Eu estava quase saindo do interior da escola, quando vejo Rosa parada na grande porta.
- Eu vi. - Ela ri.
- O que? - Arqueio uma sombrancelha, confusa.
- O tremendo esbarrão que você deu no Lys. Vocês pararam pra conversar e pareciam estar se dando super bem.
Pisco algumas vezes, olho para onde eu estava com Lysandre momentos atrás e volto meu olhar para Rosa. - Não foi nada demais. - Olho para minhas mãos. - Quero dizer, foi tudo demais, saíram feridos desse esbarrão.
- Quem? - Ela arqueia as sobrancelhas, surpresa.
- Eles. - Faço bico mostrando meus muffins.
- Ai, Samantha! Você não existe! - Ela ri. - Vamos. - Ela põe o braço envolta dos meus ombros e me puxa para o ginásio.
*Lysandre Becker*
- Você finalmente conheceu a Fantasma. - Castiel fala pondo a mão nos bolsos.
- Oh, é ela?
- Sim. Gostosa, né?
Reviro os olhos. - Pare com isso.
- Ah, vai. Ela é.
- Enfim, - Suspiro. Era cansativo ouvir as piadas sexistas dele. - nós dois nos esbarramos muitas vezes essa semana.
- Ou, ou, ou! Foi ela que esbarrou em você e que você disse que era "adorável"? - Ele parecia surpreso.
- Sim.
- Cacete!
- Por que tanta surpresa?
- Não, nada. É que é irônico, sei lá.
- Nós moramos no mesmo prédio também. Ela parece ser uma garota legal. Um pouco tímida, envergonhada, mas legal.
- Caramba, isso fica melhor a cada informação. - Castiel solta uma risada.
- É só uma coincidência, pare com isso. Além disso, pareceu que ela não gosta muito de você.
- Ah, foi por conta do apelido. Ela não gosta.
- E você insiste em chamá-la assim.
- Nada pessoal, é força do hábito. Eu não sou bully, mas é que você se acostuma ao ouvir chamá-la desse jeito sempre.
- Não é bully, mas nunca fez nada para defendê-la dos apelidos.
- Ei, você conhece ela há alguns dias, eu há meses. Você não sabe o quanto ela consegue se defender sozinha. - Ele me olha torto. - Além disso, não é da minha conta.
- Meses também não são tanto tempo assim.- Abro a porta do refeitório e Castiel passa a procurar algum lugar vago.
- Cara, eu quero ir para casa logo... - O falso ruivo solta um suspiro ao se sentar na cadeira do refeitório. - O que você quer?
- Ah, nada.
- Certeza? Seu melhor e maravilhoso amigo está se oferecendo para comprar seu lanche. Não perca essa oportunidade.
Solto uma risada anasalada com sua brincadeira. Penso por um momento e então noto a cesta com inúmeras guloseimas na bancada da cantina. - Qualquer coisa daquela cesta.
- Bolinhos então! - Ele bufa enquanto se levanta e anda até a cantina daquele jeito "largado" de sempre, passando por Nathaniel e lhe dando um peteleco na testa. O garoto fica possesso sempre que isso acontece.
Após o intervalo, tivemos mais algumas aulas. Castiel não se interessava em aprender muita coisa, mas sempre dava um jeito de ir razoavelmente bem nas provas. Eu sabia que ele estudava em casa após as aulas.
Na verdade, ele só tem a casca de "bad boy", no fundo ele é um cara legal.
E nesse momento, ele estava jogando bolinhas no Nathaniel que obviamente não estava gostando nem um pouco.
- Por que você implica tanto com ele?
- É coisa de infância. Ele era outra pessoa quando tinha 7 anos. - Castiel me olha sorrindo debochado. - Essa máscara de bom moço um dia cai.
- Você só está dando um empurrão.
- Exato. - Ele joga a última "bala" de sua munição que já foi uma prova corrigida.
De repente a porta abre e por ela passa Rosalya e Samantha. Eu não estranho, pois Rosalya sempre tinha a mania de se atrasar.
O que foi engraçado foi o tanto de desculpas que Samantha pediu para o professor. Ela realmente se desculpa por tudo.
Rosalya senta em uma das últimas carteiras vazias da sala e Samantha, depois de se desculpar 10 vezes com o professor, se senta na carteira anterior.
As duas trocam olhares cúmplices e dão risadas baixas até o professor continuar a aula e elas pararem completamente.
Ao longo da aula eu escrevo algumas informações sobre a matéria e junto algumas frases que me aparecem na mente, nada demais.
Até me ver olhando para Samantha novamente. Ela estava debruçada rabiscando alguma coisa na folha do caderno e, mesmo odiando esse tipo de coisa, estiquei-me um pouco para poder ver o que era.
Bem, eram apenas rabiscos mesmo. Parece que ela não é uma boa desenhista.
Vejo que o lápis para de se mexer e desvio meu olhar para ela. Para minha surpresa, fui pego no flagra por ela que estava me encarando.
Era horrível ser pego fazendo algo que detesta ver em pessoas, então eu apenas desvio o olhar rapidamente voltando para minhas frases.
*Samantha Blane*
Fecho meu caderno e guardo meus materiais ao ver quantos minutos faltavam para acabar a aula. Após ela, seriam as aulas extracurriculares na qual eu estava inscrita nas aulas de música.
Eu adorava tocar saxofone, tocava quando pequena, mas era péssima! Então quando me mudei para essa cidade e descobri que teria aulas extracurriculares, pedi à minha mãe que me ajudasse comprando um instrumento para mim. Claro, ela logo pensou no saxofone e eu adorei a escolha, obviamente.
Fazem 3 meses que eu cheguei na escola e aprendi muita coisa nas aulas de música. É libertador, se quer saber!
Após me despedir de Rosalya, eu vou até meu armário e pego a bolsa do meu saxofone de dentro além de algumas partituras.
A tarde seria super produtiva!
Após horas treinando, eu volto para o prédio morta de cansada e suplicando por uma cama macia e quentinha.
- Só mais 4 andares e já estou em casa. - Digo para mim mesma me escorando na parede do elevador. Estava agradecendo à todos os deuses que existem pelo elevador estar quase a um fio de fechar.
Até que alguém coloca o pé na porta do bendito.
Eu suspiro e me escoro mais na parede, quase me fundindo a ela.
E quem diria, quem entra é Lysandre e Castiel. O ruivo está segurando algumas bebidas e o platinado, algumas guloseimas pelo o que parece.
- Olá. - Ele me cumprimenta com um aceno de cabeça e um sorriso que devolvo do mesmo jeito.
- E aí. - Castiel fala se colocando ao meu lado.
- Oi. - Me endireito no cubículo e ponho as mãos a frente do corpo, segurando o instrumento com mais força. Meu precioso era bem pesadinho, diga-se de passagem.
- Vejo que curte tocar. - O ruivo tenta puxar conversa enquanto olha entre eu e meu saxofone.
- É, eu gosto. - Forço um sorriso amarelo e olho o visor. 2° andar... Ótimo.
- Pelo formato é um saxofone. Parece pesado... Você toca com muita frequência?
- Uhum. - Dou uma única resposta para as duas perguntas e suspiro levemente para ver se ele nota a minha zero vontade de conversar. Ele não nota, claro, mas Lysandre parece ter um ouvido muito bom.
- Castiel, vamos falar do trabalho, sim?
- Hm? Agora? - Ele torna a olhar para o amigo.
- É, agora. - Ele olha rapidamente para mim e volta seu olhar para o ruivo.
Dou um sorriso agradecido e o elevador abre no meu andar. Eu saio do cubículo e vou para casa finalmente.
Era 21h20min e eu estava lendo um livro quando minha mãe me chamou. - Sim?
- Sua nova amiga Rosalya te ligou. Ela perguntou se você quer ir em uma festa do pijama.
- Ah, eu não sei... Estou morta por conta de hoje. - Torço o nariz. - Além disso, eu não tenho pijamas bons.
- Você tem aquele pijama lindo que ganhou de aniversário.– Ela fala entrando no quarto por completo.
- Sei lá... Não é curto demais?
- Talvez... - Ela põe a mão no queixo examinando as peças que eu tinha no guarda roupa.
- Acho que não vou, não.
- Sério? Você não quer ligar pra ela pra confirmar?
- É, pode ser. - Pego meu celular, fazendo uma chamada de voz. Minha mãe sai do quarto, me devolvendo a privacidade.
"Alô."
- Rosa?
"Oh, que bom que retornou a ligação! Você vem? Leigh viajou essa semana para um tipo de concuso de moda. Estou um pouco solitária aqui em casa, o que você acha da festinha?"
- Não sei... Eu tô morta de cansaço por conta das aulas extras...
"Oh... Tudo bem."
- Seria apenas nós duas?
"É, nós veríamos alguns filmes, coisas assim."
- Bem, que tal ser na minha casa? - Mordo o interior da bocheca.
"Oh, isso é uma boa ideia! Sua mãe deixaria?"
- Eu posso perguntar, mas ela deixa sim, contanto que não façamos nenhum barulho.
"Meu apelido é pé de pano por um motivo! Beleza, eu te encontro no seu andar daqui uns 20 minutos! Vou trazer muitas coisas!"
- Você parece animada. - Rio de seu entusiasmo.
"Eu estou! Até depois!"
- Até!
Após a chamada encerrar, eu organizo meu quarto e converso com minha mãe. Ela deixou - como eu já sabia - e me ajudou a escolher alguns filmes.
Eu separei três filmes sendo 2 de comédia romântica e 1 de cachorros. Iriam disputar contra os filmes que Rosalya estava trazendo.
Depois de um tempo, eu vou até a porta do elevador para esperá-la me surpreendendo com o tanto de coisa que ela conseguiu trazer.
Parecia que ela iria viajar para outro país e ficar lá por 5 meses.
- Boa noite, luz da lua! - Ela fala sorrindo. Eu a ajudo com as coisas e entramos em casa. Ela cumprimentou minha mãe e irmã e enquanto eu arrumava as coisas trazidas no meu quarto, ela começavam uma conversa boa no andar de baixo.
Após algum tempo, ela abre a porta do quarto trazendo consigo uma vasilha com alguns salgadinhos.
- Caramba, você já arrumou tudo!
- É, eu sou um pouco rápida. - Rio.
- Bem, que tipos de filmes vamos disputar?
- Você ficará surpresa! - Eu cruzo os braços em pose escandalosa de duelo. Abro os filmes como um leque e - Comédias românticas e cachorros.
- Jogada forte, mas você não espera pelo meu golpe secreto. - Ela remexe a bolsa e tira de lá "Titanic".
- Uou! Me desestabilizou completamente! - Caímos na gargalhada e arrumamos tudo para assistirmos o filme.
Parando pra pensar, é meio estranho ter alguém pra fazer uma festa do pijama... É meio estranho eu conseguir fazer uma amiga depois de anos, na verdade.
Eu tinha apenas um amigo desde a infância, mas ele foi embora há alguns anos e nunca mais tivemos contato, então eu me fechei para o mundo e escolhi ter apenas eu como melhor amiga.
Bem, até agora.
Foi uma boa ideia conhecer Rosalya. Ela era uma boa amiga, sempre me ajudando e conversando sobre assuntos variados. Ela era super divertida e boa ouvinte.
Ela fazia eu me sentir bem.
Enfim, não podíamos ficar tanto tempo acordadas assim, pois teríamos aula no dia seguinte e entrega de alguns trabalhos, então após todo o drama de Rose jogar o pingente no mar e Rosalya chorar até o ponto de quase desidratar, organizamos as coisas, checamos nossas mochilas e deitamos na cama.
Bem, não dormimos instantâneamente pra falar a verdade. Ficamos olhando para o teto por algum tempo e jogando algumas conversas fora.
- Sam? - Ela me chama ainda olhando para o teto.
- Sim?
- O que você acha do Lys?
- Lys...? - Franzo o cenho, quem era Lys mesmo?
- É, o Lys-fofo.
- Ah, o Lysandre!
- É. - Ela solta uma risada anasalada.
- Ah, eu não sei. Eu não conheço ele, na verdade. Só esbarrei algumas vezes.
- Mas vocês devem ter conversado em alguns desses esbarrões.
- Não nos esbarrões, mas teve um dia que estávamos no elevador e puxamos uma leve conversa. Foi bem constrangedor.
- Oh, jura? - Ela se levanta, parece animada. - Conte-me!
- Contar o que? Só falamos algumas frases. Não foi nada demais. Você é muito fanfiqueira.
- É, eu sou. - Ela sorri orgulhosa.
- Bem, apenas conversamos, elogiamos os olhos um do outro o que, parando pra pensar, é super estranho...
- Pode até ser, mas o motivo é plausível. Seus olhos são lindos mesmo, nunca vi olhos violetas.
- Sério? Eu os puxei do meu pai. Apenas 1% da população mundial tem olhos assim. Me sinto especial. - Rio. - Mas os olhos dele também são muito bonitos. Nunca vi uma heterocromia daquele tipo. O mais "comum" é verde e azul.
- Sim, o Lys é bem... Incomum.
- Ele parece ter saído de um livro de história vitoriana. É meio estranho.
- Ele gosta dessa época, o irmão dele, Leigh também. Isso os faz serem únicos, diga-se de passagem.
- É... - Apoio meu queixo ma palma da minha mão e olho para a parede a minha frente.
- Vocês podem ser bons amigos, sabe...
- Hm?
- Você e o Lys. Os gostos de vocês são os mesmos, vocês se dariam super bem.
- Sério?
- É, sério. - Ela sorri e se deita novamente. Eu a sigo na ação.
- É, talvez... E ele é praticamente meu vizinho, pode ser legal.
- Uhum!
- Bem, bem, vamos dormir por agora.
- Tudo bem.
A nossa noite terminou assim e eu fiquei pensando no que Rosa disse minutos antes.
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