o outro lado não soubesse sobre os primos.
— Não, minha mãe nem falou que tinha uma irmã, sendo sincero, acho que Aurora até possa saber, mas eu daria uma chance de dois, em zero até dez. Ela sempre me conta tudo.
— Aurora está aqui também? estão com minha irmã?
— Não. Eu e Aurora estamos aqui para estudar, moramos na casa de duas amigas, nossos pais ficaram no Sudeste.
A resposta parecia desanimar a mulher de cabelos escuros, Atsumu foi até a mãe a abraçando de lado.
— Mas você conseguiu conhecer um de meus primos e até pode conhecer Aurora também, mãe. Isso é bom, não? Ela é bem diferente da foto que mostrou, vai se assustar um pouquinho. —Ele sorriu, e o sorriso dele fez Hazel notar que antes Miya parecia mal pelo que viram no parque, mas quando tinha que dar conforto a alguém que não estava bem, mascarava muito bem o que estava sentindo.
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— Fala sério, não acredito que seu irmão fugiu em pleno clube! Tsukishima vai matar ele e Hazel!—Oikawa estava murmurando enquanto arrumava suas coisas para ir embora da sala do clube que tinha encerrado, Osamu não estava se importando com a possível chance do irmão ser punido pelo monstro de óculos.
— Ei, que tal a gente almoçar fora hoje? o restaurante do outro lado da cidade parece estar com cardápio novo.— Tendou deu a ideia depois de bisbilhotar no grupo do campus o que iria ser servido na faculdade.
— PORRA, DE NOVO VÃO SERVIR FRANGO, GENTE, PRECISO DE UMA CARNE VERMELHA.— Goshiki quase choramingou, caindo aos braços de Yamaguchi que só conseguiu rir. —Se a gente é o que a gente come, eu já virei um pintinho.
— Beeem pequeninho.— Nishinoya disse rindo, formando um sinal entre polegar e indicador para medir o tamanho nanico do suposto pintinho. Goshiki o acertou com um tapa no meio das costas.
— Ele deve ter cansado e ido para casa, de qualquer forma não vai se perder.— Osamu primeiro respondeu Oikawa, depois dando atenção a ideia de irem comer fora.— Hm, tudo bem, não trouxe meu almoço hoje. Rintaro, quer ir com a gente?
Osamu se virou para Rintaro que estava até então, apenas deixando, Yamaguchi, Nishinoya, Tendou, Goshiki, Tobio, Oikawa e Osamu conversarem. Ele olhou para Iwaizumi e Shoyo que estavam o esperando, sem saber se devia mais uma vez escolher o lado dos humanos. Bom, os garotos não ficavam chateados, mas estava começando a ficar próximo demais de novo. Nem sabia como Kita não desceu do céu para o descer o cacete. Kageyama notando, sorriu e acenou para os dois outros.
— Hajime, Hinata! estamos indo para o restaurante do lado almoçar, querem vir também? Kei já falou com o grupo de vocês, podemos ir!
— Olha ele se aproveitando para comer com Hinata do lado.—Oikawa murmurou como um fofoqueiro abusado, os garotos seguraram o riso e Tobio pisou com força no pé do amigo que deu um gritinho.
— Não queima o meu filme que o teu macho ta vindo junto de brinde, fresco.— Tobio murmurou para Oikawa.
Shoyo se aproximou, mas ao invés de ir direto para perto de Tobio que até tinha ficado na linha de frente para mais chances, o ruivo foi até seu amigo anjo.
— Noya-san, Kenma disse que posso ir ver o próximo treino dele! Quer ir comigo? Não quero ir sozinho.
Eles partiram na frente, o moreno ficou calado, sem saber como proceder enquanto seu consolo foi um toque no ombro que Rintaro deu antes de acompanhar Osamu que precisou apenas o olhar para que Suna o seguisse.
— Parece que você não tem um pingo de atenção também, amigo.— Tooru deu de ombros e foi andando atrás de Hajime.—Iwa-chan!
— Tadashi Yamaguchi.
Os garotos já estavam na porta quando ouviram o nome de Tadashi ser chamado, ele deu um freio, se virando para trás. Tsukishima estava apenas o esperando vir.
— Não conversamos, você fica.
— Hã? mas eu...não podemos falar depois?!
— Você fica.
— A gente trás algo para você comer, amigo, com sobremesa e uma coquinha gelada.
Satori disse antes de sair. No final era o que tinham para fazer, não podiam esperar a conversa deles, todo mundo deixar de comer por causa disso? sacanagem. Os garotos foram, Tadashi ficou sozinho com Tsukishima. Sem vontade e preguiçoso, se sentou todo relaxado na cadeira, sem um pingo de postura. Kei se sentou na da frente.
— O que você quer? Falou com os outros e não me chamou, pensei que tinha mudado de ideia.
— Se eu avisei que queria falar com você, então você deveria ter ido até mim assim que viu que os outros tinham terminado.— Ele nem olhava para Tadashi, estava procurando uma folha que ao encontrar, passou para o de sardas. Tadashi a pegou e encarou, revirando os olhos e bufando. Era mais uma das listinhas do clube, ele não era líder do grupo para sair organizando o que estavam fazendo ou não.— Vão se guiar melhor, quando feito risque e passe para a próxima etapa.
— O senhor organização também tem uma agenda com as tarefas do dia? caga e risca para depois ir mijar? Não preciso disso, é exagero.— Ele soltou a folha de volta na mesa, virando a cabeça para o lado e cruzando as pernas.— Você tem a minha idade e age como um velho, já te falaram isso?
O loiro fechou os olhos e respirou fundo antes de se levantar, segurando em um dos braços a sua famosa e fiel companheira pasta de documentos. Parou ao lado de Tadashi, de costas para ele. Não parecia estar num dia paciente. Na verdade, quando é que ele tinha paciência? mas naquele momento, parecia estar bem pior.
— Temos quase a mesma idade e você se comporta como se fosse uma criança birrenta.
A voz saiu grosseira, mas se tinha algo que Yamaguchi aprendeu a não aceitar é ouvir alguém o tratando assim, ele podia ser quase seu professor, mas no momento não era aula e estavam sozinhos. Tadashi se deixou levar por um impulso que o fez agarrar o pulso do mais alto antes que ele pensasse em ir embora dali. Com força o puxou e derrubou na sua frente, encostando o quadril de Kei na mesa. Se levantou, pressionando a outra mão no peito dele, colando as costas do alto na madeira gelada. Com a face expressando pouca felicidade, o esverdeado se inclinou para perto do loiro que estava mais em choque, com o rosto vermelho por raiva. A sua pasta tinha caído no chão, espalhando os papeis.
— Mas o que você pensa que está fazendo, caralho?!
— Você só faz reclamar, o tempo todo está na porra do meu pé, não cansa? Mas eu até gosto, para alguém que vive tão ocupado, tem tempo demais para correr atrás de mim. — Ele sorriu, agora ainda mais perto da epiderme onde apenas aproximou-se para o provocar, o loiro parecia calado de mais para quem sempre tinha o que falar.— Veja só, o gato comeu a sua língua? Fica sexy pra caralho quando está intimidado.
— Tadashi, solta...
A voz do loiro pediu baixo e com receio, Tadashi ao notar acabou sorrindo e rindo, apertando com mais força o pulso que ergueu e deixou por cima da cabeça dele. Prendendo ali. Ficou ainda mais perto, encontrando espaço entre as pernas de Kei que parecia estar tentando se espremer mais contra a mesa para não ter contato entre os corpos.
— ''Tadashi, solta''? Olhe como pede, aprenda a pedir as coisas e eu solto, loirinho.
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Durante o caminho ao restaurante o grupo dos garotos estava dividio, Satori e Goshiki estavam participando da conversa de Nishinoya e Shoyo, enquanto Tobio estava acompanhando Rintaro e Osamu, já que Oikawa deu sua atenção a tentar desenrolar uma conversa com Hajime.
— Sério, eu não sei como ele insiste mesmo depois de tantos foras.— Tobio estava se referindo a insistência de Oikawa.
— As vezes a gente só gosta. Só isso. Oikawa não é tão maltratado assim por Hajime.— Osamu estava andando enquanto olhava o celular, enchendo Atsumu de mensagens que não eram vistas e ligações que não eram atendidas.
— Mas também não é como se ele estivesse dando corda. Aquele cara vive estressado.
—Você também.— O moreno ergueu um pouco a cabeça num resmungar, não tirando a razão de Osamu, não podia negar que era mal humorado também.
— Hajime não odeia Oikawa, ele apenas tem uma forma diferente de demonstrar qualquer coisa com qualquer pessoa. É desconfiado, mas é observador, tenho certeza que ele não vê Tooru com desprezo.—Suna não iria querer ver seu amigo ser tratado com indiferença, conhecia Iwa e sabia da preocupação dele com o rapaz.
— Eu só não entendo de onde veio tanta admiração. Eles não convivem juntos, tipo, não como eu e Osamu com ele, mas Oikawa vê ele como se eles se conhecessem a anos.
— Tem algumas pessoas que só se batem mais fácil, não? como dizem, a energia combinou.— Rintaro deu a melhor resposta que poderia pensar, sabia que alguns humanos tinham essa sensação de confiança e ligação muito rápida com seus anjos sem saber o motivos. Era como se os conhecessem a anos sem os conhecer a anos.
— Deve ser...de certa forma sinto um pouco disso com Hinata, mesmo que a gente não tenha o que eu chamo de amizade. Bom, Osamu, o que está fazendo? não tira os olhos desse celular...— Ele tentou espiar e Osamu guardou o aparelho.
— Tentando falar com meu irmão, mas aparentemente ele não existe mais. Então, acho que Oikawa e Hajime podem se dar bem, são opostos, mas não completamente e... Mm, Rintaro, saia do meio da rua.— Osamu chamou atenção do anjo que estava fora da calçada, o alto concordou e foi para o lado de Osamu, cortando a distancia entre eles. — Rintaro, como está seu irmão? tem uns dias que ele não vem para a faculdade.
— Realmente, já faz um bom tempo. Sakusa trancou?
— Ele ainda está ocupado com o trabalho...eu acho.
—Podemos visitar ele hoje? a gente nunca foi na casa de vocês, Atsumu disse que está com saudade, seria legal se ele fosse com a gente. Animaria ele, ultimamente ele parece sem alma de tão desanimado.— Kageyama sugeriu, Miya ficou quieto enquanto Suna estava tentando tirar uma ideia de como fugir da situação. Sakusa não estava na terra para poder enrolar eles.
— Ele não está em casa faz um tempo, na verdade.
— Não? caramba, pensei que estivesse, que pena. Deve sentir falta dele, né? Eu não tenho da minha irmã, bastante, e olha que ela se mudou faz um mês só.
Suna apenas sorriu um pouco constrangido como forma de resposta. Sentia bastante falta, todos os dias naquele telhado durante a madrugada, sentia que seu irmão deveria estar o olhando em algum lugar do céu. Kageyama acabou indo mais na frente quando Goshiki o chamou, Rintaro e Osamu começaram a diminuir os passos e ficarem sozinhos
— Suna, posso perguntar algo? preciso que seja sincero.
— Hmm, pode. Claro que vou.
— Vai sentir minha falta quando eu sair da faculdade? caso eu passe na prova da outra.
Suna não esperava duas coisas, a primeira era que ele iria ouvir Osamu perguntar algo assim, se importar com isso. Até onde sabia ele não se importava com essas coisas, se alguém sentisse falta dele, como o próprio irmão dele sentiria, mesmo morando juntos, ele não se importava. Então o que tinha demais de alguém menos especial sentir? Mas o que mais o chocou foi ter a cabeça respondendo que sentiria. Era anjo de Atsumu, daqui que Osamu fosse transferido, Sakusa estava de volta para cuidar dele, logo, não poderia estar com Osamu durante o dia todo, iria o ver apenas em casa. Sentiria falta.
— Muita.
Queria dizer que ''sim'', mas pensou mais alto e o que saiu foi algo mais intenso. Suna engoliu seco, sem saber como reverter suas palavras. Osamu estava o olhando com uma expressão surpresa e abaixando a cabeça, deu um sorriso meio sem graça.
— Quero dizer! claro que vou, digo, somos ami...somos colegas! é comum que eu vá sentir sua falta, vou estranhar não te ver ali, sabe? me acostumei e tal.
Uma das mãos dele tocava sua nuca num carinho para tentar se conter, puta merda, só estava piorando sua situação. Miya mudou o sorriso, não parecia tão contente em ter ouvido que eram colegas, mas não foi uma expressão tão intensamente mudada, foram poucos os traços de seu rosto que se reverteram a nada.
— Entendo...sim, somos só colegas no final. Vamos, já não estou mais vendo eles, devem nem ter notado que paramos.
Ele disse sobre seu grupo que não estava mais ali. Osamu adiantou o passo e Suna mentalmente estava se xingando de idiota. Como que falou um negocio desses para ele? deve ter sido chato para Osamu. Céus, que complicação! Foi atrás, parando quando ouviu o som de uma buzina alta. Foi algo muito rápido, na verdade. Um carro tinha acabado de perder o controle e ido direto na direção da calçada deles. Osamu teria facilmente sido atingido se Rintaro não tivesse corrido na frente dele para o empurrar, caindo os dois no chão. O coração do Miya estava batendo forte pelo susto, o som alto daquele carro que bateu num muro, todo quebrado. O homem que estava dirigindo foi salvo pelo mecanismo de segurança do carro que a tempo conseguiu encher a bola branca que lhe privou do choque, além do cinto de segurança.
— Você está bem?!!Osamu! Está bem? Machucou?!
— Eu...eu estou, estou bem..
Ele parecia não estar pensando bem, ainda olhando o carro e Rintaro podia ver a mão de seu humano tremendo. Saiu de cima, se sentando de joelhos no chão, segurando o rapaz o fazendo se sentar e o olhar. Parecia bem, só acabou tendo o susto mesmo. Outras pessoas que estavam perto foram correndo ver se eles estavam bem e se o homem do carro estava bem também, ajudando o homem a sair. Suna e Osamu se levantaram com ajuda de algumas pessoas, mas o anjo estava preocupado com seu humano. Segurou no rosto dele com ambas as mãos, fazendo ele o olhar diretamente e deixar de prestar atenção no carro.
— Ei, estou aqui, está tudo bem, foi só um susto. Estou com você.
Osamu voltou seu olhar para o alto e quando aqueles olhos se encontraram, as asas de Suna cobriram seu humano em um abraço que foi dado pelos seus braços, apertando Osamu contra si e o sentindo lhe apertar também. O que o anjo faria se perdesse aquele rapaz? se ele se machucasse, não sabia o que faria e isso nem era um medo vindo de ser anjo dele, era bem além disso.
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Kita e Sakusa não voltaram para o céu, decidiram que era um bom momento para aproveitarem e ficarem juntos na terra para aproveitar mais um pouco. Já estavam lá, então nada mais justo que aproveitarem, não? Sakusa ainda sentia que tinha muito o que aprender. Estavam no parque ainda, no momento, andando juntos.
— Kita, se anjos só choram em casos de ter que disfarçar na terra na frente de humanos, ou seja, de forma ilusória, como que fiz isso quando vi minha mãe? Eu não quis fazer, só aconteceu. Não me senti no controle.—Shinsuke não estava esperando o assunto voltar, jurou que não iriam tocar mais nele.
— É comum, já ocorreu algumas vezes comigo e outros anjos, estamos muito acostumados a nos espelhar no que acontece, pela forma que ficamos na terra e aprendemos o que deve ou não emocionar alguém, pelo menos da forma que maioria espera ver. E além disso, era sua mãe, não era qualquer coisa. Querido, está pensando nisso ainda? olha, se quiser pode falar comigo sobre, eu prometo não o julgar se quiser desabafar. — Kita achou justo parar por ali, ficando na frente do rapaz. Kiyoomi deveria começar a colocar o que pensava para fora, era o que o Ministro pensava ser melhor para ele. Quando Sakusa parou, parecia estar hesitando bastante, os punhos dele fecharam e desviou o olhar.
— Eu...serei anjo para sempre, não é?— Era uma pergunta que não chocava o platinado, não mesmo, já sabia que seu secretário não gostava de ser um anjo.
— Sim, eternamente. Sei que não é o que deseja, nunca foi, chegou no céu aos protestos, ainda lembro disso.
Kiyoo subiu apenas um pouco o olhar, constrangido por ouvir seu Ministro falar do passado vergonhoso. Sakusa era terrível.
*Flashback*
Quando chegou no mundo, Kiyoomi já foi abordado por seu irmão Rintaro. Já tendo os primeiros contatos com os meninos quando ainda eram bebês, no céu, quando foi apresentado estava enojado. Naquele meio de todos anjos e vendo Kita pela primeira vez, o anjo de cabelos pretos e cacheados se aproximou da pluma que formou suas asas e a aureola que lhe entregou seu nome.
— Sakusa Kiyoomi, seja bem vindo ao céu. É um prazer receber nosso novo anjo.
— Anjo? o que eu estou fazendo aqui?
Suna estava ao lado dele, simpatizando com o rapaz que chamaria de irmão, entendia bem a sensação de estar completamente perdido. Rintaro abaixou um pouco a cabeça e subiu a mão aos lábios para conter uma risadinha.
— Vejo que temos um curioso. Anjos são os guardiões dos humanos, você veio para cuidar da vida de um, o dedicando toda sua vida para o proteger até que ele possa a seguir sozinho.
Shoyo e Iwa estavam assistindo aquele anjo que não veio gêmeo, mas tinha as asas gêmeas às de Rintaro. Shinsuke ficava feliz de explicar, gostava dos curiosos e eram bem comuns.
— Cuidar da vida de um humano...e o que eu ganho?— ok, esse tipo de pergunta era nova, Kita ficou um pouco surpreso e alguns anjos riram. Oh que inocente anjo...inocente.
— O prazer de cuidar de uma vida e zelar pela segurança dela?
A expressão curiosa de Sakusa se tornou uma vazia, sem qualquer traço para expressar qualquer coisa ao ouvir a resposta que o fez responder tão naturalmente.
— Que merda em. Vaga arrombada.
Suna quase engasgou com a própria saliva pela resposta que Sakusa deu, Kita arregalou os olhos chocado e Hajime conteve a risada enquanto o ruivo baixinho ao seu lado tinha um ataque do coração. QUEM QUE FALA ISSO PARA O MINISTRO DO CÉU? MEU DEUS!Suna tampou a boca de Sakusa e desesperadamente se desculpou com Kita.
— Desculpe, meu Ministro! ele nasceu com o humor meio estranho, só está brincando!
*off flashback*
— Eu sei que você está se esforçando para me fazer amar o que faço, e eu até estou gostando, mas eu realmente...queria ter a experiência de ter sido de lá, quando eu iria ter me foi tirado.
— Sei que dizer que você pode visitar a terra quando ter tempo e até morar nela após ter seu tempo de Ministro encerrado, não vai ser o mesmo ou suficiente, o que você deseja é algo além de apenas estar lá. Eu lamento, mas é apenas o que posso oferecer. Também sentia isso quando estava na sua fase...— ''Sua fase'' isso fazia Kiyoomi pensar sobre o que tinha visto, não tinha o encontrado entre os secretários, nem ouviu falar sobre ele.
— Kita, você demorou muito para estar entre os secretários? Você nem fala sobre e quando estive com Yachi, não falamos sobre esse detalhe.
— Teve curiosidade disso do nada?
— Eu quero entender como foi para você, para quem sabe assim me encontrar agora que é comigo.
— Quando eu cheguei os outros Ministros já tinham seus secretários, fui o último a chegar. Não tive um Ministro para me ensinar, como já sabe, o pouco que aprendi foram dos poucos momentos que os outros Ministros que nem deveriam me ensinar, me ensinaram, ou o que os secretários deles e atuais ministros que você conhece, me ensinaram.
— E você nunca teve contato com o seu? ele comandava o Sul, como não tiveram contato?
—Monodoke deixava tudo nas mãos de Xavier e Teroshi, algumas vezes para mim, ele não cedia. Muitas vezes tentei ir até ele e não tinha resposta, vivia trancado.
— Entendo...os outros Ministros falavam sobre ele para você?
Uma sobrancelha de Kita se ergueu, desconfiado pelas perguntas todas tão curiosas, mas levou muito mais em consideração que ele estava aprendendo sobre algo interessante e que já foi abordado em partes antes, então deveria ser apenas isso. Num suspiro, o pequeno Ministro tentou ser o mais assertivo.
— Xavier e ele não se bicavam, Lilith não era de falar e Teroshi apenas me disse que uma hora ele poderia sair dali e fazer o papel dele, que a esperança era a última que morria. Ainda eram irmãos, ele não abandonaria a família dele..não...deixaria...
A voz dele parecia diminuir junto a coragem de falar daquele assunto, parecia estar lembrando demais e Kiyoomi entendia, entendia perfeitamente o motivo se o que viu pela primeira vez era realmente certo. Mas precisava se manter na conversa, queria saber mais. Segurou uma mão do seu Ministro, o lembrando que não estava sozinho. Os olhos de Kita subiram aos de seu secretário e ele respirou fundo, voltando a falar.
— No final ele não fez o papel dele, bom, prefiro não falar muito sobre. Tem outra pergunta?
— Na verdade, sim...como era sua vida na terra? Isso se você lembra. Digo, uma vez ouvi que nossas asas são reflexos da nossa vida, e você era conhecido por ter asas grandes.
— Nossas asas são entrelaçadas entre nossa vida na terra e nossa importância no céu. Quem lhe contou isso tinha informações bem sigilosas, perguntou para Yachi?
Ele sorriu nervoso, preferiu mentir concordando que ouviu de Yachi, mesmo sendo escutado de outra pessoa.
— Claro, isso explica, sou um futuro Ministro, então minhas asas são grandes...espere, e Rintaro?
— Ele tem os motivos dele, motivos esses que até divide com você, já que apesar de não serem gêmeos, suas asas são.— Kiyoo tinha sorte de Kita acreditar tão fácil nas mentiras dele, não queria arrumar confusão para os outros por ter sido boca solta.— Minha vida na terra é algo que não me lembro muito, preferi não ir atrás de saber. Eu apenas lembro de ter um campo, uma senhora comigo e o calor torturar minha pele.
— E teve motivo para não querer saber da sua vida na terra?
Era incomum, todo anjo iria querer saber do seu passado na terra, era um privilegio ter um, pelo menos era o que Kiyoomi pensava. Afinal, quem tem sempre reclama, por não saber que é pior para os que não tiveram nada.
— Evitar ter mais motivos para não existir nem na terra e nem no céu.
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— Cacete, mas vocês demoraram em. Tadashi até chegou!— Tooru disse quando viu Osamu e Rintaro chegarem bem depois quando os garotos já estavam numa mesa, Tadashi já estava lá, no momento conversando com Goshiki e Nishi.
— Nós estávamos vindo, mas daí.—Rintaro parou de falar quando Miya segurou sua mão e o olhou com uma clara expressão de quem não queria que ele contasse. — A gente se perdeu de vocês e esqueceu o caminho...enfim, descuido nosso, desculpem.
— Tudo bem, mas podiam ter ligado, sabia? a gente achou que vocês só queriam ficar sozinhos...
Eles se sentaram e fizeram os pedidos, Osamu deveria estar fazendo apenas o que já tinha costume de fazer: Evitar ser a atenção.
Não contar era a melhor opção para ninguém o encher de perguntas de como foi, se ele estava bem e outras. Rintaro preferia assim também, tendia a pensar igual. Ele podia ser o anjo de Atsumu, mas o seu jeitinho era muito mais o de Osamu.
— Então, antes de vocês chegarem a gente tava falando sobre o final do ano, sei que está bem longe, mas se tudo der certo e todo mundo ainda estiver junto, que tal a gente sair para viajar? uma casa de praia, churrasco, feitinha de final de ano, só entre os amigos!— Tadashi se envolveu mais na conversa e, para quem estava com preguiça antes, estava com um bom humor...
— Estamos no começo do ano, como podem pensar nisso?— Hajime não conseguia entender o motivo de humanos se preocuparem tanto com coisas que ainda iriam acontecer.— Mm!
A cabeça baixa de Iwa se levantou ao notar um casal entrar no restaurante, ele sabia quem eram e mudou a direção até que quem quis olhar era Oikawa. Eram os pais dele, nada demais, não? mas tinha sim. Por esse motivo Hajime segurou na mão de Tooru por impulso.
— Mas é uma boa ideia, você vai, Oikawa?
Foi inesperado pra cacete, algo totalmente fora da caixinha, o castanho olhou Hajime e olhou aquela mão, revisando o olhar entre aquilo e a pergunta que também o deu um nó. E ele se importava com isso? meu deus, ele estava encostando em Oikawa e não era para bater nele.
— Eu...eu ai, eu sim, vou sim..Iwa-chan quer me ver lá?
Ele sorriu contente e com esperança, Hajime estremeceu as asas e afastou a mão, sem saber como fugir. Mas nem tinha como, o bocudo do Kageyama atirou o leite pelo chão.
— Oikawa, não são seus pais?
Com essa atenção chamada pelo amigo, Oikawa olhou em direção e notou seus pais ali. Foi uma questão de segundos para o seu sorriso ir sumindo, ele apenas concordou com a cabeça e ficou quieto. Rintaro notou a forma que até Hajime ficou desconfortável. Bom, Iwa não era de falar de Oikawa e muito menos dos problemas dele, isso era algo que Sakusa, Shoyo e Suna faziam, mas não ele. Mesmo que uma vez Shoyo tenha perguntado sobre a relação de Tooru com os pais. Iwaizumi nunca falou sobre, mudava de assunto e seguia. Caminhando o olhar para ver o casal, Rintaro os viu ao lado da parede de vidro ao lado da entrada do restaurante, se distraindo quando por um momento seus olhos viram um gato do lado de fora.
— Ren!
Uma voz parecia estar sussurrando em seu ouvido, o rapaz virou bruscamente para trás e assustado com a movimentação, Osamu o questionou.
— Algum problema?
— Você falou comigo?
— Não..?
Ele não podia estar imaginando coisas, ouviu sim alguém falando com ele, chamando por outra pessoa, mas falando com ele. Foi muito perto, não tinha como estar ... estava pensando demais?
—Eu...vou ao banheiro.
—Quer que eu vá com você?—Osamu perguntou, fazendo alguns olhares da mesa se voltarem para eles com um sorrisinho malicioso.
— Não precisa.
Ele negou e se levantou, indo ao banheiro onde ao entrar, resolveu só entrar numa cabine e se sentar no vaso que estava com a tampa abaixada. Devia estar tenso pelo quase desastre que aconteceu na rua.
— O que está acontecendo comigo? Porra...
Ele respirou fundo e fechou os olhos, levantando a cabeça e quando voltou a levantar as pálpebras, encarou o teto enquanto desejava seu irmão ali para o ouvir sobre todas maluquices que estavam acontecendo. Quando se levantou, ouviu o som da porta da cabine ao lado. Ele ignorou, mas a sombra de alguém bem na frente da sua porta estava aparecendo, Conseguindo ver dois pés ali.
— Osamu?
Ele não respondeu. Suna finalmente se levantou de onde estava sentado e prestes a abrir a cabine, sentiu-se tonto, caindo de volta no vaso. Sua visão foi embasando até que seus olhos fecharam de vez. Era o mesmo decair de Kiyoomi, um local totalmente escuro onde Suna apenas ganhou algo quando ali se tornou uma rua.
O beco era comum, não era escuro ou sujo, abandonado ou estreito. Era um beco da traseira de diversas casas. Suna olhou para os cantos a procura de um rosto conhecido, mas não encontrou. Andando para tentar ir embora dali, parou o caminho quando viu uma criança agachada ao lado de uma grande lata de lixo. Era um garotinho que devia ter seus doze anos, ele tirou a mochila das costas e de dentro um saco com comida, ração. Foi quando notou a caixa com os filhotes miando e uma mamãe gato muito grata pela refeição, além de um outro que estava ali também grato pela comida.
— Ren e Mian, comam bem para cuidar da sua família. Amanhã vou voltar com mais.
O gato que estava fora da caixa recebeu um carinho na cabeça após se esfregar na perna do garoto que sorriu feliz com o miado e afeto.
— Prometo que vou conseguir um lar para vocês e aqueles garotos não vão mais fazer maldade.
— Rintaro!
Suna se virou bruscamente quando ouviu seu nome ser chamado de forma alta, uma mulher de cabelos longos e olhos mais puxados, assim como Suna e que parecia bastante com ele, estava se aproximando.
— Desculpe, nos conhecemos?
Suna perguntou e foi completamente ignorado, sem entender se não estava visível para os humanos e não se deu conta. Mas o garoto saiu de trás da lixeira e foi correndo, atravessando o rapaz que tomou um susto por simplesmente alguém passar direto por ele como se ele não existisse, mesmo que fosse comum quando não estava visível para os humanos. Ele tinha certeza que não estava...meu deus, que loucura era essa? Mas a loucura maior sem dúvidas era o fato daquele garoto que agora poderia ver o rosto, era muito parecido com Suna e, pelo que viu, aquela mulher o abraçou. Estava falando com ele.
— De novo aqui? seu pai vai ficar preocupado se continuar saindo escondido para alimentar os gatos, meu bem.
— Mãe, quero adotar eles, quando vamos poder ter gatos?
— Suna, seu pai é alérgico, sabe que não podemos...
Mãe? Suna? Suna Rintaro? ele tinha exatamente o mesmo nome. Aquela poderia ser? já passou por algo assim antes, era uma lembrança da sua vida da terra? mas até onde sabia não tinha como, Sugawara não teve qualquer contato com Rintaro hoje, como poderia estar vendo? E se era isso, então aquela mulher era sua mãe? Estava mesmo vendo sua mãe?
— Com licença, você...
Rintaro tentaria falar, mas realmente não estava sendo escutado. Tentou se aproximar e a tocar, mas apenas por encostar aquela mulher sumiu, tudo ali sumiu como se fossem cinzas. Tudo ficou preto novamente, Suna deu passos para trás por um susto ao ser surpreendido com isso. Parando ao sentir pisar em algo. Virando-se novamente, olhou para baixo e viu um garoto no chão, aquele mesmo garoto de antes, sua cabeça estava vermelha, o chão também, uma poça se espalhando até os pés de Rintaro que sentiu a boca tremer e um grito querer sair, grito que foi abafado pelas próprias mãos que cobriram a boca. A criança estava com um carro na sua frente, atirada no chão de um possível atropelamento e abraçada a um gato preto, o mesmo gato preto que alimentou, mas ele estava bem, protegido pelo corpo do garoto. Seus ouvidos podiam ouvir o som alto de um carro dando freio, o som alto de uma batida e de gritos. Seus passos voltaram a ir para trás, para trás para tentar fugir. Não queria ver isso, não queria mais. Mas seu corpo parou, alguém segurou fortemente seus braços o forçando a não dar mais passo algum, o forçando a não recuar mais. Quando iria ver quem era, tudo apenas sumiu e ele acordou. Naquela cabine, agitado, tenso, assustado. Abriu a cabine bruscamente e ao abrir não tinha ninguém naquele banheiro.
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