O dia não podia estar mais tedioso, a reunião fora um porre de assuntos burocráticos, será que as pessoas não entendem que preciso reconquistar minha mulher e não estou dando a mínima para legalidades, regras e contratos?
Olhava para o relógio de 5 em 5 minutos, já havia pedido para Anko remarcar todos os compromissos depois das 18h, nessa hora já queria estar em casa. Tinha certeza que Hinata ainda não teria chegado, dispensaria as empregadas mais cedo e cozinharia para ela. Sabia que não seria isso que a faria ver que estou, realmente, tentando voltar como tudo era nos bons tempos, mas já era um começo.
Ouvi a porta do escritório abri e sai de meus pensamentos, olhando para quem entrava. Era Neji.
- Naruto! – ele disse sentando-se.
- Oi Neji. – pelo seu rosto eu me preparava para uma bronca.
- O que faz para Hinata? – Bem, acho que se esquecera de falar que ninguém sabia da traição, só eu, Hinata, Okaa-san e Otou-san.
- Por quê?
- Ela está totalmente para baixo, deprimida, e estava chorando hoje lá em casa. – Ele disse.
- Ela foi à sua casa? E estava chorando? – Sentia meu coração apertado.
- Foi, hoje de manhã. – Por isso ela saira de casa tão cedo. – Quando acordei, ela estava conversando com Tenten e fiquei surpreso com o estado dela, esperava que você tivesse a ajudando, mesmo sendo um péssimo pai, é o pai dela. – do que raios Neji falava?
- Como assim? – eu, realmente, não estava entendendo. – O que houve com Hiashi?
- Ele teve um derrame! – ele disse e senti meus olhos arregalados. – Está internado, faz um tempo já, não sabem o quanto afetou o cérebro e se ele vai ficar bem. Você não sabia? – Neguei com a cabeça, Hinata não falara nada. – Hinata não te contou?
- Não. – me perguntava como podia o pai da minha mulher está quase morrendo e eu não saber, tinha sido mesmo um péssimo marido. – Eu não fazia idéia.
- Naruto, ela precisa de você agora! Não sabem se ele vai acordar e hoje ele teve uma piora, e nós sabemos que ela não o via a quase 10 anos e que ele sempre fora muito ruim para ela, mas foi o único que ela teve durante boa parte da vida e vê-lo assim está a magoando muito. – ele parecia tão preocupado. – Nunca a vi chorar tanto! Ela precisa de você! – respirei fundo.
Eu não conseguia imaginar a dor de Hinata e ao invés de ajudar eu só a estava causando mais dor. Desviei os olhos para o relógio da sala, faltavam 15 minutos para as 18h já poderia sair agora.
- Neji, eu prometo que vou ficar do lado de sua prima! – respondi me levantando. – Nosso casamento não está dos melhores, mas eu prometo ser o marido que ela precisa e vou para casa, quero estar lá quando ela chegar. – ele assentiu e levantou-se também.
Caminhamos juntos para fora da empresa conversando sobre assuntos mais leves, nos separamos somente no estacionamento. Entrei em meu carro, não podia acreditar que deixara Hinata enfrentar sozinha aquela situação, pisando fundo no acelerador cheguei rápido em casa.
Entrei já indo para a cozinha, dispensei as empregadas mais cedo, e fui para o banho. Um banho relaxante que me livrou de todas as tensões do corpo. Uma bermuda de tecido leve e uma camiseta fora o que vestira antes de me encaminhar para a cozinha. Eu cozinharei para ela, pediria para ela comer junto a mim hoje, e conversaria com ela, tentaria.
Separei dos armários todos os ingredientes para fazer o Ramen de porco que tanto gostávamos. Fazia tempo que me lembro de ter comido pela ultima vez. Não estava mais familiarizado com a cozinha, há muito tempo não fazia aquilo, mas não importava se demorasse ou a bagunça que ficaria para arrumar depois.
Não vi a hora passar, mas sabia que o dia já acabara, as janelas abertas me permitiam ver o céu escuro. Adicionava os últimos ingredientes no prato quando ouvi a porta se abrir, era ela. Seu aspecto estava cansado quando chegou a cozinha.
- Boa noite! – disse para chamar-lhe atenção.
- Boa! – ela parecia surpresa de me ver ali. – Você não costuma estar em casa essa hora.
- Sai mais cedo. – sorri sem graça pelo olhar incrédulo de Hinata para mim. – E preparei a janta.
- Por que não deixou que as empregadas preparassem? – ela largara a pasta sobre a mesa e se direcionou para a geladeira.
- Não sei se elas preparariam o Ramen do jeito que a gente gosta. – ela me olhou, e logo depois para a panela, voltando a olhar-me.
- Preparou Ramen? – assenti. – Por quê?
- Achei que fosse animá-la um pouco. – respondi levando as tigelas para a mesa. – E, bom, era algo que costumávamos fazer juntos, janta comigo hoje?
- Acho que não vai matar. – ela pareceu hesitante e pensara antes de responder, mas fora servisse do jantar.
Sentamos um em frente ao outro na mesa, eu sorria. Ela cedera. Era um avanço, pequeno, mas um avanço ainda assim.
- Hinata... – ela me olhou. Eu tinha receio de tocar no assunto. – Sinto muito pelo seu pai. – seus olhos perolados se arregalaram e depois ficaram tristes.
- Q-quem te contou? – sua voz falhara e era baixa.
- Neji. – podia ver as lagrimas que começavam a escorrer por seu rosto. – Por que não me contou antes?
- No em dia em que eu soube que eu fui ao hospital vê-lo, passei em seu escritório, eu precisava falar com você... – ela chorava. – Foi o dia em que te vi com Shion, então deduzi que você não se importava. – Então por isso ela passara em meu escritório aquela noite, ela ia me contar que seu pai estava doente, e me pegara a traindo, podia entender o porquê de ela querer o divorcio, eu estava sendo pior do que imaginava.
- Me perdoe. – seus olhos encontraram os meus. – Me perdoe por não ter me importado, pela traição e por ter sido horrível com você. – era a única coisa que eu podia fazer, pedir perdão.
- Não acha que é meio tarde para isso? – eu assenti.
- Mas eu tinha que tentar. – ela se levantou.
- Palavras não mudam o que fez, palavras não desfazem o estrago. – ela falou fria e se levantou. – Muito obrigada pelo jantar. – virou as costas e saiu.
Respirei fundo, ela tinha razão. Começava a ver o nível de minhas burrices e sabia agora que Karin tinha razão, eu precisaria mesmo me esforçar. Muito. Mas faria o que fosse necessário e, por mais que ela quisesse distancia, ficaria do seu lado nessa situação. Tirei a mesa, e lavei toda a louça. Quando cheguei a sala vira o travesseiro e o cobertor no sofá, tinha encomendado o sofá cama hoje, chegaria em sete dias. Fora para o escritório, ainda estava cedo.
Liguei o computador e sentei-me na confortável poltrona, bem, primeiramente ligaria para Sakura. Com o celular em mãos disquei o numero e no segundo toque ela atendera.
- Oi Naruto! – ela disse. – O que houve?
- Nada demais, Sakura-chan. – respondi. – Hiashi por acaso está internado no hospital que você trabalha?
- Sim. – eu imaginei que fosse no mesmo hospital, lá que Hina deve ter contato sobre a separação.
- Por que não me contou que ele estava mal?
- Eu imaginei que Hinata-chan tivesse te contato Naruto-kun, ela não falou nada? – sua voz parecia surpresa.
- Ela pediu o divorcio, lembra-se? Nosso casamento não está bem, então, obviamente, ela não contou. – não era lógico isso? Sakura poderia ter me avisado antes.
- Gomen Naruto-kun, eu, realmente, imaginei que ela tivesse te contato, mas o que quer? – realmente, eu não ligara só para perguntar isso.
- Queria pedir um favor, me avise tudo sobre o quadro de Hiashi tudo, por favor, Sakura. – ela afirmou e me despedi, seria de grande ajuda. Eu ficaria por dentro da saúde de meu sogro, se algo acontecesse a ele, não deixaria minha esposa enfrentar sozinha.
Com a pagina do meu e-mail aberta cliquei sobre o e-mail que Karin enviara de manhã, a responderia agora.
“Bom, por onde começar, sua dica não fora de todo ruim. Depois de muito tempo nos sentamos juntos a mesa para comer, o problema é que isso não mudou nada.
Hoje descobri que no dia em que Hinata me flagrara traindo-a, ela estava indo me contar que o pai sofrera um derrame e está desacordado no hospital. Ele é um monstro, mas é o pai dela, e só soube, pois seu primo me procurou para falar. Pedi perdão hoje durante o jantar, mas ela dissera que palavras não mudam nada.
Ela está muito magoada – mais do que eu esperava – e não é pra menos, não é? Bem, no dia que ela me pediu o divorcio falou que queria que eu voltasse a ser o Naruto de antes, e acho que começo a perceber onde mudei e onde posso me corrigir, mas essas mudanças serão úteis? Ela vai notar?”
Atualizei a pagina algumas vezes esperando uma resposta, mas quando vira que não teria, pelo menos, não agora resolvi sair de meu e-mail pessoal para o do trabalho, sabia que não fora útil em meu trabalho hoje, e, bom, já que não tinha mais nada para fazer.
Abri alguns e-mails com contratos, assinara com 5 empresas para tratar da contabilidade delas, era incrível a discordância quando faltava dinheiro e serviço eu era feliz no amor, agora que tinha dinheiro e serviço não faltava, o amor estava fadado ao fracasso. Respirei fundo, concentrando-me no trabalho.
Passara duas horas trabalhando, imprimindo e assinando papeis, e quando finalmente acabara já passavam da meia-noite, vendo pelo lado bom, eu não teria trabalho o dia inteiro amanhã, fizera tudo hoje. Levantei na cadeira deixando o computador desligando, sai do escritório e fora na cozinha buscar um copo de água. Sentia a boca seca, mas a água não resolvia isso, conhecia algo que faria aquilo melhorar, whisky, servi um corpo com gelo e resolvi ir em meu quarto. Obviamente não me deitaria com Hinata nem nada parecido.
Abri a porta devagar para não acordá-la, encostei-me na parede e a observei. Estava enrolada nas cobertas agarrada a um travesseiro - como uma criança que dorme com o urso de pelúcia - e toda encolhida na cama que era grande demais para só uma pessoa. Parecia uma boneca, o rosto branco em contraste com os cabelos azuis, as bochechas levemente rosadas, pelas lagrimas mais cedo, e, como há tempos não via, a expressão serena. Eu podia ter errado e feio, mas amava aquela mulher como nunca amaria outra.
Hinata se remexeu na cama e por um momento pensei que ela pudesse acordar, fechei a porta apressada e deitei-me no sofá com a coberta, se ela saísse eu poderia parecer já estar dormindo e foi mesmo o que acabou acontecendo, eu perdi para o cansaço.
...
Ouvira o despertador na manhã seguinte e com ele sai do sofá, hoje eu não estava atrasado e morria de sono, deveria ter ido dormir mais cedo. Entrei no quarto e Hinata ainda dormia, me aproximando depositei um beijo em sua testa e fui tomar um banho.
Cheguei no trabalho e muitos ainda não haviam chegado, minha secretaria era um desses, destranquei a porta do escritório e me sentei. Ri ao lembrar que não precisaria fazer nada hoje, que sabe não dormiria um pouco, tinha dormido mal no sofá, e o do escritório era mais confortável que o da sala de casa, o usara tantas outras vezes de cama, mas antes de qualquer coisa checaria os e-mails, vai que já tinha uma resposta.
E tinha:
“Bom dia pra você ai! Bem, não espere que será na primeira tentativa que as coisas se resolveram, como eu disse ontem não será nada fácil, exigirá esforço e dedicação!
Você ainda não se corrigiu? Pensei que isso foi tão obvio que não precisaria falar. É claro que você deve corrigir o que tem feito de errado, você tem que ser o Naruto pelo qual ela se apaixonou, comece com detalhes, coisas pequenas como agrados, fazer as coisas que você sabe que ela gosta, mas não é para parar só nos detalhes, é para ser em tudo! Seja um adolescente apaixonado de novo se necessário, ela notará.
Mas agora que história é essa de traição? Como assim você não me contou sobre isso?! Eu não acredito! Você a traiu? Conte-me agora! Tudo! E não me esconda mais informações como essa! Como quer que eu te ajude sem me deixar conhecer a gravidade do problema?!
P.S: Espero o e-mail com essa explicação! O mais rápido possível.”
Respirei fundo, eu me esquecera de falar sobre Shion. E ela tinha razão, precisava saber a gravidade do problema, cliquei no botão para respondê-la.
“Desculpe-me prima eu, realmente, esquecera de falar sobre Shion! Mas acredito que seja algo que é necessário saber então, resumidamente, a história é a seguinte...”
Continua...
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.